Você está na página 1de 12

EXMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 14ª.

VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


DISTRITO FEDERAL

Processo nº: 2006.34.00.019412-4


Recorrente: UNIÃO
Recorrido: SINTRASEF/RJ E OUTROS

SINTRASEF/RJ E OUTROS, por seus advogados, nos


autos da Ação Ordinária em epígrafe, vem, respeitosamente, a V. Exa.
apresentar

CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO,

nos termos do art. , et seq, do CPC, pelos motivos e fundamentos que passa
a expor.

P. Deferimento.

Rio de Janeiro, 18 de maio de 2018

Carlos Emanuel do Nascimento Viana


OAB/RJ 133.602
Proc. origem nº: 2006.34.00.019412-4
Recorrente: UNIÃO
Recorrido: SINTRASEF/RJ E OUTROS

CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Respeitável juízo,

A r. decisões prolatadas pelo juízo devem ser mantidas e


confirmadas pelos seus próprios e jurídicos fundamentos, não carecendo de
qualquer reforma. Senão, vejamos.

Alega a União que ocorreu as seguintes ilegalidades no julgado:


1º) falta de competência do juízo do Distrito Federal para julgar a ação,
diante do domicílios dos exeqüentes; 2º) que teria ocorrido litispendência
dessa ação com outras ajuizadas individualmente pelos servidores
aposentados na Seção Judiciária do Rio de Janeiro, sendo eles NELSON
JUNQUEIRA e NEY PINTO TEIXEIRA.

1) DA EXISTÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR - COMPETÊNCIA DO


JUÍZO DO DISTRITO FEDERAL

Quanto à ofensa ao art. 2º-A da Lei 9494/97, alegado pelo


recorrente, levando à incompetência do juízo não merece acolhida por esse i.
juízo ad quem, posto que se aplica na íntegra o § 2º, do art. 109, da
CRFB.

O art. 109, § 2º, da CRFB, não foi criado, somente para ilustrar a
competência da Justiça Federal, como quer entender a União
Federal/Recorrente em sua defesa. Tal dispositivo existe para garantir a
prestação jurisdicional devida aos interessados, mesmo que tenham
domicílio em outro Estado-membro da Federação.

Ressalte-se que, a causa pode ser intentada “onde houver


ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a
coisa, ou ainda, no Distrito Federal”. (cf. parte final do § 2º, do art. 109)

Ademais, equivoca-se a Ré/recorrente, quando alega que “caso


este juízo federal venha a proferir sentença meritória, NÃO SURTIRÁ
QUALQUER EFEITO, uma vez que todos os substituídos pelo Autor têm
domicílio fora do Distrito Federal”. No entanto, o ministério competente para
controle do SIAPE é o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o
qual tem sua sede única e exclusivamente no Distrito Federal, devendo esta
preliminar ser rejeitada, conforme amplo entendimento jurisprudencial do
STJ quanto à matéria.

Ademais, pelos critérios de solução de conflito aparente de


normas, in casu, o art. 2º - A da Lei nº 9.494/97 versus art. 109, § 2º, da
CRFB/1988, deve-se aplicar o critério da hierarquia, no qual prevalece a
norma hierarquicamente superior, qual seja, a previsão constitucional.

Desta forma, o ordenamento jurídico deve ser entendido como


uma estrutura una e hierarquicamente organizada, donde forçosamente se
conclui que a competência das Varas Federais da Seção Judiciária do Distrito
Federal tem competência para qualquer ação intentada em face de qualquer
ente da Administração Pública direta, autarquias e empresas públicas, no
âmbito da União.
Tem-se, portanto, que, no presente caso, o reconhecimento da
incompetência da Justiça Federal do Distrito Federal implicaria afronta direta
ao art. 109, § 2º, da Constituição Federal.

Em face disso, é necessário dar ao disposto no art. 2º-A da Lei


9.494/97 interpretação conforme à Carta Maior, a fim de preservar a
validade normativa dessa lei e, ao mesmo tempo, dar máxima
efetividade ao aludido comando constitucional.

