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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DE EXECUÇÃO CRIMINAL DA

COMARCA DE... DO ESTADO DE...

Processo número: ...


AGRAVANTE: GUILHERME
GUILHERME, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado, que
esta subscreve, com endereço profissional no logradouro... onde recebe notificaçõ es e
intimaçõ es, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, INTERPOR
TEMPESTIVAMENTE AGRAVO EM EXECUÇÃO com fulcro no ART. 197 da Lei
7.210/1984 ( Lei de execuçã o penal).
Requer seja RECEBIDO e PROCESSADO o presente recurso, E QUE SEJA REALIZADO O
JUÍZO DE RETRATAÇÃO REFORMANDO-SE A RESPEITÁVEL DECISÃO, nos termos do
ART. 589 do Código de Processo Penal (CPP), ou, caso Vossa Excelência entenda que
deva mantê-la, QUE SEJA ENCAMINHADO, com as INCLUSAS RAZÕES, ao Egrégio Tribunal
de Justiça.
Termos em que, pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB
RAZÕES DO AGRAVO EM EXECUÇÃO
AGRAVANTE: GUILHERME
AGRAVADA: JUSTIÇA PÚ BLICA
EXECUÇÃO NÚMERO: ...
ÉGREGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,
COLENDA CÂMARA,
DOUTO PROCURADOR DE JUSTIÇA.
Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz a quo, IMPÕE-SE A
REFORMA DA RESPEITÁVEL DECISÃO que reconheceu falta grave cometida pelo
agravante.
1 –DOS FATOS
1. GUILHERME foi condenado como incurso no ART. 129, § 3º do CP por Lesã o Corporal
seguida de morte à pena de 6 anos de reclusã o;
2. Apó s cumprir 1 ano, foi beneficiado com progressã o para o regime SEMIABERTO;
3. O Agravante trabalhava internamento na unidade penitenciá ria em busca da REMIÇÃ O;
4. Durante o cumprimento da pena, veio a ser encontrado em seu colchã o um celular;
5. O diretor prisional anotou a prá tica de falta grave na ficha conforme ART. 50, VII da Lei
7.201/84 ( Lei de execuçã o penal);
6. O diretor prisional comunicou o MP que entrou com representaçã o junto ao juízo da Vara
de Execuçã o penal de Sã o Paulo.
7. O juiz da VEC impô s:
a) REGRESSÃ O de pena para o FECHADO;
b) PERDA DA TOTALIDADE dos dias remidos;
c) REÍNICIO do prazo de contagem do livramento condicional;
d) REINÍCIO da contagem do prazo de induto.
2 – DO DIREITO
2.1 O RECONHECIMENTO DA FALTA GRAVE NÃO OBSERVOU AS FORMALIDADES
LEGAIS.
Conforme ART. 5º, LV da CF/88 é assegurado no processo judicial e ADMINISTATIVO o
CONTRADITÓRIO e a AMPLA DEFESA.
No caso em tela, há pacífico entendimento doutriná rio jurisprudencial que para o
reconhecimento da prá tica de falta disciplinar grave é necessá ria a instauraçã o de
PROCESSO ADMINISTRATIVO pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o
direito de defesa por advogado ou defensor pú blico.
Sendo assim é INVÁLIDO tal procedimento, conforme enunciado da Súmula 533 do STJ.
2.2 RECOMEÇO DE CONTAGEM DA REMIÇÃO POR FALTA GRAVE
Conforme ART. 127 da LEP, em caso de falta grave o juiz poderá APENAS revogar 1/3 do
tempo remido.
No caso em tela, NÃO é possível a perda da totalidade dos dias remidos.
2.3 FALTA GRAVE NÃO INTERROMPE LIVRAMENTO CONDICIONAL
Nos termos da Sú mula 441 do STJ, a falta grave nã o interrompe o prazo para obtençã o de
livramento condicional.
2.4 REINÍCIO DA CONTAGEM DE PRAZO IRREGULAR
Conforme enunciado da Sú mula 534 do STJ, a falta grave interrompe o prazo para a
progressã o de regime, o qual se REINICIA no cometimento da infraçã o
2.5 FALTA GRAVE NÃO INTERROMPE COMUTAÇÃO DE PENA OU INDULTO
Segundo reza a Sú mula 535 do STJ, a prá tica de falta grave nã o interrompe prazo de indulto
ou comutaçã o de pena.
Portanto, incabível o reinício de contagem de prazo do INDULTO e do LIVRAMENTO
CONDICIONAL em razã o do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE que também é aplicá vel na
execuçã o penal.
3- DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer-se
a) O conhecimento e provimento do presente recurso;
b) A devida indenizaçã o mínima, prevista no ART. 630 do CPP.
Local e data. Prazo: 5 dias, conforme Súmula 700 do STF
Advogado: ...
OAB nú mero: ...

