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27/03/2024, 13:31 Caderno - Processo civil - competência - Buscador Dizer o Direito

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Processo civil - competência

Direito Processual Civil


Competência

Compete ao Juízo Estadual o processamento e julgamento do cumprimento de sentença promovido pelo


INSS relativo ao ressarcimento de honorários periciais antecipados no bojo de ação acidentária
Situação hipotética: João ajuizou ação contra o INSS pedindo a concessão de aposentadoria por incapacidade
permanente em decorrência de acidente de trabalho (ação acidentária).A ação foi proposta na Justiça comum
estadual (1ª Vara Cível da Justiça Estadual).Foi concedida gratuidade da justiça em favor do autor.João pediu a
realização de perícia médica.O médico perito cobrou R$ 1.500,00 de honorários periciais, o que foi homologado
pelo juízo.O INSS adiantou o valor dessa despesa.A perícia constatou que a limitação apresentada “em hipótese
alguma pode ser considerada como acidente de trabalho”, “sendo consequência direta e exclusiva de acidente de
trânsito anterior, sem relação com o trabalho”. Embasado nessas conclusões médicas, o Juízo estadual (1ª Vara
Cível da Justiça Estadual) julgou improcedente o pedido autoral.
Diante desse cenário, o INSS requereu, na 2ª Vara da Fazenda Pública da Justiça Estadual, o início de
cumprimento de sentença.O objetivo do INSS era o de ser ressarcido pelo valor dos honorários periciais que ele
havia adiantado (R$ 1.500,00). De quem o INSS cobrou o valor? Do Estado-membro.Como João, o autor
sucumbente, foi beneficiário da assistência judiciária gratuita e a demanda tramitou perante o foro da Justiça
Estadual, o INSS indicou como executado o Estado do Mato Grosso do Sul.A autarquia previdenciária cobrou do
Estado-membro com base no que o STJ decidiu no Tema 1.044.
De quem será a competência para julgar esse cumprimento de sentença?
Da Justiça Estadual.Compete ao Juízo Estadual o processamento e julgamento do cumprimento de sentença
promovido pelo INSS relativo ao ressarcimento de honorários periciais antecipados no bojo de ação acidentária.
STJ. 1ª Seção.CC 191.185-MS, Rel. Min. Afrânio Vilela, julgado em 28/2/2024 (Info 802).

A regra do art. 43 do CPC pode ser superada, sempre em caráter excepcional, quando se constatar que o
juízo perante o qual tramita a ação não é adequado ou conveniente para processá-la e julgá-la
Contemporaneamente, tem-se estudado com afinco institutos e instrumentos que impõem uma releitura do
princípio constitucional do juiz natural, com destaque especial para o princípio da competência adequada, do
qual deriva a ideia de existir, ainda que excepcionalmente, um forum non conveniens.
Essa ideia se funda no fato de que, não basta que o órgão judicial seja previamente constituído e individualizado

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como aquele objetiva e abstratamente competente para a causa. Deve ser, também, concretamente competente,
ou seja, o mais conveniente e apropriado para assegurar a boa realização e administração da justiça.
Assim, quando se afirma que a competência pode ser definida especificamente para um juízo concretamente
competente em razão da adequação deste para processar e julgar a causa em relação aos demais juízos
também abstratamente competentes, afirma-se, consequentemente, que há um outro juízo que, conquanto
competente, é inadequado ou inconveniente (fórum non conveniens).
No caso concreto, o STJ considerou necessário afastar a regra do art. 43 do CPC em razão de circunstâncias
excepcionais que foram narradas no voto:
i) haveria indícios significativos de que o genitor estaria exercendo influências indevidas perante o juízo em que
distribuída a primeira ação de guarda, em prejuízo da mãe e da própria criança;
ii) há, contra o genitor, denúncia oferecida e recebida pela prática do crime de estupro de vulnerável contra o
filho, sem que isso tivesse exercido a necessária influência nas decisões relacionadas à guarda ou ao regime de
visitação da criança proferidas pelo juízo de Fortaleza/CE;
iii) a criança tem sido submetida, em razão de frequentes decisões judiciais do juízo de Fortaleza/CE, a
sucessivas modificações de guarda e de residência, inclusive por terceiros estranhos à família e alijando-se a
mãe do exercício da guarda, o que tem lhe causado imensurável prejuízo; e
iv) nenhuma das decisões judiciais proferidas pelo Poder Judiciário do Ceará, no âmbito cível, considerou a
possibilidade de afastar o convívio entre o genitor e o filho diante dos seríssimos fatos que se encontram sob
apuração perante o juízo criminal nos últimos 27 meses.
STJ. 2ª Seção. CC 199.079/RN, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em
13/12/2023 (Info 15 – Edição Extraordinária).

Compete às turmas que compõem a Primeira Seção do STJ o julgamento de questões que envolvam os
contratos de mútuo habitacional que impliquem comprometimento do Fundo de Compensação das Variações
Salariais - FCVS
As demandas que envolvem discussão acerca dos contratos de seguro habitacional adjetos aos contratos de
mútuo com recursos oriundos do SFH, celebrados mediante apólice pública, de responsabilidade do FCVS
(Ramo 66), nos quais a Caixa Econômica Federal apresente interesse jurídico, devem ser processadas e
julgadas, no âmbito do STJ, pelas Turmas de Direito Público.
STJ. Corte Especial. CC 148.188-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4/10/2023 (Info 790).

Compete à Justiça Federal julgar a causa, estabelecida entre particulares, que tem por objeto reintegração de
posse de imóvel que faz parte de comunidade quilombola
Caso adaptado: Regina ajuizou ação de reintegração de posse de um imóvel localizado em uma comunidade
quilombola. A ação foi proposta contra João, sendo ajuizada inicialmente na Justiça Estadual. O Juízo de Direito
declinou sua competência, argumentando que se tratava de uma área integrante de comunidade quilombola e
que o INCRA havia emitido uma licença de ocupação para um indivíduo particular. O Juízo Federal devolveu o
processo ao Juízo estadual, alegando que a disputa ocorria entre particulares e não envolvia discussão sobre o
domínio do imóvel. No entanto, a controvérsia se destaca por envolver uma licença de ocupação do INCRA,
reconhecendo a posse de João.
O STJ decidiu que a competência é da Justiça Federal porque há interesse da União. A Instrução Normativa nº
49 do INCRA estabelece que cabe a esta autarquia a gestão de questões relacionadas às terras ocupadas por
comunidades quilombolas. Identificado o interesse jurídico da União, devido à atuação do INCRA em matéria
fundiária envolvendo área quilombola, a competência para julgar o caso recai sobre a Justiça Federal, conforme
estabelecido pelo art. 109, I, da CF/88. Assim, levando em conta as importantes implicações das ações
possessórias e a existência de uma disputa sobre um imóvel demarcado e atribuído à comunidade quilombola,
cabe exclusivamente ao Juízo federal resolver a questão.

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STJ. 1ª Seção. CC 190.297-AP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 27/9/2023 (Info 14 – Edição
Extraordinária).

Compete à Justiça Comum o julgamento de ação na qual servidor celetista demanda parcela de natureza
administrativa contra o Poder Público
A Justiça Comum é competente para julgar ação ajuizada por servidor celetista contra o Poder Público, em que
se pleiteia parcela de natureza administrativa, modulando-se os efeitos da decisão para manter na Justiça do
Trabalho, até o trânsito em julgado e correspondente execução, os processos em que houver sido proferida
sentença de mérito até a data de publicação da presente ata de julgamento.
STF. Plenário. RE 1.288.440/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 01/7/2023 (Repercussão Geral – Tema
1143) (Info 1102).

A competência para julgamento de ação de indenização por danos morais, decorrente de ofensas proferidas
em rede social, é do foro do domicílio da vítima, em razão da ampla divulgação do ato ilícito
Caso adaptado: João, morador de Artur Nogueira (SP), gravou e divulgou, no WhatsApp, um vídeo contendo
xingamentos e ameaças contra um determinado político.
O político ofendido ingressou com ação de indenização por danos morais contra João.A ação foi proposta na
vara cível da comarca de São Bernardo do Campo (SP), domicílio do autor.
O requerido apresentou contestação suscitando a incompetência e afirmando que a ação deveria ser julgada no
foro do Município onde o vídeo foi produzido e divulgado, ou seja, em Artur Nogueira (SP), que também é o foro
do domicílio do réu. Logo, seja com base no art. 46 do CPC, seja com fundamento no art. 53, IV, “a”, também do
CPC, a competência para julgar o caso seria da comarca de Artur Nogueira (SP).
O STJ não concordou com os argumentos do réu e confirmou a competência do juízo de São Bernardo do
Campo (SP).
A competência para julgamento de ação de indenização por danos morais, decorrente de ofensas proferidas em
rede social, é do foro do domicílio da vítima, em razão da ampla divulgação do ato ilícito.
STJ. 4ª Turma. REsp 2.032.427-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 27/4/2023 (Info 774).

O processo de repactuação de dívidas do superendividado (art. 104-A do CDC) é de competência da Justiça


Estadual mesmo que também envolva a Caixa Econômica Federal
A Lei nº 14.181/2021 alterou o Código de Defesa do Consumidor, para aperfeiçoar a disciplina do crédito ao
consumidor e dispor sobre a prevenção e o tratamento do superendividamento.
Essa Lei inseriu o art. 104-A no CDC oferecendo à pessoa física, em situação de vulnerabilidade
(superendividamento), a possibilidade de, perante seus credores, rediscutir, repactuar e, finalmente, cumprir suas
obrigações contratuais/financeiras.
Cabe à Justiça comum estadual e/ou distrital processar e julgar as demandas oriundas de ações de
repactuação de dívidas decorrentes de superendividamento - ainda que exista interesse de ente federal (CEF).
Isso porque a interpretação do art. 109, I, da CF/88, deve ser teleológica de forma a alcançar, na exceção da
competência da Justiça Federal, as hipóteses em que existe o concurso de credores.
STJ. 2ª Seção. CC 193066-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/3/2023 (Info 768).

