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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV - PRÁTICA JURÍDICA,


FISCAL, ADMINISTRATIVA E AÇÕES COLETIVAS

LUÍS FELIPE DÓREA MUTTI FIGUEIRÊDO

VICTOR DE SANTANA PINTO

PEDIDO DE SUSPENSÃO DE EXECUÇÃO DE


LIMINAR

Salvador/BA

2022
EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A)
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE X.

ESTADO X, Pessoa Jurídica de Direito Público Interno, com sede nesta capital, onde
recebe notificações e intimações, endereço eletrônico, na ação em que litiga com a
CONSTROI BEM LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ xxxxxxx, com sede
na xxxxxxxxxx, na pessoa de seu representante legal, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 4º, da Lei 8437/1992, notadamente
nos §§§§ 6º, 7º, 8º e 9º, apresentar PEDIDO DE SUSPENSÃO DE EXECUÇÃO DE
LIMINAR, ante manifesto interesse público e para evitar lesão à ordem e à segurança.

I – DOS FATOS

Excelência, o Superintendente de Obras do Estado de X fez publicar edital de


licitação, sob a modalidade de concorrência, tendo como objeto a contratação de
empresa para a execução de obras de construção de um novo presídio público.

Participaram do certame as empresas Constrói Bem Ltda., CX Engenharia


Ltda., BÁRBABA CONSRUTORA .

Entretanto, no curso do certame, a empresa Constrói Bem Ltda. foi inabilitada,


tendo em vista a apresentação de certidão positiva com efeitos de negativa, o que não
foi aceito pela comissão de licitação.

Inconformada com a decisão, após a interposição de recurso administrativo,


que foi julgado em seu desfavor, a licitante impetrou Mandado de Segurança contra
ato do Superintendente de obras do Estado de X perante o Juízo da 1ª Vara da
Fazenda Pública do Estado X impugnando a decisão administrativa contra si proferida,
tendo logrado o deferimento de liminar, em cuja decisão o Douto Juízo de primeiro
grau determinou a paralisação do certame até o julgamento do mérito da ação, em que
se comprova (ou não) a regularidade da documentação apresentada pela licitante, à
luz das regras editalícias.

Destarte, Excelência, considerando os flagrantes riscos de possível demora em


este Egrégio Tribunal de Justiça apreciar o pedido de efeito suspensivo formulado no
Agravo de Instrumento já interposto, tendo em vista o volume processual desta Corte,
alternativa não estou ao Estado X, senão a adoção do presente pedido de suspensão
de execução da liminar a fim de desonerar o Ente Público do cumprimento da referida
liminar, que se considera prejudicial ao interesse público, trazendo inclusive o risco de
lesão à segurança pública, já que as obras para construção do presidio não puderam
ser iniciadas até o presente momento.

II – DO CABIMENTO

Ab initio, o presente pedido de suspensão, de natureza não recursal, se mostra


a via adequada para o requerimento de afastamento da execução da decisão liminar
proferida pelo juízo originário que trouxe repercussão negativa, ao passo em que
flagrantemente afetou o interesse público, sobretudo a segurança pública.

Neste interim, o Superior Tribunal de Justiça – STJ possui jurisprudência


pacífica quando ao cabimento do instrumento que ora se maneja:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - AgInt no AgInt na SLS


2.116-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado
em 07/11/2018, DJe 26/02/2019 (Informativo n.º 644 do STJ –
Corte Especial) Suspensão de liminar e de sentença.
Legislação de regência. Ausência de requisitos formais. Simples
petição dirigida ao Presidente do Tribunal Competente.
Possibilidade. Para a formalização da pretensão e análise do
pedido de suspensão de segurança, basta o requerimento em
simples petição dirigida ao presidente do tribunal ao qual couber
o conhecimento de recurso na causa principal. No caso em
análise, para obstar a imissão de Estado na posse de imóvel
desapropriado foi ajuizada ação cautelar cuja liminar foi deferida
pelo Juízo singular e mantida pelo Tribunal Regional Federal. O
Estado, então, ajuizou pedido suspensivo dirigido à Presidência
do STJ. Contudo, antes de decidido o pedido suspensivo, foi
proferida sentença na ação cautelar, julgando improcedentes os
pedidos iniciais e revogando os efeitos da liminar. Com isso, o
então Presidente do STJ julgou prejudicado o pedido
suspensivo. No entanto, essa decisão foi impugnada por meio
de Agravo Interno pelo Estado, ao fundamento de que os efeitos
da liminar objeto do Pedido de Suspensão teriam sido
restabelecidos pelo TRF. Em julgamento do Agravo Interno, o
Presidente do STJ reconsiderou sua decisão e deferiu a
pretensão suspensiva. Em novo Agravo Interno, questiona-se,
dentre outros pontos, se o Estado ao invés de ter interposto
Agravo Interno contra a primeira decisão do Presidente do STJ,
deveria ter formulado novo pedido suspensivo. Ocorre que, sem
o trânsito em julgado da decisão em que se julgou prejudicado o
pedido formulado na inicial no pedido de suspensão, não há
nenhum equívoco em posteriormente reconsiderá-la. Na
verdade, é indiferente que o pedido tenha sido formulado nos
próprios autos, na forma de recurso ou requerido em uma
autuação em separado. Isso porque as normas de regência não
preveem, para a formulação de pedido de contracautela. É o
que se infere do art. 25 da Lei n. 8.038/1990 e do caput do art.
4.º da Lei n. 8.437/1992. Para a formalização da pretensão e
análise do pedido suspensivo, basta o requerimento em simples
petição dirigida ao presidente do tribunal ao qual couber o
conhecimento de recurso na causa principal, formalizado pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica que exerce munus
público. É o que leciona a doutrina: "O pedido de suspensão é
formulado por meio de uma petição dirigida ao presidente do
Tribunal. [...]. Não há requisitos formais previstos em lei para o
pedido de suspensão; exige-se, apenas, que haja requerimento
da pessoa jurídica de direito público interessada". Além disso,
vale ainda acrescentar que a doutrina registra que a legislação
não padronizou o processamento do pedido suspensivo.
Portanto, a providência processual de protocolização de novo
pedido suspensivo não tem fundamento. O provimento judicial
que o Estado obteve poderia ter sido deferido tanto em uma
decisão de reconsideração do ato anterior quanto em uma nova
autuação. Não se pode deixar de ressaltar, ainda, que na
hipótese - na qual o Ministro Presidente entendeu que estavam
cumpridos os requisitos para sobrestar a execução da decisão
do Tribunal de origem - mostrou-se prudente e consentâneo com
as exigências de celeridade e economia processual a prolação
imediata de decisão, em vez de se determinar a autuação do
pedido em um novo feito suspensivo.

