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Aula 2, dia 30/11/2022 (pág.

1 a 29)
Co-arguidos:

Art.º 345.º, n.º 4

Art.º 343.º e 133.º

Art.º 344.º, n.º 3

Para haver prova resultante de todos os co-arguidos era necessário que todos confessassem e
não houvesse contradição.

O advogado tem sempre oportunidade de intervir no processo.

O contraditório tem de ser pleno (fazer as perguntas necessárias de modo a defender ativamente
o arguido).

• Muitas vedes é vedado ao advogado fazer as perguntas que entendem.

Imunidades dos Advogados:

• Ac. de 31-05-2022, Relatora Alda Casimiro

Interpretação as normas do Processo Penal:

Não temos norma que nos diga uma fórmula de interpretar as normas de Processo Penal.

No entanto, no 1.º e 67.º existem algumas definições legais que delimitam o modo como devem
ser entendidas determinadas normas.

Ator principal do Processo Penal:

• O Arguido!

Al. e) do art.º 1.º - não temos definição de arguido mas temos de suspeito.

No art.º 57.º e ss. surge-nos a qualidade de arguido, mas nunca uma definição.

Artigo Polémico - art.º 169.º do Código Penal (Lenocínio)

1. Bem jurídico: Figueiredo Dias, desde 1964, considera a norma inconstitucional com
fundamento no facto de a norma não ter um bem jurídico a proteger.
2. Ac. TRP julgou este artigo inconstitucional.
3. TC não considera este artigo inconstitucional.

A interpretação das normas do CPP é sempre feita em conformidade com a CRP, de acordo com
a CEDH e com o Direito Europeu.

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Havia uma corrente jurisprudencial que dizia que o apesar de não se poder prejudicar o
arguido que se remetia ao silêncio, em caso disso, acredita-se na versão que tinham e que o
arguido teria uma não versão.

Nos crimes particulares é o ofendido que tem o poder de decidir se deduz ou não acusação,
por isso o inquérito não pode ser arquivado (?)

Portaria 280/2013 - era suposto harmonizar a legislação toda. Mas tem de se aplicar a Portaria
642/2004 também.

Caso Prático para início dos Requerimentos:

No decurso de uma audiência de discussão e julgamento, sendo o crime que está a ser julgado
da competência do Tribunal Coletivo, mais concretamente o crime de infração de regras de
construção, dano em instalações e perturbação de serviços, p. e p. no artigo 277.º do CP, tendo
sido feitas as alegações, por todos os sujeitos processuais, o coletivo recolhe e na mesma sessão,
perante todos os outros sujeitos processuais, o Mmo. Juiz Presidente vem comunicar uma
alteração substancial, que denomina de alteração não substancial dos factos, apesar de se tratar
de uma alteração dos factos uma vez que visava introduzir o elemento subjetivo do crime que
não constava da acusação e da pronúncia.

A defesa do arguido pede o prazo de 10 dias para preparar defesa e foi marcada data para
prosseguir a audiência com compatibilização de agendas, para daí a 25 dias.

Chegada a data da audiência, o Juiz, em vez de continuar a audiência, lê a decisão, dizendo que
a defesa tinha precedido porque não tinha sido exercida no prazo de 10 dias.

O que fazer para exercer a defesa?

Vícios do Processo Penal:

1. Nulidades

2. Irregularidades

Tudo o que não for nulo é irregular.

In casu, é um ato da competência do coletivo, em que têm de estar todos presentes na


comunicação da alteração (não) substancial dos factos. Assim, deveria arguir-se a nulidade por
falta de composição do coletivo (art. 119.º, n.º 1, al. a). Também deveria recorrer-se da decisão,
pois que é nula, por o arguido não ter dado o seu acordo a que o julgamento prosseguisse com a
inclusão dos novos factos. Art.º 379.º e 359.º, ambos do CPP. Juiz não pode decidir vindo dizer
que a defesa não foi exercida. O arguido é quem pode falar em último lugar.

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Caso Prático 2

No decurso de uma troca de opiniões das redes sociais, António chamou a Bento “bandalho”,
“corrupto” e “cabrão”. Bento sente-se ofendido e vai procurar o seu advogado para instaurar a
respetiva queixa-crime.

