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Curso de Preparação

Para o Exame de Agregação à Ordem dos Advogados

- Módulo de Práticas Processuais Penais –

Formador: César Sousa

Advogado
CASO PRÁTICO 1

Considere os seguintes dados:

1 – Encontra-se a correr inquérito contra António pela suspeita da prática de crime de furto
qualificado de objeto transportado em viatura, objeto esse de valor não diminuto;
2 – O António foi submetido a reconhecimento e não foi identificado, a única testemunha dos factos
apenas refere que o viu com outros suspeitos naquele dia perto da viatura e o António em 1.º
interrogatório não judicial remeteu-se ao silêncio, não prestando declarações;
3 – O António já tem antecedentes criminais pela prática de crime da mesma natureza;
4 – O Ministério Público convoca o António para interrogatório complementar e propõe uma
suspensão provisória de processo, mediante as seguintes condições: confissão dos factos, mostrar
arrependimento e prestar 100 horas de trabalho a favor da comunidade.

Questão: Como Advogado(a) de António, o que aconselharia?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 1

1. Descrição do tipo de crime – 202º alínea c), 204º nº1 alínea b) e n.º 4 CP;
2. Requisitos da suspensão provisória de processo – 281º CPP;
3. Regras dos interrogatórios de arguido em liberdade: 144º e 141º CPP;
4. Proposta de conselho: não aceitar a suspensão provisória de processo.
CASO PRÁTICO 2

António tem uma discussão na via pública com Bento, na qual aquele se dirige a este como
“palerma”, “filho da puta” e “aldrabão”, na presença de vários transeuntes. Imagine que, passados
10 dias, Bento o consulta, comunica-lhe os factos ocorridos e manifesta a vontade de que António
seja objeto de procedimento penal pelos mesmos, conferindo-lhe mandato judicial para o
representar.

Questão: Como Advogado(a) de Bento, como deverá proceder com vista a abertura do
procedimento pretendido?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 2

1. Apresentar queixa pelo crime de injúria – 181º nº1 CP;


2. Crime particular em sentido estrito, dependente de queixa, constituição como assistente e
acusação particular (futura), excepção à regra geral da oficialidade/ princípio da oficialidade –
188º nº1 CP, 48º CPP, 50º CPP;
3. Apresentação de queixa: Legitimidade de Bento, como ofendido (titular dos interesses que a lei
especialmente quis proteger) – 113º nº1 CP;
4. Prazo de 6 meses (em curso, no caso) – 115º nº1 CP;
5. Apresentação directa por Bento ou subscrita pelo Mandatário Judicial (o mais provável neste
caso) – 50º nº3 e 49º nº3 CPP;
6. Requerimento de constituição de assistente do Bento, que é obrigatória, conjuntamente com a
queixa – 68º nº 1, a) e 246º nº 4 CPP;
7. Constituição de Mandatário, que é obrigatória – 70º nº 1 CPP;
8. Só com a reunião destes pressupostos se mostram ultrapassados os obstáculos à abertura de
inquérito – 262º nº 2 CPP;
CASO PRÁTICO 3

Estamos perante o momento processual adequado para a constituição de assistente de Bento.

Questão 1: Além dos aspetos referidos na resposta ao Caso 2, quais os que deverá ter em
atenção para a constituição de assistente?
Questão 2: Redija o requerimento de constituição de assistente;
Questão 3: Onde e como remeteria este requerimento?
Questão 4: Qual a tramitação processual do requerimento apresentado?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 3

Questão 1: Pagamento da taxa de justiça - 519º CPP e 8º RCP;


Questão 2: Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - Serviços do Ministério Público
1ª Secção do DIAP
Processo: XX
Exmo. Senhor Juiz de Instrução
B, Ofendido nos autos à margem referenciados, vem ao abrigo do disposto no artigo 68º n.º1 al. a)
e b) do CPP, requerer respeitosamente a V.ª Ex.ª a sua constituição como Assistente, por para
tanto estar em tempo, ter legitimidade, estar representada por Advogado e ter liquidado a taxa de
justiça devida – artº 70º e 519º CPP e 8º RCP.
Junta: Procuração Forense, DUC, comprovativo de pagamento de taxa de justiça e Duplicados
Legais.
O Advogado,
Questão 3: Na secção do Mº Pº onde se encontrasse a correr o processo, pessoalmente, por via
postal, por fax (envio do original pelas outras vias) ou por email
Questão 4: Audição do Arguido e do MP e despacho do JIC onde a constituição é ou não deferida –
68º nº 4 e nº 5 CPP.
Alguma Jurisprudência Fixada pelo STJ respeitante a Assistentes:

Acórdão nº 3/2015
«O prazo de 20 dias para o assistente requerer a abertura de instrução, nos termos do artigo 287º,
nº 1, alínea b), do Código de Processo Penal, conta-se sempre e só a partir da notificação do
despacho de arquivamento proferido pelo magistrado do Ministério Público titular do inquérito ou
por quem o substitua, ao abrigo do artigo 277º do mesmo código, não relevando para esse efeito a
notificação do despacho do imediato superior hierárquico que, intervindo a coberto do artigo 278º,
mantenha aquele arquivamento». Manuel Braz (Relator)
DR, 56, Série I, 2015-04-20
Acórdão nº 12/2016
«Após a publicação da sentença proferida em 1.ª instância, que absolveu o arguido da prática de
um crime semipúblico, o ofendido não pode constituir-se assistente, para efeitos de interpor
recurso dessa decisão, tendo em vista o disposto no art. 68.º, n.º 3, do CPP, na redacção vigente
antes da entrada em vigor da Lei 130/2015, de 04-09». Isabel São Marcos (Relatora)
DR, 191, Série I, 2016-10-04
Acórdão nº 15/2016
«Nos termos do art.º 70.º, n.º 1, do CPP, o ofendido que seja advogado e pretenda constituir-se
assistente, em processo penal, tem de estar representado nos autos por outro advogado». Souto de
Moura (Relator)
DR, 233, Série I, 2016-12-06
CASO PRÁTICO 4

António tomou conhecimento de que Bento, seu filho, com que se mostrava desavindo algum
tempo, na sequência de uma visita de cortesia à mãe, aproveitando uma ausência de António da
habitação, furtou-lhe um aparelho de DVD, no valor de € 100,00. Imagine que, passados 10 dias,
Bento o consulta, comunica-lhe os factos ocorridos e manifesta a vontade de que António seja
objeto de procedimento penal pelos mesmos, conferindo-lhe mandato judicial para o representar.

Questão: Como Advogado(a) de Bento, como deverá proceder com vista a abertura do
procedimento pretendido?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 4

1. Apresentar queixa pelo crime de furto – 203º nº1 CP;


2. Crime particular em sentido estrito, dependente de queixa, constituição como assistente e
acusação particular (futura), excepção à regra geral da oficialidade/ princípio da oficialidade –
207º nº1, a) CP, 48º CPP, 50º CPP;
3. Apresentação de queixa: Legitimidade de António, como ofendido (titular dos interesses que a
lei especialmente quis proteger) – 113º nº1 CP;
4. Prazo de 6 meses (em curso, no caso) – 115º nº1 CP;
5. Apresentação directa por António ou subscrita pelo Mandatário Judicial (o mais provável neste
caso) – 50º nº3 e 49º nº3 CPP;
6. Requerimento de constituição de assistente do António, que é obrigatória, conjuntamente com
a queixa – 68º nº 1, a) e 246º nº 4 CPP;
7. Constituição de Mandatário, que é obrigatória – 70º nº 1 CPP;
8. Só com a reunião destes pressupostos se mostram ultrapassados os obstáculos à abertura de
inquérito – 262º nº 2 CPP;
CASO PRÁTICO N.º 5

António foi detido em flagrante delito enquanto roubava o automóvel de Bernardo, quando este
circulava com o veículo na via pública.

Questão 1: Que diligência processual se seguirá à detenção, com que particularidades e


qual(ais) a(s) finalidade(s) da mesma?

Questão 2: António vem a ser acusado pela prática de um crime de roubo. Inconformado
pretende reagir. Que iniciativa poderá António adotar, em que prazo e sob que formalismo?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 5

Questão 1:
1. Flagrante Delito ‐ 256º nº1 CPP ;
2. Constituição de Arguido – 58º nº1 c) CPP;
3. Finalidade é apresentar o detido a primeiro interrogatório judicial, a iniciar no prazo máximo
de 48 horas – 254º nº1 a) CPP;
4. Primeiro interrogatório do Arguido detido ‐ 141º CPP;
5. Ouvido por Juiz de Instrução Criminal e não por Ministério Público como seria norma se não
estivesse detido ‐ 141ºnº1 CPP vs 144º nº1 CPP;
6. Com assistência obrigatória de Defensor e não facultativa como seria norma se não estivesse
detido - 141º nº2 CPP e 64º nº1 a) vs 144º nº4 CPP e 61 nº1 f);
7. Objetivo é a validação da detenção e aplicação das medidas de coação ‐ 194º nº2 e nº 3 CPP;

Questão 2:
1. Arguição de nulidade no prazo de 5 dias – 120º nº3, al. c) CPP –
2. Requerimento de abertura de instrução no prazo de 20 dias a contar da notificação da acusação –
287º nº1 CPP.
CASO PRÁTICO 6

António é agredido por Bento na via pública e, em resultado dessa agressão, o António ficou grave e
permanentemente desfigurado no rosto. No decurso do Inquérito, o Ministério Público, por entender
que o termo de identidade e residência já prestado não era medida suficiente e adequada,
entendeu requerer a medida de coação de obrigação de apresentações diárias, por entender que se
verificava, no caso, o perigo de perturbação do decurso do inquérito. Ouvido o arguido, na presença
do seu defensor oficioso, o Juiz decidiu aplicar a prisão preventiva, fundamentando o seu despacho.

Questão 1: Poderia o Juiz aplicar a prisão preventiva?

Questão 2: Poderiam ser cumuladas as medidas de coação de TIR já prestado e a requerida pelo Mº
Pº?

Questão 3: Enquanto defensor oficioso do António o que teria de fazer, imediatamente?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 6

Questão 1: O Juiz não poderia aplicar medida mais grave do que a requerida pelo Mº Pº – artº 144º;
194º nº 1, nº 3 e nº 4; 204º, al. b) CPP;

Questão 2: As medidas de coação em causa podiam ser cumuladas – artº 198º nº 2 CPP;

Questão 3:

a) Arguição de nulidade do despacho: art.º 194º nº 1 e nº 2 CPP; artº. 120º nº 1 e nº 2 e nº 3 a)


do CPP. No caso de indeferimento da arguida nulidade, o passo seguinte seria a interposição de
recurso – artº 399º, artº 400º “a contrario” e artº 410º n.º 3 CPP;
b)Interposição de recurso – artº 219º CPP;
c) Requerimento de reapreciação imediata de aplicação da medida – artº 212º, nº 1 a) CPP
CASO PRÁTICO 7

Após o primeiro interrogatório judicial, António ficou a aguardar julgamento em liberdade, sujeito a
termo de identidade e residência e a apresentações diárias na esquadra da PSP da sua área de
residência. Na sequência de uma proposta de trabalho irrecusável, pretende aceitar e ausentar-se
para os Açores.

