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EXCELENTÍSSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS EXECUÇÕES CRIMINAIS DA

COMARCA DE MERCÊS-MG.

MARIA DA CONCEIÇAO 99161-0217

Autos n. 0416.14.000.862-2

ANTÔNIO CARLOS APARECIDO DA SILVA, já qulificado nos autos, de execução em epígrafe às fls.02,
vem à presença de Vossa Excelência, tempestivamente, por intermédio de seu ADVOGADO DATIVO, cujo
instrumento de procuração segue em anexo, inconformado com a respeitável decisão de fls.47/48, que
converteu a pena restritiva de direitos à pena privativa de liberdade, determinando o imediato
recolhimento deste agravante à cadeia pública, interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO, com fundamento no
artigo 197, da Lei de Execução Penal.

Requer, assim, seja recebido e processado o presente recurso, juntando-se as inclusas razões,
dignando-se Vossa Excelência a realizar o juízo de retratação.

Caso Vossa Excelência entenda por bem manter a respeitável decisão, requer a remessa dos autos
ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

Termos em que,
pede deferimento.

Mercês, 08 de junho de 2016.

Felipe de Oliveira Campos


OAB/MG 163.330

RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Recorrente: ANTÔNIO CARLOS APARECIDO DA SILVA

Recorrida: JUSTIÇA PÚBLICA

Autos n. 0416.14.000.862-2

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Douta Procuradoria de Justiça

A respeitável decisão prolatada pelo Ilustre Magistrado “a quo” deve ser reformada, pelas razões e
fato e de direito a seguir expostas.

PRELIMINARMENTE
DA TEMPESTIVIDADE

A tempestividade resta configurada pela ausência de intimação do condenado e da Defesa Técnica,


o que prejudicou o exercídio do contraditório e da ampla defesa.

DOS FATOS

O recorrente foi denunciado pela prática do crime capitulado no artigo 155, §4º, IV, do Código
Penal, pois, conforme Denúncia oferecida pelo órgão do Ministério Púbilco, teria subtraído do
estabelecimento comercial de Sérgio Amaral, uma sacola contendo aproximadamente 14 Kg de linguiça.

Ao proferir a sentença, o magistrado condenou o recorrente pela prática do crime previsto no


artigo 155, §4º, IV, do Código Penal, tendo sido fixada a pena base em 02 (dois) anos de reclusão e 10 (dez)
dias multa, com a substituição da pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direito, quais
sejam, prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária.

Ocorre que o condenado não fora encontrado quando da designação da audiência admonitória,
não tendo sido sequer intimado por edital.

Por essa razão, o douto magistrado converteu a pena restritiva de direitos à pena original, ou seja, o
retorno à pena privativa de liberdade, entendendo que o sentenciado demonstrou “total desrespeito a
todos, haja vista que deixou de informar a este Juízo, seu novo endereço para a fiscalização das medidas
impostas”.

Diante disso, foi expedido mandado de prisão na data de 18 de novembro de 2014, tendo sido o
autor recolhido ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional de Juiz de Fora – CERESP, em maio de
2016.

Em que pese o indiscutível saber jurídico do Magistrado a quo, a respeitável decisão prolatada
merece reforma, conforme será demonstrado a seguir.

DO DIREITO

Dispõe o artigo 197, da Lei n. 7.210/84, que das decisões proferidas pelo juiz das execuções penais,
que causem prejuízo à acusação ou defesa, “caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”.

No presente caso, por ocasião da intimação da designação da audiência admonitória, o recorrente


não fora encontrado, tendo sido certificado pelo Oficial de Justiça (f.45), que o recorrente encontrava-se
em local incerto e não sabido. Contudo, conforme verifica-se nos autos, não houve intimação por edital,
tampouco foram esgotados todos os meios disponíveis para a localização do acusado.

Ainda assim, o douto magistrado a quo procedeu à conversão da pena restritiva de direitos em
pena privativa de liberdade. Data venia, mostrou-se prematura a conversão da pena restritiva de direitos –
prestação de serviços à comunidade – em privativa de liberdade. Isso porque, tendo sido infrutífera a
tentativa de intimação pessoal do apenado para o ato (audiência admonitória), seria necessária sua
intimação por edital, a fim de exaurir as formas de ciência quanto à oportunidade de se justificar.

Nesse sentido foi o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, no Julgamento
do HC: 10000140059734000, de Relatoria do Desembargador Silas Vieira, quanto a conversão da pena
restritiva de direitos em pena privativa de liberdade. A jurisprudência tem exigido, inclusive, prévia
audiência de justificação com necessidade de esgotamento dos meios de localização do apenado -
inclusive mediante intimação por edital, sob pena de violação aos princípios constitucionais do
contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. Vejamos:

HABEAS CORPUS - EXECUÇÃO CRIMINAL - PENA RESTRITIVA DE


DIREITO - CONVERSÃO EM PRIVATIVA DE LIBERDADE - AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO POR EDITAL PARA COMPARECIMENTO EM AUDIÊNCIA DE
JUSTIFICAÇÃO - CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONSTATADO - ORDEM
CONCEDIDA. - Para que se converta a pena restritiva de direito em
privativa de liberdade, imperiosa a intimação por edital, após o
reeducando não ter sido encontrado para citação pessoal. -
Necessidade da oitiva prévia do condenado para que apresente
justificativa pelo descumprimento das medidas, em atenção aos
princípios da ampla defesa e do contraditório. - Ordem concedida.

(TJ-MG - HC: 10000140059734000 MG, Relator: Silas Vieira, Data de


Julgamento: 25/03/2014, Câmaras Criminais / 1ª CÂMARA CRIMINAL,
Data de Publicação: 04/04/2014)

Portanto, o fato do réu não ser encontrado não autoriza a conversão automática da pena restritiva
de direitos em privativa de liberdade, que demanda decisão judicial devidamente fundamentada.

Ademais, compulsando os autos, é possível verificar que não houve a prévia manifestação da defesa
acerca da conversão da pena restritiva de direitos à pena original, ou seja, o retorno à pena privativa de
liberdade.

Diante do exposto, considerando que não foram esgotados todos os meios para localização e
intimação do agravante requer o provimento do recurso, devendo ser mantida a pena restritiva de direitos,
bem como revogada a ordem de prisão, por ser medida de justiça.

DO PEDIDO

Ante o exposto, são as presentes razões para requerer que seja conhecido e provido o presente
recurso interposto com a finalidade de reversão da decisão que converteu a pena restritiva de direitos à
pena privativa de liberdade, sendo mantida a pena restritiva de direitos, bem como revogada a ordem de
prisão, por ser medida de justiça.

Mercês, 08 de junho de 2016.

Felipe de Oliveira Campos


OAB/MG 163.330

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