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Cabe à Justiça brasileira julgar ação de rescisão em que os autores pactuaram contrato de adesão de
prestação de serviços hoteleiros - sendo os aderentes consumidores finais - com empresa domiciliada no
exterior e os autores domiciliados no Brasil
Caso adaptado: João e Regina, residentes em Bauru (SP), estavam passando férias nas dependências de um
hotel em Cancun, no México.O casal foi abordado por um representante de vendas, que ofereceu a eles uma
proposta de afiliação ao CLUB MELIÁ, que funcionava da seguinte forma: a adesão se daria pelo pagamento do
valor aproximado de 3 mil dólares e o saldo restante, de aproximadamente 15 mil dólares, seria financiado em
60 parcelas mensais, no valor de 320 dólares, com taxa de juros anuais de 14% debitados no cartão de
crédito.Em contrapartida, os aderentes teriam direito, por 25 anos, a usufruir de uma semana por ano no hotel,
mediante pagamento de uma taxa de manutenção periódica, direito esse que poderia ser revendido ou cedido
para terceiros.
João e Regina, diante da pressão exercida pelo representante, resolveram aderir ao plano. Fizeram o depósito
inicial e passaram a pagar as parcelas mensais.
Algum tempo depois, o casal enfrentou dificuldades financeiras e, por essa razão, resolveu cancelar o plano,
mesmo porque, até então, já tinham pagado uma boa parte do valor sem que os serviços contratados tivessem
sido utilizados.
O casal formalizou o pedido de cancelamento por e-mail, tendo sido informados que que não seria possível
cancelar a avença, tendo em vista que tal pretensão seria possível somente nos cinco dias após a assinatura.
Irresignados com essa postura da empresa, João e Regina ingressaram com ação de rescisão contratual
cumulada com devolução de valores perante a 3ª Vara Cível da Comarca de Bauru (SP).A ação foi movida em
face da empresa Meliá Brasil Administração Hoteleira e Comercial Ltda, com sede em São Paulo (SP).
Citada, a ré, entre outros argumentos, suscitou a incompetência absoluta da justiça brasileira. Alegou que o
pacto foi assinado em outro país e o contrato possui cláusula de eleição de foro no México (país onde o serviço
deveria ser prestado). Desse modo, a tutela a ser prestada na justiça brasileira não poderá produzir efeitos fora
da jurisdição brasileira e, portanto, há impedimento de se discutir a validade, limites e condições contratuais que
são vigentes naquele país, sob pena de nulidade da decisão judicial.
A Justiça brasileira é competente para julgar essa demanda.
Cabe à autoridade judiciária brasileira processar e julgar a ação de rescisão contratual em que os autores
pactuaram contrato de adesão de prestação de serviços hoteleiros - sendo os aderentes consumidores finais -
com sociedade empresária domiciliada em território estrangeiro e os autores domiciliados no Brasil.
STJ. 3ª Turma. REsp 1797109-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/3/2023 (Info 769).

Compete à 1ª ou a 2ª Turma do STJ julgar recurso especial discutindo a indenização do art. 59, I, da Lei
8.630/93 (atualmente revogada)
Compete às Turmas integrantes da Primeira Seção do STJ julgar recursos que tenham por objeto a indenização
do art. 59, I, da Lei nº 8.630/93, decorrente do cancelamento da inscrição profissional dos trabalhadores
portuários avulsos, desvinculados do sistema pela Lei de Modernização dos Portos.
STJ. Corte Especial. CC 179.005-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 15/2/2023 (Info 12 – Edição
Extraordinária).

O procedimento de dúvida suscitado por registrador imobiliário será julgado pela Justiça Federal caso
envolva bens de autarquia pública federal
Caso concreto: a Universidade Federal do Ceará (autarquia pública federal) protocolizou no cartório do Registro
de Imóveis pedido de unificação de dois imóveis com abertura de uma matrícula para o terreno unificado. O
Titular do Registro Imobiliário expediu nota devolutiva fazendo certas exigências. A UFC não concordou e pediu
que o Oficial suscitasse dúvida. Essa dúvida será julgada por um juiz federal.

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O processamento e julgamento de procedimento administrativo de dúvida suscitado por oficial de registro


imobiliário relativamente a imóveis de autarquia pública federal compete ao Juízo federal.
STJ. 1ª Seção. CC 180351-CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/09/2022 (Info 751).

Servidor celetista admitido antes da CF/88, sem concurso público, pede verbas trabalhistas e a nulidade de
contrato temporária: a competência é da Justiça do Trabalho
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação trabalhista ajuizada por servidor admitido sem
concurso público e sob o regime celetista antes da CF/88, mesmo que haja cumulação de pedidos referente ao
período trabalhado sob o regime de contratação temporária.
STJ. 1ª Seção. CC 188950-TO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 14/09/2022 (Info 749).

Se, na mesma decisão, é reconhecida a ilegitimidade passiva de autarquia federal e, em razão disso, é
determinada a remessa do processo para a Justiça Estadual, a competência para a execução dos honorários
sucumbenciais nela fixados é da Justiça Federal

Caso hipotético: a empresa Alfa ajuizou ação de indenização contra as empresas Beta e Gama e contra a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em litisconsórcio passivo.Como a CVM é uma autarquia federal, a ação
foi ajuizada na Justiça Federal.O Juiz Federal decidiu que a CVM era parte ilegítima para figurar na demanda e,
na mesma decisão que excluiu a autarquia da lide, declinou da competência para uma das varas cíveis da
Justiça Estadual.Na decisão, o magistrado federal fixou honorários advocatícios sucumbenciais a serem pagos
pela autora Alfa em favor da CVM, no valor de R$ 80 mil. Se esses honorários não forem pagos, eles deverão ser
executados pela CVM na Justiça Federal (e não na Justiça Estadual).
No caso, o Juiz federal reconheceu a ilegitimidade passiva da autarquia federal e condenou a autora ao
pagamento de honorários, determinando a remessa dos autos à Justiça estadual. Assim, apesar de não ser
possível que se dê nos próprios autos, a execução da verba honorária requerida pela entidade federal deve ser
processada perante o Juízo federal que constituiu o título executivo.
STJ. 2ª Seção. CC 175883-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/08/2022 (Info 747).

Compete às Turmas que compõem a Segunda Seção do STJ apreciar mandado de segurança em que se
questiona a compatibilidade de atos praticados por Junta Comercial em face de normas de Direito Societário
Caso concreto: a controvérsia, em primeira instância, iniciou-se com mandado de segurança no qual a empresa
postulava pela concessão da ordem para que a Junta Comercial fosse compelida a registrar as suas Atas de
Aprovação de Contas, sem que fosse necessária a comprovação da publicação das demonstrações financeiras.
Segundo alegou a impetrante, a Lei nº 11.638/2007 não prevê a obrigação de publicar as demonstrações
financeiras de sociedades empresariais de grande porte no Diário Oficial do Estado ou em jornal de grande
circulação, sendo absolutamente ilegal que uma norma de hierarquia inferior inove e crie obrigação sobre a qual
a Lei de regência sequer versou.
O exame da suposta ilegalidade das normas infralegais ou mesmo o abuso do direito de normatizar envolve
controvérsia diretamente relacionada com direito societário. O que se discute é a adequação dos referidos atos
normativos à Lei nº 11.638/2007, que alterou e revogou dispositivos da Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas) e à Lei nº 6.385/76, estendendo às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e
divulgação de demonstrações financeiras.
Desse modo, conclui-se que, no caso, embora se invoque suposta ilegalidade de atos praticados por Junta
Comercial, a controvérsia, em verdade, diz respeito à compatibilidade da atividade da autarquia estadual em face
de normas de Direito Societário, o que, em última razão, estão umbilicalmente associadas ao Direito Privado,

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atraindo a competência das Turmas que compõem a Segunda Seção desta Corte Superior.
STJ. Corte Especial. CC 179662-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/08/2022 (Info 745).

Competência interna do STJ para julgar ACP proposta por órgão de defesa do consumidor contra TV por
assinatura, em razão de a requerida não estar cumprindo o Decreto federal e a Portaria que regulamentaram
o serviço de SAC
Compete às Turmas de Direito Público do STJ o julgamento de ação civil pública ajuizada por Órgão estadual
que fiscaliza a implementação e a manutenção adequada do serviço gratuito SAC, por telefone, "lei do call
center", e o prestador de serviço regulado pelo Poder Público federal - serviço de televisão por assinatura.
Em observância à causa de pedir e aos pedidos contidos na petição inicial da ação civil pública, conclui-se que a
relação jurídica controvertida possui contornos eminentemente públicos, quer sob a perspectiva do
cumprimento de normas regulamentares, quer sob a ótica da regulação do direito ao serviço de
telecomunicação (Lei nº 9.472/97).
STJ. Corte Especial. CC 179846-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/08/2022 (Info 743).

A empresa N, que venceu licitação para construção de usina hidrelétrica, contratou a empresa C para auxiliar
no cumprimento de uma medida de compensação ambiental; o recurso envolvendo o litígio entre essas duas
empresas deve ser dirimido pelas Turmas de Direito Privado do STJ
A competência para julgamento de controvérsia que diz respeito a pretensão de recomposição do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, que não ostenta índole administrativa, e reconvenção relacionado a
devolução de adiantamentos realizados nesse mesmo acordo, entre empresas privadas, é das Turmas de Direito
Privado.
STJ. Corte Especial. CC 182897-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 01/08/2022 (Info 743).

Compete ao STJ julgar conflito de competência estabelecido entre Tribunais Arbitrais vinculados à mesma
Câmara de Arbitragem, quando a solução para o impasse criado não é objeto de disciplina no regulamento
desta
Compete ao Superior Tribunal de Justiça, em atenção à função constitucional que lhe é atribuída no art. 105, I,
“d”, da Carta Magna, conhecer e julgar o conflito de competência estabelecido entre Tribunais Arbitrais, que
ostentam natureza jurisdicional, ainda que vinculados à mesma Câmara de Arbitragem, sobretudo se a solução
interna para o impasse criado não é objeto de disciplina regulamentar.
STJ. 2ª Seção. CC 185702/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/06/2022 (Info 749).

A parte interpôs recurso especial contra acórdão do TJ; no STJ, a União pede e é admitida como assistente
simples da recorrente; o STJ determina o retorno dos autos ao Tribunal de origem para novo julgamento; o
processo deverá ser remetido para o TRF (e não para o TJ)
Existindo interesse jurídico da União no feito, na condição de assistente simples, a competência afigura-se da
Justiça Federal, conforme prevê o art. 109, I, da Constituição da República, motivo pelo qual compete ao Tribunal
Regional Federal o julgamento de embargos de declaração opostos contra acórdão proferido pela Justiça
Estadual.
STJ. Corte Especial. EREsp 1265625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 30/03/2022 (Info 731).

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A competência para julgar mandado de segurança contra ato do ato do Controlador-Geral do Distrito Federal
é do juízo de 1ª instância (Vara da Fazenda Pública)
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios não tem competência para processar e julgar mandado
de segurança impetrado contra ato do Controlador-Geral do Distrito Federal.
Compete ao TJDFT julgar mandado de segurança contra atos dos Secretários de Governo do Distrito Federal e
dos Territórios. Ocorre que o Controlador-Geral do Distrito Federal não é considerado Secretário de Governo, para
fins de competência do TJDFT.
STJ. 2ª Turma. RMS 57943-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 08/03/2022 (Info 728).

