Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO    DA

___ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________ - UF.

Processo nº __________________.

_____________________________NOME, já
devidamente qualificado, nos autos da AÇÃO PENAL, movida
pela JUSTIÇA PÚBLICA, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, através de seu advogado infra-firmado, apresentar:

DEFESA PRELIMINAR, com fulcro no art. 396 e


396 A, da Lei 11.719/2008, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

BREVE RELATO DOS FATOS

Segundo a denúncia, o Acusado e sua ex-


companheira, ____________________NOME, conviveram
maritalmente por aproximadamente 8(oito) anos, e que no
decorrer deste período construíram a empresa “_______________”,
se divorciando em meados de outubro de 20___.
Aduz o MP, que diante do processo de separação, o
Acusado passou a apresentar um comportamento agressivo, e
na data de __/__/_____, aproximadamente às __:__, o Acusado
dirigiu-se ao local de trabalho da vítima e a ameaçou de morte
declarando que iria matá-la, e que ainda lhe ofendeu com
palavras de baixo calão, xingando-a.

Alega o MP, que vários funcionários da empresa


têm sido intimidados pelo comportamento agressivo do
Acusado, que como se não bastasse, no dia __/__/____, o
mesmo, na tentativa de intimidar a vítima, passou a frequentar
os mesmo locais por ela frequentados, descumprindo a medida
cautelar de fls. __.

Ainda, alega que o Acusado, no período noturno


do dia __/__/20___, se dirigiu até a empresa de propriedade da
vítima e, desobedecendo a medida 8° da medida cautelar
prevista fls. __ do inquérito policial, danificou a cerca elétrica da
empresa, desligou o sistema de    câmeras, arrombou o portão a
fim de tentar subtrair determinados documentos de dentro do
estabelecimento, porém não obteve êxito, uma vez que a porta
para acessar a empresa possuía senha, sendo esta trocada pela
vítima após o término do relacionamento.

Diz o MP, que agindo assim o Acusado incorre nas


sanções dos artigos 147, 163 e 330, todos do Código Penal, e
ainda no art. 7°, II da Lei 11.340/06, requerendo o recebimento
da denúncia, sendo o mesmo citado e ao final condenado,
requerendo ainda a oitivas das testemunhas arroladas.

Eis a síntese do necessário.

CONDUTA DO ACUSADO

É importante ressaltar Excelência, acima de tudo,


que o Acusado é pessoa íntegra, primário e de bons
antecedentes, sendo assim, no caso de condenação faz jus aos
benefícios previstos na legislação penal para o caso.

DO MÉRITO

O Acusado não cometeu delito qualquer, pois


jamais ameaçou de morte a vítima e também não praticou
qualquer ato que gerasse violência psicológica ou
descumprimento de qualquer medida cautelar, vejamos o
depoimento da testemunha _______________:

“QUE O DEPOENTE TRABALHA NA EMPRESA


____________ DESDE O DIA __/__/____; QUE O DEPOENTE
CONFIRMA TER PRESENCIADO UMA INTENSA DISCUSSÃO
ENTRE ________________ E ______________NO INTERIOR DA
MENCIONADA EMPRESA, NO DIA ___/__/____, POR
VOLTA .................................................................................
..........”

Face o depoimento supra citado, já é possível


perceber que não houve violência psicológica qualquer, nem
mesmo qualquer crime de ameaça de morte.

A intenção da vítima é prejudicar o Acusado,


como pode se perceber pelos antecedentes do Acusado, em
outra oportunidade a vítima tentou prejudicar já o mesmo
alegando que foi agredida, porém ela mesma retirou a intenção
de representar em audiência, conforme fls. 33, assim
extinguindo a punibilidade do mesmo.

No mais o próprio Acusado já representou a


vítima, conforme documentos nos autos.

Inclusive a vítima lhe agrediu fisicamente,


conforme B.O de fls. __, e Laudo de Exame de Corpo Delito fls.__
(autos n°_________________– Cautelar).

Isso mostra que não se pode levar em conta tudo


que é alegado pela vítima, pois esta já foi agressora, tendo
comprovado pelo Laudo de Exame de Corpo de Delito que já
agrediu fisicamente o Acusado.

Quanto à acusação na denúncia do crime do art.


330 do CP, em nenhum momento o Acusado violou as medidas
cautelares determinadas pelo juízo, o que houve, foi que o
mesmo acabava encontrando a vítima em certos lugares, e logo
saía do local para evitar discussões.

Porém, a vítima tenta de todas as formas se


aproveitar-se das situações, mentindo e dizendo que a todo
tempo é agredida e xingada.
Agora, quanto à questão da empresa, conforme
contrato social de fls. __, é possível perceber que a empresa
também era de propriedade do Acusado e após o seu injusto
afastamento, tratou de contratar esse advogado para
intermediar algumas relações empresariais com o advogado da
vítima.

Diante disso, nunca houve qualquer


descumprimento de medida cautelar.

No depoimento da testemunha
_______________consta que as discussões entre o Acusado e a
vítima se deram em função de assuntos relacionados à empresa.

Portanto Excelência, não havia discussões sobre


relacionamento ou sobre situações domésticas ou afetivas do
casal, e sim somente e exclusivamente em relação a empresa,
por isso não houve violação da medida protetiva, muito menos
crime do art. 330 do CP.