Questão: Sabendo que até àquela data, mostrando-se excedido o respetivo prazo legal e o
processo se encontrar ainda em fase de inquérito, que conselho daria a António de como
deveria proceder, caso quisesse aceitar a proposta de emprego?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 7

1. Efetuar a comunicação ao MP da alteração da sua residência - 196º nº 3 b) CPP;


2. Suscitar o incidente de aceleração processual - 108º e 109º do CPP;
CASO PRÁTICO 8

Encontrando-se o processo em fase de inquérito e com vista à preparação da defesa do António,


entende que é necessário consultar o processo.

Questão 1: Pode fazê-lo?


Questão 2: Se sim, em que termos?
Questão 3: Na hipótese de oposição do Mº Pº, o que sucederia?
Questão 4: Como redigiria o requerimento?
Questão 5: Pode requerer a confiança do processo?
Questão 6: Se sim, em que termos?
Questão 7: Como redigiria o requerimento?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 8

Questão 1: Sim, pois que o processo não se encontra em segredo de justiça - 89º nº 1 CPP;
Questão 2: Requerimento dirigido ao processo - 89º nº 1 CPP;
Questão 3: Apresentação do requerimento ao JIC para despacho, o qual é irrecorrível - 89º nº 1
CPP;
Questão 4: Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - Serviços do Ministério Público
1ª Secção do DIAP - Processo: XX
F, Advogada, portadora da cédula profissional nº ______________, com domicilio profissional na
Rua ______________, na qualidade de Mandatária do Arguido ____________vem, ao abrigo do
disposto no artigo 89º 1º CPP, requerer a confiança do processo à margem referenciado, por um
período nunca inferior a cinco dias, para exame no seu escritório.
E.D. A Advogada, ;
Questão 5: Sim - 89º nº 4, 86º n.os 1, 4 e 5 CPP;
Questão 6: Requerimento dirigido ao processo - 89º nº 4 CPP;
Questão 7: Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - Serviços do Ministério Público
1ª Secção do DIAP - Processo: XX
F, Advogada, portadora da cédula profissional nº ______________, com domicilio profissional na
Rua ______________, na qualidade de Mandatária do Arguido ____________ vem, ao abrigo do
disposto no artigo 89º 4º CPP, requerer a confiança do processo à margem referenciado, por um
período nunca inferior a cinco dias, para exame no seu escritório.
E.D. A Advogada,
CASO PRÁTICO 9

O juiz, em processo sumaríssimo, notificou um arguido ao abrigo do artº 396º, n.º 1, al. b) do CPP,
imputando-lhe a prática de um crime de desobediência e indicando-lhe a pena proposta pelo
Ministério Público. Tendo sido nomeado defensor oficioso e, após conferência com o arguido, este
decide opor-se à sanção proposta, o que faz no prazo legal e demais condições estabelecidas no artº
396º do CPP.
O MP deduz acusação em processo abreviado.

Questão: Poderá requerer a abertura de instrução?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 9

Questão : Não. Não há lugar a instrução nos processos especiais - artº 286º n.º 3 do CPP.
CASO PRÁTICO 10

Recebendo a acusação pelo crime do artº 203º do CP, o Tribunal aplica a medida de coação de
obrigação de permanência na habitação. António pretende reagir contra o despacho que
recebeu a acusação e contra a medida de coação que lhe foi aplicada.

Questão 1: António podia recorrer quer do despacho que designou dia para julgamento quer do que
lhe fixou a medida de coação?
Questão 2: Que tipo de requerimento de interposição de recurso deveria António fazer apresentar
se pretendesse atacar a legalidade da medida de coação?
Questão 3: Qual o regime de subida, os efeitos e possíveis despacho(s) antes de remessa ao
tribunal superior?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 10

Questão 1:

a) Do despacho que designou dia para julgamento não poderia recorrer – artº 399º “à contrário” e
313º, n.º 4 CPP;
b)Do despacho que lhe fixou a medida de coação podia recorrer - artº 399º CPP;

Questão 2: Requerimento de recurso dirigido ao Tribunal da Relação – artº 399º, 432º “à


contrario”, artº 427º CPP;

Questão 3:

a) Regime de subida: Imediata – artº 407º 2 al. c) CPP - , em separado, com pedido de certidão
para instruir recurso – artº 406º nº 2 CPP - sem efeito suspensivo – artº 408.º “à contrário”
CPP;
b) O juiz que proferiu a decisão, antes de remessa ao Tribunal de Recurso, terá de atender ao artº
414º CPP, nomeadamente, o previsto no nº 1, isto é, proferir despacho e, em caso de admissão,
fixar o efeito e regime de subida e no n.º 4, ou seja, sustentar ou reparar a decisão (não é
obrigatório).
CASO PRÁTICO 11

Os autos prosseguiram para julgamento, tendo sido proferido despacho a admitir a acusação e a
designar o dia 27 de Setembro de 2017, às 9 horas e 30 minutos, para realização da audiência de
julgamento, notificado ao arguido por via postal simples, com depósito no dia 31 de Maio de 2017 e
ao(à) mandatário(a) por via postal registada, enviada em 29 de maio de 2017.

Questão 1: Quando se consideram notificados?

Questão 2: Qual a peça processual que poderia ser elaborada?

Questão 3: Quando terminará o respetivo prazo?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 11

Questão 1: O arguido considera-se notificado no dia 05 de junho de 2017 e o(a) mandatário(a) no


dia 01 de Junho de 2017 - art.º 113º, n.º 1, alíneas b) e c), n.ºs 2, 3 e 9 parte final CPP.

Questão 2: A peça processual é a contestação e rol de testemunhas, no prazo de 20 dias – artº 315º
nº 1 CPP;

Questão 3:

a) O prazo para a respetiva apresentação terminaria no dia 26 de Junho de 2017 – artº 113º n.º
10 CPP;
b) Regra da continuidade dos prazos - art.º 138º do CPP aplicável ex vi do art.º 104º, n.º 1 do
CPP
c) Da possibilidade da prática do ato processual em causa nos 3 dias úteis subsequentes ao termo
do prazo normal – artº 107º nº 5 e artº 107-A CPP (deverá fazer-se uma interpretação
atualizada da norma em que a remessa é para o atual artº 139º nº 5 do CPC) – o ato poderia
assim ser praticado até ao dia 29 de junho de 2017.
CASO PRÁTICO 12

Suponha que no mesmo processo, existe um preso preventivo que se considera notificado no dia 30
de junho de 2017 do despacho a admitir a acusação e a designar o dia 27 de Setembro de 2017, às 9
horas e 30 minutos, para realização da audiência de julgamento.

Questão: Quando terminará o respetivo prazo para a apresentação da sua peça processual
subsequente?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 12

Questão:

a) A peça processual é a contestação e rol de testemunhas, no prazo de 20 dias – artº 315º nº 1


CPP;
b) A notificação que releva para a contagem do prazo é a deste arguido, dado que foi efetuada em
último lugar- art.º 113º, n.º 13 e artº 114º CPP;
c) Regra da continuidade dos prazos - art.º 138º do CPC aplicável ex vi do art.º 104º, n.º 1 do
CPP;
d) Processo urgente, correndo o prazo em férias – artº 103º nº 1 e nº 2 al. a) CPP; artº 104º nº1
e nº 2 CPP e artº 138º nº 1 do CPC ex vi do artº 104 CPP;
e) O prazo, para todos os arguidos, terminaria a 20 de julho de 2017;
f) Da possibilidade da prática do ato processual em causa nos 3 dias úteis subsequentes ao termo
do prazo normal – artº 107º nº 5 e artº 107-A CPP (deverá fazer-se uma interpretação
atualizada da norma em que a remessa é para o atual artº 139º nº 5 do CPC) – o ato poderia
assim ser praticado até ao dia 25 de julho de 2017.
CASO PRÁTICO 13

No dia designado para início da audiência de discussão e julgamento, o Arguido, regularmente


notificado para o efeito, não compareceu hora marcada.
Apesar de várias tentativas com vista a descobrir o motivo da sua ausência, não foi possível
contactar o Arguido ou qualquer seu familiar.
O seu Defensor apenas sabe que o Arguido tinha interesse em apresentar ao Tribunal a sua versão
dos factos.
Estando presentes todos os restantes intervenientes, foi dado início à audiência, a qual
previsivelmente se concluirá nesta mesma sessão.

Questão: Enquanto Defensor do Arguido e tendo presente apenas esta factualidade, o que faria
neste momento com vista a salvaguardar o interesse do seu constituinte?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 13

Questão:

1. Inexistem informações sobre o ocorrido, não fazendo sentido requerer a justificação da falta;
2. Inexistem razões para requerer o adiamento, uma vez que estavam todos presentes;
3. O julgamento não é adiado - art.º 333º, nº 2 do CPP - não faz sentido requerê-lo;
4. O Defensor deveria requerer a audição do arguido na segunda data designada para a
continuação do julgamento, nos termos do disposto nos artigos 333º, nº 3 e 312º, nº 2 do CPP.
CASO PRÁTICO 14

Considere as seguintes afirmações e assinale a verdadeira ou falsa, indicando uma só norma


legal justificativa da opção tomada:
1. O Assistente tem direito a acusar autonomamente por crimes de natureza particular;
2. O Assistente, enquanto tal, pode sempre interpor recurso da sentença condenatória;
3. A falta de assistência por defensor quando ela seja obrigatória constitui nulidade insanável;
4. Em audiência de julgamento o defensor pode recomendar ao Arguido que deixe de responder
perante o juiz a questões relativas a factos que lhe são imputados pela acusação;
5. O Arguido pode constituir mais do que um mandatário forense no mesmo processo;
6. O Arguido, no decurso do inquérito e após se ter recusado a prestar declarações, pode
apresentar ao Ministério Público um memorial relatando a sua versão dos factos participados;
7. O Arguido pode em audiência de julgamento selecionar as questões a que quer responder
relativamente aos factos que lhe são imputados;
8. O Arguido tem o dever de se sujeitar a provas dactiloscópicas ou fotográficas;
9. Só através de requerimento subscrito por defensor, nomeado ou constituído, pode o Arguido
requerer a substituição da medida de coacção;
10. O prazo de interposição de recurso é sempre de 20 dias;
11. Em caso de notificação por contacto pessoal do Arguido, ao prazo legal acresce a dilação de 5
dias;
12. O prazo para contestar o pedido de indemnização civil é sempre de 20 dias;
13. Num crime de denegação de justiça, o Assistente pode acusar em 10 dias, nos termos do
disposto no artigo 284º CPP, sendo-lhe permitido tal acto;
14. Em Processo Comum e Tribunal Singular a documentação dos atos da audiência só tem lugar
quando requerida.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 14

1 – Verdadeira: Artº 69º, nº2, al. b) CPP;


