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Ao Juízo de Direito da Vara Criminal da Comarca de Itabira-MG.

Autos nº xxxxxxxxxx

GERALDO ALVES DE SOUZA, brasileiro, solteiro, ajudante de serviços


gerais, residente na Rua Diamante, nº 38, Bairro Sarandi, Itabira - MG, CEP 25755-230, vem,
por seu advogado infra-assinado, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 316 do
CPP, requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA OU A SUBSTITUIÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA POR OUTRA MEDIDA CAUTELAR, dentre as previstas
no artigo 319 do CPP, nos seguintes termos:

1. DOS FATOS

O requerente foi preso no dia 02 de julho de 2022, em virtude de cumprimento


do mandado de prisão preventiva expedido por esse, pelo que, se encontra atualmente
recolhido em uma das insalubres celas do presidio desta comarca.

A decisão que deu origem ao mandado de prisão foi proferida ante ao


requerimento apresentado pelo MP, argumentando que a prisão do requerente se fazia
necessária por conveniência da instrução criminal, vez que foi apurado pela policia judiciaria
que o acusado supostamente procurou uma das vítimas arroladas pelo nobre parquet, e lhe
pediu que modificasse o seu depoimento a ser prestado em juízo.

Nesta esteira, Vossa Excelência entendeu por bem decretar a prisão preventiva
do requerente. Entretanto, cumpre afirmar, que já transcorreu o encerramento da instrução
processual, ao passo que a liberdade do Requerente não mais teria o condão para intimidar ou
interferir na instrução criminal, não existindo qualquer justificativa para a manutenção da
prisão preventiva, com a fundamentação da conveniência da instrução criminal, nos termos do
artigo 312 e 316, ambos do Código de Processo Penal.
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Enfatiza-se ainda, no caso em tela, que o Requerente já encontra-se em prisão


preventiva há mais de 2 meses, há exatos 68 dias, e conforme preconiza a doutrina e
jurisprudência deste país, o transcurso de prazo considerável da prisão preventiva possui força
para constituir fato novo no sentido de reavaliar a situação do custodiado.

Por tais razões, importante se faz reexaminar a atual situação do Requerente,


em prol de verificar se ainda subsiste motivo para a manutenção da prisão preventiva.

2. DO DIREITO

No âmbito do direito processual penal, as prisões processuais (preventiva ou


temporária) possuem natureza de carácter protecionista e provisória, cuja a destinação se dar,
exclusivamente, em “garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal”, não podendo, em nenhuma
hipótese, ser confundida com punição antecipada, sob pena de afronta ao caro princípio
constitucional de presunção de inocência.

É pacificado na doutrina e jurisprudência pátria, que em casos de


desaparecimento das razões originadoras da decretação da custódia provisória, ou seja,
ausente o justo motivo para sua manutenção, esta deverá ser imediatamente revogada.

Partindo desse ponto, nota-se que a custódia preventiva do Acusado fora


fundada especificamente em um ponto, a conveniência da instrução criminal. Assim, passo a
fundamentar a ausência do citado elemento, para consequentemente, requerer a revogação da
custódia preventiva.

Nos dizeres do Julio Fabbrini Mirabete, a prisão preventiva embasada na


conveniência da instrução criminal, se justifica em “assegurar a prova processual contra a
ação do criminoso, que pode fazer desparecer provas do crime, apagando vestígios,
subornando, aliciando ou ameaçando testemunhas etcNos dizeres do Julio Fabbrini
Mirabete, a prisão preventiva embasada na conveniência da instrução criminal, se justifica
em “assegurar a prova processual contra a ação do criminoso, que pode fazer desparecer
provas do crime, apagando vestígios, subornando, aliciando ou ameaçando testemunhas
etc.”.
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No mesmo sentido, e corroborando-o, Aury Lopes Júnior assevera:

“Conveniência da instrução criminal (tutela da prova): é empregada quando


houver risco efetivo para a instrução, ou seja, “conveniência” é um termo aberto e
relacionado com ampla discricionariedade, incompatível com o instituto da prisão
preventiva, pautada pela excepcionalidade, necessidade e proporcionalidade, sendo,
portanto, um último instrumento a ser utilizado. Feita essa ressalva, a prisão preventiva para
tutela da prova é uma medida tipicamente cautelar, instrumental em relação ao
(instrumento) processo. Aqui, o estado de liberdade do imputado coloca em risco a coleta
da prova ou o normal desenvolvimento do processo, seja porque ele está destruindo
documentos ou alterando o local do crime, seja porque está ameaçando, constrangendo ou
subornando testemunhas, vítimas ou peritos.”

No presente caso, embora houvesse justificativa para a prisão preventiva


fundada no temor que o estado de liberdade do acusado viesse a causar risco a coleta da
prova, visto sua suposta procura a testemunha de acusação, buscando modificar o seu
depoimento judicial, tal prevenção não mais é necessária, pois em 17/08/2022 a testemunha
arrolada pela acusação, realizou sua oitiva em AIJ designada pelo douto magistrado.

Em sentido correlato ao do presente feito, se tem a jurisprudência de um


julgado em 2ª instância do TJ-SC (HC 2015.038854-6), que dispõe o seguinte: “Se a
justificativa utilizada pela Autoridade Judiciária para decretar a medida extrema pela
conveniência da instrução criminal foi a possibilidade de intimidação de testemunhas, uma
vez coletada a prova oral, não mais subsiste o aludido fundamento.”

3. DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer e espera o Requerente, que seja o presente


pedido recebido, a fim de LIMINARMENTE, lhe seja concedida a liberdade provisória, e no
mérito, depois de ouvido o ilustre Representante do Ministério Público, deferida em definitivo
a REVOGAÇÃO DE SUA PRISÃO PREVENTIVA, mandando que se expeça em seu
favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência
restabelecerá o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA, nos termos do artigo 316 e
seguintes do Código de Processo Penal;
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b) SUBSIDIARIAMENTE, concedida a substituição da prisão preventiva por


outra medida cautelar diversa da prisão, eis que suficiente e proporcional;

Nesses termos.

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 09 de setembro de 2022.

RAFAEL SANTOS TAVARES


OAB/MG xxxxxx

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