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PACOTE
ANTI
CRIME
A S M O D I F I C A Ç Õ E S N O S I S T E MA
DE JUSTIÇA CRIMINAL B R A S IL EI R O
Pedro Tenório Soares Vieira Tavares
PACOTE ANTICRIME
As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro
2020
estácio Luiz & pedrotenório
SOBRE OS AUTORES
Pedro Tenório Soares Vieira Tavares é alagoano de Maceió, bacharel em
Direito pela Faculdade de Direito de Maceió (FADIMA), especialista em Direito
e Processo Penal pela Universidade Tiradentes (UNIT). Membro do Ministério
Público do Estado do Paraná, tendo em seu currículo aprovações para os cargos
de Promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais (2017) e
Delegado de Polícia Civil do Estado de Pernambuco (2016).
Estácio Luiz Gama de Lima Netto é também alagoano de Maceió/AL,
bacharel e mestre em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
especialista em Direito e Processo Penal pela Universidade Tiradentes (UNIT).
Advogado criminalista e professor de direito penal e processo penal na
graduação (Faculdade de Maceió – FAMA), pós-graduação (Universidade
Tiradentes – UNIT) e de cursos preparatórios para concursos públicos no
Estado de Alagoas (PHD Cursos).
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PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
BREVÍSSIMA APRESENTAÇÃO
O e-book que o leitor tem em mãos busca informar e preparar, de forma
estratégica e na profundidade ideal, os candidatos para as mais diversas provas
de concurso público sobre os temas novos e também as principais alterações
que compõem a Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, assim conhecida como
Pacote Anticrime, daqui em diante mencionado como PAC.
Apesar de ser considerada pelo Congresso Nacional e pelos mais
distintos setores da política nacional como um presente de Natal à população, o
PAC foi alvo de 25 vetos e várias sanções presidenciais inesperadas, como o juiz
de garantias. Presente um tanto quanto controverso, pois.
Fato é que o PAC trouxe novos institutos penais e processuais penais, v.g,
legítima defesa exercida por agente de segurança pública em caso de vítima
refém, acordo de não-persecução penal, juiz de garantias, descontaminação do
julgado no caso de declaração de prova ilícita, regulamentação da cadeia de
custódia da prova (exame de corpo de delito), etc.
Houve também modificações profundas em institutos penais e
processuais já conhecidos, v.g, livramento condicional, inquérito policial
(sistemática do prazo, arquivamento e comunicações à autoridade judiciária –
juiz de garantias), prisões e medidas cautelares reais e pessoais diversas da
prisão, etc.
Isso sem contar com as modificações pontuais, porém cruciais, nas leis
criminais extravagantes, algumas de extrema importância para a justiça
criminal brasileira, v.g, estatuto do desarmamento, drogas, lavagem de capitais,
organização criminosa, interceptação telefônica, etc.
A missão não é fácil, pois o PAC é longo e complexo. Sem embargos,
nossa tarefa é tornar o estudo sistemático e inteligível com o objetivo de deixá-
los prontos para enfrentar qualquer fase de concurso e promover a atualização
necessária aos profissionais da área. Vamos juntos!
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 DAS MODIFICAÇÕES NA PARTE GERAL DO CÓDIGO PENAL COMENTADAS ..........................5
CAPÍTULO 7 DAS MODIFICAÇÕES NA LEI 9.296/96 (INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS) COMENTADAS ........... 200
CAPÍTULO 9 DAS MODIFICAÇÕES NA LEI 10.826/03 (ESTATUTO DO DESARMAMENTO) COMENTADAS ........ 213
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CAPÍTULO 1 DAS
MODIFICAÇÕES NA
PARTE GERAL DO
CÓDIGO PENAL
COMENTADAS
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A Constituição Federal, em seu art. 5º, XLVII, “b”, veda penas de caráter
perpétuo. Como forma de obedecer a tal dispositivo, o legislador
infraconstitucional limitou o tempo de cumprimento da pena privativa de
liberdade de modo a fixar um lapso temporal compatível e proporcional com o
tempo de vida do ser humano. Com o PAC, em caso de crimes, o tempo
máximo de cumprimento das penas privativas de liberdade passa de 30 (trinta)
para 40 (quarenta) anos.
Perceba-se que o dispositivo não modificou o art. 10 da Lei de
Contravenções Penais (LCP), que prevê o prazo máximo de 5 (cinco) anos para
cumprimento da pena privativa de liberdade, que no caso só pode ser a pena de
prisão simples. Nesse caso, a LCP figura como lei especial em relação ao Código
Penal, prevalecendo em relação à modificação trazida pelo PAC.
Com a nova mudança legal, a Súmula 715, STF, tende a ser revista, in
verbis: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão
de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável
de execução”.
Outro ponto importante é que a nova redação não sanou a divergência
entre o entendimento do STF e do STJ quanto à duração da medida de
segurança. Se a questão mencionar que houve a fixação legal do prazo máximo
da medida de segurança, automaticamente deverá ser apontada como errada.
Por enquanto, quanto à medida de segurança, vigora a divergência entre
o disposto na Súmula 527, STJ, que limita a medida de segurança à pena
máxima abstratamente cominada ao delito praticado, e o entendimento do STF
que, por analogia, aplica às medidas de segurança o tempo máximo de
cumprimento da pena privativa de liberdade, antes 30, agora 40 anos.
Não será um espanto se uma ADI for apresentada perante o STF
alegando afronta justamente ao direito fundamental individual previsto no art.
5º, XLVII, “b”. Cenas dos próximos capítulos, porém. Aguardemos.
