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DA COMPETÊNCIA EM GERAL

Continuação...

A bordo de navio
Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando militar
ou militarmente ocupado em pôrto nacional (1), nos lagos e rios fronteiriços (2) ou em
águas territoriais brasileiras (3), serão, nos dois primeiros casos, processados na
Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada um daqueles lugares; e, no
último caso, na 1ª Auditoria da Marinha, com sede na Capital do Estado da
Guanabara.

OBS: redação diferente do art. 89 CPP

CPP
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais
da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de
embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela
justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime,
ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.
Se o navio ou embarcação estiver em porto nacional, lagos e rios fronteiriços, a
competência será do lugar da infração (CJM que abrange aquele local).

QUESTÃO: Não existe mais a 1ª Auditoria da Marinha! Portanto, onde serão julgados os
crimes militares praticados a bordo de navio em aguas territoriais brasileiras?

Amin – local da matrícula do navio (art. 7º §1º CPM). JCA (2020, p. 237) inclusive cita
essa posição, mas discorda;

A nosso ver, entretanto, o contido no § 1 º do art. 7º do CPM não se aplica ao


caso referido, já que a interpretação autêntica do citado dispositivo está a
referir-se às aeronaves e aos navios brasileiros, que, para os efeitos da lei
penal militar, são considerados como sendo território brasileiro por extensão -
melhor dizendo, aquele que está fora dos limites territoriais do Brasil, já que o
Código Penal Militar tem, como regra, a extraterritorialidade, punindo o agente
de qualquer nacionalidade, onde quer que ele tenha praticado o fato definido
como crime militar, e tenha ou não sido processado em país estrangeiro.

Lobão – Se a lei extinguiu o foro especial, prevalece o foro ordinário ou comum, ou seja.
O lugar do crime. Se não puder ser determinado, aplica-se o foro subsidiário (residência
do réu ou sede do lugar de serviço do militar). Se houver vários acusados do mesmo
grau hierárquico e diferentes sedes do lugar de serviço, firma-se pela prevenção. (2010,
p. 167)

O STM enfrentou a questão e decidiu pela competência da sede do lugar de serviço.

Num: 2001.01.000309-9 UF: RJ Decisão: 25/09/2001


Proc: CC - CONFLITO DE COMPETÊNCIA

EMENTA. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. DELITO COMETIDO


A BORDO DE NAVIO EM ÁGUAS TERRITORIAIS. DERROGAÇÃO DE
PARTE FINAL DO ARTIGO 89 DO CPPM. COMPETÊNCIA FIRMADA PELO
LUGAR DO SERVIÇO. Sendo o delito cometido a bordo de navio em águas
territoriais brasileiras, determina o artigo 89, parte final, do CPPM, ser
competente para julgar o feito a 1ª Auditoria de Marinha, com sede no Estado
da Guanabara. Porém, com a edição da nova Lei de Organização da
Justiça Militar (Lei nº 8.457/97), foram extintas as Auditorias
especializadas, que eram previstas na antiga LOJM (Decreto-Lei nº
1003/69), assim como não mais existe o "Estado da Guanabara". Logo,
encontra-se derrogada a parte final do artigo 89, do CPPM. Existindo lacuna
na Lei Processual castrense sobre competência para julgar o feito, deve ser
adotado o estabelecido no artigo 96 do referido Diploma, que determina
o local da unidade, navio, força ou órgão onde estiver servindo o militar
infrator como competente. No presente caso, os delitos foram cometidos a
bordo de navio, que, embora tenha origem no Estado do Rio de Janeiro,
transportava os Fuzileiros Navais do Grupamento de Rio Grande-RS, o que
determinou a competência para a 2ª Auditoria da 3ª CJM, localizada em Bagé-
RS. Conflito Negativo de Competência conhecido e deferido. Decisão
majoritária.

A bordo de aeronave
Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada,
dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados
pela Auditoria da Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime; e se
êste se efetuar em lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis as diligências, a
competência será da Auditoria da Circunscrição de onde houver partido a aeronave,
salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria
mais próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma.