E, para isso, tem-se que o art. 2º-A da Lei 9.494/97 não versa
sobre competência jurisdicional, mas, sim, sobre os efeitos subjetivos de
sentença coletiva prolatada em ação proposta por entidade associativa.

Isso porque o art. 2º-A da lei 9.494/97 apenas estabelece que a


sentença coletiva "abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da
propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do
órgão prolator”.

Ocorre que a Justiça Federal do Distrito Federal, como


visto, na exegese do art. 109, § 2º, da CF, tem competência em todo
o território nacional, pois, a critério do autor, pode ser instada a processar
e julgar qualquer demanda ajuizada em desfavor da União. Ou seja, a
competência territorial da Seção Judiciária do Distrito Federal é todo o
território nacional, quando uma ação contra a União for lá intentada, seja
individualmente ou coletivamente.

Ao examinar questão similar, decidiu a Segunda Turma do C.


STF, no RE nº. 233.990, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, DJ de 01.03.02:

“Tratando-se de ação proposta contra a União, o autor


pode ajuizá-la na capital do Estado-membro em que
domiciliado, na vara federal instalada no interior do
mesmo Estado ou, ainda, no Distrito Federal, uma vez
que o art. 109, § 2º, da CF, lhe assegura essa
faculdade ("As causas intentadas contra a União
poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o
ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal."). Com
base nesse entendimento, a Turma deu provimento a
recurso extraordinário para reformar acórdão do TRF da
4ª Região que negara a autora domiciliada em Caxias
do Sul - RS (onde há subseção da Justiça Federal) o
direito de ajuizar ação contra a União junto à Vara
Federal em Porto Alegre. Salientou-se, ademais, que o
art. 110, da CF prevê que cada Estado-membro
constitui apenas uma seção judiciária, não podendo a
descentralização da justiça federal implicar a fixação de
competência absoluta. RE provido e determinada a
devolução dos autos à 12ª Vara de Porto Alegre,
competente para julgar a causa, em face da opção feita
pela autora”.

Corrobora ainda a jurisprudência pacífica do próprio Tribunal


Regional Federal da 1ª Região e do C.STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO


COLETIVA CONTRA A UNIÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL.
POSSIBILIDADE. 1. Embora o artigo 2o-A da Lei n.
9.494, de 10 de setembro de 1997, estabeleça que a
sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo
proposta por entidade associativa, na defesa dos
interesses e direitos de seus associados, só abrangerá
aqueles que tenham, na data da propositura da
demanda, domicílio no âmbito da competência
territorial do órgão prolator, cabe pontuar que tal
dispositivo, para ser compatível com a ordem
constitucional, não tem aplicação quando se cuide de
ações propostas em face da União Federal, como ocorre
na hipótese em causa, na medida em que o artigo 109,
parágrafo 2º, da Constituição Federal assegura ao
autor, independentemente do local de respectivo
domicílio, opção pelo foro da Seção Judiciária do Distrito
Federal. 2. Agravo regimental a que se nega
provimento.
(TRF-1 - AGA: 807 DF 0000807-06.2010.4.01.0000,
Relator: JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE
OLIVEIRA (CONV.), Data de Julgamento: 16/08/2010,
PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.460 de
09/09/2010)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. AÇÃO
MOVIDA CONTRA O INSS. SEDE. COMPETÊNCIA DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL. 1. A Seção
Judiciária do Distrito Federal é competente para
processar e julgar ação coletiva promovida pela ANASPS
- Associação Nacional dos Servidores da Previdência
Social em face do Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS, cuja sede é no Distrito Federal (CPC, art. 100, IV,
a). Precedente do STF. 2. Agravo de instrumento não
provido.
(TRF-1 - AG: 119558 DF 2000.01.00.119558-5,
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL ANTÔNIO SÁVIO
DE OLIVEIRA CHAVES, Data de Julgamento:
22/05/2006, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação:
12/06/2006 DJ p.30)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA


FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO
FEDERAL E DO ESTADO DE SÃO PAULO. DEMANDA
COLETIVA AJUIZADA POR ENTIDADE DE
ABRANGÊNCIA LOCAL EM FACE DA UNIÃO.
COMPETÊNCIA CONSTITUCIONALMENTE
ATRIBUÍDA À SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO
FEDERAL (ART. 109, § 2º), QUE NÃO SE ALTERA
EM FACE DA LIMITAÇÃO SUBJETIVA PREVISTA NO
ART. 2º-A DA LEI 9.494/97. 1. Conflito negativo de
competência instaurado entre Juízo Federal da Seção
Judiciária do Distrito Federal e do Estado de São Paulo
para processar e julgar ação coletiva proposta por
associação local de servidores domiciliados no Estado
de São Paulo (Oficiais de Justiça Avaliadores Federais
da Justiça do Trabalho da 2ª Região) em desfavor da
União, no caso, para discutir a incidência do imposto de
renda sobre o auxílio creche (ou auxílio pré-escolar). A
ação foi ajuizada junto à Seção Judiciária do Distrito
Federal. 2. O Juízo Federal do Distrito Federal, o
suscitado, declinou da competência ao fundamento de
que eficácia subjetiva da sentença coletiva almejada,
segundo o que dispõe o art. 2º-A da Lei 9.494/97,
estaria limitada à competência territorial do seu órgão
prolator. O Juízo Federal de São Paulo, o suscitante,
alega que a competência constitucional da Justiça
Federal do Distrito Federal não poderia ser preterida por
norma infraconstitucional e que o art. 2º-A da Lei
9.494/97 não trataria de competência, mas dos efeitos
da sentença. 3. A Justiça Federal do Distrito Federal, na
exegese do art. 109, § 2º, da CF, tem competência em
todo o território nacional, pois, a critério do autor, pode
ser instada a processar e julgar qualquer demanda
ajuizada em desfavor da União. 4. O art. 2º-A da lei
9.494/97 estabelece que: "A sentença civil prolatada
em ação de caráter coletivo proposta por entidade
associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus
associados, abrangerá apenas os substituídos que
tenham, na data da propositura da ação, domicílio no
âmbito da competência territorial do órgão prolator". 5.
Assim, proposta a ação coletiva na Seção Judiciária do
Distrito Federal, não há cogitar de falta de competência
territorial, sendo que a eficácia subjetiva da sentença
ficará limitada ao espectro de abrangência da
associação autora. 6. Conflito de competência
conhecido, para declarar a competência 22ª Vara da
Seção Judiciária do Distrito Federal, o suscitado.
(STJ - CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 133.536 - SP
(2014/0094067-4) – Relator Ministro Benedito
Gonçalves) – (G.N.)

As alegações desfiladas pela UNIÃO, portanto, são totalmente


descabidas e incoerentes, posto que essa defende teorias díspares de teses
já consagradas.
III – DA INEXISTÊNCIA DA LITISPENDÊNCIA/COISA JULGADA PARA
NELSON JUNQUEIRA E NEY PINTO TEIXEIRA – ÔNUS DA PROVA DE
QUEM ALEGA – AÇÃO COLETIVA X AÇÃO INDIVIDUAL

Cumpre dizer que os pedidos nas ações mencionadas pela União


são distintos em sua maioria, uma vez que as gratificações de desempenho
tiveram diversas nomenclaturas, em que pese conservassem o mesmo
nomen iuris – haja vista a presente ação tratar do pedido de paridade acerca
das gratificações GDATA e GDPGTAS, cumpre dizer que anos após o
ajuizamento dessa ação ainda surgiu a GDPGPE, que foi objeto de novas
ações judiciais para vindicar o restabelecimento da paridade que ainda
continuava ultrajada pela ré/embargante/União. Ou seja, não há
litispendência ou coisa julgada, uma vez que o que se pleiteia na
presente ação, distribuída em 2006, são os atrasados anteriores à
ação intentada em 2009 ou 2010, citadas pela União, QUE TEM
OBJETOS DISTINTOS. Ou seja, pela prescrição qüinqüenal, as ações
citadas pela União nos embargos de declaração de fls. 712 e
seguintes abrangem tão-somente parcelas da GDPGTAS e a GDPGPE,
enquanto que na presente ação se pleiteou e ganhou os atrasados da
GDATA e de grande parte da GDPGTAS, não podendo ocorrer
locupletamento da UNIÃO, que quer deixar de pagar os atrasados
abrangidos nessa ação judicial, passada em julgado!