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4 DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
4.1 ACRÉSCIMO DO REQUISITO RELATIVO A AUSÊNCIA DE FALTA
GRAVE NOS ÚLTIMOS 12 (DOZE) MESES
COMO ERA COMO FICOU COM O PAC
Art. 83. O juiz poderá conceder Art. 83. O juiz poderá conceder
livramento condicional ao condenado a livramento condicional ao condenado a
pena privativa de liberdade igual ou pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que: superior a 2 (dois) anos, desde que
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de (mantido):
11.7.1984) I – cumprida mais de um terço da pena se
I – cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime
o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes
doloso e tiver bons antecedentes; (mantido);
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de II – cumprida mais da metade se o
11.7.1984) condenado for reincidente em crime
II – cumprida mais da metade se o doloso (mantido);
condenado for reincidente em crime III– comprovado (modificado):
doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, a) bom comportamento durante a
de 11.7.1984) execução da pena;
III – comprovado comportamento b) não cometimento de falta grave nos
satisfatório durante a execução da pena, últimos 12 (doze) meses;
bom desempenho no trabalho que lhe foi c) bom desempenho no trabalho que lhe
atribuído e aptidão para prover à própria foi atribuído; e
subsistência mediante trabalho honesto; d) aptidão para prover a própria
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de subsistência mediante trabalho honesto;
11.7.1984) tenha reparado, salvo efetiva
IV – tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano
impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
causado pela infração; (Redação dada IV – tenha reparado, salvo efetiva
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) impossibilidade de fazê-lo, o dano
V – cumpridos mais de dois terços da causado pela infração (mantido);
pena, nos casos de condenação por crime V – cumpridos mais de dois terços da
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito pena, nos casos de condenação por crime
de entorpecentes e drogas afins, tráfico de hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito
pessoas e terrorismo, se o apenado não de entorpecentes e drogas afins, tráfico de
for reincidente específico em crimes dessa pessoas e terrorismo, se o apenado não
natureza. (Incluído pela Lei nº for reincidente específico em crimes dessa
13.344, de 2016) (Vigência) natureza (mantido).
Parágrafo único. Para o condenado por Parágrafo único. Para o condenado por
crime doloso, cometido com violência ou crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do grave ameaça à pessoa, a concessão do
livramento ficará também subordinada à livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que constatação de condições pessoais que
façam presumir que o liberado não façam presumir que o liberado não
voltará a delinquir. (Redação dada pela voltará a delinquir (mantido).
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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Como se percebe, o PAC apenas modificou o inciso III do art. 83. A nova
redação adicionou o seguinte requisito: O condenado não pode ter cometido
falta grave nos últimos 12 (doze) meses. Perceba que os demais requisitos do
livramento condicional foram preservados.
Numa primeira análise, parece que mesmo com a nova legislação a
prática de falta grave não interrompe o prazo para concessão do livramento
condicional, estando o PAC de acordo com a jurisprudência pacífica dos
tribunais superiores (Súmula 441, STJ: “A falta grave não interrompe o prazo
para obtenção do livramento condicional”).
Isso porque o impedimento da concessão do benefício não se confunde
com a interrupção do prazo para aquisição do direito. Pelo menos, numa
primeira análise, é como sentimento, porém, aguardemos as repercussões
jurisprudenciais.
Algo que não pode deixar de ser percebido é que a nova lei não
modificou o caput do art. 83, nem a redação dos incisos I, II, IV, V e do
parágrafo único para adequar às inovações relativas à progressão regime, que a
partir de agora tem o requisito objetivo computado em percentuais e não mais
em frações, conforme será visto em capítulo específico.
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lícito.
§1º. Para efeito da perda prevista no
caput deste artigo, entende-se por
patrimônio do condenado todos os
bens:
I – de sua titularidade, ou em relação
aos quais ele tenha o domínio e o
benefício direto ou indireto, na data
da infração penal ou recebidos
posteriormente; e
II – transferidos a terceiros a título
gratuito ou mediante contraprestação
irrisória, a partir do início da
atividade criminal.
§2º. O condenado poderá demonstrar
a inexistência da incompatibilidade ou
a procedência lícita do patrimônio.
§3º. A perda prevista neste artigo
deverá ser requerida expressamente
pelo Ministério Público, por ocasião
do oferecimento da denúncia, com
indicação da diferença apurada.
§4º. Na sentença condenatória, o juiz
deve declarar o valor da diferença
apurada e especificar os bens cuja
perda for decretada.
§5º. Os instrumentos utilizados para a
prática de crimes por organizações
criminosas e milícias deverão ser
declarados perdidos em favor da
União ou do Estado, dependendo da
Justiça onde tramita a ação penal,
ainda que não ponham em perigo a
segurança das pessoas, a moral ou a
ordem pública, nem ofereçam sério
risco de ser utilizados para o
cometimento de novos crimes.
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7.716/89 (STF. ADO 26/DF, Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, J. 13/06/2019).
Esses precedentes tornaram viva a discussão acirrada na doutrina acerca
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texto, mas sim a proteção ao seu núcleo essencial (STF. ADI 2420/DF, Pleno,
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CAPÍTULO 2 DAS
MODIFICAÇÕES NA
PARTE ESPECIAL DO
CÓDIGO PENAL
COMENTADAS
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1 CRIME DE ROUBO
COMO ERA COMO FICOU COM O PAC
Trata-se de inovação legislativa! Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia,
para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
Pena. Reclusão, de 4 (quatro) a 10
(dez) anos, e multa.
§2º. A pena aumenta-se de 1/3 até a
metade:
[...] VII – se a violência ou grave
ameaça é exercida com emprego de
arma branca. §2º-B. Se a violência ou
grave ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo de uso restrito ou
proibido, aplica-se em dobro a pena
prevista no caput deste artigo.
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(oito) anos. A nova lei apenas alterou a pena máxima comina do crime para o
patamar de 12 (doze) anos.
Nota-se uma vez o espírito da novel legislação, qual seja o de punir com
maior rigor os crimes praticados por agentes públicos valendo-se do cargo que
ocupam. Haverá parcela da doutrina que acusará o legislador de praticar o tão
alardeado direito penal simbólico, populismo penal e outros chavões.
Contudo, o que parece claro é a atual leniência (laxismo) penal com os
crimes praticados por agentes poderosos, não raros ocupantes de cargos ou
funções públicas de destaque. O PAC veio para tentar, juntamente com outras
políticas de Estado, frear esse ímpeto, que no Brasil grassa há muito.
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CAPÍTULO 3 DAS
PRINCIPAIS
MODIFICAÇÕES NO
CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL COMENTADAS
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O PAC previu no art. 3º-A que o processo penal terá estrutura acusatória,
vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação
probatória do órgão de acusação.
Quanto ao sistema processual penal adotado no Brasil, a doutrina
diverge. Enquanto alguns autores entendem que houve a adoção do sistema
acusatório, outros defendem o posicionamento de que o nosso sistema
processual penal é misto.
Isoladamente, autores como Aury Lopes Jr. entendem que o sistema
brasileiro é neoinquisitório, eis que a fase preliminar é inquisitória, e a fase
processual, a despeito da normatividade constitucional, possui ainda traços
inquisitórios, como a figura do juiz como ator da produção probatória, etc.
O que define, essencialmente, o sistema processual é a divisão expressa e
clara das funções exercidas pelos atores processuais, ou seja, a limitação das
funções de julgar, acusar e defender, incluindo a análise da gestão da prova
pelo juiz.