JCA (2020, p. 239):

Quanto à segunda hipótese, ou seja, pouso em lugar distante que dificulte as


diligências, entendemos tal hipótese ser de dificil ocorrência, pois tal
dispositivo foi previsto em 1969, portanto, mais de cinco décadas passadas,
quando o número de lugares inacessíveis de nosso território era bem maior.
Atualmente, somente podemos aceitar por dificultosas as diligências se,
supondo-se hipoteticamente que a aeronave, após a ocorrência de crime
militar durante o voo, pouse em um lugar distante da Amazônia (uma pista
clandestina, p. ex.). Todavia, mesmo nesses casos, a competência há de ser
deferida em favor da 12ª CJM, com sede em Manaus, não sendo crível que
tal competência passe para a Auditoria da 5ª CJM, de onde possa a nave ter
decolado, uma vez que, se realmente forem: de· dificil execução diligências
endereçadas à Auditoria manauara, o que se dirá daquelas endereçadas da
Selva Amazônica para a capital paranaense?

JCA (2020, p. 239) citando Amin - A ressalva da parte final “salvo se ocorrerem os
mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se
na Circunscrição houver mais de uma” é de difícil, para não dizer de impossível
compreensão...

QUESTÃO: E se a aeronave estiver em pouso (solo)?

No art. 90 CPPM, deve ser entendido que a aeronave está em deslocamento, durante o
voo. Logo, não se aplica a aeronave em pouso. Veja precedente trazido por Nucci em
sua obra CPP comentado 2014:

7. Competência: nesse caso, será sempre da Justiça Federal, pois o art. 109,
IX, da Constituição, mencionou os crimes cometidos a bordo de aeronaves e
não de aviões de grande porte. Houve divergência no Supremo Tribunal
Federal em caso de apreensão de drogas ilícitas, quando os agentes já
estavam em solo, no aeroporto de Brasília, porém em conexão para um
voo entre Cuiabá e São Paulo. Prevaleceu o entendimento de que a
competência seria da Justiça Estadual, pois a referência feita pela
Constituição, fixando a competência da Justiça Federal, ter-se-ia voltado
à aeronave em voo pelo espaço aéreo brasileiro, uma vez que, nessa
situação, não se saberia ao certo onde o crime se deu. Estando a
aeronave em solo e os agentes, igualmente, fora dela, incompetente a Justiça
Federal (RE 463500-DF, 1.ª T., redator para o acórdão Marco Aurélio,
04.12.2007, m. v.).
Crimes fora do território nacional
Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra,
processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no
artigo seguinte.

A competência será de uma das 2 (duas) Auditorias da 11ª CJM. A distribuição


definirá qual das 2 auditorias será a competente para tanto. Assim, por exemplo, crime
praticado por um militar do Exército Brasileiro no Haiti será processado e julgado por
uma das 2 (duas) Auditorias da 11ª CJM. No Direito Penal Militar, a territorialidade e a
extraterritorialidade são regras

Lobão (2010, p. 168) – Quando o crime é praticado próximo dos limites territoriais do
Brasil, o STM tem deferido o desaforamento para a Auditoria mais próxima do lugar do
delito, para facilitar a instrução criminal.

CRIMES À DISTÂNCIA

Crimes praticados em parte no território nacional (CRIMES À DISTÂNCIA)

Art. 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no território nacional,
a competência do fôro militar se determina de acôrdo com as seguintes regras:

a) se, iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se consumar no Brasil,


será competente a Auditoria da Circunscrição em que o crime tenha produzido ou devia
produzir o resultado;

b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele, será
competente a Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou
execução.
DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO ACUSADO OU LUGAR DE SERVIÇO DO MILITAR
DA ATIVA

Se não for conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela residência


ou domicílio do acusado. No entanto, esse foro subsidiário só vale para civis e
militares em situação de inatividade.

Se não for conhecido o lugar da infração, a competência será do lugar da sede do


serviço, se o autor dos fatos for um militar da ativa.

Assim, o foro subsidiário do militar da ativa é o local em que ele serve. O art 76 do
Código Civil aponta como domicílio necessário do militar o lugar onde serve.

Residência ou domicílio do acusado


Art. 93. Se não fôr conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela
residência ou domicílio do acusado, salvo o disposto no art. 96.