2 – Falsa: artº 401º, 1, a. b) (a contrario) e nº 2 CPP;
3 – Verdadeira: Artº 119º, al. c) CPP;
4 – Verdadeira: Artº 345º, nº 1 CPP;
5 – Verdadeira: Artº 62º, nº 2 CPP;
6 – Verdadeira: Artº 98º, nº 1 CPP;
7 – Verdadeira: artº 345º, nº1 CPP;
8 – Verdadeira: Artº 61º, nº3, al. d) CPP;
9 – Falsa: artº 212º, nº 4 CPP;
10 – Falsa: Artº 411º, nº 1 CPP;
11 – Falsa: Artº 113º, nº 1 al. a), nº 2 e nº 3 (a contrario) CPP;
12 – Falsa: Artº 107º, nº 6 CPP;
13 – Verdadeira: Artº 68º, nº 1, al. e) CPP;
14 – Falsa: Artº 363º CPP (Nota de rodapé);

Rodapé: Relativamente a arguição de vícios de nulidade em resultado de deficiente gravação da prova


produzida em audiência de julgamento, cf. Acórdão do STJ n.º 13/2014, DR, 1.ª Série, n.º 183, 23 setembro
2014.
CASO PRÁTICO 15

Após o interrogatório do Arguido, que admitiu os factos em causa e após ter sido consignado em ata
essa confissão, integral e sem reservas, o Arguido relatou a sua situação económica e pessoal, tendo
o Ministério Público e a Defesa apresentado as suas alegações.
Ouvido o Arguido pela última vez, a Sr.ª Juíza retirou-se por breve instantes da sala por se
encontrar mal disposta. Passados poucos momentos voltou um Sr. Juiz dando conta que a sua colega
tinha sido conduzida ao Hospital e que seria ele próprio a proferir a sentença, o que imediatamente
fez, condenando o arguido.

Questão: Enquanto advogado(a)defensor, diga como procederia para reagir, tempestivamente, a


esta decisão com que fundamentos e o meio processual que entende como mais adequado para o
efeito?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 15

a) Arguição da nulidade (insanável) perante o tribunal de 1ª instância, face à evidência da sua


existência – artº 119º, a) CPP;
b) Interposição de recurso para este efeito, com referência aos seguintes aspetos: (1) Prazo: artº
411º CPP al. b) CPP; (2) Requerimento de recurso dirigido ao Tribunal da Relação – artº 399º,
432º “à contrario”, artº 427º CPP e (3) fundamentos: art.º 32º, n.º 9 da CRP e 119.º, al. a) do
CPP
c) Não esquecer, devidamente adaptado e conjugado com o artº 119º al. a) CPP, o princípio da
plenitude da assistência do juiz, previsto no art.º 605º do CPC (aplicável ex vi art.º 4º do CPP),
uma vez que a redação daquele art.º 119º a) não contempla expressamente esta hipótese,
embora pareça estar abrangida pela ratio da garantia do juiz natural.
CASO PRÁTICO 16

É admissível em julgamento da prestação de depoimento testemunhal por um Sr. Inspector da


Policia Judiciária que durante o Inquérito tomou declarações ao Arguido, considerando que tais
declarações do Arguido não foram reduzidas a auto e que o Arguido optou em Julgamento por não
prestar declarações acerca dos factos?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 16

1. Não é admissível o depoimento sobre o conteúdo das declarações prestados pelo Arguido – artº
357º nº 1 al. b) (a contrario) CPP;
2. A leitura de quaisquer declarações prestadas pelo arguido em inquérito ou a simples referência
a elas é proibida, face à recusa do arguido em prestar declarações em julgamento sobre os
factos – artº 357º nº 2 e nº 3 CPP e artº 356º nº 7 do CPP
CASO PRÁTICO 17

Imagine que no decurso de uma audiência de discussão e julgamento, o Ministério Público requereu
a leitura do depoimento da ex-companheira do Arguido, prestado em sede de inquérito e o Juiz, não
obstante a oposição do Arguido, defere o requerido e ordena a leitura.

Questão: Como reagiria?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 17

1. Inexistindo acordo do arguido, não é permitida a leitura do depoimento da testemunha


prestado no inquérito perante um órgão de polícia criminal – artº 356º, nº 2 al. b) e 5 CPP;
2. A não consignação na ata da permissão e justificação legal da leitura é uma nulidade – artº
356º nº 9 CPP;
3. Arguir a nulidade de imediato: artº 120º, nº 1, nº 2 (corpo) e nº 3, al. a) CPP.
CASO PRÁTICO 18

Imagine que é contactado por um arguido enquanto advogado(a), que lhe faz o relato dos factos que
irão ser submetidos a julgamento e, sem lhe passar uma procuração escrita, pretendeu que o
patrocinasse na audiência de julgamento.

Questão: O que devia fazer o arguido logo no início dessa audiência de julgamento?

(Nota: para efeitos da presente questão, considere como já cumpridas as normas deontológicas aplicáveis à
situação).
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 18

Resposta: artº 43º al. b) CPC ex vi do artº 4º CPP.


CASO PRÁTICO 19

No dia de julgamento de António, constata-se, aquando da chamada para a audiência, que o seu
Defensor não compareceu. Imagine que, estando de escala de urgência, é de imediato nomeado
para substituir o Defensor ausente e, como é natural, não conhece nem António, nem o processo.

Questão: Como deve proceder para garantir uma defesa efetiva de António?

Questão: Imagine que António, durante a audiência, se dispõe a prestar declarações e que o juiz
presidente lhe faz perguntas sobre os factos. Como Defensor, considera ser inconveniente à sua a
resposta a algumas dessas perguntas. O que deverá fazer?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 19

Resposta Questão 1:

1. Requerer a interrupção da audiência para conferenciar com o arguido, examinar os autos e


preparar a intervenção – artº 67º nº 1 (parte final) e nº 2 CPP; artº 330º nº 1 (parte final)
CPP;
2. Requerer, caso tal se revele absolutamente necessário, o adiamento da audiência por prazo não
superior a 5 dias – artº 67º nº 3 CPP; artº 330º nº 1 (primeira parte) CPP;

Resposta Questão 2:

Recomendar ao arguido que não responda a perguntas: artº 61º nº 1 al. d) CPP; artº 343º nº 5
CPP; artº 345º nº 1 (parte final) CPP;
CASO PRÁTICO 20

Considere as seguintes afirmações e assinale a verdadeira ou falsa, indicando uma só norma


legal justificativa da opção tomada:
1. O Mº Pº tem sempre legitimidade para promover o processo penal;
2. O arguido está sujeito à eficácia dos atos praticados em seu nome pelo seu defensor;
3. O arguido pode requerer a substituição de defensor em qualquer circunstância;
4. Os menores de 16 anos prestam sempre juramento como testemunhas;
5. A convocação de uma pessoa para comparecer a ato processual pode ser feita por qualquer
meio;
6. O arguido presta sempre juramento;
7. A busca em casa habitada e sua dependência fechada pode ser determinada pelo Mº Pº e
efetuada a qualquer hora;
8. O denunciante está impedido de requerer ao Mº Pº certificado do registo da denúncia;
9. As declarações para memória futura são determinadas oficiosamente pelo Juiz de Instrução;
10. A inobservância das disposições da lei do processo penal acarretam sempre a nulidade do ato;
11. O recurso da decisão proferida em audiência tem de ser imediatamente motivado sob pena do
seu não recebimento;
12. O arguido nunca pode desistir do recurso interposto;
13. Em processo sumário, está vedada a possibilidade de constituição de assistente;
14. Todas as medidas de coação são aplicadas oficiosamente por despacho do juiz;
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 20

1 – Falsa: Artº 50º CPP;


2 – Falsa: artº 63º nº 2 CPP;
3 – Falsa: Artº 66º nº 3 CPP;
4 – Falsa: Artº 91º nº 6 al. a) CPP;
5 – Verdadeira: Artº 112º, nº 1 CPP;
6 – Falsa: Artº 140º nº 3 CPP;
7 – Verdadeira: artº 177º nº 3 CPP;
8 – Falsa: Artº 247º nº 6 CPP;
9 – Falsa: artº 271º nº 1 (a contrario) CPP;
10 – Falsa: Artº 118º nº 1 CPP;
11 – Falsa: Artº 411º nº 2 e nº 3 CPP;
12 – Falsa: Artº 415º nº 1 CPP;
13 – Falsa: Artº 388º CPP;
14 – Falsa: Artº 194º nº 1 CPP.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 14

1 – Verdadeira: Artº 69º, nº2, al. b) CPP;


2 – Falsa: artº 401º, 1, a. b) (a contrario) e nº 2 CPP;
3 – Verdadeira: Artº 119º, al. c) CPP;
4 – Verdadeira: Artº 345º, nº 1 CPP;
5 – Verdadeira: Artº 62º, nº 2 CPP;
6 – Verdadeira: Artº 98º, nº 1 CPP;
7 – Verdadeira: artº 345º, nº1 CPP;
8 – Verdadeira: Artº 61º, nº3, al. d) CPP;
9 – Falsa: artº 212º, nº 4 CPP;
10 – Falsa: Artº 411º, nº 1 CPP;
11 – Falsa: Artº 113º, nº 1 al. a), nº 2 e nº 3 (a contrario) CPP;
12 – Falsa: Artº 107º, nº 6 CPP;
13 – Verdadeira: Artº 68º, nº 1, al. e) CPP;
14 – Falsa: Artº 363º CPP (Nota de rodapé);

Rodapé: Relativamente a arguição de vícios de nulidade em resultado de deficiente gravação da prova


produzida em audiência de julgamento, cf. Acórdão do STJ n.º 13/2014, DR, 1.ª Série, n.º 183, 23 setembro
2014.
CASO PRÁTICO 21

No decurso da audiência de discussão e julgamento, Bernardo, única testemunha indicada pela


defesa do Arguido, refere que não presenciou, do princípio ao fim, os factos ora em causa, mas o
seu amigo Carlos, que assistira a tudo, lhe tinha dito que o António, aqui Arguido, nada teve a ver
com os acontecimentos.