Compete à Primeira Seção do STJ julgar recurso envolvendo ação regressiva proposta pela seguradora
contra a concessionária por danos causados no veículo segurado
Compete à Primeira Seção do STJ o julgamento de ação regressiva por sub-rogação da seguradora nos direitos
do segurado movida por aquela contra concessionária de rodovia estadual, em razão de acidente de trânsito.
Caso concreto: Sul América Seguros ajuizou ação contra a concessionária de rodovias pedindo o ressarcimento
do valor por ela despendido no conserto do veículo segurado, em razão de acidente ocorrido por suposta falha
na prestação de serviço da ré. O recurso interposto no STJ envolvendo esse processo deverá ser julgado por
uma das Turmas que compõe a 1ª Seção e que tratam sobre direito público.
STJ. Corte Especial. CC 181628-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/11/2021 (Info 718).

É ilegal e inaplicável Resolução do Tribunal de Justiça que atribui competência exclusiva para as ações
propostas contra a Fazenda Pública em desconformidade com as regras processuais previstas na legislação
federal
Tese A) Prevalecem sobre quaisquer outras normas locais, primárias ou secundárias, legislativas ou
administrativas, as seguintes competências de foro:
i) em regra, do local do dano, para ação civil pública (art. 2º da Lei nº 7.347/85);
ii) ressalvada a competência da Justiça Federal, em ações coletivas, do local onde ocorreu ou deva ocorrer o
dano de impacto restrito, ou da capital do estado, se os danos forem regionais ou nacionais, submetendo-se
ainda os casos à regra geral do CPC, em havendo competência concorrente (art. 93, I e II, do CDC).

Tese B) São absolutas as competências:


i) da Vara da Infância e da Juventude do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou a omissão, para as
causas individuais ou coletivas arroladas no ECA, inclusive sobre educação e saúde, ressalvadas a competência
da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores (arts. 148, IV, e 209 da Lei nº 8.069/90 e
Tese nº 1.058/STJ);
ii) do local de domicílio do idoso nas causas individuais ou coletivas versando sobre serviços de saúde,
assistência social ou atendimento especializado ao idoso portador de deficiência, limitação incapacitante ou
doença infectocontagiosa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores (arts. 79 e 80 da Lei nº 10.741/2003 e 53, III, e, do CPC/2015);
iii) do Juizado Especial da Fazenda Pública, nos foros em que tenha sido instalado, para as causas da sua
alçada e matéria (art. 2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009);
iv) nas hipóteses do item (iii), faculta-se ao autor optar livremente pelo manejo de seu pleito contra o estado no
foro de seu domicílio, no do fato ou ato ensejador da demanda, no de situação da coisa litigiosa ou, ainda, na
capital do estado, observada a competência absoluta do Juizado, se existente no local de opção (art. 52,
parágrafo único, do CPC/2015, c/c o art. 2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009).

Tese C) A instalação de vara especializada não altera a competência prevista em lei ou na Constituição Federal,

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nos termos da Súmula n. 206/STJ (“A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a
competência territorial resultante das leis de processo.”). A previsão se estende às competências definidas no
presente IAC n. 10/STJ.

Tese D) A Resolução n. 9/2019/TJMT é ilegal e inaplicável quanto à criação de competência exclusiva em


comarca eleita em desconformidade com as regras processuais, especificamente quando determina a
redistribuição desses feitos, se ajuizados em comarcas diversas da 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da
Comarca de Várzea Grande/MT. Em consequência:
i) fica vedada a redistribuição à 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Várzea Grande/MT
dos feitos propostos ou em tramitação em comarcas diversas ou em juizados especiais da referida comarca ou
de outra comarca, cujo fundamento, expresso ou implícito, seja a Resolução n. 9/2019/TJMT ou normativo
similar;
ii) os feitos já redistribuídos à 1ª Vara Especializada de Várzea Grande/MT com fundamento nessa norma
deverão ser devolvidos aos juízos de origem, salvo se as partes, previamente intimadas, concordarem
expressamente em manter o processamento do feito no referido foro;
iii) no que tange aos processos já ajuizados - ou que venham a ser ajuizados - pelas partes originariamente na 1ª
Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Várzea Grande/MT, poderão prosseguir normalmente no
referido juízo;
iv) não se aplicam as previsões dos itens (ii) e (iii) aos feitos de competência absoluta, ou seja: de competência
dos Juizados Especiais da Fazenda, das Varas da Infância e da Juventude ou do domicílio do idoso, nos termos
da Tese B deste IAC n. 10/STJ.
STJ. 1ª Seção. REsp 1896379-MT, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2021 (Tema IAC 10) (Info 718).

Se uma ação contra o INSS estava tramitando na justiça estadual por força da competência federal delegada
(art. 109, § 3º, da CF) as alterações promovidas pela Lei 13.876/2019 não irão influenciar neste processo
Os efeitos da Lei nº 13.876/2019 na modificação de competência para o processamento e julgamento dos
processos que tramitam na Justiça Estadual no exercício da competência federal delegada insculpido no art.
109, § 3º, da Constituição Federal, após as alterações promovidas pela Emenda Constitucional nº 103/2019,
aplicar-se-ão aos feitos ajuizados após 1º de janeiro de 2020.
As ações, em fase de conhecimento ou de execução, ajuizadas antes de 01/01/2020, continuarão a ser
processadas e julgadas no juízo estadual, nos termos em que previsto pelo § 3º do art. 109 da Constituição
Federal, pelo inciso III do art. 15 da Lei nº 5.010/65, em sua redação original.
STJ. 1ª Seção. CC 170051-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 21/10/2021 (IAC 6) (Info 716).

Compete à Justiça Federal processar e julgar ações rescisórias movidas por ente federal contra acórdão ou
sentença da Justiça estadual
Compete ao Tribunal Regional Federal processar ação rescisória proposta pela União com o objetivo de
desconstituir sentença transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando afeta interesses de órgão
federal.
STF. Plenário. RE 598650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em
8/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 775) (Info 1033).

As varas especializadas em matéria agrária previstas no art. 126 da CF/88 podem julgar outras matérias
correlacionadas (exs: ambientais e minerárias), além de processos criminais que tenham motivação agrária,
não podendo, contudo, julgar matérias federais

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27/03/2024, 13:31 Caderno - Processo civil - competência - Buscador Dizer o Direito

As varas especializadas em matéria agrária (art. 126 da CF/88) não possuem, necessariamente, competência
restrita apenas à matéria de sua especialização.
Não ofende a CF a legislação estadual que atribui competência aos juízes agrários, ambientais e minerários para
a apreciação de causas penais, cujos delitos tenham sido cometidos em razão de motivação
predominantemente agrária, minerária, fundiária e ambiental.
É inconstitucional dispositivo de lei estadual que atribui competência a juízes estaduais para julgar matérias de
competência da justiça federal.
STF. Plenário. ADI 3433/PA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1/10/2021 (Info 1032).

Compete à Justiça Federal julgar ação que tem como objetivo a obtenção de oxigênio destinado às unidades
de saúde estaduais do Amazonas para o tratamento da Covid-19
Em janeiro de 2021, durante a “segunda onda” da Covid-19, milhares de pessoas foram internadas nas unidades
hospitalares do Estado do Amazonas.
Houve um aumento tão grande do consumo de oxigênio que a empresa que o fornece no Estado (White Martins)
não mais conseguiu atender toda a demanda. Em resumo, faltou oxigênio para as pessoas internadas.
Diante disso, começaram a ser propostas várias ações judiciais contra a White Martins exigindo que ela
fornecesse oxigênio para os hospitais públicos e privados.
Essas ações foram propostas em diversos juízos diferentes, com algumas determinações conflitantes.
Havia decisões diferentes dos seguintes juízos: 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amazonas, 1ª Vara de
Iranduba (AM), 5ª, 6ª, 11ª e 15ª Varas Cíveis de Manaus (AM), 3ª Vara da Fazenda Pública de Manaus (AM).
Um dos processos envolvidos é uma ação civil pública proposta pelo MPF e DPU contra a União justamente para
obrigar o ente federal a garantir o fornecimento de oxigênio.
O STJ, ao resolver conflito positivo de competência, declarou o juízo da 1ª Vara Federal de Manaus como sendo
o competente para reunir e julgar todas as ações envolvendo o tema.
STJ. 1ª Seção. CC 177113-AM, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 25/08/2021 (Info 706).

Compete à Primeira Seção do STJ julgar ACP que discute a validade de cláusula de exclusividade existente
no contrato firmado entre os médicos e a operadora de plano de saúde, sob o argumento de que configuraria
conduta anticoncorrencial
Compete à Primeira Seção do STJ julgar Ação Civil Pública ajuizada pelo MPF, em face da UNIMED, a fim de
anular cláusula indutora de exclusividade de prestação de serviços médicos, constante do Estatuto Social da
Cooperativa Médica operadora de Plano de Saúde, segundo a qual podem ser penalizados ou premiados os
médicos cooperados que adiram, ou não, à referida cláusula.
STJ. Corte Especial. CC 180127-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 18/08/2021 (Info 706).

A Justiça Federal é competente para processar e julgar ação sobre a expedição de diploma de conclusão de
curso superior, ainda que se limite ao pagamento de indenização
Compete à Justiça Federal processar e julgar feitos em que se discuta controvérsia relativa à expedição de
diploma de conclusão de curso superior realizado em instituição privada de ensino que integre o Sistema
Federal de Ensino, mesmo que a pretensão se limite ao pagamento de indenização.
STF. Plenário. RE 1304964/SP, Rel. Min. Presidente Luiz Fux, julgado em 25/06/2021 (Repercussão Geral – Tema
1154).

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Compete à Justiça do Trabalho julgar ACP que pede a cassação de Selo de Responsabilidade Social
concedida a empresa em razão de descumprimento das normas trabalhistas
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar a ação civil pública fundamentada na não concessão pela
União de Selo de Responsabilidade Social a empresa pela falta de verificação adequada do cumprimento de
normas que regem as condições de trabalho.
STJ. 1ª Seção. AgInt no CC 155994/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/05/2021 (Info 696).

Compete à Justiça estadual julgar insolvência civil mesmo que envolva a participação da União, de entidade
autárquica ou empresa pública federal
A insolvência civil está entre as exceções da parte final do artigo 109, I, da Constituição da República, para fins
de definição da competência da Justiça Federal.
STF. Plenário. RE 678162/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
26/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 859) (Info 1011).

A Súmula 222 do STJ abarca apenas situações em que a contribuição sindical diz respeito a servidores
estatutários, mantendo-se a competência da Justiça do Trabalho para julgar as ações relativas à contribuição
sindical referentes a celetistas (servidores públicos ou não)
A Súmula 222 do STJ prevê o seguinte: Compete à Justiça Comum processar e julgar as ações relativas à
contribuição sindical prevista no art. 578 da CLT.
O STJ, depois do que o STF decidiu no RE 1089282/AM (Tema 994), teve que conferir nova interpretação a esse
enunciado. O que prevalece atualmente é o seguinte:
a) Compete à Justiça Comum julgar as ações em que se discute a contribuição sindical de servidor público
estatutário.
b) Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações em que se discute a contribuição sindical de empregado
celetista (seja ele servidor público ou trabalhador da iniciativa privada).
STJ. 1ª Seção. CC 147784/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/03/2021 (Info 690).

