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Continuação...
A bordo de navio
Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando militar
ou militarmente ocupado em pôrto nacional (1), nos lagos e rios fronteiriços (2) ou em
águas territoriais brasileiras (3), serão, nos dois primeiros casos, processados na
Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada um daqueles lugares; e, no
último caso, na 1ª Auditoria da Marinha, com sede na Capital do Estado da
Guanabara.
CPP
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais
da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de
embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela
justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime,
ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.
Se o navio ou embarcação estiver em porto nacional, lagos e rios fronteiriços, a
competência será do lugar da infração (CJM que abrange aquele local).
QUESTÃO: Não existe mais a 1ª Auditoria da Marinha! Portanto, onde serão julgados os
crimes militares praticados a bordo de navio em aguas territoriais brasileiras?
Amin – local da matrícula do navio (art. 7º §1º CPM). JCA (2020, p. 237) inclusive cita
essa posição, mas discorda;
Lobão – Se a lei extinguiu o foro especial, prevalece o foro ordinário ou comum, ou seja.
O lugar do crime. Se não puder ser determinado, aplica-se o foro subsidiário (residência
do réu ou sede do lugar de serviço do militar). Se houver vários acusados do mesmo
grau hierárquico e diferentes sedes do lugar de serviço, firma-se pela prevenção. (2010,
p. 167)
A bordo de aeronave
Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada,
dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados
pela Auditoria da Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime; e se
êste se efetuar em lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis as diligências, a
competência será da Auditoria da Circunscrição de onde houver partido a aeronave,
salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria
mais próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma.
JCA (2020, p. 239) citando Amin - A ressalva da parte final “salvo se ocorrerem os
mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se
na Circunscrição houver mais de uma” é de difícil, para não dizer de impossível
compreensão...
No art. 90 CPPM, deve ser entendido que a aeronave está em deslocamento, durante o
voo. Logo, não se aplica a aeronave em pouso. Veja precedente trazido por Nucci em
sua obra CPP comentado 2014:
7. Competência: nesse caso, será sempre da Justiça Federal, pois o art. 109,
IX, da Constituição, mencionou os crimes cometidos a bordo de aeronaves e
não de aviões de grande porte. Houve divergência no Supremo Tribunal
Federal em caso de apreensão de drogas ilícitas, quando os agentes já
estavam em solo, no aeroporto de Brasília, porém em conexão para um
voo entre Cuiabá e São Paulo. Prevaleceu o entendimento de que a
competência seria da Justiça Estadual, pois a referência feita pela
Constituição, fixando a competência da Justiça Federal, ter-se-ia voltado
à aeronave em voo pelo espaço aéreo brasileiro, uma vez que, nessa
situação, não se saberia ao certo onde o crime se deu. Estando a
aeronave em solo e os agentes, igualmente, fora dela, incompetente a Justiça
Federal (RE 463500-DF, 1.ª T., redator para o acórdão Marco Aurélio,
04.12.2007, m. v.).
Crimes fora do território nacional
Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra,
processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no
artigo seguinte.
Lobão (2010, p. 168) – Quando o crime é praticado próximo dos limites territoriais do
Brasil, o STM tem deferido o desaforamento para a Auditoria mais próxima do lugar do
delito, para facilitar a instrução criminal.
CRIMES À DISTÂNCIA
Art. 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no território nacional,
a competência do fôro militar se determina de acôrdo com as seguintes regras:
b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele, será
competente a Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último ato ou
execução.
DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO ACUSADO OU LUGAR DE SERVIÇO DO MILITAR
DA ATIVA
Assim, o foro subsidiário do militar da ativa é o local em que ele serve. O art 76 do
Código Civil aponta como domicílio necessário do militar o lugar onde serve.
Lugar de serviço
Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma
situação, ou para o funcionário lotado em repartição militar*, o lugar da infração,
quando êste não puder ser determinado, será o da unidade, navio, fôrça ou órgão onde
estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da prevenção, salvo entre Auditorias
da mesma sede e atendida a respectiva especialização.
* Lobão (2010, p. 173) entende que esse art. só se aplica ao militar da ativa. Entende
que o funcionário lotado em repartição militar é civil e, portanto, tem como foro subsidiário
o lugar de residência ou domicílio.
A. Por prevenção.
B. Por competência do lugar do serviço como regra específica para o militar DA ATIVA
C. Quando não se tem certeza do lugar onde a infração se consumou, aplica-se a regra
do domicílio ou residência do acusado.
‘D. Quando a infração, iniciada em um local, consuma-se em outra jurisdição.
Prevenção. Regra
Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um dêles tiver
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a êste relativa,
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia.