Registre-se ainda que a prevenção para fins de


litispendência é do juízo que realizou a citação válida primeiramente,
sendo que certo que esse r. juízo da 14ª Vara Federal/DF realizou
com primazia a citação válida, sendo, portanto, prevento, devendo
ser extinto os demais processos citados e NÃO ESSE PARA ESSES
EXEQUENTES!

Além disso, deve-se observar que alguns servidores


possuem duas matrículas SIAPEs distintas, o que não caracteriza a
litispendência aventada também!!!

Noutro giro, acerca da possível ofensa à coisa julgada sobre a


sentença de mérito proferida nos autos dos processos citados pela União,
juntados às fls.712 e seguintes, que tramitaram perante juízos da Seção
Judiciária do DF e do RJ, bem como do ofício juntado nas fls. , esses não
ilidem ou modificam o direito dos autores, uma vez que confirmam que os
mesmos não receberam o direito vindicado nem promoveram a execução do
título executivo coletivo proferido nos autos do processo citados e ainda é de
sabença que a ação coletiva não induz litispendência para as ações
individuais.

Assim, quanto à alegação de eventual litispendência e/ou


coisa julgada com os processos citados, tem a dizer que essa foi a primeira
demanda que foi distribuída como ação ordinária coletiva, sendo dela que
se promoveu a execução do título judicial coletivo para os ora
exequentes, preferindo beneficiar-se do título executivo coletivo
proferido nos autos da presente ação.

Ou seja, os autores da presente demanda preferiram


obter a prestação jurisdicional por meio da ação coletiva, não
promovendo a liquidação do julgado naqueles autos mencionados,
INCLUSIVE NÃO HÁ PROVA EFETIVA DE QUE RECEBERAM QUALQUER
NUMERÁRIO DE OUTRO PROCESSO COM O MESMO OBJETO.

Todavia, nos domínios do processo coletivo, o instituto da


litispendência está previsto expressamente na primeira parte do art. 104 do
CDC, segundo o qual:

“As ações coletivas, previstas nos incisos I e


II, do parágrafo único, do art. 81, não
induzem litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga
omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e
III do artigo anterior não beneficiarão os autores
das ações individuais, se não for requerida sua
suspensão no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.”
(grifos nossos)

Daí surge a seguinte vexata quaestio: existe litispendência


entre ação coletiva para tutela de interesses individuais homogêneos em que
o autor atua como substituto processual e a ação individual?

Para satisfazer à indagação, cumpre lembrar que na ação


coletiva para tutela de interesses ou direitos individuais homogêneos o autor
da demanda atua em nome próprio na defesa de interesses de outrem
(legitimação extraordinária ou substituição processual), como NA
PRESENTE AÇÃO, enquanto na ação individual o titular da demanda é
também o titular do direito material nela deduzido (legitimação ordinária).
Por aí já se vê que não há identidade de partes no pólo ativo das duas
demandas.

A leitura atenta da primeira parte do art. 104 do CDC


revela que não há litispendência entre ação individual e ação coletiva (ou
civil pública) destinada à defesa de interesses difusos, coletivos e individuais
homogênios (incisos I, II e III do parágrafo único do art. 81 do CDC).

Correta, pois, a observação de Hugo Nigro Mazzilli, in


MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2002, p.202, para quem:

“Nem mesmo no caso de interesses individuais


homogêneos teremos vera e própria litispendência
entre ação civil pública (ou coletiva) e ação
individual, uma vez que não coincidem seus
objetos: o caso seria antes de conexão, ou, sob
circunstâncias específicas, até mesmo de
continência, quando o objeto da ação civil pública
ou coletiva compreendesse, porque mais
abrangente, o objeto da ação individual. Ademais,
o ajuizamento de ação civil pública sobre o
mesmo objeto não induz litispendência,
porque não pode impedir o direito individual
subjetivo de ação, assegurado na Carta
Magna.”