Compete à Primeira Seção do STJ julgar interdição de estabelecimentos prisionais


Compete à Primeira Seção do STJ (e não à Terceira Seção) julgar interdição de estabelecimentos prisionais.
A competência dos juízes da execução penal para a fiscalização e interdição dos estabelecimentos prisionais
tem natureza administrativa. Logo, a competência para apreciar o recurso é da Primeira Seção do STJ, que julga
os feitos relativos a direito público em geral.
STJ. Corte Especial. CC 170111/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 17/03/2021 (Info 689).

A competência prevista no § 3º do art. 109 da Constituição Federal, da Justiça comum, pressupõe


inexistência de Vara Federal na Comarca do domicílio do segurado
O § 3º do art. 109 da CF/88 afirma que, se não existir vara federal na comarca do domicílio do segurado, a lei
poderá autorizar que esse segurado ajuíze a ação contra o INSS na justiça estadual:
Art. 109. (...) § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem parte
instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a
comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal.
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A delegação de competência de que trata esse dispositivo constitucional foi feita pelo art. 15, III, da Lei nº
5.010/66, com redação dada pela Lei nº 13.876/2019.
Vale ressaltar que o que importa é que não exista vara federal na comarca.
Algumas vezes uma mesma comarca abrange mais de um Município. Se no Município não existir vara federal,
mas houver na Comarca, então, neste caso, o segurado terá que se deslocar até lá para ajuizar a ação.
Ex: em Itatinga (SP) não existe vara federal; no entanto, Itatinga faz parte da comarca de Botucatu. Em Botucatu
existe vara federal. Logo, o segurado terá que se deslocar até lá para ajuizar a ação contra o INSS.
STF. Plenário. RE 860508/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 820)
(Info 1008).

Compete às Turmas da 2ª Seção (especializada em direito privado) julgar REsp interposto contra
concessionária de telefonia com o objetivo de afastar a cobrança de multa em caso de resolução do contrato
por roubo ou furto do aparelho celular
Caso concreto: o MP/RJ ajuizou ACP contra concessionárias do serviço de telefonia pedindo que essas
empresas se abstenham de cobrar multa rescisória da fidelização nas hipóteses em que o contrato é cancelado
em decorrência de furto ou roubo do aparelho de celular. Assim, se o consumidor comprou o celular com
desconto, mas ele foi furtado ou roubado, o cliente teria que ser dispensado de pagar a multa rescisória pela
quebra da fidelidade. O juiz e o Tribunal de Justiça julgaram o pedido do Ministério Público procedente e as
empresas de telefonia interpuseram recurso especial.
A competência para julgar esse recurso é da 3ª ou da 4ª Turma (que examinam matérias de direito privado). Isso
porque não se está discutindo o serviço público de telefonia, mas sim a validade de uma cláusula presente em
um contrato de consumo.
STJ. Corte Especial. CC 165221/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03/03/2021 (Info 687).

A competência para julgar ações contra CNJ e CNMP


O STF conferia interpretação restritiva ao art. 102, I, “r”, da CF/88 e afirmava que ele (STF) somente seria
competente para julgar as ações em que o próprio CNJ ou CNMP figurassem no polo passivo. Seria o caso de
mandados de segurança, habeas corpus e habeas data contra os Conselhos.
No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP, a competência seria da
Justiça Federal de 1ª instância, com base no art. 109, I, da CF/88.
Houve, no entanto, mudança de entendimento. O que prevalece agora é o seguinte:

Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF processar e julgar,
originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do Conselho CNJ e do CNMP proferidas no exercício
de suas competências constitucionais, respectivamente, previstas nos arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).

Compete ao STF processar e julgar originariamente ações propostas contra o CNJ e contra o CNMP no
exercício de suas atividades-fim
Compete ao STF processar e julgar originariamente ações propostas contra o CNJ e contra o CNMP no exercício
de suas atividades-fim
Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF processar e julgar,
originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do Conselho CNJ e do CNMP proferidas no exercício
de suas competências constitucionais, respectivamente, previstas nos arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88.

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STF. Plenário. Pet 4770 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
STF. Plenário. Rcl 33459 AgR/PE, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).

Decisões administrativas do CNJ devem ser cumpridas mesmo que exista decisão judicial em sentido contrário
proferida por outro órgão judiciário que não seja o STF
O art. 106 do Regimento Interno do CNJ prevê o seguinte:
Art. 106. O CNJ determinará à autoridade recalcitrante, sob as cominações do disposto no artigo anterior, o
imediato cumprimento de decisão ou ato seu, quando impugnado perante outro juízo que não o Supremo
Tribunal Federal.
O STF afirmou que essa previsão é constitucional e decorre do exercício legítimo de poder normativo atribuído
constitucionalmente ao CNJ, que é o órgão formulador da política judiciária nacional.
Assim, o CNJ pode determinar à autoridade recalcitrante o cumprimento imediato de suas decisões, ainda que
impugnadas perante a Justiça Federal de primeira instância, quando se tratar de hipótese de competência
originária do STF.
STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).

Pessoa residente no Brasil foi ameaçada por e-mail enviado de conta hospedada no exterior; Justiça
brasileira é competente para determinar que a empresa responsável pela conta identifique o titular do e-mail
Caso concreto: Luís recebeu ameaças por mensagens eletrônicas enviadas por meio da conta de e-mail
xxxxx@outlook.com. Diante disso, Luís ajuizou ação contra a Microsoft (proprietária do outlook) pedindo que ela
fosse condenada a fornecer as informações necessárias (IP, data e horário de acesso) para a identificação do
usuário da conta responsável pelas ameaças.
A Microsoft alegou que a Justiça Brasileira não teria competência para apreciar a causa e para determinar o
fornecimento dos dados. Isso porque o provedor de conexão se encontra localizado fora do Brasil, o endereço
eletrônico foi acessado no exterior e as ameaças foram escritas em inglês.
O STJ não concordou com a alegação de incompetência.
Em caso de ofensa ao direito brasileiro em aplicação hospedada no estrangeiro (ex: uma ofensa veiculada
contra residente no Brasil feita no Facebook por um estrangeira), é possível sim a determinação judicial, por
autoridade brasileira, de que tal conteúdo seja retirado da internet e que os dados do autor da ofensa sejam
apresentados à vítima. Não fosse assim, bastaria a qualquer pessoa armazenar informações lesivas em países
longínquos para não responder por seus atos danosos.
Com base no art. 11 do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), tem-se a aplicação da lei brasileira sempre
que qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de
comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet ocorra em território nacional, mesmo que
apenas um dos dispositivos da comunicação esteja no Brasil e mesmo que as atividades sejam feitas por
empresa com sede no estrangeiro.
STJ. 3ª Turma. REsp 1745657-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/11/2020 (Info 683).

Compete às Turmas que compõem a Segunda Seção do STJ (especializada em direito privado) apreciar
recurso em que se discute ressarcimento pelo desconto de mensalidades de plano de saúde cobradas em
fatura de energia elétrica
Caso concreto: análise do recurso especial relacionado com ação de indenização ajuizada contra a
concessionária de energia elétrica pelo fato de ela ter inserido irregularmente, na conta de energia elétrica do
autor, um desconto relacionado com mensalidade de plano de saúde.
Essa discussão versa claramente sobre direito obrigacional privado, sobre responsabilização de empresa
privada e de concessionária de serviço público pela cobrança indevida de prestações alusivas a plano de saúde.
Não se trata de discussão que envolva matéria afeta ao regime jurídico-administrativo. Logo, a competência é

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das Turmas da 2ª Seção (especializada em direito privado) e não das Turmas da 1ª Seção (que aprecia matérias
de direito público).
STJ. Corte Especial. CC 171348-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 02/09/2020 (Info 679).

Compete ao STF julgar ação proposta por Estado contra União versando sobre imunidade tributária recíproca

Compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer e julgar originariamente causas que envolvam a interpretação
de normas relativas à imunidade tributária recíproca, em razão do potencial abalo ao pacto federativo.
STF. Plenário. ACO 1098, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Info 980 – clipping).

Justiça comum deve julgar ação de servidor contratado depois da CF/88, sem concurso público, contra
Município, no qual ele cobra verbas trabalhistas decorrentes desta contratação
Compete à Justiça comum julgar conflitos entre Município e servidor contratado depois da CF/88, ainda que
sem concurso público, pois, uma vez vigente regime jurídico-administrativo, este disciplinará a absorção de
pessoal pelo poder público.
Logo, eventual nulidade do vínculo e as consequências daí oriundas devem ser apreciadas pela Justiça comum,
e não pela Justiça do Trabalho.
STF. Plenário. ARE 1179455 AgR/PI, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
5/5/2020 (Info 976).

Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso público realizado por órgãos e
entidades da Administração Pública para contratação de empregados celetistas
Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de
admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas
hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoal.
STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992)
(Info 968).

Modulação dos efeitos


Em 15/02/2020, o STF decidiu modular os efeitos da decisão acima e estabeleceu um marco temporal para a
competência da Justiça Comum (federal ou estadual) para processar e julgar ações ajuizadas por candidatos e
empregados públicos na fase pré-contratual. De acordo com a modulação, os processos que tiveram decisão de
mérito (sentença) até 6/6/2018, data em que foi determinada a suspensão geral dos casos com o mesmo tema,
permanecem na competência da Justiça do Trabalho até o trânsito em julgado e a sua execução.
Foi fixada, portanto, uma nova tese:
Compete à Justiça Comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de
admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas
hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoas, salvo quando a sentença de mérito
tiver sido proferida antes de 6 de junho de 2018, situação em que, até o trânsito em julgado e a sua execução, a
competência continuará a ser da Justiça do Trabalho.
STF. Plenário. RE 960429 ED-segundos, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2020 (Repercussão Geral –
Tema 992).

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27/03/2024, 13:31 Caderno - Processo civil - competência - Buscador Dizer o Direito

Se a justiça reconhecer que o vínculo é estatutário, a competência para julgar a causa será da Justiça
comum, mesmo que o autor esteja requerendo verbas trabalhistas supostamente devidas

Compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor público municipal mesmo que o autor alegue
que foi admitido pelo regime celetista e mesmo que ele cobre verbas trabalhistas, se o órgão julgador considerar
que o regime é estatutário.
Caso concreto: servidor alega qu ingressou no serviço público do Município em 1997 no cargo de auxiliar de
serviços gerais sob o regime celetista e que, em julho de 2010, passou a ser regido pelo regime estatutário. Em
2013, ele ajuizou ação na Justiça do Trabalho pleiteando o recolhimento de parcelas do FGTS.
O STF entendeu que o vínculo do servidor com a administração pública é estatutário, razão pela qual a
competência para julgar a causa é da Justiça comum.
STF. Plenário. CC 8018/PI, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
19/12/2019 (Info 964).