Deve-se ir ao notário para certificar que aquele insulto foi publicado naquele dia e naquela hora
naquela rede social. Pedido de certificação da publicação.

Nas acusações particulares:

2. Requerer assistente.

3. Pagar taxa de justiça.

4. Constituição de advogado.

Departamento de Investigação de Ação Penal de Lisboa

Ex.mo Sr. Procurador Adjunto

Bento, solteiro, contribuinte fiscal XXX, residente em XXX

Vem participar criminalmente contra,

António, casado, contribuinte fiscal XXXX, residente em xxx

O que faz nos termos e com os seguintes fundamentos:

1.º

No passado dia 11 de novembro, pelas 15 horas, no seguimento de uma troca de opiniões entre
o participante e o aqui participado na rede social XXX, este dirigiu-se ao aqui ofendido
chamando-lhe de “bandalho”, “corrupto” e “cabrão”. Tudo conforme certificado de publicação
que se junta e se dá por integralmente reproduzida para todo os devidos e legais efeitos.
Documento 1.

2.º

O participante é uma pessoa íntegra, honesta, trabalhadora e respeitadora e cumpridora da lei,


não se revendo nas ofensas de que foi alvo.

3.º

Com tal comportamento, o participante sentiu-se ofendido na sua honra e bom nome, perante
todos aqueles que têm acesso aos comentários da referida rede social.

4.º

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O participado agiu com direta intenção de proferir tais ofensas com o objetivo de denegrir a
honra do participante.

5.º

Define o art.º 181.º, n.º 1 do Código Penal que “quem injuriar outra pessoa, imputando-lhe
factos, mesmo sob a forma de suspeita, ou dirigindo-lhe palavras, ofensivos da sua honra ou
consideração, é punido com pena de prisão até 3 meses ou com pena de multa até 120 dias.”

6.º Pelo que,

É por demais evidente que, face ao exposto, incorre o participado no crime de injúria, previsto
no art.º 181.º, n.º 1 do CP.

7.º

Razão pela qual se intenta a presente participação criminal.

8.º

Ademais, requer o participante, de modo a conseguir participar ativamente no processo, a sua


constituição como assistente, para os efeitos do disposto no art.º 50.º, n.º 1 do CPP.

JUNTA: Procuração forense, 1 (um) documento, documento comprovativo de pagamento de


taxa de justiça e respetivo DUC (Documento único de cobrança).

PROVA:

I. Documental:

1. Certificado de publicação.

II. Testemunhal:

1. Declarações do participante.

O ADVOGADO

Defesa de Bento:

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1. Requerimento de abertura de instrução. O que se visa é apenas a comprovação judicial
da acusação, se há matéria suficiente para deduzir acusação. Normalmente acaba por se
discutir se houve ou não a prática do comportamento que se imputa.

2.

Aula 3, dia 14/12/2022 (páginas x a x do doc)


Simão fino:
Ex: MP acusa o arguido de certo facto. No entanto, imagine-se que a produção de prova
foi insuficiente. Ou que há certa prova que é essencialíssima (exemplo do jornalista que
sabe dos factos p/ex) então aqui a forma de requerer que ele venha ao processo não é
através do RAI mas sim através da intervenção hierárquica.

Começamos por falar do RAI:

N.º processo Ministério Público – DIAP de Coimbra


Ex.mo Senhor Procurador da República

Tribunal de instrução criminal de Coimbra

Senhor Juiz de Direito,

X, não se conformando com o douto despacho de acusação proferido, vem requere a


abertura da instrução,

O que faz nos termos e com os seguintes fundamentos,

A instrução não é um pré-julgamento. Visa, tão só, ver se a decisão de acusar foi ou não
bem feita. Para isso, é preciso ter indícios suficientes – o tal juízo de prognose. Arts,
286 e ss.

Arquivado que foi o inquérito que decorria pelo crime de ofensas corporais que o Carlos
teria infringido ao Daniel, por o MP considerar que a prova dos autos não era suficiente
para deduzir a acusação, o Daniel (queixoso) não concorda e tem a certeza que o

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entendimento está errado, e que existe prova que não foi levada em conta, por isso não
querendo requerer a abertura da instrução, vem requerer a intervenção do superior
hierárquico.

Nota: não é o superior que vai proferir o despacho de acusação. Ele tem é o poder de dar
ordens ao inferior, que, por sua vez, proferirá, a correr tudo bem, proferirá despacho de
acusação.