Questão: Na qualidade de Defensor, considerando que Carlos não está arrolado como testemunha
nos autos e pretendendo que ele seja ouvido pelo Tribunal, indique os aspetos necessários no
requerimento que, para esse efeito, ditaria para a ata da audiência.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 21

1. Requerimento oral;
2. O requerimento deve mencionar a essencialidade da inquirição do Carlos que é necessária para
a descoberta da verdade, uma vez que o mesmo presenciou os factos que confirmam o alegado
pela defesa;
3. O requerimento deverá igualmente mencionar que a inquirição é necessária para a boa decisão
da causa, uma vez que aquela testemunha não está arrolada e não existem mais testemunhas
da defesa;
4. O requerimento deverá igualmente referir que a identificação da testemunha Carlos apenas
agora foi conhecida, pelo que não poderia ter sido arrolada com a contestação;
5. Fundamento legal: Art.º 340º, nº 1 e nº 4, al. a) (segunda parte) CPP
CASO PRÁTICO 22

No dia 22 de Abril de 2017, pelas 22:00 horas, Álvaro passeava com Maria na zona da Ribeira, no
Porto. Nessa altura, Bento, ex-cônjuge de Maria, aproximou-se e, sem que nada o fizesse prever,
desferiu um soco em Álvaro, fugindo de imediato. Inconformado com o sucedido, Álvaro apresentou
queixa-crime contra Bento, indicando como testemunha Maria. No decurso do inquérito entretanto
aberto, o Procurador do processo, entendendo não ser suficiente o termo de identidade e residência
aplicado a Bento aquando da sua constituição como arguido, requereu a aplicação da medida de
coação de proibição de contacto com a Maria, uma vez que, não tendo esta ainda sido ouvida nos
autos, existiria perigo de perturbação do decurso do inquérito, designadamente perigo do arguido
Bento tentar amedrontar e condicionar aquela testemunha, pois que têm um filho menor em
comum a cargo desta. No dia 7 de Junho de 2017, foi o arguido ouvido na presença do seu defensor
e, no final da diligência, o juiz de instrução proferiu decisão de aplicação da medida de coação de
prisão preventiva, entendendo que a medida promovida pelo Ministério Público era insuficiente para
o fim pretendido.

Questão: Enquanto defensor de Bento, diga, fundamentadamente, de que modo(s) poderia opor–se
à decisão do JIC e em que prazo(s).
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 22

1. O crime de ofensa à integridade física simples não admite a aplicação da medida de coação de
prisão preventiva, uma vez que não é crime do catálogo (a pena máxima aplicável é de 3 anos):
artº 202º CPP e artº 143º CP;
2. O JIC, no caso, não pode aplicar medida mais grave: artº 194º nº 3 e artº 204º b) CPP;
3. Formas de oposição:

a) Arguição, de imediato, da nulidade: artº 194º nº 3 e 120º nº 1, nº 2 e nº 3 a) CPP);


b) Requerimento, imediato, de revogação e substituição da medida: artº 212º nº 1 a) CPP;
c) Recurso, no prazo de 30 dias: art.º 219º e artº 411º nº 1 (c), nº 2 e nº 3 CPP;
c) Habeas corpus, enquanto se mantiver a prisão: artº 222º nº 2 b) e artº 223º nº 1 e nº 2
CPP e 31º CRP.
CASO PRÁTICO 23

Faça uma breve exposição acerca da “proibição de valoração de provas do artigo 355º do CPP.”
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 14

1 – Verdadeira: Artº 69º, nº2, al. b) CPP;


2 – Falsa: artº 401º, 1, a. b) (a contrario) e nº 2 CPP;
3 – Verdadeira: Artº 119º, al. c) CPP;
4 – Verdadeira: Artº 345º, nº 1 CPP;
5 – Verdadeira: Artº 62º, nº 2 CPP;
6 – Verdadeira: Artº 98º, nº 1 CPP;
7 – Verdadeira: artº 345º, nº1 CPP;
8 – Verdadeira: Artº 61º, nº3, al. d) CPP;
9 – Falsa: artº 212º, nº 4 CPP;
10 – Falsa: Artº 411º, nº 1 CPP;
11 – Falsa: Artº 113º, nº 1 al. a), nº 2 e nº 3 (a contrario) CPP;
12 – Falsa: Artº 107º, nº 6 CPP;
13 – Verdadeira: Artº 68º, nº 1, al. e) CPP;
14 – Falsa: Artº 363º CPP (Nota de rodapé);

Rodapé: Relativamente a arguição de vícios de nulidade em resultado de deficiente gravação da prova


produzida em audiência de julgamento, cf. Acórdão do STJ n.º 13/2014, DR, 1.ª Série, n.º 183, 23 setembro
2014.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 23

1. Consagra o principio da imediação;


2. Significa que só valem para o efeito de formação da convicção do tribunal, em processo penal,
as provas que: (1) tiverem sido produzidas em audiência de julgamento; (2) examinadas em
audiência de julgamento e (3) contidas em actos processuais que sejam lidos e apreciados em
audiência de julgamento;
3. Meios de prova - artº 128º a 170º CPP;
4. Meios de obtenção da prova – artº 171º a 190º CPP;
5. Leitura permitida de autos e declarações em audiência de julgamento - artº 356º e artº 357º
do CPP.

Cfr. Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, Processo 120/06.8TAVLF.C1: “I. – Na formação da convicção do
tribunal não valem outras provas que não as que hajam sido produzidas em julgamento, de harmonia com o disposto no artigo
355.º do C.P.P.II. - O preceito referido no item antecedente, que consagra o principio da imediação, não abrange a prova
documental e outros meios de obtenção de prova, designadamente, os autos de exames, revistas, buscas, apreensões e escutas
telefónicas, que podem ser invocados na fundamentação da sentença ainda que não tenham sido formalmente examinados em
audiência. III. - É que, sendo o inquérito conhecido da defesa, pode esta, se assim o entender, contrariar atempadamente o
valor probatório quer dos documentos, quer dos meios de obtenção de prova que se encontram nos autos, assim ficando
eficazmente assegurado o princípio do contraditório (cfr. Prof. Paulo Pinto de Albuquerque, Comentário do Código de
Processo Penal, UCE, 873 e ss., e Acs. do TC nº 87/99, proc. nº 444/98, 1ª secção, em http://www.tribunalconstitucional.pt,
do STJ de 23/02/2005, CJ, S, XIII, I, 210 e da R. de Coimbra de 19/09/2001, CJ, XXVI, IV, 50).”
CASO PRÁTICO 24

Em processo comum, para julgamento perante Tribunal Coletivo, o Ministério Público deduziu
acusação contra António, por factos ocorridos em 25 de Setembro de 2014, pela prática em autoria
material e na forma consumada, de um crime de furto qualificado, p. e p. pelo 204º, n.º 1, alínea f)
do CP. Após prestar termo de identidade e residência no âmbito daquele processo, ausentou-se para
parte incerta no Congo. Regularmente notificado para a audiência de julgamento, veio o mesmo a
realizar-se sem a sua presença, tendo sido condenado em pena de quatro anos e seis meses de
prisão efetiva. Regressado a Portugal em 30 de Maio de 2017 foi de imediato preso por órgão de
polícia criminal da área da sua residência, que o notificou da sentença e conduziu ao
estabelecimento prisional.

Questão: Poderia António ter sido preso da forma supra descrita?

Questão: Como reagiria a esta situação, tendo como efeito pretendido o de um meio célere que
ponha fim à prisão ilegal?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 24

1. Estamos perante um julgamento na ausência do arguido;


2. A sentença não transita em julgado antes da notificação pessoal da sentença - art.º 333º, nº 5
CPP;
3. A prisão só pode ser executada depois do trânsito em julgado – artº 467º n.º 1 do CPP;
4. Habeas Corpus: artº 222º, n.º s 1 e 2 al. b) do CPP e artº 31º CRP;
5. Recurso: arts. 399º; 401º, n.º 1 al. b); 406º n.º 1 (subida nos próprios autos); 407º, n.º 2, al.
a) (imediatamente); 408º, n.º 1, al. a) do CPP (com efeito suspensivo).

Nota: no caso concreto, a interposição de recurso não seria o mecanismo mais célere para fazer face á situação do
arguido mas, como mecanismo, não deixaria de ser relevado em consideração.
CASO PRÁTICO 25

Findo o inquérito, o Mº Pº não se pronuncia (arquivando ou acusando) sobre um dado crime de


natureza semi-pública.

Questão: Como poderia o assistente reagir?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 25

1. Tratando-se de um crime com natureza semi-pública, o procedimento criminal depende de


queixa e, como tal, o assistente não pode acusar desacompanhado do Mº Pº, pois que apenas
“pode também deduzir acusação pelos factos acusados pelo Ministério Público, por parte deles
ou por outros que não importem alteração substancial daqueles” – artº 284º nº 1 CPP;
2. O Mº Pº não acusou por tal tipo de crime, pelo que também o assistente não o pode fazer;
3. Da mesma forma, o Mº Pº não arquivou os autos quanto ao crime semi-público em causa;
4. O Assistente mostra-se assim impedido de requerer a abertura de instrução, pois que a mesma
configura uma verdadeira acusação, que o tribunal, através da instrução, vai sufragar
pronunciando ou não – artº 287º nº 2 e artº 307º CPP;
5. O Assistente deve provocar a acção (decisão) do Mº Pº, para depois sindicar jurisdicionalmente
a sua atuação (de arquivamento ou acusação);
6. Arguir a omissão de pronuncia sobre um investigado ou denunciado crime (e na medida em que
o tenha sido), pois o Mº Pº está obrigado também por força do principio da legalidade a
pronunciar-se sobre ele, podendo a sua falta constituir nulidade por omissão de pronuncia, nos
termos o artº 120º nº1 al. d) a arguir nos termos do artº 120º nº 3 al. c) no prazo de 5 dias a
contar da notificação do despacho do encerramento do inquérito (solução seguida pelo
formador);
7. Ou, em alternativa, requerer a intervenção hierárquica, nos termos do artº 278º CPP de modo a
que se determine que seja formulada acusação ou que as investigações prossigam.
CASO PRÁTICO 26

Considere os seguintes aspetos:

1. Finda a produção de prova e concluídas as alegações orais na sessão de julgamento realizada no


dia 12/10/2016, o M.º Juiz designou para leitura da sentença o dia 26/10/2016;
2. Com esta data, mostra-se elaborada uma ata, consignando ter sido realizada a leitura da
sentença (“que antecede”, consignou-se) e notificação aos sujeitos processuais presentes;
3. Acto contínuo e ainda com data de 26/10/2016, mostra-se proferido despacho pelo M.º Juiz
mencionando que “Vou entregar em mão a sentença” (fls. 55), sentença de fls. 56 a 58;
4. A fls. 59 dos autos foi exarada cota, com data de 31/10/2016, referindo a Sr.ª funcionária que
recebeu nessa data “das mãos do M.º Juiz a sentença que antecede”;
5. A fls. 60 e com a mesma data de 31/10/2016, o Sr. Secretário Judicial exarou declaração de
“depósito da sentença”;
6. Em 30/11/2016 foi lavrada nova cota consignando-se que por virtude de ainda não ter sido
feita, apenas então ia ser notificado o Ministério Público da sentença em causa (fls. 64);
7. A fls. 65 foi consignado que a notificação desse agente foi realizada a 29/11/2016.