Segundo James Goldschmidt, a gestão da produção da prova é o fiel da
balança. Argumenta-se, quanto menos participação na gestão da prova tiver o
juiz criminal, mais acusatório e democrático será o processo penal.
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assertivas, corajosas e técnicas tanto por parte da defesa, que exerce papel
essencial à justiça (art. 133, CF), quanto por parte do Ministério Público (art.
129, CF).
caráter acusatório).
Diz-se isso, pois, mesmo com a fase inquisitória tomando muita
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prescrição, impunidade e justiça tardia. Tudo aquilo que o PAC não se propõe.
Muito ao contrário, se vende como solução para o problema da criminalidade,
sobretudo a de colarinho branco!;
4) O argumento da quebra da equidistância e da imparcialidade do juiz é
ingênuo, pois o magistrado, na prática, não está decidido a fazer injustiças ou
mesmo apresenta tamanha fragilidade para entrar em confusões mentais
(quadros paranoicos) ao ponto de confundir o seu papel dentro do sistema
processual, mormente porque suas decisões podem ser revisadas, por meio das
ações autônomas de impugnação e, também, dos recursos previstos na
legislação. As decisões do juiz, por força constitucional, devem ser sempre
fundamentadas, de modo que o conteúdo decisório é passível de controle pelas
instâncias superiores. Por fim, a prática de infrações penais, ilícitos cíveis e
administrativos cometidos por juízes, promotores e até advogados possuem
meios de repressão nas instâncias judiciais e administrativas;
5) Quanto ao controle da legalidade e a salvaguarda dos direitos e
garantias do investigado na fase preliminar, é preciso mencionar que o
Ministério Público, na vigência do atual cenário constitucional, figura como
uma instituição de dupla função dentro da persecução penal, pois ao mesmo
tempo que figura como titular da ação penal pública também exerce o controle
da legalidade e da constitucionalidade da punição, seja na fase preliminar ou na
fase judicial. Inclusive, exerce o controle externo da atividade policial. Nesse
contexto, o Ministério Público não é, essencialmente, um órgão de acusação,
uma vez que sua atuação se destina a preservar os direitos e garantias dos
investigados, sejam culpados ou não. Por outro lado, possui a possibilidade de
pedir a absolvição, promover o arquivamento do procedimento investigatório,
por diversas razões, até mesmo impetrar habeas corpus em favor de investigado,
processado ou réu preso quando o juiz decidir contrariamente ao
posicionamento ministerial. Portanto, a figura do juiz de garantias, diante da
presença do Ministério Público, não é necessária.
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previstos nos arts. arts. 3º-B, 3º-C, 3º-D, caput, 3º-E e 3º-F do CPP, até a
publicação.
de rodízio nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, teve a sua eficácia
suspensa até o julgamento final das ADIs, pois o Ministro enxergou grave
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Justiça Eleitoral.
quando esgotado o prazo máximo de 180 dias), a eficácia da lei não acarretará
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O novel art. 3º-B, §2º previu que “se o investigado estiver preso, o juiz
das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o
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Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a
prisão será imediatamente relaxada”.
O dispositivo deve ser interpretado sistematicamente em relação ao art.
10 do CPP, que prevê: “O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente,
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem
ela”.
Antes do PAC, a doutrina discutia se o prazo de conclusão do inquérito
policial quando o investigado estava preso no âmbito da justiça estadual
poderia ser prorrogado. O posicionamento majoritário era de que não seria
possível a prorrogação.
Agora, a divergência doutrinária foi sanada. Com a inovação legislativa,
é possível a prorrogação do prazo de conclusão do inquérito mesmo que o
investigado esteja preso.
Dúvida que surge é sobre o prazo inicial de término do inquérito quando
o indiciado está preso, continua sendo de 10 dias? Entendemos que, como o art.
3º-B, §2º, não se posicionou de forma expressa, a melhor interpretação seria no
sentido de que o prazo inicial de duração do inquérito, quando o investigado
está preso, continua sendo de 10 (dez) dias. Tal interpretação é mais benéfica ao
investigado.
É cediço que tais modificações relativas ao prazo de conclusão do
inquérito policial no CPP não têm o condão de modificar os prazos de
conclusão previstos na legislação penal extravagante, a exemplo da lei de
regulamenta o funcionamento da justiça federal, a lei de tráfico, de crimes
contra economia popular, etc. Nesse contexto, deve-se levar em conta o
princípio da especialidade das leis especial, já que o CPP traz normas de caráter
geral.
Um outro ponto interessante a ser abordado refere-se à previsão expressa
do relaxamento da prisão, em caso de excesso de prazo na conclusão do
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individual do preso a integridade física e moral do preso (art. 5º, XLIX, CF),
ordem prática, não raro vivenciado por aqueles que atuam na seara criminal: a
previu figura típica que dialoga, ainda que de forma difusa, com a presente
novel disposição do CPP. Trata-se do crime previsto no art. 13, inciso I, que
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à leitura da lei.
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Como vai ser enfrentado adiante, ficará claro que nova sistemática, na
investigatório.
INVESTIGATÓRIOS
homologação deste.
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material não há aplicação da súmula 524, STF, ou seja, nem com novas
informações pode-se reabrir a investigação, nem com o surgimento de provas
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4.1 INTRODUÇÃO
A legislação penal e processual pátria vem, ao longo dos últimos tempos,
se aproximando cada vez mais da noção de justiça consensual, muito arraigada
na experiência norte-americana, bem como na cultura jurídica italiana de
combate ao crime organizado.
A utilização de instrumentos jurídicos processuais negociais revela-se
como opção de política criminal para o combate efetivo da criminalidade
moderna. Por outro lado, os institutos consensuais servem para imprimir
simplicidade e efetividade a casos de menor expressão, privilegiando a
reparação do dano como uma terceira via do Direito Penal.
O marco legal introdutório da justiça negociada no âmbito criminal
brasileiro foi o advento da Lei de Crimes Hediondos em 1990, que trouxe o
instituto da delação premiada. Em seguida, a introdução dos institutos
despenalizadores por meio do advento da Lei dos Juizados Criminais em 1995.
No plano interacional, o Brasil subscreveu a Convenção da ONU de 2003,
ratificada pelo Congresso Nacional em 2005, cujo teor fomenta o
desenvolvimento da justiça negociada para fins de combate à corrupção e à
criminalidade organizada.
Nesse contexto, inspirado no instituto norte-americano do non-
prosecution agreement, surge o acordo de não persecução penal no Brasil
inicialmente disciplinado pela Resolução 181/2017 do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP).