Além do mais, a medida protetiva foi equivocada,


tanto é verdade que sábia a decisão de fls. 77 (autos
n°_______________ – Cautelar), que indefere a prorrogação da
medida protetiva, sob o fundamento de estar ausente o
periculum in mora no presente caso.

Vale frisar novamente, para aplicação da Lei Maria


da Penha há necessidade haver relações domésticas, no
presente caso não havia estas relações, pois as discussões eram
em função da empresa exclusivamente.

Foi feita uma composição na ___Vara Cível da


comarca de _____________/UF, onde foi vendida a parte da
empresa do Acusado para a vítima.

Neste acordo, ficou estabelecido que todas as


ações judiciais envolvendo as partes seriam extintas, porém
havia um inquérito policial que era justamente destes autos na
época da celebração do acordo anexo.

Como não ficou constando em ata de audiência a


extinção de inquéritos policiais, a vítima mostrando toda sua
vontade de prejudicar o Acusado não extinguiu o presente
processo, assim mostrando que não tem palavra nem boa
índole.
Vale dizer, que logo quando o acusado soube do
presente processo, tratou de avisar o advogado da vitima para
que providenciasse a desistência, mas como até agora isso não
ocorreu, o mesmo foi obrigado a fazer a defesa (doc em anexo).

No mais, Excelência, na audiência de instrução de


julgamento, restará demonstrado de forma cabal que não são
verdadeiras as alegações da vítima, bem como restará
demonstrada sua intenção de prejudicar o Acusado, claro, isso
sempre foi motivado pela disputa da pessoa jurídica.

Assim, desde já não havendo provas cabais de que


houve os crimes imputados pelo MP na denúncia, quais sejam
art. 147, 163 e 330 todos do Código Penal, bem como o art. 7°,
II da Lei 11.340/06, desde já requer a absolvição do Acusado,
com base no princípio in dubio pro reo.

Para que haja condenação há necessidade de


haver certeza sobre autoria e materialidade dos delitos
imputados, o que não é o caso, aliás longe disso.

Sendo assim, não há outra alternativa senão a


absolvição do mesmo.

DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA, ART.


77 DO CP.

Caso não haja a absolvição do Acusado, o mesmo


ainda faz jus, por analogia ao benefício da Suspensão
Condicional da Pena, por preencher os requisitos do art. 77 do
Código Penal.

Vejamos como se manifesta a jurisprudência:

TJMG-066189) APELAÇÃO. ART. 129, § 9º DO


CPB. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FIRME
CONJUNTO PROBATÓRIO. CONCESSÃO DE
"SURSIS". IMPERATIVIDADE. RECURSO PROVIDO
EM PARTE.
Não há como acolher o pleito absolutório, se
comprovado nos autos que o réu agrediu a sua ex-
esposa após chegar em casa embriagado e insultá-
la com palavras de baixo calão, subsumida a sua
conduta ao tipo penal previsto no art. 129, § 9º do
CPB. Impõe-se a concessão da suspensão
condicional da pena ao acusado, se verificado
que o mesmo preenche os requisitos previstos
no art. 77 do CPB para ser contemplado com
a medida descarcerizadora.
(Apelação Criminal nº 1.0177.07.007373-5/001(1),
2ª Câmara Criminal do TJMG, Rel. Vieira de Brito.
j. 26.03.2009, unânime, Publ. 27.04.2009).

TJMG-056032) LESÃO CORPORAL - VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA - RELACIONAMENTO AMOROSO
FINDO - DESCLASSIFICAÇÃO -
INADMISSIBILIDADE - SUSPENSÃO
CONDICIONAL DA PENA - POSSIBILIDADE.
1. Restando comprovado que para a prática das
agressões físicas contra a vítima, o autor
prevaleceu de relações domésticas anteriormente
existentes, decorrentes de relacionamento amoroso
já findo, deve ser mantida a qualificadora prevista
no § 9º do art. 129 do CP.
2. Reunindo o réu os requisitos objetivos e
subjetivos preconizados no art. 77 do Código
Penal, faz jus ao benefício da suspensão
condicional da pena - "sursis".
3. Recurso parcialmente provido.
(Apelação Criminal nº 1.0514.07.022861-4/001(1),
3ª Câmara Criminal do TJMG, Rel. Antônio
Armando dos Anjos. j. 10.06.2008, unânime, Publ.
24.07.2008).

Portanto, não sendo absolvido o Acusado pelo


princípio in dubio pro reo, deve este receber o benefício da
Suspensão Condicional da Pena, pois preenche os requisitos do
art. 77 do CP.

DOS PEDIDOS

a) Provar o alegado pela produção de todos os


meios de provas admitidas em direito que se fizerem
necessárias, notadamente depoimentos pessoais;
b) Seja o Acusado ao final, ABSOLVIDO, nos
termos do artigo 386 do Código de Processo Penal, com base no
princípio in dubio pro reo;

c) Caso o Acusado seja CONDENADO, que seja


aplicado o benefício da Suspensão Condicional da Pena, sendo
que o mesmo tem direito, conforme art. 77 do CP, por ser
primário, ter bons antecedentes e boa conduta social, etc..

d) Requer-se a intimação pessoal da vítima para


informar aos autos se tem interesse na continuidade do
processo ou não.

Nestes termos,

Pede deferimento.

____________, ___ de __________ de 20__.

____________
OAB-UF/

Você também pode gostar