Ademais, como requerer a intervenção hierárquica não pode recorrer ao RAI. Para além
disso, como não foi para o RAI, não precisa de se constituir assitente.

Requerimento para a intervenção do Superior Hierárquico

Ministério Público – Procuradoria da República da Comarca de Coimbra

Exmo. Senhor Procurador-Adjunto da Républica

Daniel, ofendido nos autos referenciados e lá melhor identificado, não se conformando


com o despacho de arquivamento proferido nos autos, vem requerer a intervenção
hierárquica para o superior hierárquico nos termos do art. 278.º do Código de Processo
Penal (doravante CPP),

Nos termos e com os seguintes fundamentos,


1.º
A ofendido não pode, de todo, conformar-se com o Douto despacho de arquivamento
proferido nos autos, no que respeita ao denunciado crime de ofensas corporais.
2.º
Bastou-se o Ministério Público com X elementos trazidos à colação pelo
arguido/lesante.
3.º
Fundamentado o despacho de arquivamento apenas com base em tais elementos.
4.º
Em boa verdade, o Ministério Público encontra-se vinculado ao princípio da legalidade,
o qual impõe que tomando notícia do crime, primeiro, que investigue; segundo, que
acuse (art.º 219º da C.R.P. e art.ºs 1º e 2º n.º 2 do E.M.P.).

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5.º
Assim, carece de total fundamento e ofende as citadas normas legais, o despacho de
arquivamento em crise.
6.º
Das normas supracitadas, resulta que o Ministério Público está obrigado a investigar
para recolher prova suficiente que indicie (ou não) de que determinado crime foi
cometido.
7.º
Nos termos e para os efeitos do disposto do n.º 1 do artigo 262º do Código de Processo
Penal, “O inquérito compreende o conjunto de diligências que visam investigar a
existência de um crime, determinar os seus agentes e a responsabilidade deles e
descobrir e recolher as provas, em ordem à decisão sobre a acusação.”
8.º Acontece que,
No caso em apreço, no âmbito das diligências que foram realizadas pelo Ministério
Público, não foram chamadas ao processo testemunhas essenciais.
9.º
Porquanto têm conhecimento direto dos factos em virtude de terem estado presentes
quando os mesmos ocorreram
10.º
Nos termos e para os efeitos do disposto do n.º1 do artigo 128.º “A testemunha é
inquirida sobre factos de que possua conhecimento directo e que constituam objecto da
prova”
11.º
Deste modo, é patente que tais testemunhas deveriam ter sido ouvidas para que pudesse
ser tomada decisão conforme o teor de tais declarações.
12.º
Tal modo que, e face à omissão de diligências de prova, salvo melhor opinião, o
Ministério Público não realizou de forma adequada os deveres a que estava adstrito.
13.º Consequentemente,
No caso em apreço, sempre estaremos perante uma nulidade sanável (ou seja, tem prazo
para serem arguidas, sob pena de serem sanadas) nos termos e para os efeitos do
disposto pelo art.º 120º n.ºs 1 e 2 al. d) do C.P.P.
15.º
Por tudo quanto foi descrito supra, é notório que houve uma insuficiência do inquérito
porquanto foram omitidas diligências essenciais para que o MP pudesse formular a sua
convicção quanto à prática de tais factos.

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O presente arquivamento não teve por base a recolha de prova bastante de não se ter
verificado o crime ou de não ter obtido indícios suficientes (art.º 277º n.ºs 1 e 2 C.P.P.),
pois resulta claramente dos autos que a mesma sou ocorreu por falta expressa de
investigação! - as diligências que poderiam (e deveriam) ser levadas a efeito nunca
foram determinada.
17.º
O presente inquérito padece, de manifesta, insuficiência.
18.º
Por tal razão, impõe-se que o mesmo seja reaberto e determinadas as diligências que
não foram realizadas para que possa ser proferido despacho de acusação.

Termos em que,
Demonstrada que fica pela alegação supra as razões de discordância do douto despacho
de arquivamento, requer-se a V. Ex.ª a sua intervenção hierárquica, no sentido em que

Nota: temos de indicar as novas testemunhas aqui.


