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24/08/2019 (Modelo) Contrarrazões ao recurso de apelação - caso prático faculdade - Penal.

jusbrasil.com.br
24 de Agosto de 2019

(Modelo) Contrarrazões ao recurso de apelação - caso


prático faculdade - Penal.

Peça autoral: Fernanda Carina N. M. Eickhoff e Everton Eickhoff

(Modelo) Contrarrazões ao recurso de apelação - caso


 prático faculdade - Penal..docx FAZER DOWNLOAD

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (JUÍZA) DE


DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE...

Processo nº ___.

LUCIANA SANTOS, nacionalidade__, estado civil__, profissão__,


atualmente desempregada, residente e domiciliada na Rua Pará, nº 20,
bairro__, Município__, Estado__, por seu advogado, que esta
subscreve (procuração anexa), com escritório profissional nesta
Comarca, no endereço__, e-mail__, vem respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 600 do Código de Processo
Penal, ofertar suas CONTRARRAZÕES ao recurso de Apelação
interposto pelo Ministério Público, consubstanciado nas razões anexas,
requerendo o normal processamento da presente e posterior remessa
ao tribunal ad quem.

Termos em que, pede deferimento.

Local, 05 de abril de 2017.

Advogado
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OAB/UF

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

APELANTE: Ministério Público

APELADA: Luciana Santos

PROCESSO Nº...

ORIGEM...

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Nobres Julgadores.

Cuida-se de apelação interposta pelo Ministério Público, não se


conformando com a r. sentença proferida às fls__, que condenou a
apelada a uma pena de 02 (dois) anos de reclusão que, nos termos dos
artigos 43 e 44, incisos I, II, II e § 2º, todos do Código Penal, foi
substituída por 02 (duas) penas restritivas de direitos (prestação
pecuniária e prestação de serviços à comunidade).

Entretanto, não merece acolhida o apelo do Ministério Público, tendo


em vista o acerto da decisão monocrática que decidiu da forma acima
exposta, conforme passaremos a expor, nas linhas que seguem.

I. DOS FATOS

A apelada foi denunciada pelo crime de roubo, pois, segundo a


acusação, teria subtraído mediante violência uma bolsa de grife
internacional da vítima Joana Rocha no dia 22 de agosto de 2016 por
volta das 21h40min.

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Após a fase instrutória, sobreveio a sentença condenatória, na qual o D.
Magistrado de primeira instância, entendeu que sera caso de
desclassificação da imputação formulada na denúncia, em atendimento
a pedido nesse sentido, formulado pela defesa em sede de alegações
finais.

Desse modo, a apelante foi condenada a uma pena de 02 (dois) anos de


reclusão que, nos termos dos artigos 43 e 44, incisos I, II, II e § 2º,
todos do Código Penal, foi substituída por 02 (duas) penas restritivas
de direitos (prestação pecuniária e prestação de serviços à
comunidade).

Ocorre que, o órgão acusador não se conformando com a respeitável e


acertada decisão, apresentou recurso de apelação requerendo a
reforma da decisão, para que seja mantida a classificação do delito de
roubo e, em decorrência disso, a apelante seja condenada à pena de
reclusão de 05 anos.

II. PRELIMINARMENTE. INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO DE


APELAÇÃO

Conforme preconiza o artigo 593 do Código de Processo Penal, “caberá


apelação no prazo de 5 (cinco) dias”.

Assim, tendo em vista que o Ministério Público foi intimada e recebeu


os autos em carga no dia 16/04/2017 (quinta feira), verifica-se que o
decurso do quinquídio legal expirou 21/04/2017, afigurando-se
intempestivo, pois, o presente recurso inominado, interposto somente
em 22/04/2007, consoante autenticação de recebimento à fl...

Vale lembrar que, no processo penal, além de não haver prazos em dias
úteis (mas sim em dias corridos), a contagem do prazo se inicia com o
ato em si (seja ele de citação, intimação ou publicação) e não com a
juntada aos autos do respectivo mandado, nos termos do art. 798, § 5º
a do CPP.