Ademais, cumpre destacar que o pleito aqui veiculado não possui, como mencionado
alhures, natureza recursal, funcionando apenas como incidente processual, razão pela
qual não pode ter sua viabilidade questionada por sua tramitação concomitante ao do
Agravo de Instrumento, em atenção ao art. 4º, § 6º, da Lei nº 8.437/92, por terem
objetos distintos, já que o AI se presta a questionar o mérito da decisão liminar, por
meio do seu conteúdo jurídico, e o presente pedido apenas visa a suspensão da
execução da liminar, ante o risco de lesão que a decisão causa ao interesse público.
III – DA LEGITIMIDADE ATIVA

A legitimidade ativa do Estado X para ajuizamento do presente pedido de suspensão


da liminar decorre da própria literalidade do art. 4º, da Lei 8.437/1992. Vejamos:

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o


conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho
fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra
o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério
Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada,
em caso de manifesto interesse público ou de flagrante
ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia públicas. (grifo nosso).
Assim, tendo em vista que a decisão liminar proferida é prejudicial ao interesse
público, trazendo inclusive o risco de lesão à segurança pública, já que as obras para
construção do presidio não puderam ser iniciadas até o presente momento pelo
Estado X, pessoa jurídica de direito público diretamente interessada, inconteste é sua
legitimidade ativa para apresentação do presente pedido.

IV – DA COMPETÊNCIA

Excelência, conforme teor do já citado art. 4º, da Lei 8.437/1992, é de


competência do presidente do Tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo
recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações
movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público
ou da pessoa jurídica de direito público interessada.

Logo, tendo em vista que é de competência deste Tribunal de Justiça do


Estado X o julgamento do Agravo de Instrumento já interposto pelo Estado X, por
consectário lógico, é de competência do Exmº Srº Presidente desta Corte o
conhecimento e julgamento do presente pedido de suspensão de liminar.

V – DA NECESSIDADE URGENTE DE SUSPENSÃO DA LIMINAR

Exmº Srº Presidente do Tribunal de Justiça do Estado X, conforme


mencionado, o Superintendente de Obras do Estado requerente publicou edital de
licitação, sob a modalidade de concorrência, tendo como objeto a contratação de
empresa para a execução de obras de construção de um novo presídio público.

Após o período de inscrição, participaram do certame as empresas Constrói


Bem Ltda., CX Engenharia Ltda., BÁRBABA CONSRUTORA.

No curso do certame, a empresa Constrói Bem Ltda. acabou por ser inabilitada,
já que apresentou certidão positiva com efeitos de negativa, o que não foi aceito pela
comissão de licitação, mesmo após a interposição de recurso administrativo..

Descontente, empresa licitante impetrou Mandado de Segurança contra ato do


Superintendente de obras do Estado de X, perante o Juízo da 1ª Vara da Fazenda
Pública do Estado X, impugnando a decisão administrativa contra si proferida, tendo
logrado o deferimento de liminar, em cuja decisão o Douto Juízo de primeiro grau, não
se atentando à grave prejudicialidade ao interesse público e ao risco de lesão à
segurança pública, determinou a paralisação do certame até o julgamento do mérito
da ação, em que se comprova (ou não) a regularidade da documentação apresentada
pela licitante, à luz das regras editalícias, impedindo, assim, o início das obras de
construção do presidio público.