Falámos de requerimento escritos, e agora
,
II. Requerimentos orais:
Estamos numa diligência, e temos de tomar posição no momento. Ou nunca mais se
podem tomar, os vícios sanam-se.
Por exemplo, o arguido diz algo que reforça a posição defesa ao contrário do que tinha
dito em sede de inquérito.
No decurso da audiência de discussão e julgamento, o arguido ao prestar depoimento
diz algo muito diferente e que reforça a sua posição de defesa, ao contrário do que tinha
dito em sede de inquérito perante o OPC. A verdade é que a versão que presta em
audiência de discussão e julgamento é muito mais favorável para ele do que o que tinha
dito em sede de inquérito, mais parecendo que o que houvera dito em inquérito se
consubstanciava numa versão dos factos de colaboração com a justiça para 46 não ir
preso. Em face desta discrepância de declarações, o Procurador da República requer a
leitura, nos termos do artigo 357.º do CPP, em audiência de discussão e julgamento, das
declarações anteriores que o arguido prestadas em sede de inquérito perante OPC.
Supondo que é advogado do arguido, como proceder e o que fazer?
 Não sendo dada a palavra, temos de a pedir.
 O arguido deve aquando lhe for dada a palavra para se pronunciar manifestar
pelo ser advogado a oposição a tal requerimento se o mesmo for desfavorável à

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sua defesa, nos seguintes termos: Mmo. Juiz o arguido --, opõe-se a que sejam
lidas as suas declarações uma vez que não foram prestadas perante
autoridade judiciária nem por ele foram pedidas, nos termos do artigo 357.º
n.º 1 b) e a) do CPP.
(exemplo das aulas do Edgar)
 Caso peçamos a palavra e o juiz não nos der, o advogado é defensor, é sujeito
processual, tem o direito e o dever de intervir. Art. 80º do EOA que consiste no
direito de protesto, e isso configura a possibilidade de recorrer da decisão. Ou
seja
a. Pedir a palavra, dizer que tem o direto a falar.
b. E invocar o tal artigo 80.º do EOA.

E imagine o mesmo caso, se a leitura de declarações do arguido tiver sido prestada


perante autoridade judiciária, estando presente o seu advogado e sendo-lhe feita a
advertência do artigo 141.º 4.º b) CPP em sede de inquérito, ou seja, perante o MP ainda
assim é permitida, independentemente da vontade a leitura das declarações
anteriormente prestadas em inquérito em audiência de discussão e julgamento? O que
fazer. Como reagir? (edgar)
 Podemos sempre, por uma questão de princípio, reagir a qualquer coisa. Neste
caso em particular. Falou do acusatório e do corolário de que quem acusa é
diferente da que julga. Ora, no caso em concreto, as declarações foram prestadas
pela entidade que acusa. E as declarações podem ser lidas em audiências de
discussão e julgamento são as que estão no código. Contudo, o princpio presente
no art. 32.º/5 aplica-se a todo o processo.
 O artigo que permite a leitura de declarações do arguido prestadas em sede de
inquérito perante autoridade judiciária, MP, com a presença do seu advogado é
inconstitucional porque violador do princípio do acusatório, na medida em que
prestadas naquela altura visavam defender-se da fase processual em que se
encontrava nomeadamente para não ser preso preventivamente. Ou seja, as
declarações prestadas em sede de inquérito se prestadas perante a autoridade que
acusa não podem ser lidas em audiência de discussão e julgamento perante quem
julga, violando o princípio do acusatório que se estende ao longo de todo o
processo, artigo 32.º n.º 5 do CPP. Por isso o artigo 357.º n.º 1, n.º 1 b) do CPP
com o sentido supra apontado é inconstitucional, pelo que o advogado deve
manifestar a oposição à leitura das declarações prestadas anteriormente pelo
arguido nestes termos. (Edgar). Arguimos a inconstitucional por violação do
pressuposto no 32/5 CRP.
Por outro lado, no decurso da audiência de discussão e julgamento, se a testemunha de
acusação, ao prestar depoimento sendo o mesmo verdadeiro, mas ao prestá-lo afirmar
algo diferente do que tinha dito em sede de inquérito perante o OPC, quando se
apercebe e se lembra dessas diferenças, estando com advogado a acompanhar o que
pode fazer.