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6 BRASILEIRO, Renato. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodvim, 2016, p. 160 e 161.
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instituto, eis que a soma das penas mínimas será igual a 4 (quatro) anos.
Por fim, registre-se que a legislação não vedou a aplicação do acordo em
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das condições por meio da figura do Estado-juiz, de modo que condições ilegais ou
inconstitucionais não poderão ser objeto do acordo, sob pena de recusa homologató-
ria. Pelo prisma formal, há lei em sentido estrito definindo os requisitos, a forma e o
procedimento a ser seguido para celebração do acordo, de modo que, caso as normas
procedimentais sejam observadas, haverá respeito ao devido processo legal formal
A justiça restaurativa e a justiça negocial fogem à concepção clássica de justiça confli-
tiva. Atualmente, a reparação do dano e a utilização de institutos negociais são a ten-
dência moderna que não deixa de lado a necessidade de retribuição e a prevenção em
face da infração penal cometida. A flexibilização do exercício de direitos e garantias
processuais corresponde ao grau de gravidade das consequências que são negociadas
Público.
não fazer menção expressa, pressupõe-se que a reparação deve ser completa,
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7 MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado – Parte Geral – vol. 1 / Cleber Masson. p. 400.
10.ª ed. Rev., atual. e amp. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
8 Idem. p. 912.
9 Idem. p. 912.
10 Idem. p. 793.
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Por outro lado, o inciso III dispõe que a prestação de serviço e a escolha
do local pelo juiz se dará nos termos do art. 46 do Código Penal, in verbis:
Art. 46. [...].
§1º. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na
atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.
§2º. A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais,
hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas
comunitários ou estatais.
§3º. As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do
condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de
condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
§ 4º [...]
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legalidade.
atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação pelo
infração cometida.
penal cometida, eis que a sua natureza deve ter relação com a natureza do fato
patrimoniais. Ou seja, o legislador comina uma sanção penal que serve para
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I)
penal, se deu pelo fato deste instituto ser mais benéfico ao investigado. Os
II)
agentes que optam por reiterar na prática delitiva, nos termos do art. 63 do CP
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penal.
infração penal que conserve todos os seus elementos (fato típico, ilícito e
culpável) que seja insignificante, uma vez que a insignificância está atrelada a
Nefi Cordeiro, 17/04/2018; STJ. RHC 31.612, 6ª T., Rel. Min. Rogerio Schietti
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4.6 RETRATAÇÃO
4.6.1 POSSIBILIDADE E MOMENTO
É possível que as partes possam desfazer o acordo de não persecução
qualquer das partes. Após a homologação, somente pelo acordo das duas, sob
pena de descumprimento e quebra da boa-fé. Entendemos que a 3ª posição é a
melhor. A retratação pode ser da proposta (ou trato preliminar) ou do acordo
propriamente dito.
partes (resilição unilateral) ou por iniciativa das duas partes bilateral (resilição
bilateral ou distrato).
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persecução penal, nos termos em que foi proposto, não se confunde com o
acordo de não persecução penal, por possuírem requisitos, condições,
procedimentos e propostas de penas diferentes.
Faz-se tal distinção para esclarecer que o nosso posicionamento acerca da
possibilidade de aplicação do acordo de não persecução na fase processual,
apesar de evitar a continuação do processo, deve observar os seus próprios
elementos, e não aqueles do acordo de não continuação, que foi excluído do
PAC.
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públicos.
favor da União for decretada, e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no art.
chamada operação Lava Jato, que recuperou diversas obras de arte fruto da
público, não necessariamente criminal, desde que o crime não tenha vítima
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A nova sistemática também permitiu que não sendo o caso de uso dos
bens apreendidos pelos órgãos de segurança pública, o juiz poderá autorizar o uso
do bem pelos demais órgãos públicos, desde que demonstrado o interesse público (art.
133-A, §2º).
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sentença ou acórdão.
juiz que fez toda a instrução processual deva ser eventualmente substituído por outro
segunda instância, a mensagem de veto assim dispôs: Quando o processo não mais
que propõe o dispositivo, eis que mesmo que o magistrado conhecedor da prova
inadmissível seja afastado da relatoria da matéria, poderá ter que proferir seu voto em
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na lona preta)
6) Transporte: ato de transferir o vestígio de um local
para o outro, utilizando as condições adequadas
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de
modo a garantir a manutenção de suas características
originais, bem como o controle de sua posse;
(Transporta-se o cadáver no caminhão do IML, com
condições adequadas para preservação)
7) Recebimento: ato formal de transferência da posse do
vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo,
informações referentes ao número de procedimento e
unidade de polícia judiciária relacionada, local de
origem, nome de quem transportou o vestígio, código
de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio,
protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu;
(Recebimento do cadáver pelo médico legista do IML)
8) Processamento: exame pericial em si, manipulação do
vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas
características biológicas, físicas e químicas, a fim de se
obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado
em laudo produzido por perito; (Processa-se o exame
de necropsia – perícia propriamente dita)
9) Armazenamento: procedimento referente à guarda,
em condições adequadas, do material a ser processado,
guardado para realização de contraperícia, descartado
ou transportado, com vinculação ao número do laudo
correspondente; (Coloca-se o cadáver na geladeira do
IML para esperar o sepultamento)
10) Descarte: procedimento referente à liberação do
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
pertinente, mediante autorização judicial. (“Descarta-
se” o corpo no sepultamento)
Delito de fraude No §2º do art. 158-C está expressamente vedada a
processual (art. 347 entrada em locais isolados, bem como a remoção de
do CP) quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação
por parte do perito responsável, sendo tipificada como
fraude processual a sua realização.
Criação de Centrais Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma
de Custódia central de custódia destinada à guarda e controle dos
vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
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B) JURISDICIONALIDADE
O princípio da jurisdicionalidade determina a competência exclusiva
do Poder Judiciário na decretação das medidas cautelares, em respeito ao
princípio do devido processo legal, plasmado nos princípios do contraditório
e da ampla defesa.
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B) PERICULUM LIBERTATIS
É o perigo da liberdade irrestrita do réu verificado com base no
disposto nos princípios da necessidade e adequação da medida para o caso
concreto, conforme o art. 282, I e II, CPP.
A necessidade cinge-se à aplicação da lei penal, para a investigação ou a
instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de
infrações penais, contemplando, portanto, o requisito da ordem pública.
A adequação volta-se para o juízo de prudência relativo à severidade da
medida cautelar em relação à gravidade do crime, circunstâncias do fato e
condições pessoais do indiciado ou acusado.