Questão: Estamos perante qualquer vício, se sim, qual e como reagiria como defensor do arguido?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 26

1. A situação relatada não integra qualquer das nulidades da sentença - art.º 379.º, n.º 1 CPP;
2. Estamos perante a falta de leitura pública obrigatória da sentença na referida sessão de
audiência de julgamento, pois que nessa data ainda não tinha sido (pré) elaborada, assinada,
não existia e, portanto, não podia ter sido lida – art.ºs 372º e 373º CPP;
3. O prazo para a leitura da sentença estabelecido no indicado art.º 373.º é meramente ordenador
não afetando o valor do ato nem acarretando quaisquer consequências jurídicas (cfr. ACSTJ de
15/10/1997, CJ, Ano V, Tomo 3, página 197), o mesmo não acontecendo com a falta da sua leitura;
4. A consequência dessa falta de leitura pública da sentença, depois de elaborada, é a nulidade
insanável da audiência de julgamento onde é suposto ter tido lugar e não teve e dos termos
subsequentes – Artº 119º e 321º nº 1 CPP;
5. A exclusão da publicidade, mesmo quando admitida, não abrange, “em caso algum, a leitura da
sentença” - artº 87º, nº 5 CPP;
6. A nulidade poderia ser invocada em sede de recurso – artº 399º e artº 400º “a contrario” CPP;
7. Poderia ser arguida em requerimento autónomo
CASO PRÁTICO 27

Investigando-se nos autos do Inquérito 50/17.8T9VFR, a prática, em 10 de maio de 2017, de um


crime de furto qualificado, p. e p. pelos artºs 203º e 204º nº 2 al. e) do CP, na residência de
Belmira, a PSP interceptou ontem o arguido António, pelas 16:00.
Não se encontrando munido de mandado que autorizasse a busca, mas tendo sido obtido junto do
proprietário da casa onde o arguido reside, o consentimento para a sua realização, a mesma acabou
por acontecer pelas 18 horas, na sequência da qual foram apreendidos vários objetos que tinham
sido subtraídos da residência da referida Belmira.

Questão: Encontrando-se hoje o arguido detido para ser presente a juiz, pelas 15:00, para primeiro
interrogatório judicial e tendo sido contatado(a) para o representar, que posição tomaria nesta
diligência perante a factualidade descrita?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 27

1. Requerimento oral a arguir a nulidade da busca e consequente nulidade da apreensão efetuada


– artº 122º, n.º 1 e nº 3 alínea a), 141º nº 4 al. e) e 126º, n.º 3 CPP.
2. A busca domiciliária é ordenada ou autorizada pelo juiz (art.º 177º, n.º 1 do CPP), podendo ser
efetuada por órgão de polícia criminal, sem a mencionada ordem ou autorização nos casos
delimitados no artº 174º, n.º 5 do CPP, que não se verificam no caso vertente;
3. O consentimento prestado pelo proprietário da casa não é válido para legitimar a realização da
busca (artº 174º, n.º 5, alínea b) do CPP), traduzindo-se num método proibido de prova.
CASO PRÁTICO 28

O Mº Pº deduziu acusação contra António, imputando-lhe a prática de um crime de homicídio


simples, p. e p. pelo artº 131º do CP, tendo este requerido a abertura de instrução.
Na sequência do despacho que declarou aberta a instrução e designou o dia 06 de junho de 2017
para a produção de prova testemunhal, o arguido requereu o seu interrogatório.
Foi proferido despacho, de fls. 40, a indeferir o requerimento apresentado pelo arguido para ser
ouvido no âmbito da instrução e, designado data para a realização do debate instrutório, a que
compareceram o arguido, assistente e mandatários e que culminou com a prolação de despacho de
pronúncia, constante de fls. 50 a 55, pelos factos constantes da acusação formulada pelo Mº Pº.

Questão: Pode o arguido reagir contra os despachos de fls. 40 e de fls. 50 a 55?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 28

1. Despacho de fls. 40:

a) A diligência requerida pelo arguido era obrigatória – artº 292º, n.º 2 CPP;
b) O tribunal incorreu na nulidade prevista na al. d) do n.º 2 do artigo 120º CPP, que deveria ser
arguida, sob pena de sanação, no prazo previsto no art. 120º, n.º 3, al. c) CPP, ou seja, até ao
encerramento do debate instrutório;
c) Logo, na presente data já não se poderia reagir contra este despacho.

2. Despacho de fls. 50 a 55: Não admite recurso: artº 310º, n.º 1 CPP
CASO PRÁTICO 29

Imagine que na data da realização da audiência de julgamento, o Defensor do António é informado


por este que duas das testemunhas indicadas pelo Arguido na sua contestação, por motivos
imprevistos (ex, acidente de viação na deslocação para o tribunal) e apesar de regularmente
notificadas, não podem comparecer naquela e irão faltar.

As testemunhas em causa são importantes para a defesa apresentada pelo Arguido.

Questão: Como Defensor(a) do Arguido, que posição deveria tomar relativamente à ausência
dessas testemunhas?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 29

1. Requerimento oral a justificar a falta de comparecimento das testemunhas, invocando não só os


motivos mas igualmente o compromisso da junção dos respetivos elementos de prova da
impossibilidade de comparecimento – artº 117º n.º 1, n.º 2 e n.º 3 CPP;
2. Requerimento a solicitar a marcação de data para a audição das testemunhas faltosas - art.º
117.º n.º 6 e artº 331.º n.º 2 CPP;
CASO PRÁTICO 30

Apresente uma exposição acerca do regime das declarações de arguido em processo penal.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 30

1. Artº 58º nº 1, alínea a) CPP – obrigatoriedade de constituição de arguido;


2. Artº 61º nº 1, alíneas b), c), d) e f), nº 2 e nº 3 alíneas a) e b) CPP – direitos e deveres;
3. Artº 63º nº 2 CPP – eficácia dos atos praticados pelo defensor em nome do arguido;
4. Artºs 92º, 93º e 96º CPP - língua, interprete, participação de surdo, deficiente auditivo ou mudo e
oralidade dos atos;
5. Artºs 140º a 144º CPP e Capítulo III do CPP – Declarações de arguido e acareação;
6. Artºs 292º nº 2 e 301º nº 2 do CPP – declarações de arguido na fase de instrução;
7. Artº 325º nº 1, nº 4, nº 5 e nº 6 do CPP – deveres de conduta do arguido em audiência;
8. Artº 333º nº 3 do CPP – Direitos do arguido no caso de julgamento da ausência;
9. Artºs 341º a 345º do CPP – produção de prova em audiência de julgamento;
10. Artº 357º do CPP – reprodução ou leitura de declarações do arguido;
11. Artº 361º do CPP – últimas declarações do arguido;
12. Artº 32º nºs 2, 3 e 8 da CRP – garantias de processo criminal.
CASO PRÁTICO 31

Considere somente os seguintes dados:


1. Por despacho de 15/04/2016 foi designado o dia 22/09/2016 pelas 09h30, para a realização de
audiência de discussão e julgamento e, em caso de adiamento, o dia 29/09/2016, pelas 09h30;
2. Em 5/05/2016, foi expedido ao arguido notificação por via postal simples com prova de depósito;
3. Com data de 6/05/2016, o carteiro declarou que nesse dia «depositou no recetáculo postal
domiciliário da morada acima descrita a notificação a ele referente.»;
4. Em 22/09/2016 foi iniciada a realização da audiência de discussão e julgamento, tendo sido
consignada a falta do arguido e proferido o seguinte despacho: Considero que a presença do arguido
(…) desde o início da audiência não é indispensável para a descoberta da verdade, pelo que, nos
termos do disposto no art. 333º nºs. 2 e 3 do C.P.P. iniciar-se-á a realização da audiência na ausência
do arguido, o qual será representado para todos os efeitos pelo seu ilustre defensor oficioso»;
5. No final da sessão da audiência do dia 22/09/2016 foi proferido despacho que designou, para a sua
continuação, o dia 26/10/2016, pelas 09h30, dando sem efeito a 2ª data anteriormente designada;
6. Dessa nova data foi o arguido notificado, por via postal simples com prova de depósito, expedida em
12/10/2016 tendo o carteiro, com data de 13/10/2016 declarado que nesse dia «depositou no
recetáculo postal domiciliário da morada acima descrita a notificação a ele referente.»;
7. No dia 26/10/2016, foi consignada a falta do arguido e, no final da audiência de julgamento, foi
marcado o dia 03/11/2016 para a leitura da sentença, da qual foram notificados somente os
presentes.

Questão: Estamos perante qualquer vício, se sim, qual e como reagiria como defensor do arguido?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 31

1. Um dos direitos do arguido é o de estar presente a todos os atos processuais que lhe digam
respeito, sendo inequivocamente um desses atos o da leitura da sentença, que representa o
culminar do procedimento penal – art.º 61.º n.º 1, alínea a) do CPP;
2. Art.º 113.º n.º 10 CPP - «As notificações do arguido, do assistente e das partes civis podem ser
feitas ao respetivo defensor ou advogado. Ressalvam-se as notificações respeitantes à acusação,
à decisão instrutória, à designação para julgamento e à sentença, bem como as relativas à
aplicação de medidas de coação e de garantia patrimonial e à dedução do pedido de
indemnização civil, as quais, porém, devem igualmente ser notificadas ao advogado ou defensor
nomeado»;
3. Constitui nulidade insanável a ausência do arguido nos casos em que a lei determinar a sua
obrigatoriedade, situação que também se verifica nos casos em que o arguido está ausente
processualmente, em virtude de não lhe ter sido garantido o direito de estar presente, por não
ter sido regularmente notificado da data da leitura da sentença – Art.º 119.º al. c) CPP;
4. A nulidade poderia ser invocada em sede de recurso – artº 399º e artº 400º “a contrario” CPP;
5. Poderia ser arguida em requerimento autónomo – artº 119º, 120.º, 122º CPP
CASO PRÁTICO 32

Explique o regime da produção, exame e impugnação da prova baseada em escutas telefónicas.


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 32

1. Artº 34º CRP – Inviolabilidade do domicílio e da correspondência;


2. Artº 32º, nº 4 CRP – garantias de processo criminal;
3. Artº 32º, nº 8 CRP – garantias de processo criminal;
4. Artº 11º, nº 2, al. b) CPP – competência do STJ quanto a interceção de conversações e comunicações de
determinadas pessoas;
5. Artº 88º, nº 4 CPP – proibição de publicação de interceções e comunicações no âmbito de um processo;
6. Artºs 187º e segs. CPP – regime das escutas telefónicas;
7. Artº 126º, nº 3 CPP e 32º, nº 6 CRP – métodos proibidos de prova;
8. Artº 141º, nº 4, al. e) CPP – interrogatório judicial arguido detido (conhecimento dos elementos do
processo);
9. Artº 187º, nº 5 CPP - conversações com o defensor;
10. Artº 188º CPP – formalidades e transcrição;
11. Artº 190º CPP – nulidade;
12. Artº 120º nº 1, nº 2 e nº 3 CPP – arguição da nulidade;
13. Artº 122º CPP – efeitos da declaração de nulidade;
14. Artº 269º, nº 1, al. e) CPP – competência para ordenar/autorizar escutas;
15. Artº 311º, nº 1 CPP – saneamento do processo;
16. Artº 338º, nº 1 CPP – questões prévias ou incidentais;
CASO PRÁTICO 33

Encontrando - se presentes o arguido António e o seu mandatário, no dia 14/07/2016, às 15h, foi
lida sentença, em processo sumário, no âmbito do processo n.º 420/16.6PFALM, da Instância Local
de Almada, que condenou o arguido pela prática, na forma consumada e como autor material, de
um crime de condução de veículo em estado de embriaguez, p. e p. no art. 292º, n.º 1, do CP, na
pena de 65 dias de multa à taxa diária de € 5,50, perfazendo o montante de € 357,50 e na sanção
acessória de proibição de condução de veículos motorizados de qualquer categoria pelo período de
5 meses e 15 dias, nos termos do art. 69º, n.º 1, alínea a), do CP.
A sentença, elaborada ao abrigo do disposto no n.º 5 do art.º 389.º - A CPP, foi nessa mesma data
depositada na secretaria.
Por não se conformar o arguido com a sentença, foi apresentado recurso no dia 30/09/2016,
primeiro dia para além do prazo, tendo sido junto comprovativo do pagamento da respetiva multa.
Em 13/10/2016, o Mmº juiz proferiu despacho não admitindo o recurso por o considerar
extemporâneo, o qual foi notificado ao mandatário do arguido através de carta registada expedida
em 14/10/2016.