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 Nos termos do disposto no artigo 132.º n.º 2 do CPP a testemunha não é
obrigada a responder a perguntas quando daí alegar que das respostas resulta
a sua responsabilidade penal. Estando a testemunha com o seu advogado, no
decurso da inquirição, sem interferir na mesma, pode o mesmo informar a
testemunha dos direitos que lhe assistem, nos termos do n.º 4 daquele preceito,
donde poderá aconselhar a responder que atendendo a que da resposta pode
resultar responsabilidade penal, a testemunha não responda (para evitar o
respetivo processo crime). Já o arguido pode mudar de posição ao longo do
processo (normal).

III. Sujeitos Processuais:


O processo penal não é um processo de partes, mas um processo com sujeitos
processuais e participantes processuais.
Os participantes processuais “praticam atos singulares cujo conteúdo processual se
esgota na sua própria atividade, os sujeitos processuais são titulares de “direitos (que
surgem, muitas vezes sobre a forma de poderes-deveres ou de ofícios de direito público)
autónomos de conformação da concreta tramitação do processo como um todo, em vista
da sua decisão final”. Ou seja, têm uma participação construtiva na declaração do
direito do caso”
Os sujeitos processuais são, pois o Juiz, o MP, o arguido, o defensor a vítima e o
assistente.
 Do Juiz e do Tribunal

É o juiz quem tem o poder de aplicar a lei e decidir o direito a aplicar ao caso
concreto em ordem a decidir o que está a ser julgado no tribunal, sendo que essa
decisão terá força de caso julgado. O CPP não contem uma definição de caso
julgado. Referiu o art. 371-A (relacionado com a existência de caso julgado da
sentença caso haja lei mais favorável). O caso julgado pode, desta forma, ser
alterado. Insere-se aquando da suspensão da execução da pena de prisão para 5
anos. O processo penal português tem uma estrutura acusatória mitigada com o
princípio de investigação, sendo que nos termos do disposto no artigo 219.º n.º 1
da CRP o MP é a entidade – magistratura, como se verá de seguida, que tem
competência para levar a cabo o exercício da ação penal.

O JIC tem as funções que apesar de não exercer a ação penal, lhe competem por
força da lei na fase de inquérito e de instrução, e, bem assim, tem a competência
para o exercício de todas as funções jurisdicionais até que o processo seja
remetido para julgamento, artigo 17.º do CPP, desde que deduzida acusação, ou
desde que o processo seja arquivado e que não tenha sido requerida a
intervenção hierárquica, jurisdicionais até que o processo seja remetido para
julgamento. O juiz é independente de todos os outros poderes do Estado e de
todos os poderes. Ao aplicar a lei segundo e dentro dos princípios da sua própria
consciência, nos termos do disposto no artigo 203.º CRP.

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O Juiz nunca está sujeito a supervisão administrativa, nos termos do disposto no
artigo 216.º do CPP. O Juiz natural, nos termos dos artigos 27.º n.º 2, 32.º n.º 9,
34.º n.º 2, 202.º n.º 1 e 2, 203.º CRP, significa que “nenhuma causa pode ser
submetida ao tribunal cuja competência não esteja fixada em lei anterior, o que
tem por finalidade evitar a designação arbitrária ou política de um tribunal ou
juiz para resolver um caso determinado (art. 32.º n.º 9 CRP)”, ou um
determinado processo. O que se estabelece com o princípio do Juiz Natural é que
não é admissível a criação de competências especiais, por via legislativa, política
ou outra, para que se possa atribuir a competência a um juiz que anteriormente
não tinha competência para julgar o caso. Ex: do Carlos Alexandre. Viola o juiz
natural.