Não se deve confundir o periculum libertatis do réu relativo às medidas
cautelares diversas da prisão com o periculum libertatis do réu relativo à prisão
cautelar preventiva. Na prisão, tem-se o perigo da liberdade geral do réu; na
cautelar diversa da prisão tem-se apenas o perigo da liberdade irrestrita.
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C) PERICULUM IN MORA
Nas medidas cautelares patrimoniais e probatórias, tem-se a necessidade
de comprovação não do periculum libertatis, pois não se pleiteia a prisão do
investigado ou réu, mas sim do periculum in mora. As medidas cautelares
patrimoniais e probatórias pleiteadas servem tanto para constrição do
patrimônio do investigado ou réu quanto como meio de obtenção da fonte da
prova. Logo, se não forem deferidas a tempo pelo magistrado podem se perder
com o tempo ou serem destruídas pelo sujeito passivo da medida.
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O antigo art. 282, §3º, CPP, determinava simplesmente que o juiz, antes
de decidir sobre o requerimento, deveria ouvir a parte contrária, salvo em
casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, casos em que o
contraditório acontecerá, porém será diferido (postergado).
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O novo art. 282, §3º inova, pois determina prazo de 5 (cinco) para
manifestação da parte alvo da medida cautelar. Percebe-se que, transcorrido in
albiso prazo, o juiz fica livre para decidir sobre o requerimento da cautelar.
A segunda inovação do art. 282, §3º, foi o regramento da fundamentação
da decisão que determina a medida cautelar. Agora, em vista de fechar ainda
mais a discricionariedade judicial13, o PAC determina que o juiz deve motivar
sua decisão como elementos do caso concreto aptos a legitimar a medida
extrema.
Com certeza, essa regra veio para frear algumas decisões genéricas
tomadas no bojo de medidas cautelares, sobretudo prisionais. Não é tão raro
assim ver decisões que impõem prisão preventiva e temporária erguidas sob o
alicerce frágil da gravidade abstrata do crime, da credibilidade das instituições,
etc.
Ressalte-se por fim que esse contraditório é necessário tanto na fase
inquisitorial, quando a representação é do Delegado ou do MP, quanto na fase
judicial, quando o requerimento é das partes, MP, assistente de acusação,
querelante ou da defesa.
13Para aprofundamento sobre este tema ver: STRECK, Lenio Luiz. O que é isto – decido
conforme minha consciência? 6ª Ed, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017. ABBOUD,
Georges. Discricionariedade administrativa e judicial: O ato administrativo e a decisão
judicial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
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sistemática das novas cautelares pessoais (STJ. HC 281.472/MG, 5ª T., Rel. Min.
Jorge Mussi, J. 05/06/2014).
Parcela minoritária da doutrina, capitaneada por Luiz Flávio Gomes,
entende que em apreço ao princípio da homogeneidade, que determina que se
não há possibilidade real de prisão do réu ao final do processo, a prisão
preventiva jamais poderá ser decretada. Logo, para a decretação da preventiva
substitutiva/sancionatório seria necessário atender aos requisitos do art. 313,
CPP.
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desfavor dos réus, pois nos casos em que se nega a liberdade, não cabe
A) ACUSAÇÃO
Para a acusação caberá RESE, nos termos do art. 581, V, CPP: Caberá
flagrante.
da prisão (STJ. REsp 1.628.262/RS, 6ª T., Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior,
que revoga a prisão preventiva coloca desde logo o réu em liberdade. O MP,
recurso.
segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto
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B) DEFESA
Como se sabe, das decisões que denegam requerimento para decretação
de medidas cautelares diversas da prisão não cabe recurso. Mas, há decisões
esparsas do STJ no sentido de que cabe interpretação extensiva nos casos em
que o juiz denega ou revoga medidas cautelares diversas da prisão, podendo
a defesa manejar RESE.
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apresentação como prefere o Min. Luiz Fux, por resolução do CNJ fez muitas
pessoas errarem numa crítica que se tornou muito comum nos meios
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curso do processo penal, mas poderá impor outras medidas cautelares diversas
da prisão previstas no art. 319, CPP, cumulativamente inclusive.
Ou seja, o magistrado poderá sim impor outras medidas cautelares
diversas da prisão, porém nenhuma vinculada à liberdade provisória, que
significa confiar ao investigado plena liberdade, ou o que se chama na doutrina
de liberdade processual irrestrita.
Em outras palavras, nada impede que o juiz imponha qualquer das
medidas cautelares do art. 319, CPP, cumulativamente inclusive, ao receber o
auto de prisão em flagrante e verificar que o flagranteado é reincidente, mas
que as circunstâncias não autorizam a conversão da prisão precautelar em
cautelar preventiva.
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adotada.
§2º. Não se considera fundamentada
qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão,
que:
I - limitar-se à indicação, à reprodução
ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a
questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos
indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no
caso;
III - invocar motivos que se
prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os
argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
V - limitar-se a invocar precedente ou
enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento
se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de
súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar
a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do
entendimento.
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a
pedido das partes, revogar a prisão
preventiva se, no correr da
investigação ou do processo, verificar
a falta de motivo para que ela
subsista, bem como novamente
decretá-la, se sobrevierem razões que
a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão
preventiva, deverá o órgão emissor da
decisão revisar a necessidade de sua
manutenção a cada 90 (noventa) dias,
mediante decisão fundamentada, de
ofício, sob pena de tornar a prisão
ilegal.
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15 Para aprofundar o tema ver: SOUZA, Marcelo Ferreira de. Segurança pública e prisão
preventiva no estado democrático de direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008; NETTO,
Estácio Luiz. O fundamento (supra)constitucional da prisão cautelar e a necessidade de
manutenção da ordem (pública) em uma sociedade democrática. In: Criminologia e política
criminal: Perspectivas. Org. PIMENTEL, Elaine. Maceió: Edufal, 2017.
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16 É
preciso atentar para questões que tentem induzir a erro, modificando a quantidade de pena,
suprimindo a expressão “igual”, ou mesmo trocando a reclusão por detenção.
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protelatório; e
II – levanta questão substancial e que
pode resultar em absolvição, anulação
da sentença, novo julgamento ou
redução da pena para patamar
inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.
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04/06/2018)
Posicionamento A execução provisória da pena ofende o princípio da
contrário à execução presunção de inocência, após a decisão dos jurados,
pois a prisão-pena somente pode ser executada após
provisória no Júri
o trânsito em julgado da decisão penal condenatória,
em observância ao disposto no art. 5º, LVII, da
CF/88 e no art. 283 do Código de Processo Penal.