Lugar de serviço
Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma
situação, ou para o funcionário lotado em repartição militar*, o lugar da infração,
quando êste não puder ser determinado, será o da unidade, navio, fôrça ou órgão onde
estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da prevenção, salvo entre Auditorias
da mesma sede e atendida a respectiva especialização.

* Lobão (2010, p. 173) entende que esse art. só se aplica ao militar da ativa. Entende
que o funcionário lotado em repartição militar é civil e, portanto, tem como foro subsidiário
o lugar de residência ou domicílio.

CAIU NA PROVA! CONCURSO MPM 2021

QUESTÃO 31 – ASSINALE A OPÇÃO CORRETA: A COMPETÊNCIA DO FORO


SUPLETIVO OU SUBSIDIÁRIO SE VERIFICA: (ANULADA)

A. Por prevenção.
B. Por competência do lugar do serviço como regra específica para o militar DA ATIVA
C. Quando não se tem certeza do lugar onde a infração se consumou, aplica-se a regra
do domicílio ou residência do acusado.
‘D. Quando a infração, iniciada em um local, consuma-se em outra jurisdição.

Domicílio – conceito no art. 70 ss do CC. Helio Tornaghi “o código terminou equiparando


os conceitos de domicílio e residência para fins de investigação criminal”. (Nucci)

QUESTÃO: E se forem vários corréus com domicílios diferentes?

Estabelece a competência pela prevenção (art. 95 “d” CPPM).

DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO

Prevenção. Regra
Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um dêles tiver
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a êste relativa,
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia.

Exemplos - decisão do juiz sobre: busca e apreensão domiciliar, interceptação telefônica,


quebra de sigilo de dados telefônicos...

Casos em que pode ocorrer (ROL EXEMPLIFICATIVO)


Art. 95. A competência pela prevenção pode ocorrer:
a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou
mais jurisdições;
b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições;
c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território
de duas ou mais jurisdições;
d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou forem
vários os acusados e com diferentes residências.
OBS: Não há dúvidas quanto ao lugar da infração, mas, sim, quanto aos limites da
jurisdição. JCA confirma.

Súmula 706 do STF: “É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência


penal por prevenção.”

CONTINUIDADE DELITIVA – INCIDÊNCIA DOS ARTS. 100, 94, C/C O ART. 95,
LETRA “C”, DO CPPM – RECONHECIDA A COMPETÊNCIA DA 3ª AJME PARA O
PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL N.0003184-
07.2018.9.13.0003 – CONSTATAÇÃO DA PREVENÇÃO – DETERMINADA, DE
OFÍCIO, A REUNIÃO DOS FEITOS, COM A REMESSA DOS AUTOS DA AÇÃO PENAL
DE N. 0003184-07.2018.9.13.0003 À 3ª AJME. CONFLITO DE
JURISDIÇÃO/COMPETÊNCIA - Processo n. 2000157- 83.2021.9.13.0000; Referência:
Processo n. 0003184-07.2018.9.13.0003; Relator: Desembargador Jadir Silva;
Julgamento (unânime): 01/12/2021. EPROC: 09/12/2021.

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA – PRÁTICA, EM TESE, DE SUPOSTOS


DELITOS DE OMISSÃO DE SOCORRO E DE TORTURA – PRÁTICA DE CONDUTAS,
EM TESE, TÍPICAS NA MESMA DATA, NO MESMO HORÁRIO, COM CORRELAÇÃO
SUBJETIVA, MATERIAL E PROBATÓRIA – CONEXÃO NA FORMA PREVISTA NO
ART. 101, II, ALÍNEA “C”, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR –
PREVENÇÃO DO JUÍZO QUE RECEBEU A DENÚNCIA NOS AUTOS DA AÇÃO
PENAL INSTAURADA A PARTIR DA PRÁTICA, EM TESE, DA TORTURA (ART. 94
do CPPM) – CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO
SUSCITADO. CONFLITO DE JURISDIÇÃO/COMPETÊNCIA - Processo n. 0000233-
06.2019.9.13.0003; Relator: Desembargador Jadir Silva; Julgamento (unânime):
07/10/2020. DJME: 16/10/2020.

DISTRIBUIÇÃO

Existindo na Circunscrição Judiciária mais de uma Auditoria a competência será


determinada pela distribuição.
QUESTÃO: Em qual (is) CJM existe mais de uma Auditoria?