Vale relembrar o seguinte entendimento do STF:


Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações relativas às verbas trabalhistas referentes ao período
em que o servidor mantinha vínculo celetista com a Administração, antes da transposição para o regime
estatutário.
STF. Plenário. ARE 1001075 RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 08/12/2016 (Repercussão Geral - Tema
928).

O autor pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado-membro, mesmo que exista
Vara Federal instalada no município do interior em que ele for domiciliado

O art. 109, § 2º, da Constituição Federal encerra a possibilidade de a ação contra a União ser proposta no
domicílio do autor, no lugar em que ocorrido o ato ou fato ou em que situada a coisa, na capital do estado-
membro, ou ainda no Distrito Federal.
Desse modo, o autor, se quiser ajuizar demanda contra a União, terá cinco opções, podendo propor a ação:
a) no foro do domicílio do autor;
b) no lugar em que ocorreu o ato ou fato que deu origem à demanda;
c) no lugar em que estiver situada a coisa;
d) na capital do Estado-membro; ou
e) no Distrito Federal.
STF. 1ª Turma. RE 463101 AgR-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 27/10/2015.
STF. 2ª Turma.ARE 1151612 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/11/2019 (Info 960).

Não compete ao STF julgar ação proposta pelo Estado-membro contra a União e a instituição financeira
cobrando repasse dos depósitos judiciais que estão no banco
Não compete ao STF julgar ação proposta contra a União e o Banco do Brasil para obrigar que a instituição
financeira cumpra lei estadual que determina o repasse de parte dos valores dos depósitos judiciais para o caixa
único do Estado.
Trata-se de controvérsia meramente patrimonial, não justificando sequer a presença da União no polo passivo.
STF. Plenário. ACO 989/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2019 (Info 951).

Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de danos
materiais e morais ajuizada por motorista de aplicativo pretendendo a reativação de sua conta Uber para que
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27/03/2024, 13:31 Caderno - Processo civil - competência - Buscador Dizer o Direito
possa voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços
Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de danos
materiais e morais ajuizada por motorista de aplicativo pretendendo a reativação de sua conta Uber para que
possa voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços.
As ferramentas tecnológicas disponíveis atualmente permitiram criar uma nova modalidade de interação
econômica, fazendo surgir a economia compartilhada (sharing economy), em que a prestação de serviços por
detentores de veículos particulares é intermediada por aplicativos geridos por empresas de tecnologia. Nesse
processo, os motoristas, executores da atividade, atuam como empreendedores individuais, sem vínculo de
emprego com a empresa proprietária da plataforma.
STJ. 2ª Seção. CC 164544-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 28/08/2019 (Info 655).

Compete à 1ª Seção do STJ (que aprecia matérias de direito público) julgar recurso no qual se discute a
contratação ou não de aprovado em processo seletivo realizado por entidade do Sistema S (no caso, o
SEBRAE)
Compete à Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça processar e julgar feitos relativos à contratação de
candidatos inscritos em processo seletivo público para preenchimento de cargos em entidades do Sistema S.
O dirigente de entidade do Sistema S, como o Sebrae, ao praticar atos em certame público para ingresso de
empregados, está a desempenhar ato típico de direito público, vinculando-se ao regime jurídico administrativo.
STJ. Corte Especial.CC 157870-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/08/2019 (Info 656).

Configura conflito federativo a ação na qual a União e o Estado-membro, em polos antagônicos, discutem os
limites das competências previstas no art. 177, IV e no art. 25, § 2º da CF/88
Compete ao STF processar e julgar “as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito
Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta” (art. 102, I, “f”, da
CF/88).
O STF confere interpretação restritiva a esse dispositivo e entende que, para se caracterizar a hipótese do art.
102, I, “f”, da CF/88 é indispensável que, além de haver uma causa envolvendo União e Estado, essa demanda
tenha densidade suficiente para abalar o pacto federativo. Em outras palavras, não é qualquer causa envolvendo
União contra Estado que irá ser julgada pelo STF, mas somente quando essa disputa puder resultar em ofensa
às regras do sistema federativo.
Configura conflito federativo a ação na qual a União e o Estado-membro, em polos antagônicos, discutem se
determinado projeto se enquadra como atividade de transporte de gás canalizado (art. 177, IV, da CF/88) ou
fornecimento de gás canalizado (art. 25, § 2º).
STF. 2ª Turma. Rcl 4210/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 26/3/2019 (Info 935).

Para saber se há conexão entre duas medidas cautelares preparatórias propostas pelo mesmo contribuinte,
deve-se analisar o pedido ou a causa de pedir das ações principais
O vínculo de conexão a justificar a reunião de medidas cautelares preparatórias está vinculado com a identidade
de objeto e/ou de causa de pedir existente entre as ações principais a serem propostas e não do processo
cautelar em si.
STJ. 1ª Turma. AREsp 832354-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 21/02/2019 (Info 644).

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27/03/2024, 13:31 Caderno - Processo civil - competência - Buscador Dizer o Direito

Compete à 1ª Seção do STJ (e não à 3ª Seção) julgar MS impetrado contra Portaria do Ministro da Justiça
que regulamenta o direito dos presos à visita íntima nas penitenciárias federais
Compete à Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça o processamento e o julgamento de Mandado de
Segurança impetrado contra ato do Ministro de Estado da Justiça e Segurança com o objetivo de anular a
Portaria nº 718/2017.
STJ. Corte Especial. CC 154670-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 19/12/2018 (Info 643).

Ação de empresas de telefonia contra a Anatel tratando sobre o valor de uso de rede móvel, sendo que uma
das litigantes se encontra em recuperação judicial: Justiça Federal
Compete à Justiça Federal processar e julgar ação que envolva concessionárias do serviço de telefonia e a
Anatel a respeito da precificação do VU-M (Valor de Uso de Rede Móvel) ainda que um dos litigantes se encontre
em recuperação judicial.
É competência da Justiça Federal analisar as questões relativas aos contratos de interconexão e ao valor da
interconexão propriamente dita (VU-M).
Reserva-se ao Juízo Estadual da Falência apenas aquilo que é relacionado com a recuperação judicial
(habilitação de crédito, classificação de credores, aprovação de plano). Não se pode, contudo, admitir que o
Juízo da Falência decida sobre questões que são de competência da esfera federal. Assim, a fixação do VU-M é
de competência da Justiça Federal.
STJ. 1ª Seção. CC 156.064-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Herman Benjamin, julgado
em 14/11/2018 (Info 649).

Competência da Justiça comum para julgar incidência de contribuição previdenciária relacionada com
complementação de proventos
Compete à justiça comum (e não à Justiça do Trabalho) o julgamento de conflito de interesses a envolver a
incidência de contribuição previdenciária, considerada a complementação de proventos.
Caso concreto: Estado-membro editou lei instituindo contribuição previdenciária de 11% sobre o valor da
complementação da aposentadoria dos ex-empregados de uma sociedade de economia mista. Os ex-
empregados prejudicados ingressaram com ações questionando essa cobrança. O STF afirmou que a discussão
em tela tem natureza tributária, o que atrai a competência da Justiça comum, uma vez que no caso não se
discutem verbas de natureza trabalhista, mas a incidência de contribuição social (espécie de tributo).
STF. Plenário. RE 594435/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/5/2018 (Info 903).

Demanda contra as operadoras de plano de saúde de autogestão: Justiça comum

Compete à Justiça Comum Estadual o julgamento de demanda com natureza predominantemente civil entre ex-
empregado aposentado ou demitido sem justa causa e operadoras de plano de saúde na modalidade
autogestão vinculadas ao empregador.
STJ. 2ª Seção. CC 157664-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/05/2018 (Info 627).

Compete à Justiça Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de ex-empregado
aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria
empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão.
STJ. 3ª Turma. REsp 1695986-SP, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 27/02/2018 (Info 620).

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27/03/2024, 13:31 Caderno - Processo civil - competência - Buscador Dizer o Direito

Existe alguma exceção? Existe alguma hipótese na qual a ação proposta pelo usuário contra o plano de saúde
de autogestão será de competência da Justiça do Trabalho?
SIM. A demanda será de competência da Justiça do Trabalho se o plano de saúde é operado pela própria
empresa que contratou o trabalhador. Nessa modalidade de organização da assistência à saúde, a figura do
empregador (ou do contratante da mão de obra) se confunde com a do operador do plano de saúde, de modo
que, sob a ótica do trabalhador, ou de seus dependentes, o plano de saúde é oriundo da relação de trabalho,
atraindo, portanto, a competência da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, I, da CF/88.
STJ. 2ª Seção. CC 165.863-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/03/2020 (Tema IAC 5 – Info
667).

Complementação de pensão proposta por pensionista das antigas ferrovias do Estado de São Paulo

Compete à Justiça Comum (e não à Justiça do Trabalho) julgar as ações propostas por ferroviários pensionistas
e aposentados das antigas ferrovias do Estado de São Paulo, que foram absorvidas pela Ferrovia Paulista S/A,
sucedida pela extinta Rede Ferroviária Federal, com vistas à complementação de suas pensões e
aposentadorias em face da União.
O STF entendeu que esta é uma causa oriunda de uma relação estatutária. Assim, não há relação de trabalho
que justifique a competência da Justiça laboral.
STF. 1ª Turma.Rcl 24990 AgR/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado
em 20/3/2018 (Info 895).

Compete à Justiça Estadual julgar ação proposta por ex-empregado para continuar no plano de saúde de
autogestão que era oferecido pela empresa
Compete à Justiça Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de ex-empregado
aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria
empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão.
STJ. 3ª Turma. REsp 1695986-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/02/2018 (Info 620).

Existe alguma exceção? Existe alguma hipótese na qual a ação proposta pelo usuário contra o plano de saúde
de autogestão será de competência da Justiça do Trabalho?
SIM. A demanda será de competência da Justiça do Trabalho se o plano de saúde é operado pela própria
empresa que contratou o trabalhador. Nessa modalidade de organização da assistência à saúde, a figura do
empregador (ou do contratante da mão de obra) se confunde com a do operador do plano de saúde, de modo
que, sob a ótica do trabalhador, ou de seus dependentes, o plano de saúde é oriundo da relação de trabalho,
atraindo, portanto, a competência da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, I, da CF/88.
STJ. 2ª Seção. CC 165.863-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/03/2020 (Tema IAC 5 – Info
667).

Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista antes da CF/88 e
cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário
Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar
concurso.
STF. Plenário.CC 7950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 (Info 839).

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27/03/2024, 13:31 Caderno - Processo civil - competência - Buscador Dizer o Direito

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da Administração Pública,
por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT,
com o objetivo de obter prestações de natureza trabalhista.
STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 01/10/2015 (repercussão geral).

Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem remuneratória, que
teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico único.
Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário, compete à Justiça
comum processar e julgar a causa.
É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura
da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da controvérsia, independentemente de o direito
pleiteado ter se originado no período celetista.
STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em
22/09/2016 (Info 840).
STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
21/11/2017 (Info 885).

Não se aplica a regra do art. 53, V, do CPC para a ação de indenização proposta pela locadora em caso de
acidente de veículo envolvendo o locatário
A competência para julgar ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos é do foro do
domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, do CPC/2015).
Contudo, essa prerrogativa de escolha do foro não beneficia a pessoa jurídica locadora de frota de veículos, em
ação de reparação dos danos advindos de acidente de trânsito com o envolvimento do locatário.
STJ. 4ª Turma. EDcl no AgRg no Ag 1366967-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 27/4/2017 (Info 604).

Não compete ao STF julgar execução individual de sentença coletiva mesmo que tenha julgado a lide que
originou o cumprimento de sentença
Não compete originariamente ao STF processar e julgar execução individual de sentenças genéricas de perfil
coletivo, inclusive aquelas proferidas em sede mandamental. Tal atribuição cabe aos órgãos judiciários
competentes de primeira instância.
STF. 2ª Turma. PET 6076 QO /DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2017 (Info 862).

STF não é competente para julgar ação proposta por juiz federal pleiteando licença-prêmio
O art. 102, I, ‘n’, da CF/88 determina que a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou
indiretamente interessados é de competência originária do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que a causa não será da competência originária do STF se a matéria discutida, além
de ser do interesse de todos os membros da magistratura, for também do interesse de outras carreiras de
servidores públicos.
Além disso, para incidir o dispositivo, o texto constitucional preconiza que a matéria discutida deverá interessar a
todos os membros da magistratura e não apenas a parte dela.
Com base nesses argumentos, o STF decidiu que não é competente para julgar originariamente ação intentada
por juiz federal postulando a percepção de licença-prêmio com fundamento na simetria existente entre a

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magistratura e o Ministério Público.


STF. 2ª Turma. AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/2/2017
(Info 855).

É de competência do domicílio do réu a ação pretendendo declarar a violação de direito autoral e cobrar
indenização decorrente deste fato
O pedido cumulado de indenização, quando mediato e dependente do reconhecimento do pedido antecedente
de declaração da autoria da obra, não afasta a regra geral de competência do foro do domicílio do réu.
Ex: João lançou um livro. Pedro, alegando que o conteúdo da obra é uma cópia de um livro escrito por ele anos
atrás, ajuíza ação de indenização contra João. A competência, neste caso, será do domicílio do réu, nos termos
do art. 46 do CPC.
A análise do pedido de reparação de danos pressupõe o anterior acolhimento do pedido declaratório de
reconhecimento de autoria da obra. Este é o objeto principal da lide. Em outras palavras, não se pode condenar o
réu a indenizar o autor por violação a direito autoral se, antes, não for demonstrado que o requerente é o
verdadeiro autor da obra. Nesse contexto, a competência deve ser definida levando-se em conta o pedido
principal, de índole declaratória, de modo que deve incidir a regra geral do art. 46 do CPC.
STJ. 2ª Seção. REsp 1138522-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 8/2/2017 (Info 599).

Causas que podem produzir reflexos no processo eleitoral são de competência da Justiça Eleitoral
Em regra, as ações tratando sobre divergências internas ocorridas no âmbito do partido político são julgadas
pela Justiça Estadual.
Exceção: se a questão interna corporis do partido político puder gerar reflexos diretos no processo eleitoral,
então, neste caso a competência será da Justiça Eleitoral.
Assim, compete à Justiça Eleitoral processar e julgar as causas em que a análise da controvérsia é capaz de
produzir reflexos diretos no processo eleitoral.
STJ. 2ª Seção. CC 148693-BA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/12/2016 (Info 596).

É de competência da Justiça Estadual a ação de restituição de indébito proposta pelo usuário contra a
concessionária de energia elétrica
Não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – para figurar como ré ou
assistente simples de ação de repetição de indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de
fornecimento de energia elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.
Em razão disso, essa ação é de competência da Justiça Estadual.
STJ. 1ª Seção.REsp 1389750-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/12/2016 (recurso repetitivo) (Info
601).

Compete ao STF julgar MS proposto pelo TJ contra o Governador pedindo o repasse do duodécimo do
Judiciário
Compete ao STF julgar mandado de segurança impetrado pelo Tribunal de Justiça contra ato do Governador do
Estado que atrasa o repasse do duodécimo devido ao Poder Judiciário.
Nesta hipótese, todos os magistrados do TJ possuem interesse econômico no julgamento do feito, uma vez que
o pagamento dos subsídios está condicionado ao cumprimento do dever constitucional de repasse das
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dotações consignadas ao Poder Judiciário estadual pelo chefe do Poder Executivo respectivo. Logo, a situação
em tela se amolda ao art. 102, I, "n", da CF/88.
STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848).

Mandado de segurança contra decisões negativas do CNJ

Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do Conselho Nacional de Justiça, por não
se tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por outro órgão do Judiciário.
Assim, o STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e
do CNJ. Como o conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”, o Conselho não decidiu nada. Se não decidiu
nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP a ser atacado no
STF.
Em razão do exposto, não compete ao STF julgar MS impetrado contra decisão do CNJ que julgou improcedente
pedido de cassação de um ato normativo editado por vara judicial.
STF. 2ª Turma. MS 33085/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/09/2016 (Info 840).

Competência para julgar causas envolvendo a OAB

Compete à justiça federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), quer
mediante o conselho federal, quer seccional, figure na relação processual.
STF. Plenário. RE 595332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 31/8/2016 (repercussão geral) (Info 837).

Competência para julgar demanda indenizatória por uso de imagem de jogador de futebol
É da Justiça do Trabalho (e não da Justiça Comum) a competência para processar e julgar a ação de
indenização movida por atleta de futebol em face de editora pelo suposto uso indevido de imagem em álbum de
figurinhas quando, após denunciação da lide ao clube de futebol (ex-empregador), este alegar que recebeu
autorização expressa do jogador para ceder o direito de uso de sua imagem no período de vigência do contrato
de trabalho.
Na ementa oficial do julgado, restou assim consignado:
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação indenizatória movida contra editora, por suposto uso
indevido de imagem de atleta de futebol, caracterizado por publicação, sem autorização, do autor de sua
fotografia em álbum de figurinhas, na hipótese de denunciação da lide pela ré ao clube empregador.
STJ. 2ª Turma. CC 128610-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 22/6/2016 (Info 587).

Dever de remessa dos autos ao juízo competente mesmo em caso de processo eletrônico
Se o juízo reconhece a sua incompetência absoluta para conhecer da causa, ele deverá determinar a remessa
dos autos ao juízo competente e não extinguir o processo sem exame do mérito.
O argumento de impossibilidade técnica do Poder Judiciário em remeter os autos para o juízo competente, ante
as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico, não pode ser utilizado para prejudicar o jurisdicionado,
sob pena de configurar-se indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional.
Assim, implica indevido obstáculo ao acesso à tutela jurisdicional a decisão que, após o reconhecimento da
incompetência absoluta do juízo, em vez de determinar a remessa dos autos ao juízo competente, extingue o
feito sem exame do mérito, sob o argumento de impossibilidade técnica do Judiciário em remeter os autos para

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o órgão julgador competente, ante as dificuldades inerentes ao processamento eletrônico.


STJ. 2ª Turma. REsp 1526914-PE, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região),
julgado em 21/6/2016 (Info 586).

Competência para julgar MS contra ato do chefe do MPDFT no exercício de atividade submetida à jurisdição
administrativa federal
É do TRF da 1º Região (e não do TJDFT) a competência para processar e julgar mandado de segurança
impetrado contra ato do Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal que determinou a retenção de Imposto
de Renda (IR) e de contribuição ao Plano de Seguridade Social (PSS) sobre valores decorrentes da conversão em
pecúnia de licenças-prêmio.
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao determinar a retenção de tributos federais por ocasião do
pagamento de parcelas remuneratórias (conversão de licenças-prêmio em pecúnia), está no exercício de função
administrativa federal, razão pela qual não se pode reconhecer a competência do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra tal ato.
Obs: quando o MS é impetrado contra atos praticados pelo PGJ-DF sob jurisdição administrativa local, a
competência será do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
STJ. 1ª Turma. REsp 1303154-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 16/6/2016 (Info 587).

Competência internacional e relação de consumo


A Justiça brasileira é absolutamente incompetente para processar e julgar demanda indenizatória fundada em
serviço fornecido de forma viciada por sociedade empresária estrangeira a brasileiro que possuía domicílio no
mesmo Estado estrangeiro em que situada a fornecedora, quando o contrato de consumo houver sido celebrado
e executado nesse local, ainda que o conhecimento do vício ocorra após o retorno do consumidor ao território
nacional.
A vulnerabilidade do consumidor, ainda que amplamente reconhecida em foro internacional, não é suficiente, por
si só, para alargar a competência concorrente da justiça nacional prevista no art. 88 do CPC/1973.
Nas hipóteses em que a relação jurídica é firmada nos estritos limites territoriais nacionais, ou seja, sem intuito
de extrapolação territorial, o foro competente, aferido a partir das regras processuais vigentes no momento da
propositura da demanda, não sofre influências em razão da nacionalidade ou do domicílio dos contratantes,
ainda que se trate de relação de consumo.
Obs: vale ressaltar que o caso ocorreu e foi analisado sob a égide do CPC/1973. Não se sabe como seria a
decisão do STJ se a situação tivesse se dado na vigência do CPC/2015 diante da redação do art. 22, II, do novo
Código.
STJ. 3ª Turma. REsp 1571616-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 5/4/2016 (Info 580).

Abono variável e competência do STF

Compete ao STF processar e julgar, originariamente, demanda ajuizada por magistrado estadual a respeito de
pagamento de correção monetária sobre valores correspondentes a abono variável.
O STF entendeu que seria aplicável ao caso o art. 102, I, “n”, da CF/88.
RE 608847 AgR/RJ, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/12/2015
(Info 810).

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STF não possui competência originária para julgar ação popular


Determinado cidadão propôs “ação popular” contra a Presidente da República pedindo que ela fosse condenada
à perda da função pública e à privação dos direitos políticos. A competência para julgar essa ação é do STF?
NÃO. Em regra, o STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular, ainda que
ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República.
A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da
República, é, via de regra, do juízo de 1º grau.
STF. Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 25/11/2015 (Info 811).

No mesmo sentido:
A jurisprudência é firme no sentido de que o STF não possui competência para julgar ação popular contra ato de
qualquer autoridade.
STF. Plenário. AO 2489 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/06/2020.

Não é da competência originária do STF conhecer de ações populares, ainda que o réu seja autoridade que
tenha na Corte o seu foro por prerrogativa de função para os processos previstos na Constituição.
STF. Plenário. Pet 8504 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/12/2019.