Além do mais, o recurso de apelação possui efeito
suspensivo (STF. HC 136223/PR, 2ª T., Rel. Min.
Edson Fachin, red. p/ ac. Min. Dias Toffoli,
25/04/2017; STJ. HC 438088/RS, 5ª T., Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, 24/05/2018)
Hipóteses excepcionais 1) O juiz-presidente do tribunal do júri poderá,
de afastamento da excepcionalmente, deixar de autorizar a execução
execução provisória das provisória das penas, se houver questão substancial
penas no júri cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o
julgamento possa plausivelmente levar à revisão da
condenação;
2) Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir
efeito suspensivo à apelação, quando verificado
cumulativamente que o recurso:
I – não tem propósito meramente protelatório; e
II – levanta questão substancial e que pode resultar
em absolvição, anulação da sentença, novo
julgamento ou redução da pena para patamar
inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.
Efeito suspensivo do 1) Regra: tem efeito suspensivo;
recurso de apelação no 2) Exceção: não terá efeito suspensivo quando a
rito do júri contra condenação for a pena de reclusão igual ou superior
decisão condenatória a 15 (quinzes) anos;
Observação: o efeito suspensivo, neste último caso,
poderá ser concedido pelo tribunal se o recurso não
for meramente protelatório e levantar questão
substancial que pode resultar em absolvição,
anulação da sentença, novo julgamento ou redução
da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de
reclusão.
Abrangência da Abrange a pena privativa de liberdade de reclusão igual
execução provisória das ou superior a 15 (quinze) anos e as demais aplicadas
penas no rito do júri conjuntamente. Isso porque o legislador utilizou a
expressão execução provisória “das penas” (no plural).
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14 DAS NULIDADES
COMO ERA COMO FICOU COM O PAC
Trata-se de inovação legislativa! Art. 564. A nulidade ocorrerá nos
seguintes casos: V - em decorrência de
decisão carente de fundamentação.
15 DO SISTEMA RECURSAL
COMO ERA COMO FICOU COM O PAC
Trata-se de inovação legislativa! Art. 581. Caberá recurso, no sentido
estrito, da decisão, despacho ou
sentença:
XXV - que recusar homologação à
proposta de acordo de não persecução
penal, previsto no art. 28-A desta Lei.
Art. 638. O recurso extraordinário será Art. 638. O recurso extraordinário e o
processado e julgado no Supremo recurso especial serão processados e
Tribunal Federal na forma julgados no Supremo Tribunal Federal
estabelecida pelo respectivo e no Superior Tribunal de Justiça na
regimento interno. forma estabelecida por leis especiais,
pela lei processual civil e pelos
respectivos regimentos internos.
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CAPÍTULO 4 DAS
MODIFICAÇÕES NA LEI
DE EXECUÇÕES PENAIS
(LEP) COMENTADAS
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quando o material genético é externo e obtido por meio não invasivo, bem
como quando a conduta do réu é passiva, aquela que não exige um fazer, ex.:
reconhecimento pessoal, colheita de fio de cabelo na cela, lixo deixado na parte externa
da residência etc.
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C) CONSTITUCIONALIDADE
A doutrina, com a introdução do RDD pela Lei n. 10.792/2003, passou a
discutir a constitucionalidade do instituto, formando dois posicionamentos
antagônicos, cujos argumentos serão colocados de forma resumida:
ARGUMENTOS CONTRÁRIOS ARGUMENTOS FAVORÁVEIS
(STJ)
O RDD é inconstitucional por violar, Não há ofensa à Dignidade Humana,
principalmente, o princípio da digni- pois não representa, por si só, a sub-
dade humana e impor pena cruel, ve- missão do encarcerado a padecimen-
dada constitucionalmente; tos físicos e psíquicos, impostos de
modo vexatório;
O RDD é a criação de uma quarta mo- Não representa uma quarta modali-
dalidade de regime de cumprimento dade de regime de cumprimento de
de pena; pena, pois tem natureza de sanção
disciplinar destinada a resguardar a
ordem interna do estabelecimento pri-
sional;
É produto do Direito Penal do Inimigo O RDD atende ao princípio da pro-
(GüntherJakobs), porquanto se pauta porcionalidade em seu viés proibição
nas características pessoais do indiví- da proteção deficiente. O instituto
duo (Direito Penal do autor) e não nas busca dar efetividade à crescente ne-
do fato que ele cometeu (Direito Penal cessidade de segurança nos estabele-
do fato); cimento penais, bem como resguardar
a ordem pública. É uma resposta aos
condenados que, mesmo encarcera-
dos, continuam comandando organi-
zações criminosas do interior do pre-
sídio, provocando rebeliões, fugas,
mortes de presos e de agentes do Es-
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tado;
Ofende a coisa julgada, pois aplica O RDD não é uma mácula à coisa jul-
pena não prevista na sentença conde- gada ou ao princípio da segurança
natória; jurídica, eis que aplicado em relação
jurídica criada entre o Estado e o indi-
víduo no âmbito da execução penal;
Ofende a presunção de inocência, Os princípios fundamentais da CF/88
quando aplicado ao preso provisório. não são absolutos (princípio da relati-
vidade ou convivência das liberdades
públicas). A CF/88 assegura o direito
à segurança (art. 5º, caput).
D) DESTINATÁRIOS
Aplicável a presos provisórios ou definitivos, nacionais ou estrangeiros
(art. 52, caput, da LEP). Quanto a isso, o PAC não trouxe modificações.
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§2º. Estará igualmente sujeito ao re- com presos do mesmo grupo crimino-
gime disciplinar diferenciado o preso so;
provisório ou o condenado sob o qual V - entrevistas sempre monitoradas,
recaiam fundadas suspeitas de envol- exceto aquelas com seu defensor, em
vimento ou participação, a qualquer instalações equipadas para impedir o
título, em organizações criminosas, contato físico e a passagem de objetos,
quadrilha ou bando. salvo expressa autorização judicial em
contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da cor-
respondência;
VII - participação em audiências judi-
ciais preferencialmente por videocon-
ferência, garantindo-se a participação
do defensor no mesmo ambiente do
preso.
§1º. O regime disciplinar diferenciado
também será aplicado aos presos pro-
visórios ou condenados, nacionais ou
estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a
ordem e a segurança do estabeleci-
mento penal ou da sociedade;
II - sob os quais recaiam fundadas
suspeitas de envolvimento ou partici-
pação, a qualquer título, em organiza-
ção criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, independentemen-
te da prática de falta grave.
§2º. (Revogado).
