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Processo Nº 4926/21- MºPº

REGISTO Nº238/21
Autor: Ministério Público
Arguidos: Stélio Luís da Silva Ferreira.
AG
AMARAL GOURGEL
ADVOGADOS

CONTESTAÇÃO
Questões de factos

O arguido não praticou os factos que lhe estão a ser acusado. Nos termos em que foi
interrogado do nosso constituinte, na esquadra de polícia no Distrito Urbano das
Ingombotas, houve sim desentendimento, porém foi as 6h 40 e não as 5h 20 conforme foi
escrito nos autos. E importa dizer, a nenhum momento o arguido desferiu chapadas e socos
contra a queixosa. Portanto, não é possível alguém que saiu as 6h e 40 minutos no Zango
zero venha agredir outrem nas Ingombotas as 5h e 20 minutos. Dito de outro modo, não é
possível as mesmas pessoas estarem em dois lugares distintos ao mesmo tempo.

O arguido abandonou o local do discursão, porque temia ser agredido pelos irmãos e
amigos da namorada, por conseguinte, voltou para casa na mesma manhã porque precisava
descansar, porém tinha telemóvel ligado o tempo todo, portanto é ele não é foragido da
polícia.

O arguido e queixosa regressavam duma festa realizada nos a redores do Zango zero,
deixando o local da festa no período das cinco e quarenta minutos. passando ainda na
centralidade do Kilamba, para deixar ficar a prima da mesma, que se fazia acompanhar de

uma filha menor.


Quanto a acusação, alegando que arguido perdeu o auto domínio, e desferiu várias
chapadas e socos com punho fechado na face da ofendida, e ela tinha conseguido pular do
veículo.

Não corresponde a verdade. Tal discursão ocorreu num espaço urbano, havendo
várias câmaras de vigilância, que podem ser solicitadas para análises.

As referidas imagens, constituindo assim provas materiais nos autos. Tudo isso, são
coisas da sua cabeça com único fim requer uma indeminização sem justa causa.

Dito de outro modo, a ofendida quer simplesmente atacar o património do nosso


constituinte.

Antes pelo contrário, a queixosa cuspiu-o no rosto. Com medo de ter uma reação
inesperada, desceu do veículo e meteu-se gritando, dramatizando a situação e logo se
aproximavam pessoas conhecidas dela. Assim, ele temendo de ser agredido e vandalizarem
o veículo; abandonou o local da discursão imediatamente.

4º-

Relativamente a prestação de auxílio a ofendida. Não houve necessidade de prestar


auxílio, porque não houve de facto uma agressão física nem psicológica.

Por conseguinte não há fuga nem perigo de fuga do arguido. Ficou claro que o
arguido, depois da discursão abandou o local imediatamente, temendo duma agressão dos
parentes e vizinhos da ofendida e também temia que vandalizassem o seu veículo. Porém,
estava localizado no seu domicílio e manteve os telefones todos ligados.

Quando o MP na acusação afirma, que o arguido, não se coibiu de ofender


fisicamente a ofendida, atingindo-lhe uma região sensível, deixando a ofendida em estado
lastimável.

Sem especificar com clareza e objetividade, a região atingida da ofendida. É claro


que ás declarações que foram aqui prestadas não são minimamente credíveis e suscetíveis
de serem aproveitadas sejam para que efeito for.
O tribunal poderá valorar as declarações que foram proferidas pelo arguido. A prova
produzida nestes autos consiste fundamentalmente em prova pessoal, que se baseia
unicamente nas declarações da declarante. Por conseguinte, peço ao órgão competente
para requerer as imagens das câmaras da referida rua da discursão, para que se produza
provas materiais.

Quanto o sexto articulado da acusação do MP, afirma a ofendida foi submetida a


auto de exame direto preliminar e apresenta edema e equimoses nas regiões periobitarias
em ambos os lados da face, perda da projeção molar, ferimentos cortu-contusas nas regiões
do ângulo da mandígula, sangramento intra oral, bem como ocular, com alteração a nível do
movimento ocular, hemorragia subconjuntural nos globos oculares, teve igualmente
inflamação traumática na regia frontal e assimétrica facial directa…

Bem, para todos efeitos, o tribunal poderá valorar as declarações da ofendida e analises
solicitadas no laboratório forense.

Quanto ao sétimo articulado, que afirma a ofendida encontra-se em estado sequelar,


e não encontra ainda curada, aguardando o exame direto de sanidade da mesma.

Entendemos que há um certo excesso, na abordagem da situação ou estão a


dramatizar a situação.

salvo o devido respeito, solicito a entidade competente, no caso o MP para realizar


outros exames a uma clínica privada que serve como contra prova. Desta feita o perito
poderá ser notificado se for necessário para declarar e espelhar melhor os resultados dos
exames.

A dita acusação feita pelo MP, no 8º articulado, o arguido aceita sem dar rodeios a
autoria material do ilícito.
É indubitável que as declarações que aqui foram prestadas não constitui uma
confissão, porque a confissão recai sobre os factos, pois apenas sobre os factos o réu se
defende.

Por conseguinte, o arguido afirma ter havido desentendimento, porém a momento


algum admite ter agredido sua namorada.