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Além disso, de acordo com a jurisprudência pátria, no processo penal,
o Ministério Público não possui prazo em dobro para recorrer e/ou
contrarrazoar. Vejamos:

“AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.


PENAL E PROCESSUAL PENAL. INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO
INTERNO APÓS O PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS PREVISTO NO ART.
258 DO REGIMENTO INTERNO DO STJ. PRAZO EM DOBRO PARA
O MINISTÉRIO PÚBLICO EM MATÉRIA PENAL. INEXISTÊNCIA.
PRAZO SIMPLES CONTADO DA ENTREGA DO ARQUIVO
ELETRÔNICO. PRECEDENTES.I - O entendimento pacífico desta
Corte Superior é no sentido de que o Ministério Público, em matéria
penal, não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais
em dobro. II - No caso dos autos, a intimação ocorreu com a entrega
do arquivo digital contendo cópia do processo eletrônico em
17⁄08⁄2012 e o Agravo Interno foi protocolado somente em 27⁄08⁄2012,
extrapolando o quinquênio legal, previsto no art. 258 do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça. III - Agravo Regimental não
conhecido.” (STJ – AgRg nos Embargos de Divergência em REsp nº
1.187.916-SP – Relatora Ministra Regina Helena Costa – dj.
27/11/2013).

Isto posto, pela evidente intempestividade da peça recursal


apresentada pelo Ministério Público, requer o acolhimento da
preliminar de intempestividade arguida, deixando de conhecer o
recurso de apelação interposto, condenando ainda a recorrente em
honorários advocatícios de 20% (vinte por cento) sobre o valor da
condenação, consoante o art. 55 da Lei nº 9.099/95.

Caso não seja este o entendimento dos Ilustres Magistrados, e tendo


em vista o princípio da oportunidade, requer que seja analisado o
mérito, abaixo aduzido.

II. DO MÉRITO

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Para se se definir qual delito efetivamente praticado pela apelada,
como já fora dito em outras ocasiões, é fundamental a análise do
elemento subjetivo de sua conduta, que levará ao entendimento de que
fora acertada a desclassificação da imputação formulada, para o delito
de furto simples.

Excelências, em verdade, a ação da acusada foi dirigida à coisa (bolsa


da vítima) e não à pessoa, como requer o núcleo do delito penal em
vertente.

O crime de furto, previsto no artigo 155 do Código Penal, é aquele cuja


ação incriminada consiste em subtrair coisa (tirar, retirar, surrupiar,
tirar às escondidas), subordinando-a ao seu poder de disposição.
Embora a clandestinidade seja, em regra, elemento inerente à
subtração, não é elemento constitutivo do tipo penal, uma vez que a
referida subtração pode ocorrer de forma manifesta.

Contudo, para a concretização dessa infração penal é insuficiente que o


agente subtraia coisa alheia móvel, sendo indispensável que o faça,
para si ou para outrem e que a coisa subtraída seja alheia. Desta forma,
a tipificação do crime de furto materializa-se com a subtração da coisa
móvel, pertencente a outrem, orientada pela intenção do agente do
assenhoramento, próprio ou de terceiros.

O crime de roubo, por sua vez, durante muito tempo foi tratado como
se fosse uma espécie de furto qualificado pelo emprego de violência ou
grave ameaça contra a pessoa (furto violento), haja vista que ambos
tratam da subtração de coisa alheia móvel. Entretanto, com o advento
do Código Penal em vigor, recebeu um tipo penal próprio (artigo 157).

Neste, a ação incriminadora também é a de subtrair para si ou para


outrem coisa alheia móvel. Entretanto, ao contrário do furto, aqui tal
subtração é realizada mediante grave ameaça ou violência à pessoa ou,
ainda, depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência.

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A violência elemento estrutural do crime de roubo é distinta da
violência do furto qualificado (art. 155, § 4º, inciso I do Código Penal).
Neste, a violência é empregada contra a coisa, ao passo que no
primeiro, a violência ocorre sobre a pessoa. Ou seja, exige-se que a
violência seja empregada contra a vítima.