§3º. Existindo indícios de que o preso
exerce liderança em organização cri-
minosa, associação criminosa ou milí-
cia privada, ou que tenha atuação
criminosa em 2 (dois) ou mais Estados
da Federação, o regime disciplinar
diferenciado será obrigatoriamente
cumprido em estabelecimento prisio-
nal federal.
§4º. Na hipótese dos parágrafos ante-
riores, o regime disciplinar diferenci-
ado poderá ser prorrogado sucessi-
vamente, por períodos de 1 (um) ano,
existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco
para a ordem e a segurança do estabe-
lecimento penal de origem ou da soci-
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edade;
II - mantém os vínculos com organi-
zação criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, considerados tam-
bém o perfil criminal e a função de-
sempenhada por ele no grupo crimi-
noso, a operação duradoura do grupo,
a superveniência de novos processos
criminais e os resultados do tratamen-
to penitenciário.
§5º. Na hipótese prevista no §3º deste
artigo, o regime disciplinar diferenci-
ado deverá contar com alta segurança
interna e externa, principalmente no
que diz respeito à necessidade de se
evitar contato do preso com membros
de sua organização criminosa, associ-
ação criminosa ou milícia privada, ou
de grupos rivais.
§6º. A visita de que trata o inciso III
do caput deste artigo será gravada em
sistema de áudio ou de áudio e vídeo
e, com autorização judicial, fiscalizada
por agente penitenciário.
§7º. Após os primeiros 6 (seis) meses
de regime disciplinar diferenciado, o
preso que não receber a visita de que
trata o inciso III do caput deste artigo
poderá, após prévio agendamento, ter
contato telefônico, que será gravado,
com uma pessoa da família, 2 (duas)
vezes por mês e por 10 (dez) minutos.
DA LEP)
LEP, com a redação dada pelo PAC. Importante mencionar que a aplicação do
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fato que configure crime doloso, o que, na execução penal, configura falta
grave. Por isso é que, nesta hipótese, terá natureza jurídica de sanção disciplinar
com respeito aos direitos do preso, o qual, por sua vez, possui deveres previstos
no art. 38 e 39 da LEP.
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presença de crianças.
Antes, as crianças não contavam para fins de visitação. Possivelmente, a
doutrina abordará o dispositivo pelo aspecto do direito à convivência dos filhos
com genitor(a), ainda que preso, no sentido de que o dispositivo dificultará as
visitas a presos que tem mais de um filho, já que, além de tal limitação, o
espaçamento entre uma visita e outra foi ampliado para 15 (quinze) dias.
Houve a inclusão da proibição de contato físico e passagem de objetos.
O prazo de 2 (duas) horas da visita foi mantido. Pela nova redação, familiares
não precisarão de autorização judicial para realizar visitas. Já os terceiros
necessitarão estar autorizados por decisão judicial.
A visita de familiares e/ou terceiros será gravada em sistema de áudio
ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente
penitenciário, novidade introduzida no §6º. Note-se que a autorização judicial
se refere à fiscalização por agente penitenciário. A gravação não depende de
decisão.
Por fim, o §7º inovou ao afirmar que, após os primeiros 6 (seis) meses de
regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita de familiares
e/ou terceiros poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que
será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez)
minutos. A norma tem por objetivo promover o contato do preso com o mundo
externo, pautando-se na ideia de ressocialização do preso.
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3 PROGRESSÃO DE REGIME
COMO ERA COMO FICOU COM O PAC
Art. 112. A pena privativa de liberdade Art. 112. A pena privativa de liberdade
será executada em forma progressiva com será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoro- a transferência para regime menos rigoro-
so, a ser determinada pelo juiz, quando o so, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um sexto preso tiver cumprido ao menos:
da pena no regime anterior e ostentar I – 16% (dezesseis por cento) da pena, se o
bom comportamento carcerário, compro- apenado for primário e o crime tiver sido
vado pelo diretor do estabelecimento, cometido sem violência à pessoa ou grave
respeitadas as normas que vedam a pro- ameaça; (antes = 16,6%)
gressão. II – 20% (vinte por cento) da pena, se o
§1º. A decisão será sempre motivada e apenado for reincidente em crime come-
precedida de manifestação do Ministério tido sem violência à pessoa ou grave
Público e do defensor. ameaça; (antes = 16,6%)
§2º. Idêntico procedimento será adotado III – 25% (vinte e cinco por cento) da pe-
na concessão de livramento condicional, na, se o apenado for primário e o crime
indulto e comutação de penas, respeita- tiver sido cometido com violência à pes-
dos os prazos previstos nas normas vi- soa ou grave ameaça; (antes = 16,6%)
gentes. IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o
§3º. No caso de mulher gestante ou que apenado for reincidente em crime come-
for mãe ou responsável por crianças ou tido com violência à pessoa ou grave
pessoas com deficiência, os requisitos ameaça; (antes = 16,6%)
para progressão de regime são, cumulati- V – 40% (quarenta por cento) da pena, se
vamente: (Incluído pela Lei nº o apenado for condenado pela prática de
13.769, de 2018) crime hediondo ou equiparado, se for
I - não ter cometido crime com violência primário; (antes = 40%)
ou grave ameaça a pessoa; (In- VI – 50% (cinquenta por cento) da pena,
cluído pela Lei nº 13.769, de 2018) se o apenado for:
172
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
II - não ter cometido o crime contra seu a) condenado pela prática de crime hedi-
filho ou dependente; (Incluído ondo ou equiparado, com resultado mor-
pela Lei nº 13.769, de 2018) te, se for primário, vedado o livramento
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oi- condicional; (antes = 40%)
tavo) da pena no regime anterior; b) condenado por exercer o comando,
(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) individual ou coletivo, de organização
IV - ser primária e ter bom comportamen- criminosa estruturada para a prática de
to carcerário, comprovado pelo diretor do crime hediondo ou equiparado; (antes =
estabelecimento; (Incluído pela 16,6% - antes não era hediondo o crime de
Lei nº 13.769, de 2018) ORCRIM) ou
V - não ter integrado organização crimi- c) condenado pela prática do crime de
nosa. (Incluído pela Lei nº constituição de milícia privada; (antes =
13.769, de 2018) 16,6%)
§4º. O cometimento de novo crime doloso VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se
ou falta grave implicará a revogação do o apenado for reincidente na prática de
benefício previsto no §3º deste artigo. crime hediondo ou equiparado; (antes =
60%)
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se
o apenado for reincidente em crime hedi-
ondo ou equiparado com resultado mor-
te, vedado o livramento condicional. (an-
tes = 60%)
§1º. Em todos os casos, o apenado só terá
direito à progressão de regime se ostentar
boa conduta carcerária, comprovada pelo
diretor do estabelecimento, respeitadas as
normas que vedam a progressão.
