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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DO

PARANOÁ

Distribuição por dependência ao Auto de Prisão Preventiva ...

Ryana Rux, brasileira, solteira, atendente de farmácia, CPF …, endereço eletrônico


não informado, residente e domiciliada na Quadra 1122, Bloco W, apartamento 1122, Paranoá - DF,
vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infraconstituído, conforme
instrumento de mandato em anexo, com fulcro nos arts. 316 e 282, § 5º, ambos do Código de
Processo Penal, requerer:

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

Com base nos fatos que a seguir expõe:

I- BREVE SÍNTESE DA DEMANDA


A requerente acima qualificada teve seu filho sequestrado por um traficante de
drogas o qual exigiu que esta vendesse uma quantidade de drogas deixada em sua porta em três
dias, ameaçando matar o menino. Ante a coação existente Ryana vendeu toda a droga dentro do
prazo, e seu filho foi devolvido. No entanto, ela foi presa uma semana depois, acusada de tráfico de
drogas, mesmo após ter sido vítima de um crime.

II – DO DIREITO

II.1) DA INSUBSISTÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS PARA MANUTENÇÃO DA


PREVENTIVA
Conforme preconiza o art. 312 do Código de Processo Penal – CPP, a prisão
preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. A decretação da
prisão preventiva da requerente teve como base a garantia da ordem pública e para assegurar a
aplicação da lei penal. No entanto, a manutenção da prisão preventiva não merece prosperar, tendo
em vista os motivos abaixo explicitados:
Conforme a decisão proferida nestes autos, este juízo entendeu que a prisão
preventiva deveria ser decretada sob o argumento de garantia da ordem pública, tendo em vista o
argumento de ser um crime equiparado a hediondo, não se importando a requerente com as
consequências jurídicas de seu ato.
Segundo lição de BASILEU GARCIA, “para a garantia da ordem pública, visará o
magistrado, ao decretar a prisão preventiva, evitar que o delinquente volte a cometer delitos, ou
porque é acentuadamente propenso a práticas delituosas ou porque, em liberdade, encontraria os
mesmos estímulos relacionados com a infração cometida. Trata-se, por vezes, de criminosos
habituais, indivíduos cuja vida é uma sucessão interminável de ofensas à lei penal”.
Excelência, como consta nos próprios autos, trata-se de uma cidadã primária e sem
antecedentes criminais, comprovando-se, dessa forma que esse quesito de crimes habituais não
prospera.
Além disso, verifica-se, pois, não haver presente a hipótese de Ryana retornar à
prática delituosa, tendo em vista que o presente caso trata-se de coação moral irresistível. Tendo a
requerente seu filho sequestrado por um perigoso traficante de drogas, este ato vicia a vontade da
agente, não tendo esta plena capacidade de verificar as consequências do que fez ante o temor pela
vida de seu filho, afastando, dessa forma, o dolo pleno. Em razão de constrangimento moral
existente, esta atua em condições anormais, de forma que não se lhe pode exigir um
comportamento, de acordo com a ordem jurídica.
Sendo assim, o argumento de abalo à ordem pública é afastado, ante os argumentos
acima.
Utilizou-se, ainda, o magistrado o pressuposto da garantia da aplicação da Lei penal,
tendo em vista que, intimada para depor na delegacia, a indiciada havia se mantido inerte.
Nucci (2020) conceitua a garantia da lei penal como “assegurar a finalidade útil do
processo penal, que é proporcionar ao Estado o exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção
devida a quem é considerado autor de infração penal. Não tem sentido o ajuizamento da ação penal,
respeitando-se o devido processo legal para a aplicação da lei penal ao caso concreto, se o réu age
contra esse propósito, tendo, nitidamente, a intenção de frustrar o respeito ao ordenamento
jurídico”.
Ora, a garantia da aplicação da Lei penal permite ao magistrado com a imposição da
prisão preventiva, evitar a fuga do agente e fazer com que a sentença penal não se torne inócua, com
a eficaz aplicação e cumprimento da pena cominada. A requerente, como disposto na sentença, tem
residência fixa e local de trabalho certo e determinado. Além disso, conforme a instrução criminal,
verifica-se prova que a requerente possui vínculo com distrito da culpa, além de possuir filho
pequeno matriculado regularmente no mesmo local. Sendo assim, verifica-se o argumento de
garanti de aplicação da Lei Penal não prospera para que seja mantida a prisão preventiva da
requerente.

II.2) DA SUBSTITUIÇÃO POR OUTRA MEDIDA CAUTELAR


O artigo 282, § 6º traz que a prisão preventiva somente será determinada quando não
for cabível a sua substituição por outra medida cautelar e o não cabimento da substituição por outra
medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso
concreto, de forma individualizada.
Nesse viés, o § 5º traz que o juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a
medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de voltar a decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem.
Conforme decisão proferida, este juízo entendeu que a prisão preventiva era a mais
adequada medida cautelar a ser aplicada.
Todavia, a com referência à garantia da ordem pública, pode ser aplicada a medida
cautelar que constante no art. 319, II do CPP, qual seja, proibição de acesso ou frequência a
determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações.
Já em relação ao pressuposto da garantia da aplicação da Lei penal, tendo em vista o
argumento de fuga da requerente, esta defesa sugere o inciso I do mesmo artigo, ou seja,
comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e
justificar atividades.

II.3) DA PRISÃO DOMICILIAR


O art. 318-A e seus incisos, o qual trata da prisão domiciliar, traz os requisitos
necessários para essa medida cautelar. Tal artigo traz que a prisão preventiva de mulher gestante ou
que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência deverá ser substituída por
prisão domiciliar, desde que não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa e
não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente
Constam nos autos que a requerente está grávida e é responsável legal por um menor
de 6 anos. Razão pela qual a requerente se enquadra nos requisitos que garantem a imposição de
prisão domiciliar, pois a infração não foi cometida com violência ou grave ameaça e nem contra seu
filho, sendo esses requisitos necessários.

III – DO PEDIDO

Por todo exposto, requer que:


a) Seja revogada a prisão preventiva, pela insubsistência dos motivos que lhe deram causa,
conforme art. 316, concedendo-se ao requerente a liberdade provisória, comprometendo-se este
desde já comparecer a todos os atos a que for devidamente intimado, sendo assim, expedindo-se o
Alvará de Soltura.

b) Subsidiariamente, caso entenda necessário este Juízo, que substitua A prisão preventiva por
outra(s) cautelar(es) prevista(s) no art. 319, sugerindo a defesa aquela prevista no inciso I e II,
cabendo esta substituição diante o que estabelece o artigo 282, §5º do CPP.

c) Seja convertida a prisão preventiva em prisão domiciliar, conforme o disposto no art. 318-A e
seus incisos do CPP.
Nestes Termos
Pede Deferimento

Local, data.

Advogado.
OAB.

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