O arguido não aceita tal facto que lhe é imputado, porque em conversa com ele
confirmou que sentiu-se intimidado pela solenidade do ato de interrogatório.

Ao arguido não lhe foi permitido constituir advogado antes do interrogatório,


violando assim claramente um direito do arguido. Em conversa com ele confirma, lhe ter
feito perguntas intimidatórias.

O arguido tem o direito de ser ouvido sobre todos os factos objeto do processo e
poderá exercer esse direito com todas as garantias inerentes à sua qualidade se sujeito
processual, mas as declarações prestadas podem ser usadas como meio de prova.

Quanto a embriaguez e a irritação, o nosso constituinte no momento dos factos


encontrava-se lucido e em pleno gozo das suas faculdades mentais. E sobre embriaguez este
não foi submetido a nenhum exame toxicológico para provar o contrario.

O direito de defesa implica o direito de audição e ao consequente interrogatório,


assim como o direito de o arguido se fazer assistir por um advogado ou defensor oficioso.
Conforme estabelece Art. 171, nº 4. (No interrogatório é obrigatório a presença de advogado ou
defensor oficioso). Esse direito foi violado no interrogatório ter sido realizado sem a presença
do advogado.

Ninguém pode ser condenado sem que lhe seja concedida o direito de se fazer ouvir
«Direito de audiência». O princípio da audiência é a primeira das expressões do princípio do
contraditório, em conformidade com Art.67 CRA. «Ninguém pode ser detido, preso ou
submetido a julgamento senão nos termos da lei, sendo garantido a todos os arguidos ou
preso o direito de defesa de recurso e de patrocínio judicial».
Este princípio do contraditório, assume a sua forma mais acabada, entretanto, no
direito de contestação concedida ao arguido. Por isso, há uma clara violação dos direitos do
nosso constituinte, por não lhe ter dado a oportunidade de constituir o advogado, no
primeiro interrogatório, violando assim o direito de defesa.

10º

Efetivamente, apesar da MP ter entendido existirem condições para qualificar tal


conduta ser passível de subsumir nos termos do artigo 160 nº1 al. d) do CPA.

Assim, salvo o devido e merecido respeito, o nosso entendimento, a referida


conduta se configura especificamente no art. 159º nº1 CPA. com epigrafe, (Ofensa Simples
à Integridade Física). Por conseguinte tal conduta é punida com pena de prisão até 1 ano ou
multa até 120 dias.

QUESTÕES DE DIREITO

Regra geral o MP é o titular da Acão Penal. É ele que introduz a causa em juízo,
através de uma peça processual a que se dá o nome de acusação. O pressuposto processual
é, finalmente, a legitimidade do MP para acusar. É exigível de denúncia ou participação do
ofendido, nos crimes semi-públicos como é «ofensas corporais com não mais de dez dias de
doença» nos termos do art. 160 nº1, al. d) do CP

Mas dada, acontecimento dos factos entendemos que a referida conduta é


subsumível nos Art. 159 nº1, CP «quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é
punido com pena de prisão até 1 ano ou multa até 120 dias».

Porém a legitimidade do MP fica em causa por se tratar duma situação, em que


ofendida, remete um requerimento a PGR renunciando do direito de prosseguir com o
processo por esta ter perdido interesse.

Por esta via. Invoca os artigos 50 nº1; Art.51, nº1 e Art.53, nº1 todos do CPP. Desistir
o procedimento penal instaurado contra o Arguido preso, Stélio Luís da Silva Ferreira, por
não ter mais interesse no prosseguimento dos presentes autos.

Tal pretensão é acolhida pelo Art. 3º € O MP só pode acusar pelos factos de que
tenha havido acusação particular quando desta dependa o exercício da ação penal. Em tal
caso, a intervenção do MP cessa com perdão ou desistência do assistente particular. Por
conseguinte, esta é o nosso entendimento, que MP venha homologar o requerimento da
desistência da ofendida, nos termos e para os efeitos prescritos, no Art. 53, nº1 in fine do
CPP.

Assim, salvo o devido e merecido respeito, esperamos que MP deve antes notificar o
arguido para, no prazo de 5 dias, declarar se ele se opõe, entendendo-se como não oposição
a fata de declaração. Em conformidade o preceito legal. Art. 53, nº 3 CPP.

Tratando-se de um arguido preso por um crime que ele clama não ter praticado tal
delito, e por maioria de razão este arguido não diria contrário. Se não aceitar restituição à
liberdade.

Estamos em crer que esta acusação feita pelo MP, no dia 15 de Dezembro de 2021,
contrariando o requerimento da ofendida, requerendo a sua desistência, porque perdeu
interesse no processo, datada de 01 de Dezembro de 2021.

Requerimento da Senhora Albertina de Jesus dos Santos, fê-lo com fundamentos


dos artigos 50, nº 1, e 51 nº1, e 53, todos do CPP. Fundamentando a sua desistência do
procedimento criminal instaurado contra o Arguido preso, Stélio Luís da Silva Ferreira.
Tal conduta, revela que a ofendida não pretende constituir-se assistente, logo
esperamos que MP venha homologar o referido requerimento, conformando assim com
interesse da declarante.

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