EXCEÇÕES:
É possível apontar quatro exceções a essa regra.
Assim, compete ao STF julgar:
1) ação popular que envolva conflito federativo entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre
uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta (art. 102, I, “f”, da CF/88);
2) ação popular em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou
indiretamente interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88);
3) ação popular proposta contra o Conselho Nacional de Justiça ou contra o Conselho Nacional do Ministério
Público (art. 102, I, “r”, da CF/88).
4) ação popular cujo pedido seja próprio de mandado de segurança coletivo contra ato de Presidente da
República, por força do art. 102, I, “d”, da CF/88 (STF. Plenário. Pet 8104 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
06/12/2019).

Litígios envolvendo servidores temporários e administração pública

A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a validade de vínculo jurídico-
administrativo entre o poder público e servidores temporários.
Dito de outra forma: a Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores temporários (art. 37, IX, da
CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal).
A competência NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue que houve desvirtuamento do
vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos baseados na CLT ou na lei do FGTS.
STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
11/11/2015 (Info 807).

Consignação em pagamento da União para afastar responsabilidade trabalhista subsidiária

Imagine a seguinte situação: a União possui um contrato com a empresa privada "XXX Vigilância Ltda.". Por meio
deste contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância armada do prédio onde

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funciona um órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 200 mil reais mensais. A União,
percebendo que a empresa estava atrasando os salários e com receio de ser condenada por responsabilidade
subsidiária (Súmula 331 do TST), decidiu suspender o pagamento da contraprestação mensal devida e ajuizar
ação de consignação em pagamento a fim de depositar em juízo os R$ 200 mil previstos no contrato. Surgiu, no
entanto, uma dúvida: onde deverá ser proposta essa ação, na Justiça Federal comum ou na Justiça do Trabalho?
Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de consignação em
pagamento movida pela União contra sociedade empresária por ela contratada para a prestação de serviços
terceirizados, caso a demanda tenha sido proposta com o intuito de evitar futura responsabilização trabalhista
subsidiária da Administração nos termos da Súmula 331 do TST.
STJ. 2ª Seção. CC 136739-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 23/9/2015 (Info 571).

Foro para o ajuizamento de ação em face de entidade fechada de previdência complementar


É possível ao participante ou assistido de plano de benefícios patrocinado ajuizar ação em face da respectiva
entidade fechada de previdência privada nos seguintes lugares:
• no foro do domicílio da ré;
• no eventual foro de eleição do contrato; ou
• no foro onde labora ou laborou para a patrocinadora do plano.
STJ. 2ª Seção. REsp 1536786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/8/2015 (Info 571).

Litígios envolvendo servidores temporários e administração pública: não é Justiça do Trabalho

A Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores temporários (art. 37, IX, da CF/88) e a
Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal).
A competência NÃO é da Justiça do Trabalho.
STF. 1ª Turma. Rcl 6527 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/8/2015 (Info 796).

Mandado de segurança contra decisões negativas do CNMP


A competência para julgar mandados de segurança impetrados contra o CNJ e o CNMP é do STF (art. 102, I, “r”,
da CF/88).
Algumas vezes o interessado provoca o CNJ ou o CNMP, mas tais órgãos recusam-se a tomar alguma
providência no caso concreto porque alegam que não têm competência para aquela situação ou que não é
hipótese de intervenção. Nessas hipóteses, dizemos que a decisão do CNJ ou CNMP foi “NEGATIVA” porque ela
nada determina, nada aplica, nada ordena, nada invalida.
Nesses casos, a parte interessada poderá impetrar MS contra o CNJ/CNMP no STF?
NÃO. O STF não tem competência para processar e julgar ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e
do CNJ. Segundo entende o STF, como o conteúdo da decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”, ele não decidiu
nada. Se não decidiu nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do CNJ/CNMP
a ser atacado no STF.
STF. 1ª Turma. MS 33163/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
5/5/2015 (Info 784).

Causa que discute porte de arma por juízes: competência do STF

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O STF tem competência para processar e julgar causas em que se discute prerrogativa dos juízes de portar
arma de defesa pessoal, por se tratar de ação em que todos os membros da magistratura são direta ou
indiretamente interessados (art. 102, I, “n”, da CF/88).
STF. Plenário. Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgado em
22/4/2015 (Info 782).

Inaplicabilidade da cláusula de eleição de foro prevista em contrato sem assinatura das partes

Nos casos em que a parte questiona a própria validade do contrato, ela não precisará respeitar o foro de eleição
referente a esse ajuste.
Ex: duas empresas fizeram um contrato e elegeram como foro de eleição a comarca de Florianópolis; ocorre que
o contrato, apesar de aprovado, não chegou a ser assinado. Uma das empresas ajuizou ação questionando a
validade desse ajuste pelo fato de ele não ter sido assinado. Neste caso, em que a própria validade do contrato
está sendo objeto de apreciação judicial pelo fato de que não houve instrumento de formalização assinado pelas
partes, a cláusula de eleição de foro não deve prevalecer, ainda que ela já tenha sido prevista em contratos
semelhantes anteriormente celebrados entre as mesmas partes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1491040-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

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Conexão por prejudicialidade


A conexão entre duas causas ocorre quando elas, apesar de não serem idênticas, possuem um vínculo de
identidade entre si quanto a algum dos seus elementos caracterizadores. São duas (ou mais) ações diferentes,
mas que mantêm um vínculo entre si.
Segundo o texto do CPC 1973, existe conexão quando duas ou mais ações tiverem o mesmo pedido (objeto) ou
causa de pedir.
Quando o juiz verificar que há conexão entre duas causas, ele poderá ordenar, de ofício ou a requerimento, a
reunião delas para julgamento em conjunto. Essa é a regra geral, não sendo aplicável, contudo, quando a reunião
implicar em modificação da competência absoluta.
O conceito de conexão previsto na lei é conhecido como concepção tradicional (teoria tradicional) da conexão.
Existem autores, contudo, que defendem que é possível que exista conexão entre duas ou mais ações mesmo
que o pedido e a causa de pedir sejam diferentes. Em outras palavras, pode haver conexão em situações que
não se encaixem perfeitamente no conceito legal de conexão. Tais autores defendem a chamada teoria
materialista da conexão, que sustenta que, em determinadas situações, é possível identificar a conexão entre
duas ações não com base no pedido ou na causa de pedir, mas sim em outros fatos que liguem uma demanda à
outra. Eles sustentam, portanto, que a definição tradicional de conexão é insuficiente.
Essa teoria é chamada de materialista porque defende que, para se verificar se há ou não conexão, o ideal não é
analisar apenas o objeto e a causa de pedir, mas sim a relação jurídica de direito material que é discutida em
cada ação. Existirá conexão se a relação jurídica veiculada nas ações for a mesma ou se, mesmo não sendo
idêntica, existir entre elas uma vinculação.
Essa concepção materialista é que fundamenta a chamada “conexão por prejudicialidade”. Podemos resumi-la
em uma frase: quando a decisão de uma causa interferir na solução da outra, há conexão.
No caso concreto, havia duas ações: em uma delas o autor (empresa 1) executava uma dívida da devedora
(empresa 2). A executada, por sua vez, ajuizou ação declaratória de inexistência da relação afirmando que nada
deve para a empresa 1. Nesta situação, o STJ reconheceu que havia conexão por prejudicialidade e decidiu o
seguinte: “pode ser reconhecida a conexão e determinada a reunião para julgamento conjunto de um processo
executivo com um processo de conhecimento no qual se pretenda a declaração da inexistência da relação
jurídica que fundamenta a execução, desde que não implique modificação de competência absoluta.”
STJ. 4ª Turma. REsp 1221941-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/2/2015 (Info 559).

Ação de divórcio quando o marido for incapaz


Compete ao foro do domicílio do representante do marido interditado por deficiência mental — e não ao foro da
residência de sua esposa capaz e produtiva — processar e julgar ação de divórcio direto litigioso,
independentemente da posição que o incapaz ocupe na relação processual (autor ou réu).
No confronto entre o art. 100, I, do CPC 1973 (que prevê o foro do domicílio da mulher) e o art. 98 do CPC 1973
(que preconiza o foro do domicílio do representante do incapaz), deverá prevalecer este último em virtude de o
incapaz apresentar maior fragilidade, necessitando, portanto, de uma maior proteção.
STJ. 4ª Turma. REsp 875612-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 4/9/2014 (Info 552).

Demanda em que se pede a obtenção de diploma de curso de ensino à distância negado por problemas de
credenciamento da instituição de ensino superior junto ao MEC
A Justiça Federal tem competência para o julgamento de demanda em que se discuta a existência de obstáculo
à obtenção de diploma após conclusão de curso de ensino à distância em razão de problema no
credenciamento da instituição de ensino superior pelo Ministério da Educação.

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Vale ressaltar que, neste caso, a demanda foi proposta contra a instituição e a União.
STF. 2ª Turma. ARE 754174 AgR/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/9/2014 (Info 757).

Causas entre União e Estados/DF que caracterizem "conflito federativo"

Segundo o art. 102, I, “f”, da CF/88, compete ao STF processar e julgar “as causas e os conflitos entre a União e
os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
administração indireta”.
O STF confere interpretação restritiva a esse dispositivo e entende que, para se caracterizar a hipótese do art.
102, I, “f”, da CF/88, é indispensável que, além de haver uma causa envolvendo União e Estado, essa demanda
tenha densidade suficiente para abalar o pacto federativo. Em outras palavras, não é qualquer causa envolvendo
União contra Estado que irá ser julgada pelo STF, mas somente quando essa disputa puder resultar em ofensa
às regras do sistema federativo.
STF. 1ª Turma. Rcl 12957/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/8/2014 (Info 756).

Aplicação do § 2º do art. 109 da CF/88 também às autarquias federais

Segundo o § 2º do art. 109 da CF/88, as causas propostas contra a União poderão ser ajuizadas na seção (ou
subseção) judiciária:
• em que for domiciliado o autor;
• onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda;
• onde estiver situada a coisa;
• na capital do Estado-membro; ou
• no Distrito Federal.

Apesar de o dispositivo somente falar em “União”, o STF entende que a regra de competência prevista no § 2º do
art. 109 da CF/88 também se aplica às ações propostas contra autarquias federais. Isso porque o objetivo do
legislador constituinte foi o de facilitar o acesso à justiça.
STF. Plenário. RE 627709/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/8/2014 (Info 755).

Competência para julgar MS contra ato de Presidente de TJ que cumpre resolução do CNJ
Compete ao STF julgar mandado de segurança contra ato do Presidente de Tribunal de Justiça que, na condição
de mero executor, apenas dá cumprimento à resolução do CNJ. Isso porque a competência para julgar MS
contra atos do CNJ é do STF.
STF. 2ª Turma. Rcl 4731/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753).

