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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANOPÓLIS/SC

Processo n.:

JÚLIO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
base legal no artigo 593, inciso I do Código de Processo
Penal interpor RECURSO DE APELAÇÃO, requerendo
seja recebido e processado o recurso, já com as razões
inclusas e, após, a remessa dos autos ao tribunal de
justiça do estado de Santa Catarina.

I. DA TEMPESTIVIDADE

O presente recurso de apelação é tempestivo, pois interposto dentro do


prazo de 5 (cinco) dias, na forma do artigo 593, caput, do Código de Processo
Penal.

Nesses termos,

Pede e espera deferimento.

Local..., 18 de julho de 2022.

ADVOGADO

OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

APELANTE: Júlio

APELADO: Ministério Público

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA


CATARINA

COLENDA CÂMARA CRIMINAL

1. DOS FATOS

O Ministério Público denunciou Júlio pela prática do crime de incêndio,


previsto no artigo 250 do Código Penal.

Citado, o réu apresentou resposta à acusação.

Realizada a audiência, o réu confirmou a autoria delitiva.

Proferida sentença condenatória, a defesa foi intimada no dia 11 de julho


de 2022, segunda-feira.

2. PRELIMINARMENTE
a. DA NULIDADE DA OITIVA DAS VÍTIMAS

O réu foi citado e apresentou resposta à acusação. Contudo, as vítimas


foram ouvidas antes da realização de audiência de instrução e julgamento, pois
segundo o magistrado a quo, as provas poderiam perecer pelo decurso do
tempo. Entretanto, o magistrado errou, pois o mero decurso de tempo não
constitui fundamentação idônea para a antecipação de provas, devendo a oitiva
ser declarada nula, sem prejuízo do refazimento do ato, nos termos do artigo
564, inciso IV do Código de Processo Penal.
3. DO DIREITO
b. DA ATIPICIDADE DA CONDUTA

A conduta de Júlio é atípica, pois o tipo penal previsto no artigo 250 do


Código Penal prevê perigo comum e exige prova concreto do ato. Nesse
sentido, embora Júlio tenha colocado fogo no imóvel, a casa era desabitada e
completamente afastada do local, razão pela qual a conduta de Júlio não
causou perigo a um determinado número de pessoas e, portanto, não há que
se falar no crime de incêndio, devendo ser reconhecida a atipicidade da
conduta.

c. DA EMBRIAGUEZ COMPLETA

Júlio se embriagou por circunstâncias alheias a sua vontade, pois o


proprietário do bar, sem que o acusado soubesse, misturou cachaça e deu ao
denunciado, que misturado com o remédio que vinha tomando gerou a
embriaguez completa. Desse modo, deve ser reconhecida a excludente de
culpabilidade, tendo em vista que decorreu de caso fortuito, nos termos do
artigo 28, §1º do Código Penal.

d. DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE

Na segunda fase da dosimetria da pena, o magistrado reconheceu a


agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea “b” do Código Penal.
Entretando, a agravante deve ser afastada, pois não há comprovação de que o
réu tinha intenção de assegurar a impunidade de outro crime.

e. DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA

O réu confessou a prática do delito e, portanto, faz jus a atenuante da


confissão espontânea, prevista no artigo 65, inciso III, alínea “d” do Código
Penal.

f. DA REINCIDÊNCIA
O magistrado reconheceu a reincidência do acusado. Contudo, a
agravante não deve prosperar, pois fato posterior ao crime julgado não pode
gerar maus antecedentes. Nesse sentido, a defesa requer a aplicação da pena
base no mínimo legal.

g. DO REGIME INICIAL ABERTO

Tendo em vista que o réu não é reincidente e que a pena é menor de 4


anos, requer-se a fixação do regime inicial aberto, nos termos do artigo 33, §2º,
alínea “c” do Código Penal.

h. DA PENA RESTRITIVA DE DIREITO

O crime praticado não foi cometido mediante violência e grave ameaça a


pessoa. Além disso, a pena imputada não é superior a 4 anos, razão pela qual
requer-se a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito,
na forma do artigo 44, inciso I do Código Penal.

4. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A nulidade de oitiva das vítimas; na forma do artigo 564, inciso IV do


Código de Processo Penal;
b) O reconhecimento da atipicidade da conduta;
c) O reconhecimento da exclusão da culpabilidade, nos moldes do artigo
28, §1º do Código Penal;
d) Afastamento da agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea “b” do
Código Penal;
e) O reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, conforme
artigo 65, inciso III, alínea “d” do Código Penal;
f) O afastamento da reincidência e a fixação do regime inicial aberto, nos
exatos termos do artigo 33, §2º, alínea “c” do Código Penal;
g) Da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito,
nos termos do artigo 44, inciso I do Código Penal;
h) A absolvição do acusado, na forma do artigo 386, inciso III do Código
Penal;
i) Conhecimento e provimento do recurso para reformar a sentença
condenatória e absolver o apelante.

Nesses Termos,

Pede e espera deferimento.

Local..., 18 de julho de 2022.

ADVOGADO

OAB

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