Convém lembrar que o Superior Tribunal de Justiça vem


reiteradamente decidindo nos seguinte termos:

“LITISPENDÊNCIA. AÇÃO COLETIVA AJUIZADA POR


SINDICATO E AÇÃO INDIVIDUAL AJUIZADA PELOS
TRABALHADORES. 1. Já decidiu esta Turma que a
‘circunstância de existir, em curso, ação coletiva,
em que se objetiva a tutela de direitos individuais
homogêneos, não obsta o ajuizamento da ação
individual’. 2. Recurso especial não conhecido.”
(STJ-REsp 153750/PE 1997/0078297-2, Rel. Min.
Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª T., j.
03.02.2000, DJ 27.03.2000, p. 93)

“A circunstância de existir ação coletiva em que se


objetiva a tutela de direitos individuais
homogêneos não obsta a propositura de ação
individual.” (STJ, REsp 240.128/PE, 5ª T., Rel. Min.
Felix Fischer, DJU de 02.05.00, p. 169)

“RECURSO ESPECIAL. NÃO-OCORRÊNCIA DE


LITISPENDÊNCIA NA ESPÉCIE. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO. FUNÇÃO
COMISSIONADA. NÃO-INCIDÊNCIA.
PRECEDENTES. Deve ser afastada a alegada
ocorrência de litispendência da ação individual com
ação coletiva que visa ao reconhecimento de
direitos individuais homogêneos. Com efeito, é
pacífico o entendimento nesta Corte segundo o qual
‘a circunstância de existir ação coletiva em que se
objetiva a tutela de direitos individuais
homogêneos não obsta a propositura da ação
individual’ (AGREsp 240.128/ PE, Rel. Min. Felix
Fischer, DJ 02.05.2000). É firme a orientação desta
colenda Turma no sentido da inexigibilidade da
contribuição previdenciária sobre os valores
percebidos pelos servidores públicos a título de
função comissionada. Se ao servidor inativo não
assiste o direito à percepção dos valores auferidos
a título de função comissionada durante o período
laboral, não faz qualquer sentido o desconto da
contribuição sobre tais verbas. Precedentes.
Recurso especial improvido.” (STJ-REsp 640071/PE
2004/0010389-1, Rel. Min. Franciulli Netto, 2ª T., j.
19.08.2004, DJ 28.02.2005, p. 298)

Assim, não há qualquer óbice no que pertine ao


ajuizamento da ação COLETIVA, como a presente, não ocorrendo
litispendência e/ou Coisa Julgada com os processos citados pela União às fls.
965/1.088.
Pelo exposto, a União não se desincumbiu do seu ônus da
prova, na forma do art. 373, inciso II do NCPC, devendo ser mantida
a execução para todos os autores exequentes.

Deslocar esse ônus para o embargado configura-se indevida


inversão; logo, compete ao executado na ação (embargante) comprovar os
fatos constitutivos do seu direito, que aqui é eventual litispendência e/ou
coisa julgada.

2 – DOS PEDIDOS

Assim, todos os argumentos trazidos, mais uma vez, pelo


UNIÃO/RECORRENTE, devem ser rechaçados, posto que a tisnadura jurídica
ventilada, definitivamente, comprova que a discussão não merece prosperar.

Posto isto, requer não seja conhecido e, sequer provido as razões


do recurso de embargos de declaração, e se conhecido, seja rejeitado em
sua literalidade, COM AS COMINAÇÕES DE ESTILO, PELA MAJORAÇÃO DOS
HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, por ser medida de Direito e Justiça!

Por fim, caso Vossa Excelência entenda que os processos citados


induzem em pagamento parcial do quantum debeatur apurado nesses autos,
requer, ALTERNATIVAMENTE, a exclusão dos períodos abrangidos pelas
ações judiciais mencionadas pela União, de modo que seja respeitada a
prescrição qüinqüenal da presente ação que retroage até 2002, o que
garante aos autores o pagamento integral da GDATA e de grande parte da
GDPGTAS (abrangidas pela Coisa Julgada nesses autos), devendo os autos
retornar à contadoria judicial tão somente para exclusão dos períodos
abrangidos pelas ações mencionadas pela embargante/UNIÃO.

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 18 de maio de 2018

Carlos Emanuel do Nascimento Viana


OAB/RJ 133.602

Você também pode gostar