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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO    DA ___ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE _______________ - UF.

Processo nº __________________.

_______________, brasileiro, solteiro, pedreiro, residente e


domiciliado na Rua ___________ nº ____, Bairro _______________, atualmente
constrito junto a ___________, por seu advogado infra firmado,    vem, com
todo acatamento e respeito à presença de Vossa Excelência, oferecer a
presente defesa preliminar, na esteira do artigo 55, § 1º da Lei nº 11.343 de
23 de agosto de 2006, aduzindo o quanto segue:

INÉPCIA DA DENÚNCIA

Segundo reluz dos elementos granjeados durante o fabrico do


inquérito policial, salta aos olhos que a conduta testilhada pelo réu não se
amolda a traficância, como apregoado pela peça portal coativa.

O próprio dono da lide deixa entrever que a droga encontrada


com o réu era para seu próprio consumo, quanto afirma à folha __:

"... Evidentemente se trata de pequeno tráfico, provavelmente


para mantença do consumo."

Efetivamente, segundo reluz das informações sobre a vida


pregressa do réu à folha ___, temos que o mesmo possui dependência a
narcóticos, tendo no dia do fato, consumido um cigarro de maconha.

Ora, sendo dado incontroverso que o réu era, como é,


dependente de psicotóxicos, perpassa como uma obviedade rotunda, que a
droga apreendida destinava-se, única e exclusivamente, a seu consumo.
Conclusão inversa, afronta a lógica e o bom senso de quem ainda o
conserva.

Neste norte é a mais abalizada e cobiçada jurisprudência,


parida pelos pretórios pátrios:

PROVA TÃO SOMENTE DA APREENSÃO DO TÓXICO -


INSUFICIÊNCIA PARA CONFIGURAR O COMÉRCIO - DESCLASSIFICAÇÃO
PARA POSSE DE ENTORPECENTE - RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO."Não basta a apreensão - seja de que quantidade for - de material
entorpecente, para a caracterização do tráfico, sendo necessário um mínimo
de outros elementos formadores de convencimento" (TJSP - AC 125/764-3/9.
Rel. RENATO NALINI, in RT 693/338 e RJTJSP 136/495) No mesmo sentido:
RT 518/378, 671/368 e RJTJSP 124/511, 139/270-290).

SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. COMERCIALIZAÇÃO. PROVA


INSUFICIENTE. DESCLASSIFICAÇÃO. Desclassifica-se o tráfico entorpecente
para uso, se as provas dos autos são insuficientes para indicar a ocorrência
do comércio ilícito, principalmente pela pequena quantidade de droga.
(Apelação nº 0003095-21.2011.8.22.0501, 1ª Câmara Criminal do TJRO,
Rel. Zelite Andrade Carneiro. j. 10.11.2011, unânime, DJe 16.11.2011).

APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS (ARTIGO 33,


"CAPUT", DA LEI 11.343/06) - PLEITO DE DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME
DE TRÁFICO PARA O DE USO DE ENTORPECENTE - POSSIBILIDADE -
INEXISTÊNCIA DE PROVA SEGURA DA PRÁTICA DO TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTE - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Restando
evidenciado que as substâncias entorpecentes apreendidas não eram
destinadas ao consumo próprio, e ainda, não tendo a acusação demonstrado
cabalmente a existência da atividade de mercancia imputada ao acusado,
torna-se medida de Justiça a desclassificação do crime de tráfico de drogas
para o de uso, consubstanciado no artigo 28, da Lei nº 11.343/06. [...]
(Apelação Criminal nº 6101900659, 2ª Câmara Criminal do TJES, Rel. José
Luiz Barreto Vivas. j. 13.10.2010, unânime, DJ 09.11.2010).

APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO ILÍCITO DE


ENTORPECENTES - DESCLASSIFICAÇÃO PARA PORTE PARA USO ANTE A
AUSÊNCIA DE PROVAS DA EFETIVA MERCANCIA. Cabível a
desclassificação do crime de tráfico de entorpecente para porte para uso,
previsto no artigo 28 da Lei nº 11.343/2006, quando ausente a prova da
mercancia da droga ilícita pelo acusado. (Apelação nº 0090595-
17.2008.8.26.0050, 4ª Câmara de Direito Criminal do TJSP, Rel. Willian
Campos. j. 26.07.2011, DJe 05.08.2011).

Mais, se forem avaliados e sopesados os depoimentos dos


milicianos que efetuaram a prisão do réu, vislumbra-se que o mesmo foi
abordado quanto deambulava pelo passeio público, inexistindo qualquer
resquício, por menor que seja, que o mesmo estivesse traficando, mesmo
porque não foi surpreendido vendendo a droga, a qual, de resto, destinava-
se a fomentar seu vício, uma vez que é dependente.

Do policial militar, _____________ à folha ____, colhe-se o


seguinte depoimento:

"... estavam de patrulhamento de rotina. Quando no local do


fato, que era considerado venda de drogas, encontraram o indiciado na via
pública. Abordaram o indiciado e encontraram no bolso dianteiro, lado direito
do abrigo preto, dez embrulhos de plástico branco, contendo uma erva com
semelhança a droga conhecida por maconha. Diante da apreensão foi dada
voz de prisão em flagrante ao indiciado..."

"...O indiciado alegou que encontrou a droga apreendida na via


pública, isso num gramado. O indiciado alegou que era viciado e a droga
seria para o seu consumo..."

Do policial militar, _______________, à folha __, colhe-se o


seguinte depoimento:

"... avistaram o indiciado caminhando na via pública.


Abordaram o indiciado e encontraram no bolso dianteiro, lado direito, do
abrigo preto, dez embrulhos contendo erva semelhante a droga conhecida
por maconha..."

"... O indiciado alegou que a droga apreendida seria para o seu


consumo."

A tudo agrega-se, no intuito de lançar-se ao descrédito a peça


inaugural, a divergência existente entre a quantidade cannabis sativa,
consignada na denúncia igual a 21 (vinte e uma) gramas, com a constante
do laudo pericial de folha ____, o qual aponta a quantidade de 5,425 (cinco
gramas e quatrocentos e vinte e cinco miligramas), de material arrestado e
submetido a perícia.
Temos, pois, como dado insopitável, que o material
apreendido resume-se a 5,425 gramas, haja vista que somente este teve
atestado sua idoneidade toxicológica, imprescindível, para aquilatar-se e
positivar-se a própria materialidade da infração, ou seja, de que o material
é tóxico e não atóxico.

Assim, impossível é receber-se a denúncia, na forma em que


vazada, haja vista que a mesma se encontra-se alicerçada em premissas
dúbias e ambíguas, em descompasso profundo com os elementos de prova
coligidos na fase inquisitorial, ao imputar fato atípico ao réu, com o que
deverá ser repelida em sua natividade, consoante recomenda e preconiza a
nova lei regente da matéria.

Diante do exposto, requer:

I.- Seja rejeitada a denúncia, uma vez que imputa ao réu fato
atípico, qual seja, a mercancia de substância entorpecente - tendo sempre
em linha de conta que inexistindo tipicidade não pode haver persecução
criminal, por ausência de justa causa - o que se vindica tem por suporte as
razões expendidas linhas volvidas, destacando-se a divergência abissal
entre a quantidade de substância tóxica lançadas na peça ovo (= 21g) e a
aferida para efeito da materialidade (= 5,425g) pelo laudo nº ____________, à
folha ___.

II.- Na remota, improvável e longínqua hipótese de ser


recebida a denúncia, protesta pela inquirição das testemunhas abaixo,
mediante prévia intimação pelo Sr. Oficial de Justiça:

1.) ___________________;

2.) ___________________;

3.) ___________________.

Nestes termos,

Pede deferimento.

____________, ___ de __________ de 20__.


____________
OAB-UF/

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