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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DACOMARCA

DE FLORIANÓPOLIS-SC.

JÚLIO, já qualificado nos autos de ação penal que lhe move o Ministério Público,
vem, por intermédio de sua advogado que infra subscreve, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência,irresignado com a sentença condenatória de três
anos e oito meses dereclusão, interpor, tempestivamente

RECURSO DE APELAÇÃO

com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código deProcesso Penal. Requer


que, após o recebimento destas, com as razões inclusas, ouvida a parte contrária,
sejam os autos encaminhados ao EgrégioTribunal, onde serão processados e provido o
presente recurso.

Termos em que,

pede e aguarda deferimento.

Florianópolis, 18 de Julho de 2022

XXXXX
Advogado
OAB/SC XXXX
EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA-SC.

Recorrente: Júlio
Recorrida: Ministério Público
Autos de origem n.: 000000000000000
RAZÕES DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal, Colenda Câmara inclitos julgadores

I.DOS FATOS

No dia 04 de março de 2019, Júlio, insatisfeito com a falta de ajuda de sua mãe no
tratamento que vinha fazendo contra dependència quimica, decide colocar fogo no imóvel
da familia em fazenda localizada longe do centro da cidade, Para tanto, coloca gasolina na
casa, que estava desabitada, e acende um fósforo, sendo certo que o fogo gerado destruiu
de maneira significativa o imóvel, que era completamente afastado de outros imóveis, e,
como ninguém costumava passar pelo local, o crime demorou algumas horas para ser
identificado.

Júlio foi localizado, confessou a prática delitiva e, realizado exame de alcoolemia, foi
constatado que se encontrava completamente embriagado, sem capacidade de
determinação do caráter ilicito do fato, em razão de situação não esperada, já que ele
solicitou uma água com gás e limão em determinado bar, mas o proprietário, sem que Júlio
soubesse, misturou cachaça na bebida, que ingerida junto com o remédio que vinha
tomando para combater a dependência química, causou sua embriaguez Fol, ainda,
realizado exame de local, constando da conclusão que o imóvel foi destruido, havendo
prejuízo considerável aos proprietários, mas que não havia ninguém no local no momento
do crime e nem outras pessoas ou bens de terceiros a serem atingidos.
II. PRELIMINARMENTE

DA NULIDADE DA OITIVA DE TESTEMUNHA

No caso em tela, vemos que a produção antecipada de provas pelo magistrado se


torna nula, pois a simples alegação de esquecimento não é justificada para antecipação das
mesmas.

magistrado determinou a produção antecipada da prova simplesmente porque a data


da audiência de instrução e julgamento estava longe sem qualquer fato concreto a indicar o
risco de perecimento, da prova

O Superior Tribunal de Justiça, expressa produção antecipada, por meio da súmula


455: limita o uso da

A decisão que determina a produção antecipada de provas com base


no art. 365 do CPP deve ser concretamerite fundamentada, não a
justificando unicamente o mero decurso do tempo

Conforme explana Romulo Moreira citado por Renato Marcão (2021):

A observância do contraditório é de rigur, sob pena de a prova ser


considerada llicita isto quer dizer que poderi ammparado o acusado
de produções em desacordo com a lel, sendo elas contidas de vioos
nulas

Dessa forma, resta demonstrado a ofensa do principio do contraditório e ampla


defesa, dando causa a nulidade suscitada no artige 564, IV do Código de Processo Penal.
Conforme consolidado pelo Supremo. Tribunal Federal, na súmula 523

Na processo penal, a falta da defesa constitu nulidade absoluta, mas


a sua deficiència só o anulara se houver prova de prejuízo para o
reu", no caso em fela, totalmente explícito tal nulidade
III-DO MERITO

III.I DA ATIPICIDADE DA CONDUTA

Na situação apresentada, Júlio colocou fogo em um imóvel isolado, sendo


constatado na pericia que não havia pessoas ou bens de terceiro nas proximidades para
serem atingidos. Em tese, a conduta de Júlio poderia configurar, no máximo, crime de dano.
Ademais, ainda que reconhecida a tipicidade, deveria Júlio ser absolvido em razão da
inimputabilidade.