Questão: Poderia reagir a este despacho e, caso responda afirmativamente, com que fundamentos?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 33

1. Sim, poderia reagir contra o despacho;


2. Reclamação para o Presidente do Tribunal da Relação de Lisboa: artº 405.º CPP;
3. Prazo da Reclamação: 10 dias;
4. Fundamentos:
a) Sentença em processo especial sumário: arts 381º e 389º- A CPP;
b) Recorribilidade: art. 391º CPP;
c) Prazo: 30 dias: art.º 391.º n.º 2 CPP;
d) O prazo é contínuo até à sentença, suspendendo-se durante férias judiciais: arts. 103º, n.º 1 e
n.º 2, al. c) e 104º CPP e art. 138º, n.º 1 CPC;
e) O prazo para interpor recurso terminava em 29/09/2016, tendo sido apresentado no dia
seguinte e demonstrado o pagamento da respetiva multa, pelo que o recurso foi apresentado em
tempo: arts.139º, n.º 5 CPC e arts.107º, n.º 5 e 107º - A , n.º 1, al. a) CPP.
5. A reclamação deve ser instruída com sentença, prova de entrega da gravação, requerimento de
interposição do recurso/motivação (não admitido) e o despacho objeto da reclamação: art. 405º,
n.º 3 CPP;
6. O pedido seria a revogação do despacho reclamado e a substituição por outro que admita o
recurso.
CASO PRÁTICO 34

António, ofendido melhor identificado nos Autos do Processo n.º 112/16.9T8VNG, a correr termos no
Juízo Local Criminal de Vila Nova de Gaia, Juiz 1, cujo crime imputado ao arguido Bernardo era de
ofensas à integridade física simples, p. e p. pelo art.º 143.º n.º 1 do CP, notificado para a audiência
de discussão e julgamento para o dia 22 de junho de 2017, vem requerer, no dia 19 de junho de
2017 a sua constituição como assistente.

No inicio da audiência de julgamento, a M.ª Juiz de Direito indeferiu o requerimento de constituição


de assistente formulado pelo ofendido.

Questão: A decisão de indeferimento parece-lhe acertada?


SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 34

Sim: art.º 68.º n.º 3 al. a) CPP.


CASO PRÁTICO 35

No dia 30 de março de 2017, António vê a sua mulher que muito ama aos beijos e abraços com um
antigo namorado e, por motivos de ciúmes e num impulso de momento, mata-o. Bernardo, agente
da PSP que passava no local, assistiu a tudo e procedeu à imediata detenção de António, constituiu-
o como arguido e apresentou-o de seguida ao MP. Este Magistrado validou a constituição de António
como Arguido e, após sumária inquirição onde esteve também presente o defensor, ordenou a sua
imediata condução ao TIC para 1º interrogatório judicial e aplicação de medida de coação,
promovendo desde logo a aplicação da prisão preventiva por entender que existia, no caso, perigo
de fuga. O Juiz, em 1º interrogatório judicial, durante o qual foram devidamente observadas todas
as normas processuais, considerou estar-se em face de um crime de homicídio privilegiado (art.º
133º do CP), entendendo igualmente existir perigo de fuga, pelo que, cumprindo todas as regras
constantes do artº 194º do CPP, aplicou a António a medida de coação de prisão preventiva.

Questão 1: É legal a detenção de António?


Questão 2: Poderia o Juiz sujeitar António àquela medida de coação?
Questão 3: Caso o MP viesse a promover o julgamento de António em processo abreviado pela
prática do crime de homicídio privilegiado, qual a data limite para a dedução da acusação?
Questão 4: Em caso de desrespeito, no caso, do prazo, estamos na presença de que tipo de
invalidade?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 35

Questão 1:
A detenção foi legal pois há flagrante delito, o crime é público e punível com pena de prisão e a
detenção foi efetuada por uma entidade policial – arts. 256º; 255º n.º 1 al. a) CPP e 133 CP;
Questão 2:
O crime integra-se no conceito “criminalidade violenta”, pelo que pode o António sujeito à medida
de coação de prisão preventiva: arts. 1º, al. j); 202º, nº1, al. b) e 204º, al. a) CPP;
Questão 3:

a) Prazo: 90 dias – art.º 391.º - B n.º 2 CPP;


b) Sem suspensão: arts. 103.º, n.º 2, al. c); 104.º n.º 1 e n.º 2 do CPP e 138.º n.º 1 CPC;
c) Data limite para a dedução da acusação: 28/06/2017.
Questão 4:
Dado que o prazo para a apresentação da acusação não constitui, de forma alguma, requisito
essencial para a permanência da forma de processo abreviado, sendo meramente indicativo, a
dedução de acusação para além do prazo constitui irregularidade – art.º 118.º n.º 1 e n.º 2 e 123.º
n.º 1 do CPP.

Nota: não se trata da nulidade insanável prevista na al. f) do art.º 119.º do CPP porquanto esta refere-se,
atenta a forma de processo em análise, exclusivamente, à dedução de acusação em processo abreviado
quando não se encontrem preenchidos os requisitos previstos no art. 391.º-A do CPP.
CASO PRÁTICO 36

Na noite de 4/05/2009, a GNR recebeu um telefonema dando conta de “distúrbios” numa


propriedade de António, sita na Comarca de Mirandela.
Tendo-se ali dirigido os soldados da GNR, surpreenderam Bernardo conduzindo um carrinho de mão
onde transportava vinte caixas de cerejas de que se havia apropriado contra a vontade de António e
com um valor total de € 200,00 (duzentos euros).
A GNR procedeu à imediata detenção de Bernardo e alertou António para o sucedido tendo este
apresentado desde logo a respetiva queixa.
No dia imediato, Bernardo foi apresentado ao MP que validou a respetiva detenção, constituiu-o
como Arguido, sujeitou-o a TIR e após sumária inquirição, à qual esteve presente o Defensor de
Bernardo, promoveu o respetivo julgamento em processo sumário imputando-lhe a prática de um
crime de furto simples p. e p. pelo art. 203º do C. Penal.
Nesse mesmo dia e no final deste julgamento Bernardo foi condenado a uma pena efetiva de 90 dias
de prisão.

Questão: Aprecie a legalidade da realização do julgamento em processo sumário pelo crime de


furto simples.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 36

1. Bernardo foi detido em flagrante delito por uma entidade policial e por crime punível com pena
de prisão cujo limite máximo é de três anos;
2. A detenção em flagrante delito é válida já que, tratando-se de um crime semipúblico, o titular
do direito de queixa exerceu aquele direito em ato seguido à detenção;
3. Bernardo foi presente ao MP e validamente constituído como Arguido;
4. A audiência teve lugar antes de esgotado o prazo de 48 horas após a detenção;
5. A sujeição de Bernardo a julgamento em processo sumário é legal;
6. Art.º 203 n.º 1 e n.º 3 CP;
7. Artigos 254.º n.º 1, al. a); 255.º n.º 1 al. a) e n.º 3; 256.º n.º 2; 381.º n.º 1, al. a); 382.º; 387.º
CPP;
8. Acórdão do TC com Força Obrigatória Geral n.º 174/2014.
CASO PRÁTICO 37

António recebe um postal da PSP de Vila Nova de Gaia a notifica-lo para comparecer na Esquadra de
Oliveira do Douro, no Núcleo de Investigação Criminal, no dia 30/06/2017, pelas 09:30, a fim de
“tratar de assunto do seu interesse”, pelo que o mesmo contactou com o seu advogado para que o
acompanhasse no referido dia e hora.
No indicado dia e hora, António e o seu advogado deslocaram-se à referida esquadra e no decurso
da sua inquirição, o investigador informa o António de que o mesmo foi indicado como suspeito na
prática de um crime de furto qualificado ocorrido na habitação de Floribela.

Questão: Atento o enunciado, como defensor, o que aconselharia, naquele momento, ao seu
constituinte?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 37

Uma vez que recai a suspeita de o António ter praticado os factos em investigação, o conselho seria
o de pedir imediatamente a sua constituição como arguido e, consequentemente, recusar-se a
prestar quaisquer declarações, porquanto passaria a beneficiar, neste caso, do direito do silêncio:
art.º 59.º n.º 2 e n.º 3, art.º 58.º n.º 4 e art.º 61.º n.º 1 al. d) CPP.
CASO PRÁTICO 38

Em 20 de Julho António, cumprindo os legais formalismos, requereu a sua intervenção como


Assistente.
Também deduziu pedido de indemnização civil reclamando de Bernardo a quantia global de €
320,00 (trezentos e vinte euros) pelos danos sofridos.
Bernardo não apresentou Contestação e, no dia designado para julgamento não compareceu.
Não tendo o Tribunal considerado indispensável a respetiva presença procedeu-se à realização do
julgamento na ausência do Arguido, no decurso do qual, entre o mais e embora com a oposição do
Defensor, foram lidas as declarações prestadas por Bernardo perante o MP de Mirandela.
No final, Bernardo foi condenado numa pena de 50 dias de multa à taxa diária de € 5,00.

Questão: Era possível valorar como prova a leitura das declarações de Bernardo em audiência de
julgamento?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 38

1. Dado que a situação descrita se não enquadra em nenhuma das alíneas do nº 1 do art.º 357.º n.º
1 do CPP, a leitura de declarações anteriormente prestadas pelo arguido não é permitida pelo
que a realização de tal leitura constitui prova proibida e, como tal, não pode ser valorada;
2. Artigos 125.º, 355.º n.º 1 e n.º 2 “a contrario”, 356.º n.º 4 “a contrario”, n.º 7 a 9, 357.º CPP.
CASO PRÁTICO 39

O arguido e o seu defensor consideram-se notificados em 02/06/2017 para a audiência de


julgamento do dia 22/06/2017.
O arguido informou o defensor que pretende apresentar contestação, indicando-lhe as razões da
defesa e a prova (documental e testemunhal).
No dia de julgamento, encontram-se presentes todas as pessoas convocadas, incluindo o arguido e,
por inexistirem fundamentos ao adiamento da audiência, o Tribunal informa o arguido e o seu
defensor que vai dar início à audiência de julgamento.