R: 1ª CJM; 2ª CJM, 3ª CJM* e 11ª Auditoria (art 2º e art. 11 da LOJMU)

* Possui Auditorias com Sedes em cidades distintas

CRITÉRIOS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA: CONEXÃO OU CONTINÊNCIA.


PRERROGATIVA DE POSTO OU FUNÇÃO. DESAFORAMENTO

Conexão (conceito) – é o vínculo jurídico entre infrações penais que pode acarretar sua
reunião em um mesmo processo, perante o mesmo órgão jurisdicional.

Conexão é o instituto processual que liga dois ou mais crimes militares. O principal
efeito da conexão é a reunião de processos para um julgamento simultâneo
(simultaneus processus).

Espécies de conexão: intersubjetiva , objetiva e instrumental

Conexão intersubjetiva:

a) por simultaneidade (duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo


tempo, por várias pessoas reunidas);

b) por concurso (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas em concurso,
embora diverso o tempo e o lugar);

c) por reciprocidade (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas, umas
contra as outras)

Conexão objetiva
a) teleológica – quando um crime for cometido para assegurar a execução de outro;

b) consequencial – quando um crime for cometido para assegurar a ocultação, a


impunidade ou vantagem de outro.

Conexão instrumental – ocorre quando a prova de um crime influir na prova de outro.

CPPM

Art. 99. Haverá conexão:


a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo,
por várias pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso, embora diverso
o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
Conexão Intersubjetiva (vínculo entre pessoas)

conexão intersubjetiva por simultaneidade (subjetivo-objetiva / intersubjetiva


ocasional)

conexão intersubjetiva por concurso (concursal) há liame subjetivo

conexão intersubjetiva por reciprocidade

b) se, “no mesmo caso”, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas;

Conexão objetiva (lógica / material)

Conexão objetiva teleológica

Conexão objetiva consequencial


QUESTÃO: Por que essa modalidade é chamada de conexão material?

Porque ela traz consequência de ordem penal (material), podendo gerar uma agravante,
uma qualificadora, etc.

c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias


elementares influir na prova de outra infração.

Conexão probatória (instrumental / processual) (ou ocasional)

Para Nucci, seria o único caso a ensejar a conexão. Todas as demais alíneas estariam
resumidas nesta.

Num: 0000140-89.2011.7.02.0102 UF: SP Decisão: 31/05/2012


Ementa
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONEXÃO INTERSUBJETIVA. CONEXÃO
PROBATÓRIA. Verifica-se conexão probatória e intersubjetiva entre feitos,
quando prisão em flagrante por tentativa de furto de coturnos em unidade
militar demonstra-se tentativa de continuação de diversos outros furtos que
sustentavam verdadeiro esquema de receptação de fardamento na mesma
OM. Situação que configura as hipóteses de conexão subjetiva, haja
vista a participação em coautoria de diversas pessoas, e conexão
probatória, uma vez que a prova dos furtos e de suas circunstâncias
elementares influi na prova das receptações. Conflito conhecido para
declarar competente o juízo que primeiro teve conhecimento dos fatos.
Unânime.

Espécies de continência:

a) por cumulação subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma
infração (concurso de pessoas).
b) por cumulação objetiva: quando uma única pessoa praticar várias infrações em
concurso. (concurso de crimes)

Art. 100. Haverá continência:


a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração;
b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso.

a) Continência por cumulação Subjetiva - caso de concurso de agentes. Detalhe: na


conexão intersubjetiva por concurso há várias infrações praticadas por várias pessoas.
Aqui só há uma infração.

b) Continência por cumulação Objetiva - caso de concurso de formal de crimes,


concurso material, crime continuado. (# CPP). Nucci.

No CPP, se aplica a concurso de formal de crimes, aberratio ictus, aberratio criminis.


Mas Cícero aplica esse entendimento ao CPPM. Lobão também (2010, p.218).