Distribuiçã o dos Pontos


ITEM PONTUAÇÃ O
Petiçã o de interposiçã o 1. Endereçamento: Juízo da Vara de Execuçã o Penal da Comarca de
Sã o Paulo/SP (0,10). 0,00/0,10 2.
Fundamento legal: Art. 197 da LEP (0,10). 0,00/0,10 3.
Pedido de retrataçã o pelo juízo a quo (0,30). 0,00/0,30
Razõ es de recurso 4.
Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de Sã o Paulo (0,10). 0,00/0,10
5. Invalidade no reconhecimento da prá tica de falta grave (0,40), nã o permitindo a
regressã o para o regime fechado de cumprimento de pena (0,25). 0,00/0,25/0,40/0,65 5.1.
O reconhecimento de falta grave depende de prévio procedimento administrativo (0,30),
garantido o direito de defesa (0,25), conforme a Sú mula 533 do STJ (0,10)
0,00/0,25/0,30/0,35/0,40/ 0,55/0,65
6. Nã o é possível a perda da totalidade dos dias remidos (0,50), conforme Art. 127 da LEP
(0,10). 0,00/0,50/0,60
6.1. Ainda que vá lido o reconhecimento da falta grave, o juiz somente poderia decretar a
perda de até 1/3 dos dias remidos (0,40) 0,00/0,40
7. A prá tica de falta grave nã o gera o reinício da contagem do prazo do livramento
condicional (0,50), nos termos da Sú mula 441 do STJ (0,10). 0,00/0,50/0,60
8. A prá tica de falta grave nã o gera o reinício da contagem do prazo de indulto (0,50), nos
termos da Sú mula 535 do STJ (0,10). 0,00/0,50/0,60
9. Incabível o reinício da contagem dos prazos do indulto e livramento condicional em
razã o do princípio da legalidade, que também é aplicá vel na execuçã o penal (0,30).
0,00/0,30 Pedidos
10. conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,30). 0,00/0,10/0,30/0,40
Prazo e Fechamento 11. 15 de julho de 2019 (0,10). 0,00/0,10 12.
Local, data, advogado e OAB (0,10). 0,00/0,10
OAB 29 – AGRAVO EM EXECUÇÃ O (ART. 197 DA LEP 7.210/84)
Guilherme foi condenado definitivamente pela prá tica do crime de lesã o corporal seguida
de morte, sendo-lhe aplicada a pena de 06 anos de reclusã o, a ser cumprida em regime
inicial fechado, em razã o das circunstâ ncias do fato.
Apó s cumprir 01 ano da pena aplicada, Guilherme foi beneficiado com progressã o para o
regime semiaberto.
Na unidade penitenciá ria, o apenado trabalhava internamente em busca da remiçã o.
Durante o cumprimento da pena nesse regime, veio a ser encontrado escondido em seu
colchã o um aparelho de telefonia celular.
O diretor do estabelecimento penitenciá rio, ao tomar conhecimento do fato por meio dos
agentes penitenciá rios, de imediato reconheceu na ficha do preso a prá tica de falta grave,
apenas afirmando que a conduta narrada pelos agentes, e que teria sido praticada por
Guilherme, se adequava ao Art. 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84.
O reconhecimento da falta pelo diretor foi comunicado ao Ministério Pú blico, que
apresentou promoçã o ao juízo da Vara de Execuçõ es Penais de Sã o Paulo, juízo este
competente, requerendo a perda de benefícios da execuçã o por parte do apenado.
O juiz competente, analisando o requerimento do Ministério Pú blico, decidiu que,
“considerando a falta grave reconhecida pelo diretor da unidade, impõ e-se:
a) a regressã o do regime de cumprimento de pena para o fechado;
b) perda da totalidade dos dias remidos;
c) reinício da contagem do prazo de livramento condicional;
d) reinício da contagem do prazo do indulto.”
Ao ser intimado do teor da decisao, em 09 de julho de 2019, terça-feira, Guilherme entra
em contato, de imediato, com você, na condiçã o de advogado (a), esclarecendo que nunca
fora ouvido sobre a aplicaçã o da falta grave, apenas tendo conhecimento de que a
Defensoria se manifestou no processo de execuçã o apó s o requerimento do Ministério
Pú blico.
Considerando apenas as informaçõ es narradas, na condiçã o de advogado (a) de Guilherme,
redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaraçã o,
apresentando todas as teses jurídicas pertinentes.
A peça deverá ser datada no ú ltimo dia do prazo para interposiçã o, considerando que, em
todos os locais do país, de segunda a sexta-feira sã o dias ú teis.
GABARITO:
O examinando deve redigir, na condiçã o de advogado, recurso de Agravo em Execução,
com fundamento no Art. 197 da Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal ( LEP).
Isso porque, nos termos do dispositivo mencionado, das decisõ es proferidas pelo
magistrado em sede de Execuçã o Penal, sempre caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.
No caso, claro está que a decisã o a ser combatida foi proferida pelo juiz em atuaçã o na Vara