III.II DA EMBRIAGUEZ

O réu somente ficou embriagado em razão de erro daquele que lhe serviu bebida, que
colocou álcool apesar do pedido apenas de água, sendo certo que foi a mistura da bebida
não solicitada com um remédio que causou a embriaguez do agente, que não pode ser
considerada culposa ou voluntária.

Assim, sua constatada sua embriaguez neste sentido exposto, que é totalmente decorrente
de caso fortuito ou força malor, que gerou assim uma total incapacidade de discernimento
do agente, do que era lícito ou ilícito, tornando o incapaz de raciocinar de forma "normal".
como uma pessoa sóbria, e ainda, deixando o agente sem entendimento. normal da
realidade de fato ou algo ficticio tem o agente a isenção de pena conforme o Artigo 28 do
Código Penal, em seu § 1º, vejamos:

Art. 28- não excluem a imputabilidadie penal

l- E insento de pena o agente que, por embriaguez completa,


proveniente de caso fortuito ou força maior a era, ao tempo da ação
da omissão, inteiramente incapaz lhe entender a caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Assim, afasta então a culpabilidade, sequer é necessária a aplicação de medida de


segurança, já que a inimputabilidade foi apenas momentânea.

III.III SANSÃO

No momento de aplicar a pena base, equivocou-se o magistrado, tendo em vista que o fato
que justificou a condenação definitiva de Júlio por tráfico ocorreu antes da suposta prática
do crime de incêndio, logo não pode ser considerado maus antecedentes.

Ainda, é necessário o afastamento da agravante por não haver a ocultação ou vantagem de


algum outro ilícito no delito, bem como de que, o que foi utilizado apenas causou perigo
comum (já era elementar do tipo), uma vez que o crime de incêndio é classificado como
crime de perigo comum.
III.IV DA ATENUANTE

O agente confessou de forma espontânea o delito cometido, assim, temos que a


circunstância atenua sua pena, nos termos do artigo 65. do Código penal, abaixo transcrito:

Art. 65- Sáo circunstâncias que sempre atenuam a pena

lll- ter o agente

d) confessado espontaneamente perante autoridade, a autoria do crime,

Aplicada a pena no minimo legal, deveria ter sido fixado o regime inicial aberto para
cumprimento da pena, conforme Art. 33, § 2º, alinea c. do CP:

Art. 32- A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,


semi-aberto ou aberta. A de detenção, em regime sen/aberto, su aberto,
salvo necessidade de transferência a regime fechado.

§ 2⁰ As pernas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma


progressiva, segundo a mérito do condenada, observadini os seguintes
critérios e ressalvadas as hipoteses de transferéncia a regime mais rigoreso:

C) condenado não reincidente, cuja pena seja igual pe inferior a 4 (quatro)


anos, poderá, desde e inicie cumpri-la em regime aberto.

Bem como seria possivel a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, nos termos do Art. 44 do CP:

Art. 44. As penas restritivas de direitos sâu autónomas e substituem as


privativas de liberdade quando

l- aplicada pena privativa de liberdade não superior quatro anos e o crime


não for cometido com violência Ou grave ameaça à pessoa ou qualquer que
saja a pena aplicada, se o crime ffar culpasa
IV-DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) Reconhecimento de nulidade na oitiva das vítimas;

b) Absolvição do crime de incêndio em razão da atipicidade da conduta;

c) Absolvição do crime de incendio em razão da ausência de culpablidade:

d) Aplicação da pena base no minimo legal, tendo em vista. que não há fundamento para
reconhecimento de maus antecedentes:

e) Afastamento da agravante reconhecida na sentença: Reconhecimento da atenuante da


confissão espontânea;

g) Aplicação do regime inicial aberto para cumprimento da pena;

h) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Termos em que,

pede e aguarda deferimento.

Florianópolis, 18 de julho de 2022.

XXXXX
Advogado
OAB/SC XXXX

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