Logo, o termo “violência” significa a força física, material, com a


finalidade de vencer a resistência da vítima. Não é indispensável que a
violência empregada seja irresistível, bastando que seja idônea para
coagir a vítima, colocá-la em pânico, amedrontá-la, suficiente, enfim,
para minar sua capacidade de resistência.

Assim, nos casos em que ocorre a subtração mediante violência


exclusiva sobre a coisa (subtração “por arrebatamento” ou caso dos
“cavalos doidos”), isto é, quando a vítima não sofre lesão corporal em
decorrência da ação de arrebatar a coisa, o crime será o de furto.

Isso porque, a finalidade do agente ao esbarrar na vítima, visando


arrebatar-lhe os bens, não é intimidá-la para levar a efeito a subtração,
ao contrário do que ocorre com o crime de roubo, no qual a violência é
empregada pelo agente com a finalidade de subjugar a vítima,
permitindo-lhe, com isso, a subtração dos bens que lhe pertencem.
Logo, havendo comprometimento da integridade física da vítima (lesão
corporal), o delito será o de roubo.

Vejamos os seguintes entendimentos jurisprudenciais:

“EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO. DESCLASSIFICAÇÃO


PARA FURTO. IMPOSSIBILIDADE. EMPREGO DE VIOLÊNCIA
CONTRA A PESSOA. APLICAÇÃO DA PENA. AVALIAÇÃO DAS
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DO ARTIGO 59 DO CÓDIGO PENAL.
RAZOABILIDADE. CONFISSÃO PARCIAL. ATENUANTE
CONFIGURADA. A subtração da coisa por arrebatamento, que
poderia induzir à desclassificação do delito de roubo para o crime de
furto, só pode ser admitida quando a violência é empregada

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exclusivamente contra a coisa, sem ensejar risco à integridade física
da vítima (...)” (TJMG – Apelação Criminal nº 0094296-
73.2015.8.13.0479 – Rel. Des. Júlio César Gutierrez – dj. 06/07/2016).

“EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO SIMPLES.


ARREBATAMENTO. VIOLÊNCIA CONTRA A COISA.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO
DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. PRIVILÉGIO.
RECONHECIMENTO. REDIMENSIONAMENTO PENA.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL VERIFICADA.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 1. Se a violência foi empregada
contra o objeto e não contra a pessoa e inexiste prova de lesões na
vítima, a desclassificação do roubo para o furto na modalidade de
arrebatamento se impõe (...)” (TJMG – Apelação Criminal nº 1223772-
96.2011.8.13.0024 – Rel. Des. Marcílio Eustáquio Santos – dj.
21/01/2016)

Além disso, não há nos autos qualquer prova que indique que a ré
tenha empregado violência contra a ofendida, até porque não há
nenhuma menção na denúncia a respeito do exame de corpo de delito
que deveria ter sido realizado.

A respeito, deve-se observar o disposto nos artigos 158 e 159 do CPP.


Vejamos:

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o


exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras
perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de
curso superior.

§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas)


pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação

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técnica relacionada com a natureza do exame. § 2o Os peritos não
oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo.

§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação,


ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e
indicação de assistente técnico.

§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e


após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos
oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,


quanto à perícia:

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para


responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas
em laudo complementar;

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em


prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.

§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que


serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão
oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial,
para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.

§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de


conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de
um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.

Portanto, conclui-se que é caso de rejeição das teses da acusação, pois


houve perfeita adequação entre fato concreto e a descrição legal do
artigo 155 do Código Penal, tal como decidiu, de forma inelutável, o D.
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Magistrado a quo.

IV. DO PEDIDO

Posto isso, espera a apelada seja NEGADO o conhecimento do


recurso de apelação ante a intempestividade de sua
interposição.

Caso, superada a preliminar arguida, no mérito, seja negado


provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público,
por medida de direito e justiça.

Termos em que, pede deferimento.

Local, 05 de abril de 2017.

Advogado

OAB/UF

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