CONTINUIDADE DELITIVA – INCIDÊNCIA DOS ARTS. 100, 94, C/C O ART. 95,
LETRA “C”, DO CPPM – RECONHECIDA A COMPETÊNCIA DA 3ª AJME PARA O
PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL N.0003184-
07.2018.9.13.0003 – CONSTATAÇÃO DA PREVENÇÃO – DETERMINADA, DE
OFÍCIO, A REUNIÃO DOS FEITOS, COM A REMESSA DOS AUTOS DA AÇÃO PENAL
DE N. 0003184-07.2018.9.13.0003 À 3ª AJME. CONFLITO DE
JURISDIÇÃO/COMPETÊNCIA - Processo n. 2000157- 83.2021.9.13.0000; Referência:
Processo n. 0003184-07.2018.9.13.0003; Relator: Desembargador Jadir Silva;
Julgamento (unânime): 01/12/2021. EPROC: 09/12/2021.
DISTRIBUIÇÃO
Conexão (conceito) – é o vínculo jurídico entre infrações penais que pode acarretar sua
reunião em um mesmo processo, perante o mesmo órgão jurisdicional.
Conexão é o instituto processual que liga dois ou mais crimes militares. O principal
efeito da conexão é a reunião de processos para um julgamento simultâneo
(simultaneus processus).
Conexão intersubjetiva:
b) por concurso (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas em concurso,
embora diverso o tempo e o lugar);
c) por reciprocidade (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas, umas
contra as outras)
Conexão objetiva
a) teleológica – quando um crime for cometido para assegurar a execução de outro;
CPPM
b) se, “no mesmo caso”, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas;
Porque ela traz consequência de ordem penal (material), podendo gerar uma agravante,
uma qualificadora, etc.
Para Nucci, seria o único caso a ensejar a conexão. Todas as demais alíneas estariam
resumidas nesta.
Espécies de continência:
a) por cumulação subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma
infração (concurso de pessoas).
b) por cumulação objetiva: quando uma única pessoa praticar várias infrações em
concurso. (concurso de crimes)
OBS: Amim - não existem mais as Auditorias Especializadas. A única hipótese restante
é do art. 86 “c” CPPM (por disposição especial do Código) que está no art. 91 CPPM.
Lobão (2010, p. 221) – não existem mais as Auditorias Especializadas. Logo, deixou de
viger o inciso I.
II - no concurso de jurisdições cumulativas:
Prevenção
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo disposição
especial dêste Código;
Categorias
III — no concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior
graduação.
Ex: Governador comete crime militar (JMU) em concurso com um civil. O Governador
responde perante o STJ e o civil perante a JMU. Governador comete crime doloso contra
a vida em concurso com civil (Governador vai para o STJ e civil para o Tribunal do Júri).
(Cicero e Nucci no mesmo sentido Nucci.
Se a autoridade com foro de prerrogativa de função cometer crime doloso contra a vida
– será julgada pelo foro especial, se o foro estiver previsto na CF, Não é julgado pelo
Júri. Sumula 721 STF
Sumula 721 STF - A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.
Unidade do processo
Art. 102. A conexão e a continência determinarão a unidade do
processo, salvo: (SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA)
Casos especiais
a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum;
b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores.
a) militar estadual – julgado pelo juiz de Direito do juízo militar (art. 125 §5º CF)
b) militar federal – julgado pela JMU (art. 124 CF) CEJ (se for oficial) ou CPJ (se for
praça).
Prorrogação de competência
Art. 103. Em caso de conexão ou continência, o juízo prevalente, na
conformidade do art. 101, terá a sua competência prorrogada para
processar as infrações cujo conhecimento, de outro modo, não lhe
competiria.
QUESTÃO: A conexão ou continência são, de fato, causas de modificação (prorrogação)
da competência?
Há discussão na doutrina.
Separação de processos
Art 106. O juiz poderá separar os processos: (SEPARAÇÃO
FACULTATIVA)
a) quando as infrações houverem sido praticadas em situações de
tempo e lugar diferentes;
b) quando fôr excessivo o número de acusados, para não lhes
prolongar a prisão;
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que êle próprio repute
relevante.
Mas o art. 79 §1º CPP prevê que a doença mental superveniente é causa de separação
obrigatória (AQUI O PROCESSO JÁ TINHA SIDO UNIFICADO!)
Recurso de ofício
1º Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça em qualquer
dêsses casos, haverá recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar.
Doutrina minoritária entende que o recurso de oficio não foi recepcionado pelo art. 129,
I da CF. Há críticas de doutrinadores, por entender que se trata de verdadeira
desconfiança do legislador na atuação dos juízes de 1º grau, o que não é admissível na
atualidade. (Lobão 2010, p. 225).
Avocação de processo
Art. 107. Se, não obstante a conexão ou a continência, forem
instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente
deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se
já estiverem com sentença definitiva*. Neste caso, a unidade do processo
só se dará ulteriormente, para efeito de soma ou de unificação de penas.
STJ Súmula nº 235 - A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles
já foi julgado.