Questão: Na posição de defensor do arguido, tendo em conta a posição manifestada pelo arguido,
deveria reagir e, na hipótese positiva, como o deveria fazer?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 39

1. O arguido tem o direito de apresentar contestação no prazo de 20 dias a contar da notificação


do despacho que designa o dia para o julgamento: art.º 315.º CPP;
2. O prazo da contestação terminaria no dia 22/06/2017 (prazo normal), acrescido do prazo com
multa (arts.139º, n.º 5 CPC e arts.104.º, 107º, n.º 5 e 107º - A CPP), podendo pratica-lo até
ao dia 27/06/2017;
3. A pretensão do Tribunal configura uma irregularidade: artº 118.º n.º 1 e n.º 2 CPP;
4. A mesma teria de ser arguida no próprio ato (audiência de 22/06/2017) sob pena de violação
das garantias de defesa e se considerar sanada: art.º 123.º n.º 1 CPP;
5. A mesma era impeditiva da realização do julgamento.
CASO PRÁTICO 40

Com referência às disposições legais diretamente aplicáveis, digam a quem dirige as seguintes
peças processuais:

1. Requerimento para a constituição como Assistente na fase do julgamento;


2. Requerimento apresentado em fase de inquérito para abertura do correio eletrónico do
arguido;
3. Pedido de indemnização civil;
4. Motivações de recurso de decisão final penal condenatória em pena de 5 anos de prisão efetiva,
proferida pelo Juízo Central Criminal do Porto.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 40

1. Juiz (de julgamento): art.º 68.º n.º 3 al. a) CPP;


2. Juiz de Instrução Criminal: art.º 187.º, 189.º e 269.º, n.º 1, al. e) CPP;
3. Juiz (de julgamento): art.º 377.º n.º 1 CPP;
4. Tribunal da Relação do Porto: art.º 432.º “à contrário” e 427.º CPP.
CASO PRÁTICO 41

Um processo crime contém peças cuja cronologia obedece a uma ordem temporal, sendo que o
“principio da preclusão” obriga à existência dessa ordem. Tendo isto em consideração e admitindo
que todos os actos foram praticados no tempo devido, ordene pela respetiva sequência, mediante
simples enumeração, os que aqui são indicados:
A - Acusação pelo MP;
B – Apresentação das Motivações de Recurso;
C - Requerimento, por declaração para a ata, de interposição de recurso da decisão final;
D - Intervenção Hierárquica provocada dirigida ao Superior Hierárquico;
E - Exposições introdutórias em audiência de julgamento;
F - Sentença final de 1ª Instancia;
G - Apresentação da Contestação;
H - Despacho de Arquivamento do Inquérito após a inquirição de varias testemunhas, do Arguido e
do Ofendido;
I - Acusação pelo Assistente e dedução de Pedido de Indemnização Civil;
J – Notificação de despacho que designou data para julgamento;
K - Despacho de admissão do Recurso da decisão que colocou termo à causa, fixou do seu efeito e
regime de subida;
L - Queixa por crime de natureza semipública e requerimento para a constituição como Assistente.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 41

1. L;
2. H;
3. D;
4. A;
5. I;
6. J;
7. G;
8. E;
9. F;
10. C;
11. B;
12. K.
CASO PRÁTICO 42

No dia 20/02/2017 António foi surpreendido na sua caixa do correio com uma notificação do
Tribunal ali depositada nesse dia que, recebendo a acusação que contra si era deduzida pelo MP,
imputava-lhe a prática de um crime de furto simples p e p. pelo art.º 203º n.º 1 do CP, designava
para julgamento o dia 19/04/2017. Dado que nenhum ilícito havia praticado e nunca tendo sido
notificado ou sequer ouvido no processo, António entendeu a notificação como um lapso que a
“divina providência” se encarregaria de resolver e, no dia e hora designados, não compareceu em
tribunal. Também nunca contactou ou foi contactado pelo defensor que lhe foi nomeado o qual foi
notificado do mesmo despacho que designou dia para julgamento por carta enviada em 21/02/2017.
No dia designado e porque o Tribunal não considerou absolutamente indispensável a presença de
António, o julgamento realizou-se e, a final, o Tribunal deu como provada toda a matéria constante
da acusação e condenou António a uma pena de dois anos e três meses de prisão, sentença esta que
foi logo ditada para a ata.
No dia seguinte António foi detido, notificado da sentença e, mais tarde, conduzido ao
estabelecimento prisional para cumprimento da pena em que foi condenado.

Questão 1: Aprecie a legalidade da falta de audição do arguido durante o inquérito;


Questão 2: Aprecie a legalidade da realização do julgamento;
Questão 3: Por que meio, para onde e em que prazo reagiria à sentença? E o que alegaria?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 42

Questão 1:
a) Era obrigatório o interrogatório do António como arguido - art.º 272º nº 1 CPP;
b) A omissão desta diligência dará origem à insuficiência do inquérito o que configura nulidade dependente
de arguição – artº 120º, nº 2, al. d) CPP;
c) A nulidade deveria ser arguida até ao encerramento do debate instrutório ou, não havendo lugar a
instrução, até cinco dias após a notificação do despacho que tiver encerrado o inquérito (art.120º, nº3, al.
c) CPP). Porém, considerando que o António nunca foi notificado do encerramento do inquérito, mas da
data da audiência de julgamento, entendo que deverá ser interpretado extensivamente a al. c) do n.º 3 do
art.º 120º CPP também a esta situação;
Questão 2:
a) O julgamento não poderia ter sido realizado por ser obrigatória a presença do arguido, só podendo ser
efetuada na sua ausência nos casos definidos na lei e desde que tenha prestado termo de identidade e
residência: art.º 32º, nº 6 da CRP; 196.º n.º 3 al. d), 332.º n.º 1, 333.º e 334.º CPP;
b) Não se verifica qualquer uma das situações a que aludem os nºs 1 e 2 do art.º 334º CPP;
c) Não verifica a situação do art.º 333º CPP pois o arguido não está regularmente notificado para a audiência
pois foi notificado por via postal simples o que só seria admitido caso tivesse indicado a sua residência (ou
domicilio profissional) à autoridade policial ou judiciária que tivesse elaborado o auto de notícia ou o
tivesse ouvido em inquérito ou instrução – arts. 113, nº 1 al. c), 283º, nº6 e 196º, nº 3. al. c) CPP;
d) A realização do julgamento configura a nulidade insanável: art.º 119º, al. c) CPP;
Questão 3:
a) Meio adequado para reagir à decisão seria o recurso, a interpor no prazo de 30 dias para o Tribunal da
Relação: art.º 411.º n.º 1, 432.º “à contrário” e 427.º CPP - em que a alegação - nulidade insanável pela
realização do julgamento na ausência do Arguido –art. 119.º al. c) CPP;
b) Habeas corpus: art.º 222.º n.º 1, n.º 2 al. b); art.º 223.º e art.º 467.º CPP.
CASO PRÁTICO 43

Imaginem que receberam um telefonema de António, vosso cliente, que o questiona e pede
esclarecimentos sobre como “está o processo” e o porquê da “demora no seu andamento”, pedindo-
lhe que faça alguma coisa no sentido de o processo andar mais rápido e o arguido vir a ser acusado
o mais depressa possível.
Ao consultarem o processo, na data de hoje, aperceberam-se que a queixa, pela prática de um
crime de ofensas à integridade física simples, p. e p. pelo artigo 143.º n.º 1 do CP, foi apresentada
em 08 de Agosto de 2016 e que até este momento ainda não foi proferida acusação ou despacho de
arquivamento.

Questão: Atento o enunciado, haveria alguma coisa que poderia ser feita no sentido de satisfazer a
pretensão do cliente? Em caso positivo, diga o que poderia ser feito.
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 43

1. O prazo máximo de inquérito já se mostrava ultrapassado (8 meses): art.º 276.º n.º 1 CPP;
2. O prazo terminava em 10 de Abril 2017;
3. Sim, requerimento de aceleração processual, dirigido ao Procurador Geral da República e
entregue nos serviços do DIAP onde o processo se encontre: art.º 108.º e 109.º CPP.
CASO PRÁTICO 44

Qual o tribunal competente para o julgamento de um processo pela prática de um crime de furto
qualificado, p. e p. pelo artigo 204.º n.º 2 al. e) do CP?
SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 44

A competência é do Tribunal Coletivo: art.º 204.º n.º 2 al. e) do CP e art.º 14.º n.º 2 al. b) CPP.
Porém, caso o M.º P.º entenda, na acusação ou em requerimento, que não deva ser aplicada pena
de prisão superior a 5 anos, a competência cabe ao Tribunal Singular: art.º 16.º n.º 3 CPP.
CASO PRÁTICO 45

Considere as seguintes afirmações e assinale a verdadeira ou falsa, indicando uma só norma


legal justificativa da opção tomada:
1. A competência do Tribunal de Júri decorre da lei, sem necessitar de ser requerida;
2. É competente para conhecer de um crime qualquer tribunal;
3. A conexão de processos ocorre independentemente da fase em que se mostrarem os processos;
4. Pode intervir no julgamento do processo o juiz que aplicou a medida de coação de proibição e
imposição de condutas;
5. O despacho que reconhece o impedimento do juiz é recorrível;
6. Vários arguidos podem, em qualquer circunstância, ser assistidos por um único defensor;
7. O pedido cível fundado na prática de crime tem de ser sempre deduzido no processo respetivo;
8. O interrogatório do arguido pode ser realizado a qualquer hora;
9. A prova é sempre apreciada segundo as regras da experiência e livre convicção do tribunal;
10. O depoimento das testemunhas pode ser efetuado por intermédio de procurador;
11. A busca a escritório de advogado é lícita sem a presença de juiz ou representante da OA;
12. A obrigação de apresentações periódicas é cumulável com qualquer outra medida de coação;
13. A denúncia anónima determina sempre a abertura de inquérito;
14. A direção do inquérito cabe aos órgãos de polícia criminal, orientados pelo Ministério Público;
15. É competente para a realização do inquérito qualquer Ministério Público;
16. Pode ser, em qualquer circunstância, dispensada a redução a auto das diligências de prova;
17. A suspensão provisória do processo não pode ser superior a dois anos;
RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 45

1 - Falsa: Artº 13º CPP;


2 – Falsa: artº 19º nº 1 CPP;
3 – Falsa: Artº 24º nº 2 CPP;
4 – Falsa: Artº 40º al. a) CPP;
5 – Falsa: Artº 42º nº 1 (1.º parte) CPP;
6 – Falsa: Artº 65º CPP;
7 – Falsa: artº 71º, 72º CPP;
8 – Falsa: Artº 103º nº 3 CPP;
9 – Falsa: artº 127º (163º) CPP;
10 – Falsa: Artº 138º nº 1 CPP;
11 – Falsa: Artº 177º nº 5 CPP;
12 – Falsa: Artº 198º nº 2 CPP;
13 – Falsa: Artº 246º nº 6 CPP;
14 – Falsa: Artº 263º nº 1 e nº 2 CPP;
15 – Falsa: Artº 264 CPP;
16 – Falsa: artº 275º CPP;
17 – Falsa: artº 282º nº 1 e nº 5 CPP.
CASO PRÁTICO 46

