Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DA COMARCA DE XXXXXXXXXXX
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Assim, Caio, no dia 24 de maio de 2010, dirigiu-se ao restaurante adquirido por José
com seu dinheiro emprestado e o cobrou, utilizando-se de uma arma de fogo para
tanto e exigindo a quitação da dívida ou o pagamento com a própria vida. Diante
desse fato, José, assustado, contactou a polícia que não conseguiu localizar Caio.
Após levar os fatos à delegacia de polícia, houve a abertura de inquérito policial para
apurar as circunstâncias do ocorrido e, posteriormente, a denúncia pelo crime de
extorsão qualificada pelo emprego de arma de fogo, após a confirmação do
ocorrido em sede de investigação policial. Recebida a denúncia, houve a citação no
dia 18 de janeiro de 2011, pelo juízo da 5ª Vara Criminal, depois de extrapolado o
prazo de 6 (seis) meses entre a identificação de Caio e o início da ação penal.
1
II. PRELIMINARES
Vejamos:
Conforme supracitado, a conduta de Caio subsome ao artigo 345, que prevê a pena
de detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Dessa forma, é considerado um
crime de menor potencial ofensivo e, em consonância com o artigo 61 da Lei nº
9.099/95, deve ser processado sob o rito do Juizado Especial Criminal -
JECRIM, como segue:
Assim, os atos devem ser considerados nulos, uma vez que esse rito não
considera institutos despenalizadores como a transação penal e composição civil
dos danos antes do oferecimento da denúncia. O que revela a ausência das
formalidades essenciais do processo.
III. MÉRITO
3.1 Da decadência
Nos crimes que se procede mediante Ação Penal Pública de Iniciativa Privada,
extingue-se a punibilidade pela decadência (artigo 107, inciso IV do Código Penal).
De modo que o ofendido ou seu representante legal decairá no direito de queixa ou
de representação se não a exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contados a
partir do conhecimento da autoria do crime (artigo 38 do Código de Processo Penal).
Extinção da punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
3
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito,
nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a
admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. (Grifo
não original).
Em análise dos autos, verifica-se que a conduta do réu foi classificada no ilícito
penal previsto no artigo 158 do Código Penal, que exige para tipificação o ato de
“constranger alguém [...] com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
5
vantagem econômica”. Tal enquadramento não passa de um equívoco, porquanto o
réu não constrangeu José a fim de obter “indevida vantagem econômica”, mas
desejava tão somente reaver o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) que
emprestou legalmente e imbuído de boa-fé objetiva.
Vejamos:
Dessa forma, caso Vossa Excelência entenda que se trata de fato típico, ilícito e
culpável, requer a desclassificação do crime para o tipo penal previsto no
artigo 345 do Código Penal, com arrimo no artigo 419 do Código de Processo
Penal.
IV. PEDIDOS
Pede deferimento.
Rol de testemunhas:
1. Testemunha primeira;
2. Testemunha segunda;
3. Testemunha terceira;
4. Testemunha quarta.