Na determinação da competência por conexão ou continência serão observadas


as seguintes regras previstas no art. 101 do CPPM para se chegar ao juízo prevalente:

Regras para determinação


Art. 101. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão
observadas as seguintes regras:
Concurso e prevalência
I - no concurso entre a jurisdição especializada e a cumulativa, preponderará
aquela;

OBS: Amim - não existem mais as Auditorias Especializadas. A única hipótese restante
é do art. 86 “c” CPPM (por disposição especial do Código) que está no art. 91 CPPM.

Lobão (2010, p. 221) – não existem mais as Auditorias Especializadas. Logo, deixou de
viger o inciso I.
II - no concurso de jurisdições cumulativas:

* No art. 78 , II CPP a redação é “no concurso de jurisdições da mesma categoria”

Detalhe: Na Justiça Militar, só possuem competência cumulativa as 04 Auditorias da


1ª CJM; as 02 auditorias da 2ª CJM e as 02 Auditorias da 11ª CJM. As 3 Auditorias da
3ª CJM não exercem jurisdição em todo o território do Rio Grande do Sul (decreto
69.102/71). (Lobão 2010, p.221).

a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pena mais grave;

b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações, se as


respectivas penas forem de igual gravidade;

Prevenção
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo disposição
especial dêste Código;

Categorias
III — no concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior
graduação.

Exceção: Quando as competências dos órgãos de jurisdição superior e inferior estiverem


previstas na CF.

Ex: Governador comete crime militar (JMU) em concurso com um civil. O Governador
responde perante o STJ e o civil perante a JMU. Governador comete crime doloso contra
a vida em concurso com civil (Governador vai para o STJ e civil para o Tribunal do Júri).
(Cicero e Nucci no mesmo sentido Nucci.

Se a autoridade com foro de prerrogativa de função cometer crime doloso contra a vida
– será julgada pelo foro especial, se o foro estiver previsto na CF, Não é julgado pelo
Júri. Sumula 721 STF
Sumula 721 STF - A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.

Controvérsia - Eugenio Pacceli: Entende que sempre prevalece o Tribunal de maior


hierarquia. Pelo autor, se o Governador atua em concurso com Deputado Federal, ambos
são julgados pelo STF.

Unidade do processo
Art. 102. A conexão e a continência determinarão a unidade do
processo, salvo: (SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA)
Casos especiais
a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum;
b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores.

- Se militar federal e militar estadual (ambos em serviço), em concurso, cometem crime


militar contra civil. (Lobão 2010, p.227):

a) militar estadual – julgado pelo juiz de Direito do juízo militar (art. 125 §5º CF)
b) militar federal – julgado pela JMU (art. 124 CF) CEJ (se for oficial) ou CPJ (se for
praça).

QUESTÃO: E se um militar estadual comete crime militar em face de vítimas civil e


militar?

a) crime contra a vítima civil – competência do Juiz de Direito do Juízo Militar.


b) crime contra o militar – competência dos Conselhos de Justiça.

Prorrogação de competência
Art. 103. Em caso de conexão ou continência, o juízo prevalente, na
conformidade do art. 101, terá a sua competência prorrogada para
processar as infrações cujo conhecimento, de outro modo, não lhe
competiria.
QUESTÃO: A conexão ou continência são, de fato, causas de modificação (prorrogação)
da competência?

Há discussão na doutrina.

Renato Brasileiro - Em regra, não fixam a competência, mas prorrogam (modificam) a


competência. Mas excepcionalmente, podem fixar a competência: quando se sabe
antecipadamente que o processo está ligado ao outro previamente distribuído.
Vicente Greco Filho – em sentido amplo fixam a competência. Em sentido estrito
modificam a competência.

“É costume dizer que a conexão e continência modificam a competência. Essa afirmação


só é válida no que concerne à competência em abstrato, ou seja, no caminho que se
desenvolve antes da fixação definitiva em concreto. O desaforamento, sim, modifica a
competência em concreto, depois de definida. A conexão e continência atuam antes
dessa definição.”

Lobão – Não se trata de prorrogação de competência, mas sim de fixação da


competência do Juízo para conhecer do processo unificado. (Segue Pontes de
Miranda)

Reunião de processos (PERPETUATIO JURISDITIONIS)


Art. 104. Verificada a reunião dos processos, em virtude de conexão
ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o
juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a
infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará êle
competente em relação às demais infrações.