No mesmo sentido:
O Tribunal de Justiça não pode ser considerado autoridade coatora quando mero executor de decisão do
Conselho Nacional de Justiça.
STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 64.215-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/4/2023 (Info 775).

Análise do caso “rebaixamento da Portuguesa”

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O Juízo do local em que está situada a sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é o competente para
processar e julgar todas e quaisquer ações cujas controvérsias se refiram apenas à validade e à execução de
decisões da Justiça Desportiva acerca de campeonato de futebol de caráter nacional, de cuja organização a CBF
participe, independentemente de as ações serem ajuizadas em vários Juízos ou Juizados Especiais (situados
em diversos lugares do país) por clubes, entidades, instituições, torcedores ou, até mesmo, pelo Ministério
Público ou pela Defensoria Pública.
STJ. 2ª Seção. CC 133244-RJ, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 11/6/2014 (Info 549).

Ação anulatória de escritura pública de cessão e transferência de direitos possessórios

O foro do domicílio do réu é competente para processar e julgar ação declaratória de nulidade, por razões
formais, de escritura pública de cessão e transferência de direitos possessórios de imóvel, ainda que esse seja
diferente do da situação do imóvel.
STJ. 2ª Seção. CC 111572-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/4/2014 (Info 543).

Demanda proposta por consumidor por equiparação


O indivíduo considerado consumidor por equiparação poderá propor a ação de indenização contra o fornecedor
de serviços no foro de seu domicílio (foro do domicílio do autor), nos termos do art. 101, I, do CDC.
Em outras palavras, o consumidor por equiparação também tem direito à regra especial de competência do art.
101, I, do CDC.
STJ. 2ª Seção. CC 128079-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/3/2014 (Info 542).

Danos causados a estagiário durante estágio obrigatório curricular


Compete à JUSTIÇA COMUM ESTADUAL (e não à Justiça do Trabalho) julgar ação de reparação de danos
materiais e morais promovida por aluno universitário contra estabelecimento de ensino superior em virtude de
danos ocorridos durante o estágio obrigatório curricular.
STJ. 2ª Seção. CC 131195-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 26/2/2014 (Info 543).

Réu que não concorda com processo distribuído por prevenção: exceção de incompetência
A exceção de incompetência é meio adequado para que a parte ré impugne distribuição por prevenção requerida
pela parte autora com base na existência de conexão.
STJ. 4ª Turma. REsp 1156306-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/8/2013 (Info 529).

Obs: de acordo com o CPC 2015, a incompetência, tanto absoluta como relativa, deverá ser alegada como
questão preliminar de contestação (art. 64).

Ação proposta por ex-diretor sindical contra sindicato


Compete à Justiça do Trabalho o julgamento de ação proposta por ex-diretor sindical contra o sindicato que
anteriormente representava na qual se objetive o recebimento de verbas com fundamento em disposições

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estatutárias.
STJ. 1ª Seção. CC 124534-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/6/2013 (Info 524).

Reconhecimento de união estável homoafetiva

A competência para processar e julgar ação destinada ao reconhecimento de união estável homoafetiva é da
vara de família.
Assim, se houver vara privativa para julgamento de processos de família, essa será competente para processar e
julgar pedido de reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva, independentemente de eventuais
limitações existentes na lei de organização judiciária local.
STJ. 3ª Turma. REsp 1291924-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013 (Info 524).

Conflito de competência entre juízo estatal e câmara arbitral

É possível a existência de conflito de competência entre juízo estatal e câmara arbitral. Isso porque a atividade
desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza jurisdicional.
STJ. 2ª Seção. CC 111230-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2013 (Info 522).
STJ. 1ª Seção. AgInt no CC 156.133-BA, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 22/08/2018.

Reconhecimento de incompetência absoluta e prolação de decisão acautelatória


Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, é válida a decisão que, em ação civil pública
proposta para a apuração de ato de improbidade administrativa, tenha determinado — até que haja
pronunciamento do juízo competente — a indisponibilidade dos bens do réu a fim de assegurar o ressarcimento
de suposto dano ao patrimônio público.
STJ. 2ª Turma. REsp 1038199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013 (Info 524).

Cobrança de verbas por profissional liberal


Se o autor ajuíza ação contra empresa alegando que era colaborador autônomo, como profissional liberal, e
pede condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais e materiais, tal demanda é de
competência da Justiça Comum Estadual.
Aplica-se, no caso, o mesmo raciocínio presente na Súmula 363 do STJ: Compete à Justiça estadual processar e
julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.
STJ. 2ª Seção. CC 118649-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 24/4/2013 (Info 521).

Ação proposta por pastor contra igreja em que se discute relação religiosa e civil
Determinado pastor ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a igreja a que pertencia,
alegando que foi desligado sem um justo motivo e em desacordo com as regras da igreja.
Na petição inicial afirma expressamente que não era empregado da igreja.
Quem irá julgar esta demanda é a Justiça comum estadual, considerando que a controvérsia proposta na
demanda deriva de relação jurídica de cunho eminentemente religioso e civil.

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A causa de pedir e o pedido deduzidos na exordial não se referem à existência de relação de trabalho entre as
partes. Logo, é incompetente a Justiça do Trabalho.
Obs: veja que se trata de situação bem específica, considerando que a regra é que a competência seja da Justiça
do Trabalho.
STJ. 2ª Seção. CC 125472-BA, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 10/4/2013 (Info 520).

Ação de pensão por morte na qual haverá reconhecimento de união estável

Compete à JUSTIÇA FEDERAL processar e julgar demanda proposta em face do INSS com o objetivo de ver
reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber pensão decorrente da morte do alegado
companheiro, ainda que seja necessário enfrentar questão prejudicial referente à existência, ou não, da união
estável.
STJ. 1ª Seção. CC 126489-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/4/2013 (Info 517).

Ação de indenização proposta pelo ex-patrão contra o ex-empregado (2)

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação de execução por quantia certa, proposta por empregador
em face de seu ex-empregado, na qual sejam cobrados valores relativos a contrato de mútuo celebrado entre as
partes para o então trabalhador adquirir veículo automotor particular destinado ao exercício das atividades
laborais.
STJ. 2ª Seção. CC 124894-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 10/4/2013 (Info 420).

Indenização contra sindicato por atuação inadequada em reclamação trabalhista


Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demanda proposta por trabalhador com o objetivo de receber
indenização em razão de alegados danos materiais e morais causados pelo respectivo sindicato, o qual, agindo
na condição de seu substituto processual, no patrocínio de reclamação trabalhista, teria conduzido o processo
de forma inadequada, gerando drástica redução do montante a que teria direito a título de verbas trabalhistas.
STJ. 2ª Seção. CC 124930-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 10/4/2013 (Info 518).

Ação monitória proposta contra estado-membro


Segundo a jurisprudência do STJ, o Estado-membro não tem prerrogativa de foro. Logo, poderá ser demandado
em outra comarca que não a de sua capital. Poderá ser até mesmo demandado em outro Estado-membro da
Federação.
No caso de ação monitória proposta contra o Estado-membro, a competência para julgar a causa é do local
onde a obrigação deveria ser satisfeita e onde deveria ter ocorrido o pagamento da contraprestação, conforme
prevê o art. 100, IV, “d”, do CPC 1973 (art. 53, III, "d", do CPC 2015).
STJ. 2ª Turma. REsp 1316020-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 7/2/2013 (Info 517).

Restituição de indébito relacionada com tarifa de energia elétrica

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É de competência da JUSTIÇA ESTADUAL a ação de restituição de indébito proposta contra a concessionária de


energia elétrica por causa de um aumento ilegal da tarifa de energia. Isso porque, a princípio, não há nenhum
interesse da União ou da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que justifique que elas figurem no polo
passivo desta demanda.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1307041-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/12/2012 (Info
516).

Competência no caso de mandados de segurança contra presidente da OAB


O STJ entende que a OAB não é uma autarquia. A Ordem é um serviço público independente, categoria única no
elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. No entanto, apesar disso, as funções
atribuídas à OAB possuem natureza federal. Portanto, o Presidente da seccional da OAB exerce função delegada
federal, motivo pelo qual a competência para o julgamento do mandado de segurança contra ele impetrado é da
Justiça Federal.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1255052-AP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/11/2012 (Info 508).

Ação de indenização proposta pelo ex-patrão contra o ex-empregado

A ação por meio da qual o ex-empregador objetiva o ressarcimento de valores dos quais o ex-empregado teria
se apropriado indevidamente durante o contrato de trabalho é da competência da Justiça do Trabalho (art. 114, I
e VI, da CF/88).
STJ. 2ª Seção. CC 122556-AM, Rel. Maria Min. Isabel Gallotti, julgado em 24/10/2012 (Info 510).

Ação de trabalhador contra ex-patrão para ressarcimento de honorários advocatícios


A ação de indenização ajuizada pelo trabalhador em face do ex-empregador com vista ao ressarcimento dos
honorários advocatícios contratuais despendidos em reclamatória trabalhista deve ser julgada pela Justiça do
Trabalho.
Desse modo, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir questões relacionadas com a cobrança de
honorários advocatícios contratuais despendidos pelo Reclamante para ajuizar a reclamação trabalhista.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1155527-MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgados em 13/6/2012 (Info 499).

Competência e discussão sobre área remanescente das comunidades dos quilombos


A União deverá figurar como litisconsorte necessária em ação na qual se discute com particulares se
determinada área é remanescente das comunidades dos quilombos (art. 68 do ADCT), mesmo que na ação já
exista a presença da Fundação Cultural Palmares (fundação federal).
STJ. 3ª Turma. REsp 1116553-MT, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 17/5/2012 (Info 497).

Conflito de competência
O art. 115 do CPC 1973 (art. 66 do CPC 2015) precisa ser interpretado extensivamente, de modo que, para que
haja conflito de competência, basta a mera potencialidade ou risco de que sejam proferidas decisões

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conflitantes.
É possível que se reconheça a conexão, mas sem que haja a reunião de processos. Isso ocorre, por exemplo,
quando a reunião implicaria em modificação da competência absoluta.
O efeito principal da conexão é a reunião. Se não for possível, poderá ser determinada suspensão de um dos
processos para evitar o desperdício da atividade jurisdicional e a prolação de decisões contraditórias.
STJ. 2ª Seção. AgRg no CC 112956-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/4/2012 (Info 496).

Arguição de incompetência absoluta

A arguição de incompetência absoluta não suspende o curso do processo, ainda que tenha sido formulada por
meio de exceção.
Obs: de acordo com o CPC 2015, a incompetência, tanto absoluta como relativa, deverá ser alegada como
questão preliminar de contestação (art. 64). Desse modo, não existe mais exceção de incompetência e a
alegação de incompetência não mais suspende o curso do processo, como ocorria no CPC 1973.
STJ. 3ª Turma. REsp 1162469-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJ 12/4/2012 (Info 495).

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