Existem impedimentos do Juiz para participar na intervenção no processo, uma


vez que a imparcialidade do Juiz deve ser mantida a todo o custo no processo
penal. A justiça tem de ser seria e parecer séria.
Assim sendo o Juiz não poderá julgar em determinados casos, que se encontram
materializadas nos artigos 39.º e 40.º do Cód. Proc. Penal, que são taxativos. O
despacho em que o Juiz se considere impedido é irrecorrível. Nos termos do
disposto no artigo 43.º do CPP, em caso de inexistir impedimento do Juiz na
participação no processo, poder-se-á requerer a escusa ou a recusa do mesmo,
conforme preceituado nos artigos 44.º e 45.º CPP.
Cita-se, por exemplo o Juiz, durante a audiência de julgamento, profere para o
defensor a seguinte afirmação: “- pergunto-me onde terá V.as Ex.ª feito a sua
licenciatura em Direito”. Neste caso a declaração proferida para o defensor é
suficientemente ofensiva para constituir fundamento de recusa do juiz, pois o
arguido teria razões para temer que essa declaração também o afetaria,
influenciando a decisão sobre a sua culpabilidade e a pena que lhe seria aplicada.
O caso é verídico”1. A declaração de suspeição pode ser requerida pelo MP, pelo
arguido, pelo assistente ou pelas partes civis, nos termos do disposto no artigo
43.º n.º 2 CPP, no prazo fixado no artigo 44.º CPP.

O presidente disse ao mandatário do arguido o seguinte: “se o arguido tinha optado pelo
silêncio, chegar … e explicar exatamente o que aconteceu se n fizer, como o Sr. Dr.
bem sabe, temos as regras da experiência comum”.
Elaboração de um requerimento de recusa de juiz (incidente)

1
Paulo de Sousa Mendes livro.

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Aula 4, dia 04/01/2023 (pág. 55 a 79)

 O Ministério Público

Tem um estatuto próprio e tem autonomia, artigo 219.º n.º 2, 4 e 5 CRP.

O processo penal é um processo de sujeitos e não de partes.

Apesar de ser o dono da ação penal, pode chegar-se à conclusão mediante a


prova produzida, ou pela sua invalidade, ou pela falta dela, pode alterar a sua
posição e recorrer da decisão ainda que no interesse do arguido. Há, no entanto,
jurisprudência uniformizada no seguinte sentido: "Em face das disposições
conjugadas dos artigos 48.o, a 53.o e 401.o do Código de Processo Penal, O
Ministério Público não tem interesse em agir para recorrer de decisões
concordantes com a sua posição anteriormente assumida no processo" Acórdão
Uniformizador de Jurisprudência n.º 2/2011 de 16 de Dezembro de 2010
publicado no Diário da República 1.a Série, de 27 de Janeiro, tendo como
Relator o Juiz Conselheiro SANTOS CABRAL, ou seja pedindo a absolvição
em primeira instância o MP não pode recorrer da decisão que absolva o arguido.

O CPP não diz que atos tem o MP de praticar, apenas que A direção do inquérito
cabe ao Ministério Público, tendo uma autonomia muito grande no inquérito.

 Arguido

Art.º 57.º e 58.º do CPP.

Prazos da duração do inquérito – art.º 276.º CPP. Parte da doutrina diz que em
são prazos meramente orientadoras, não acarretando a sua violação qualquer
consequência. No entanto, há quem considere que tal posição é violadora dos
direitos dos arguidos.

 Vítima

Art.º 67.º-A do CPP


Lei 139/2015

 Assistente

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Art.º 68.º CPP

Há casos em que o ofendido não se pode constituir como assistente

a) Caso da massa insolvente (pp. 67). A massa insolvente de sociedade


comercial, representada pelo administrador da insolvência, não tem
legitimidade para se constituir assistente no âmbito de processo penal.
b) Só teria legitimidade em casos relacionados com a própria massa
insolvente, e não contra outros pessoas e mesmo assim pairam
dúvidas.

 Defensor

É um sujeito processual.

Defensor é aquele que representa o arguido.

Nos termos do disposto no artigo 32.º, n.º 3 CRP, estabelece-se a


obrigatoriedade de assistência por advogado no processo penal. Por isso o
defensor tem uma posição de sujeito processual.

Aula 5, dia 12/01/2023 (pág. 79 a 97)


Competência tribunais.

Porque é que os advogados são julgados em primeira instância?

Competência territorial: está subjacente que ninguém se furte ao julgamento por não
haver um critério fixado.

Crime violação: crime semipúblico. Artigo 164.º e 178.º CP.

Imagine-se que três pessoas violam uma mulher e ela só pretende apresentar
queixa contra duas:
 O não exercício tempestivo do direito de queixa relativamente a um dos
comparticipantes no crime aproveita aos restantes, nos casos em que também
estes não puderem ser perseguidos sem queixa – art.º 115.º, n.º 3 do CP.
 Uma solução poderia ser meter queixa contra os dois e contra desconhecidos,
alegando não saber quem era o terceiro.