António encontrava-se acusado da prática, em autoria material e na forma consumada, de um crime


de participação económica em negócio, p. e p. pelo artº 357º do CP, com fundamento em ter
atuado em determinado negócio com o intuito de auferir para si um benefício económico indevido
e, desta forma, prejudicar, como prejudicou, a Sociedade de que é Administrador “Todos à Cautela
SA”, que, segundo a acusação, é uma sociedade de capitais maioritariamente públicos
O António requereu a abertura de instrução e, no despacho de pronúncia proferido, o Tribunal
Central de Instrução Criminal, entendeu assistir razão ao António de que o mesmo não podia ser
qualificado como “funcionário” ao abrigo do disposto no art.º 386.º CP (a sociedade não detinha
participação maioritária de capital público), mas subsistir relativamente ao negócio em causa o
prejuízo patrimonial sofrido pela Camara Municipal de D.
A instrução decorreu sem incidentes ou comunicações e decidiu assim, a final, o Tribunal Central
Instrução Criminal pronunciar o António pela prática de um crime de participação económica em
negócio em coautoria com o arguido Bernardo (Presidente da Camara Municipal de D) p. e p. pela
disposições conjugadas dos artigos 3.º n.º 1 alínea i) e 23.º n.º 1 da Lei n.º 34/87 de 16 de Julho e
28.º do CP.

Questão: Considerando que o António nunca foi confrontado na fase de instrução com a
possibilidade de a sua conduta ter lesado a Camara Municipal de D nem de ter atuado em coautoria
com o Bernardo, diga, fundadamente, enquanto Defensor do António, se e de que modo poderia
reagir contra o despacho de pronúncia proferido.
RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 46

1. Tribunal Central de Instrução Criminal: art.º 116º, 120º nº 1 da LOTJ (Lei 62/2013 de 06/08);
2. Sim, poderia reagir;
3. Alteração substancial dos factos descritos na acusação (art.º 1, al. f) CPP);
4. Nulidade da decisão instrutória: art.º 309.º n.º 1 CPP – prazo de arguição de 8 dias: art.º 309.º
n.º 2 CPP;
5. Recurso do despacho que indeferir a arguição de nulidade: art.º 310.º n.º 3 CPP;
6. Alteração da qualificação jurídica dos factos descritos na acusação: art.º 303.º n.º 5 CPP;
7. Irregularidade: art.º 118.º n.º 1 e n.º 2 e art.º 123.º CPP – prazo de arguição no próprio ato
ou nos 3 dias seguintes: art.º 123.º n.º 1 CPP;
8. Arguição cumulativa dos vícios apontados.
CASO PRÁTICO 47

António Malvisto, de quem é Defensor Oficioso, é coarguido num processo de furto qualificado em
que se encontra preso preventivamente Celestino, coarguido no mesmo processo.
António Malvisto foi notificado do despacho que designa data para a realização da audiência de
discussão e julgamento para o dia 04 de setembro de 2017, por carta depositada no dia 31 de março
de 2017, conforme declaração do distribuidor postal.
O Defensor, por sua vez, foi notificado do aludido despacho por carta expedida pelo tribunal em 30
de março de 2017.

Questão 1: Qual o ato processual que se segue a esta notificação?


Questão 2: De que prazo dispõe para o efeito?
Questão 3: Considerando somente na perspetiva do António Malvisto e do seu defensor, qual o
último dia desse prazo?
RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 47

Questão 1:
Contestação e Rol de Testemunhas: art.º 315.º CPP;

Questão 2:
20 dias: art.º 315.º CPP;

Questão 3:
1. Notificação do Arguido: 05/04/2017 (31/03/2017 + 5 dias): art.º 113.º n.º 1 al. c) e n.º 3 e
art.º 196.º n.º 2 CPP;
2. Notificação do Defensor: 03/04/2017 (30/03/2017 + 3.º dia útil posterior): art.º 113.º n.º 1 al.
b) e n.º 2 CPP;
3. Notificação para a audiência de julgamento, o arguido e o defensor têm de ser notificados, pelo
que o prazo para a prática de ato processual subsequente conta-se a partir da data da
notificação efetuada em último lugar: art.º 113.º n.º 10 CPP;
4. Último dia do prazo normal: 26/04/2017 (prazo urgente em virtude de arguidos preventivos):
art.º 103 n.º 2 al. a) e 104.º n.º 1 e n.º 2 CPP; art.º 138.º CPC;
5. Último dia prazo com multa: 02/05/2017 (01 de Maio, feriado): art.º 104.º e 107.º - A do
CPP; art.º 138.º e 139.º CPC;
RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 48

Em 15 de maio de 2017, no Judicial Local Criminal de Vila Nova de Gaia, Juiz 1, António foi
absolvido pelo crime de ofensas a integridade física simples na pessoa de Carlos, ofendido melhor
identificado nos autos, por em audiência de julgamento se ter feito prova de que a queixa não tinha
sido apresentada em tempo. O processo fora iniciado em 23 de Novembro de 2016 e a acusação
notificada pessoalmente a todos os interessados (arguido, ofendido e lesados) a 09 de fevereiro de
2017, sendo certo que os factos ocorreram em 12 de Fevereiro de 2016.
António, à data do julgamento, estava sujeito às medidas de coação de TIR e de prestação de
caução no montante de 1000 €, que tinha prestado durante o inquérito mediante depósito em
numerário, à ordem do processo.

Questão 1: Carlos poderia, em recurso, ver reapreciada aquela decisão absolutória?


Questão 2: Após a leitura da sentença, mantêm-se aquelas medidas de coação?
RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 48

Questão 1:
1. Carlos poderia recorrer;
2. Para tanto teria de estar constituído assistente: artº 401.º n.º 1 al. b) CPP;
3. A constituição como assistente deveria ser requerida no prazo do recurso: artº 68º, 3 al. c)
CPP.

Questão 2:
As medidas de coação extinguem-se com a sentença absolutória, mesmo que dela se tenha
interposto recurso: art.º 214.º, 1 d) CPP – pelo que, além da imediata extinção do TIR, o montante
da caução seria imediatamente devolvido a António.
CASO PRÁTICO 49

António participou criminalmente de Bernardo, acusando-o da prática do crime de falsificação de


documentos em negócio celebrado entre ambos. No entanto, o Ministério Público proferiu despacho
de arquivamento, por considerar não existirem provas suficientes dos factos indiciados.
Inconformado, António pretende reagir e contacta-o.

Questão: Quais as formalidades a cumprir?


RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 49

1. Constituição como Assistente: art.º 256.º CP; art.º 68º, nº 1, al. a) e n.º 3 al. b) CPP;
2. Representação judiciária dos assistentes (advogado): art.º 70º CPP;
3. Pagamento da taxa devida pela constituição de assistente (1UC): art.º 8.º n.º 1 do RCP e art.º
519.º n.º 1 CPP;
4. Requerimento de Abertura de Instrução: art.º 69º, nº 1 e nº 2, al. a); art.º 277º, nº 3 CPP;
artº 286º n.º 1 CPP; art.º 287º, nº 1, al. b) e nº 2 CPP (+ 283º, nº 3, als. b) e c) CPP);
5. Pagamento da taxa devida pela abertura de instrução (1UC): art.º 8.º n. 2 do RCP;
6. Intervenção no debate instrutório: art.º 302º CPP;
7. Arguição de nulidade do despacho de pronúncia: art.º 308º CPP e art.º 309º CPP;
8. Recurso do despacho que indeferir a nulidade da decisão instrutória: art.º 310.º n.º 3 CPP;
CASO PRÁTICO 50

António agrediu Bernardo, com murros e pontapés, na cidade de Paços de Ferreira, no passado dia
01 de junho de 2017, cerca das 19:30. Bernardo, passados uns dias e recuperado parcialmente das
lesões sofridas, contactou-o no seu escritório a fim de o aconselhar e quais as formalidades que
devia tomar para apresentar queixa criminal contra António.
Considerando o enunciado e, além do CPP, a Lei de Organização do Sistema Judiciário e respetivo
Regulamento, nas mais recentes alterações, responda ao seguinte:

Questão 1: Qual o Departamento de Investigação e Ação Penal competente para receber a queixa,
determinar a abertura de inquérito e a sua investigação?
Questão 2: Na hipótese de Bernardo pretender a sua constituição como assistente, qual o Tribunal,
na fase de inquérito, ao qual deverá ser dirigido o requerimento e competente para a sua decisão?
Questão 3: Na hipótese de acusação e remessa dos autos para o julgamento, qual o Tribunal
competente para o seu julgamento?
Questão 4: Na hipótese de recurso da decisão final, qual o Tribunal competente para a sua
apreciação?
RESOLUÇÃO CASO PRÁTICO 50

Questão 1:
Resposta: DIAP de Paços de Ferreira (Comarca de Porto Este): art.º 262.º, 263.º e 264.º CPP; art.º
33.º n.º 2 (Anexo II) e 152.º Lei 40-A/2016, 22/12; art.º 14.º (Anexo II) Dl 86/2016, 27/12;

Questão 2:
Resposta: Juízo de Instrução Criminal de Penafiel (Comarca de Porto Este): art.º 17.º, 68.º n.º 3
(corpo), 269.º n.º 1 al. f) CPP; art.º 33.º n.º 2 (Anexo II), 81.º n.º 1, n.º 3 al. f), 119.º Lei 40 –
A/2016, 22/12; art.º 6.º, 14.º (Anexo I) DL 86/2016, 27/12;

Questão 3:
Resposta: Juízo Local Criminal de Paços de Ferreira (Comarca de Porto Este): art.º 16.º n.º 2 al. b),
19.º n.º 1 CPP; art.º 33.º n.º 1 e n.º 2 (Anexo II), 81.º n.º 1, n.º 3 al. d), 130.º (atenção ao n.º 2
al. a)), 132.º Lei 40 – A/2016, 22/12; art.º 14.º (Anexo I) DL 86/2016, 27/12;

Questão 2:
Resposta: Tribunal da Relação do Porto: art.º 12.º n.º 1 e n.º 3, al. b), 432.º “a contrario”, 427.º
CPP; art.º 32.º (Anexo I), 67.º Lei 40 – A/2016, 22/12;
E nunca se esqueçam:

O IMPORTANTE NÃO É VENCER TODOS OS DIAS


MAS LUTAR SEMPRE!

Boa sorte a todos e muito obrigado pela vossa atenção e paciência.

Formador: César Sousa


Email: c.sousa-8495p@adv.oa.pt
Telemóvel: 933413274
Data: 06 de julho de 2017

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