Separação de julgamento (SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA)


Art 105. Separar-se-ão somente os julgamentos:
a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser
julgado à revelia;
b) se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na
suspeição de juiz de Conselho de Justiça, superveniente para compô-lo, por
ocasião do julgamento.

Comentando a alínea “b” Lobão (2010, p. 226): “No processo de competência do


Conselho Permanente de Justiça, não sendo decidido o incidente (exceção de
suspeição) antes do término do trimestre, o excipiente será julgado pelo Conselho
Permanente do trimestre seguinte, em sua nova composição, arquivando-se a exceção
por falta de objeto. Não cabe prorrogação da jurisdição (art. 24 LOJMU)”

Separação de processos
Art 106. O juiz poderá separar os processos: (SEPARAÇÃO
FACULTATIVA)
a) quando as infrações houverem sido praticadas em situações de
tempo e lugar diferentes;
b) quando fôr excessivo o número de acusados, para não lhes
prolongar a prisão;
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que êle próprio repute
relevante.

EMENTA: RECURSO DE OFÍCIO. SEPARAÇÃO DOS PROCESSOS. MOTIVO


RELEVANTE. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. INSTRUÇÃO. CELERIDADE
PROCESSUAL. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO. UNANIMIDADE. Recurso de ofício
interposto contra a Decisão que determinou o desmembramento do processo tendo em
vista o pedido de instauração de incidente de insanidade mental formulado pela
Defensoria Pública da União em relação a um dos Acusados, devendo ser mantido
o curso normal da instrução processual quantos aos demais, com fundamento no
artigo 106, alínea "c", do Código de Processo Penal Militar. Consoante a dicção do
artigo 106, § 1º, do CPPM, submete-se ao duplo grau de jurisdição Decisão que
determina o desmembramento do processo. Negado provimento ao Recurso. Decisão
unânime. (Superior Tribunal Militar. Recurso de Ofício nº 7001423-19.2019.7.00.0000.
Relator(a): Ministro(a) CARLOS VUYK DE AQUINO. Data de Julgamento: 20/02/2020,
Data de Publicação: 04/03/2020)

Exemplo de aplicação da alínea “c” – art. 161 CPPM. Há precedente do STM.

Mas o art. 79 §1º CPP prevê que a doença mental superveniente é causa de separação
obrigatória (AQUI O PROCESSO JÁ TINHA SIDO UNIFICADO!)

Num: 0000081-45.2013.7.01.0301 UF: RJ Decisão: 16/05/2013


Ementa
RECURSO DE OFÍCIO. SEPARAÇÃO DE PROCESSOS. Ação Penal sobrestada
quanto a um dos corréus em razão de liminar em Habeas Corpus deferida pelo
Supremo Tribunal Federal. Hipótese que se subsume à norma do art. 106 do CPPM,
que é legitimada pela garantia da razoável duração do processo. Recurso conhecido
e desprovido. Unânime.

Recurso de ofício
1º Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça em qualquer
dêsses casos, haverá recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar.

QUESTÃO: Qual a natureza jurídica do recurso de oficio?

É condição de eficácia da decisão, sendo providência administrativa exigida pelo


legislador. Súmula 423 STF “Não transita em julgado a sentença por haver omitido o
recurso ex officio, que se considera interposto ex lege”.

Não é um recurso, pois lhe falta o atributo da voluntariedade e o magistrado (que


recorre), na verdade deseja que o Tribunal não lhe dê provimento.

Doutrina minoritária entende que o recurso de oficio não foi recepcionado pelo art. 129,
I da CF. Há críticas de doutrinadores, por entender que se trata de verdadeira
desconfiança do legislador na atuação dos juízes de 1º grau, o que não é admissível na
atualidade. (Lobão 2010, p. 225).
Avocação de processo
Art. 107. Se, não obstante a conexão ou a continência, forem
instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente
deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se
já estiverem com sentença definitiva*. Neste caso, a unidade do processo
só se dará ulteriormente, para efeito de soma ou de unificação de penas.

Sentença recorrível. Não é a transitada em julgado. Essa expressão é a mesma utilizada


no art. 526 CPPM “caberá apelação de sentença definitiva ou com força de definitiva”.

STJ Súmula nº 235 - A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles
já foi julgado.

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