A existência de queixa é um pressuposto processual.


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MP enquanto dono da ação penal não pode escolher contra quem atuar. Tem obrigação
legal de agir contra todos quando tem conhecimento da prática de um crime.

Com a interrupção da prescrição o prazo volta a contar do início. O mesmo já não


ocorre com a suspensão, em que só há uma paralisação da contagem.

Aula 6, dia 19/01/2023 (pág. 97 a 127)

A fotografia ilícita pode ser junta ao processo crime? Depende do que nos convém.
As nulidades de prova não se podem sanar. Diz o malafaia. Mas a jurisprudência tem
dito o contrário.

Aula 7, dia 25/01/2023 (pág. 127 a 144)

Prova: 124.º e ss. CPP

Artigo 345.º

(Perguntas sobre os factos)

1 - Se o arguido se dispuser a prestar declarações, cada um dos juízes e dos jurados pode fazer-lhe
perguntas sobre os factos que lhe sejam imputados e solicitar-lhe esclarecimentos sobre as declarações
prestadas. O arguido pode, espontaneamente ou a recomendação do defensor, recusar a resposta a
algumas ou a todas as perguntas, sem que isso o possa desfavorecer.

2 - O Ministério Público, o advogado do assistente e o defensor podem solicitar ao presidente que formule
ao arguido perguntas, nos termos do número anterior.

3 - Podem ser mostrados ao arguido quaisquer pessoas, documentos ou objetos relacionados com o tema
da prova, bem como peças anteriores do processo, sem prejuízo do disposto nos artigos 356.º e 357.º

4 - Não podem valer como meio de prova as declarações de um coarguido em prejuízo de outro
coarguido quando o declarante se recusar a responder às perguntas formuladas nos termos dos n.º 1 e 2.

Artigo 141.º
Primeiro interrogatório judicial de arguido detido
1 - O arguido detido que não deva ser de imediato julgado é interrogado pelo juiz de instrução, no prazo máximo de
quarenta e oito horas após a detenção, logo que lhe for presente com a indicação circunstanciada dos motivos da
detenção e das provas que a fundamentam.

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2 - O interrogatório é feito exclusivamente pelo juiz, com assistência do Ministério Público e do defensor e
estando presente o funcionário de justiça. Não é admitida a presença de qualquer outra pessoa, a não ser que,
por motivo de segurança, o detido deva ser guardado à vista.
 Enquanto estagiário há partida não poderia assistir. Como solução, patrono
poderia elaborar procuração conjunta.

Art.º 144.º CPP – interrogatório complementar.

Aula 8, dia 26/01/2023 (pág. 144 a176)

Art.º 190.º CPP – nulidade de prova. Pode ser arguida em qualquer altura do processo.
Há jurisprudência uniformizada que entende que é sanável se não for arguida até ao
requerimento de abertura de instrução.

Caso prático do recurso.

Aula 9, dia 02/02/2023 (pág. 176 a)


Caso prático do recurso:
Tomada de posição – temos de convencer ao juiz que aqueles tipos de comportamentos
não se vão voltar a repetir. Invocar que a medida seria excessiva. Que há meios que
permitem evitar este tipo de coisas, como a proibição de estar em determinado conselho,
controlo eletrónico, apreensão do passaporte – impedindo-o assim de viajar. Exemplo:
no caso de tráfico de droga, propor uma desintoxicação.
No recurso temos dois pontos:
1.º matéria de facto dada indiciariamente por assento e do qual não se concorda.
2.º matéria de direito.

Elaboração do recurso.
Leitura de acórdãos.

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Aula 11, dia 01/03/2023 (pág. 176 a)

Aula 12, dia 08/03/2023 (pág. 176 a)

Aula 13, dia 22/03/2023 (pág. 176 a)

Processos especiais – artigo 381.º e ss. do CPP


- Sumário – tem de haver detenção em flagrante delito. 381.º do CPP
- Sumaríssimo
- Abreviado – é URGENTE! Correm férias, ou seja, o prazo pode acabar em período de
férias judiciais!

Suspensão da pena não aplicável quando pena seja superior a 5 anos. Imagine-se que é
condenado a 5 anos e meia. Pode-se pedir a redução da pena e, consequentemente, por
arrasto, a sua suspensão.

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