de Execuçõ es Penais de Sã o Paulo, de fato em sede de execuçã o, já que o requerimento
formulado pelo Ministério Pú blica referia-se à perda de benefícios durante execuçã o de
pena privativa de liberdade aplicada em sentença penal com trâ nsito em julgado.
Apesar de o Art. 197 da LEP trazer a previsã o de que o recurso cabível é o de Agravo, nã o
estabelece a Lei nº 7.210/84 qual seria o procedimento a ser seguido, de modo que a
doutrina e a jurisprudência pacificaram o entendimento de que seria o mesmo do Recurso
em Sentido Estrito.
Diante disso, primeiramente deveria o examinando apresentar petiçã o de interposiçã o,
direcionada ao Juízo da Vara de Execuçã o Penal da Comarca de Sã o Paulo/SP, com
formulaçã o de PEDIDO DE RETRATAÇÃO por parte do juízo a quo, na forma do Art. 589
do CPP, por analogia.
Em caso de nã o acolhimento, deveria haver requerimento de encaminhamento do feito
para instância superior, com as respectivas razões recursais.
Apó s, o examinando deveria apresentar Razõ es do Recurso, direcionadas ao Tribunal de
Justiça do Estado de Sã o Paulo, com a fundamentaçã o necessá ria para rebater a decisã o do
magistrado de primeira instâ ncia.
Inicialmente, deveria o examinando destacar que o reconhecimento da falta grave não
observou as formalidades legais.
Nos termos do Art. 50 da Lei 7.210/84, realmente como mencionado pelo diretor do
estabelecimento penitenciá rio, a conduta de esconder celular configura prá tica de falta
grave.
Todavia, para assegurar o direito ao exercício do princípio da ampla defesa e do
princípio do contraditório, pacificou a jurisprudência o entendimento de que o
reconhecimento de falta grave depende de regular procedimento administrativo
disciplinar, devidamente assegurado o acompanhamento de defesa técnica.
Nesse sentido é o teor da Súmula 533 do Superior Tribunal de Justiça.
Na situaçã o apresentada, o diretor do estabelecimento reconheceu a prá tica de falta grave
sem observar as exigências antes mencionadas, ou seja, sem instaurar procedimento
administrativo e sem garantir o direito de defesa.
Dessa forma, não pode aquele reconhecimento ser considerado pelo juízo da
execução.
Nã o sendo vá lido o reconhecimento da prá tica de falta grave, sequer seria possível a
regressã o do cumprimento da pena para o regime fechado, apesar de, abstratamente, essa
ser uma sançã o possível na hipó tese de reconhecimento vá lido de falta grave, nos termos
do Art. 118, inciso I, da LEP e Súmula 534 do STJ.
Superada a invalidade no reconhecimento da falta grave, deveria o examinando destacar
que, ainda que o reconhecimento da falta grave fosse considerado vá lido, impossível seria
a sanção de perda da integralidade dos dias remidos.
O Art. 127 da LEP admite que a puniçã o por falta grave gere perda dos dias remidos.
Todavia, o mesmo dispositivo assegura um limite de perda de até 1/3, sendo incorreta
a decisã o do magistrado que determina a perda de TODOS os dias remidos.
Da mesma forma, incorreta a decisão que determinou o reinício da contagem do prazo
para fins de obtençã o de livramento condicional e indulto.
A explicaçã o é simples: em que pese muitos defendam que o ideal seria o reinício da
contagem desses prazos, fato é que a execução penal está sujeita ao princípio da
legalidade, sendo certo que tais sanções não estão previstas na lei.
Diante da ausência de previsã o legal, nã o pode o magistrado impor o reinício da contagem
do prazo do livramento condicional, nos termos da Súmula 441 do STJ.
Pelas mesmas razõ es, foi editada a Sú mula 535 do STJ, prevendo que a prá tica de falta
grave nã o interrompe o prazo para fins de comutaçã o de pena ou indulto, sem prejuízo de
esta ser considerada no momento de analisar o preenchimento dos requisitos subjetivos
deste benefício.
Na conclusão, após o mérito, deveria o examinando apresentar pedido de
CONHECIMENTO E PROVIMENTO do recurso, afastando-se o reconhecimento da falta
grave e suas consequências.
Em relaçã o ao prazo, absolutamente pacificado o entendimento de que seria de 05 dias, na
forma do Enunciado 700 da Súmula de Jurisprudência do STF.
Considerando que a intimaçã o ocorreu em 09 de julho de 2019, terça-feira, o prazo se
iniciou em 10 de julho de 2019, quarta-feira, encerrando-se em 15 de julho de 2019,
porque 14 de julho de 2019 seria domingo.
O examinando deve, ainda, concluir sua peça, indicando local, data, advogado e nú mero de
OAB.

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