V.1 – DO MANIFESTO INTERESSE PÚBLICO E LESÃO À ORDEM E À


SEGURANÇA

Nobre Julgador (a), de logo, tem-se que a segurança pública pode ser definida
como um conjunto de dispositivos e de medidas que asseguram a população de estar
livre do perigo, de danos e riscos eventuais à vida e ao patrimônio. Por conseguinte,
esse mesmo conjunto de dispositivos e medidas formam um conjunto maior de
processos políticos e jurídicos que visam a garantia da ordem pública na convivência
pacífica dos seres humanos na sociedade.

Ao contrário do que muitos pensam, a segurança pública não diz respeito


apenas a medidas de repressão e vigilância. Ela começa pela prevenção e finda na
reparação do dano, no tratamento das causas e na reinclusão na sociedade do autor
do ilícito. E, para que isso ocorra, o sistema penal brasileiro, composto por todas as
forças estatais voltadas para a área, como Justiça, Sistema Prisional, Ministério
Público, Advocacia, seja ela pública ou privada, precisa funcionar corretamente, dando
dignidade aos profissionais que nele atua, mas também aos acusados e encarcerados.

Ora Excelência, considerando os graves problemas de segurança pública que


o país enfrenta atualmente, com aumento, infelizmente, dos índices de violência, e a
superlotação das cadeias públicas do Estado X, a construção de um presídio público
permitirá tirar das ruas, após, por óbvio, as determinações judiciais, criminosos que
põe em xeque a segurança pública dos cidadãos de bem desta região.

As carceragens existentes nas delegacias do Estado X não mais comportam o


recebimento de pessoas com determinação de privação de liberdade, tendo em vista
que foram construídas para prisões de curta duração e não para manter os presos até
a ocorrência dos respectivos julgamentos, que muitas vezes demoram anos para
acontecer.

E exatamente devido à demora dos julgamentos penais, o nosso Estado


enfrenta hoje uma situação extremamente delicada de superlotação em carceragens
de delegacias e nas pequenas cadeias públicas que possui.

Toda essa falta de estrutura traz graves danos aos profissionais de segurança
pública e à população, já que aumenta e muito as possibilidades de rebeliões, revoltas
e fugas nessas unidades que muitas vezes estão localizadas em áreas centrais e
superpopulosas e que, por serem simples carceragem, não possuem aparato estatal
suficiente, nem material e nem humano, para evitar tais situações. Tudo isso põe em
risco a segurança e a vida dos profissionais de segurança que muitas vezes são
atacados e feitos de reféns nestas circunstâncias e da população em geral que acaba
tendo suas propriedades invadidas nas fugas para serem feitas como esconderijo e
ficam entre o fogo cruzado.

Noutro giro, a construção de um presídio público, permitirá que os presos, em


respeito aos seus mais básicos direitos que devem se manter preservados, possam
ser colocados em celas com espaço adequado, sem o amontoado de pessoas,
respeitando, minimamente, a dignidade e a própria segurança destes.

Destarte, Excelência, analisando as exposições do ora peticionante, é inconteste a


existência de manifesto interesse público e de flagrante iminência de lesão à ordem e
à segurança pública do Estado de X, estando a população à beira de um possível
colapso no sistema prisional e de rebeliões e crise de segurança que pode sair das
estruturas das cadeias e alcançar as ruas e a vida privada dos cidadãos.

VI – EFEITO SUSPENSIVO

O § 7º, do art. 4º, da Lei 8.437/92 estatui que “O Presidente do Tribunal poderá
conferir ao pedido efeito suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a
plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida”. Ademais, o §
9º do mesmo artigo normatiza que “A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal
vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal”.

Ora, ante a gravidade dos argumentos expostos, tendo em vista que a liminar
deferida é manifestamente contrária ao interesse público, vez que, ao impedir a
continuidade do processo licitatório, obstou o início das obras de construção de um
novo presídio público, permite a iminência de grave lesão à ordem e à segurança
pública, traduzida no risco, que se avizinha rapidamente, de colapso do sistema
prisional do Estado X, que pode desembocar em rebeliões, revoltas e mortes dentro e
fora das cadeias e carceragens estaduais que hoje se encontram superlotadas,
imperiosa é a concessão de efeito suspensivo, visando desobrigar o Ente Público
Estadual da execução da liminar e autorizar a continuidade do processo de licitação e
consequente inicio da construção do presídio.

Destarte, requer a concessão do efeito suspensivo à liminar proferida pelo juízo


de origem, com espeque nos §§ 7º e 9º, do art. 4º, da Lei 8.437/92.

VI – PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A notificação da autoridade judicial responsável pela edição do ato judicial


impugnado;

b) A intimação do representante do Ministério Público, a fim de que se manifeste


em 72h (art. 4°, §2°, Lei 8.437/92);

c) A procedência do pedido para suspender os efeitos da decisão liminar contra si


proferida;

d) A juntada de documentos necessários.

Em 28 de Agosto de 2022

XxxxxxXXX, Estado de X

XXXXXXXX
Procurador do Estado de X

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