§2º. A decisão do juiz que determinar a
progressão de regime será sempre moti-
vada e precedida de manifestação do Mi-
nistério Público e do defensor, procedi-
mento que também será adotado na con-
cessão de livramento condicional, indulto
e comutação de penas, respeitados os
prazos previstos nas normas vigentes.
§4º. O cometimento de novo crime doloso
ou falta grave implicará a revogação do
benefício previsto no §3º deste artigo.
§5º. Não se considera hediondo ou equi-
parado, para os fins deste artigo, o crime
de tráfico de drogas previsto no §4º do
art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de
2006.
§6º. O cometimento de falta grave duran-
te a execução da pena privativa de liber-
dade interrompe o prazo para a obtenção
da progressão no regime de cumprimento
da pena, caso em que o reinício da conta-
gem do requisito objetivo terá como base
a pena remanescente.
173
estácio Luiz & pedrotenório
174
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
equiparado
(reincidência
específica)
Crime hediondo ou Reincidente na COM resultado morte 70%
equiparado prática de crime
hediondo ou
equiparado
(reincidência
específica)
Crime de Primário ou Desde que a organização 50%,
organização reincidente criminosa seja destinada à vedado o
criminosa prática de crimes hediondos livramento
(comandante ou equiparados – com o condicional
individual ou PAC, passou a ser crime ea
coletivo) hediondo progressão
de regime
se houver
elementos
probatórios
que
indiquem a
manutençã
o do
vínculo
associativo
(art. 2º, §9º,
da Lei de
Organizaçõ
es
Criminosas
–
modificaçã
o do pacote
anticrime)
Crime de milícia Primário ou Não importa a natureza das 50%
privada (art. 288-A reincidente infrações a que se destina a
do CP) milícia privada
175
estácio Luiz & pedrotenório
176
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
individualização da pena.
normas vigentes (§2º). Quanto a este dispositivo, o que houve foi a reunião dos
23 de agosto de 2006.”.
Lúcia, 23/06/2016) quanto no STJ (STJ. Pet 11.796/DF, 3ª Seção, Rel. Min. Maria
177
estácio Luiz & pedrotenório
4 SAÍDA TEMPORÁRIA
COMO ERA COMO FICOU COM O PAC
Art. 122. Os condenados que cum- Art. 122. Os condenados que cum-
prem pena em regime semi-aberto prem pena em regime semi-aberto
poderão obter autorização para saída poderão obter autorização para saída
temporária do estabelecimento, sem temporária do estabelecimento, sem
vigilância direta, nos seguintes casos: vigilância direta, nos seguintes casos:
I - visita à família; I - visita à família;
II - frequência a curso supletivo pro- II - frequência a curso supletivo pro-
fissionalizante, bem como de instru- fissionalizante, bem como de instru-
ção do 2º grau ou superior, na Comar- ção do 2º grau ou superior, na Comar-
ca do Juízo da Execução; ca do Juízo da Execução;
III - participação em atividades que III - participação em atividades que
concorram para o retorno ao convívio concorram para o retorno ao convívio
social. social.
Parágrafo único. A ausência de vigi- §1º. A ausência de vigilância direta
lância direta não impede a utilização não impede a utilização de equipa-
de equipamento de monitoração ele- mento de monitoração eletrônica pelo
trônica pelo condenado, quando assim condenado, quando assim determinar
determinar o juiz da execução. o juiz da execução.
§2º. Não terá direito à saída temporá-
ria a que se refere o caput deste artigo
o condenado que cumpre pena por
praticar crime hediondo com resulta-
do morte.
4.1 CONCEITO19
“A saída temporária é uma autorização concedida pelo juiz da execução
penal aos condenados que cumprem pena em regime semiaberto por meio da
qual ganham o direito de saírem temporariamente do estabelecimento prisional
sem vigilância direta (sem guardas acompanhando/sem escolta) com o intuito
de: a) visitarem a família; b) frequentarem curso supletivo profissionalizante, de
ensino médio ou superior; ou c) participarem de outras atividades que ajudem
para o seu retorno ao convívio social”.
178
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
180
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
CAPÍTULO 5 DAS
MODIFICAÇÕES NA LEI
8.072/90 (CRIMES
HEDIONDOS)
COMENTADAS
181
estácio Luiz & pedrotenório
1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O art. 5º, XLIII, CF prevê que “a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem”.
Note-se que a CF não tipifica crimes hediondos, porém traz em seu texto
o chamado mandado – ou mandamento - constitucional de criminalização, que
é uma ordem normativa do constituinte originário ao legislador
infraconstitucional para que criminalize determinadas condutas ou recrudesça a
pena e diminua os benefícios penais de determinados crimes, como é o caso dos
considerados hediondos.
Para taxar quais crimes são considerados como hediondos, o
ordenamento brasileiro adotou o sistema legal, também chamado de
enumerativo, no qual a Lei taxativamente (lista fechada) diz quais são os
crimes hediondos, não havendo espaço para criação judicial.
Ainda sobre o sistema de definição da hediondez adotado pelo Brasil,
atente-se para o fato de que não é admitida nem a ampliação nem a redução
desse rol pelo magistrado. Ou seja, no Brasil, não se aceita a chamada cláusula
salvatória, que nada mais é senão a possibilidade do juiz no caso concreto
considerar que o crime praticado não é hediondo mesmo estando na lista
fechada prevista na Lei.
Contudo, não se pode esquecer que para além do regramento taxativo da
Lei 8.072/90, a Constituição ampliou o tratamento mais severo relativo à
hediondez a determinados crimes, considerados equiparados a hediondos: a)
tráfico de drogas (art. 33, caput, §1º, Lei 11.343/06); tortura (Lei 9.455/97) e
terrorismo (13.260/16). Não se pode confundir essas nomenclaturas para fins de
prova! Esses crimes não são hediondos, mas a eles é dado o tratamento mais
gravoso.
Sobre os crimes equiparados a hediondos, cabe duas observações muito
frequentes em provas, tanto objetivas quanto subjetivas (discursivas e orais):
182
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
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estácio Luiz & pedrotenório
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PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
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estácio Luiz & pedrotenório
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PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
Como se vê, o PAC não trouxe modificação alguma sobre esse crime.
Mas, tentaremos oferecer uma breve contribuição acerca da figura típica, já que
notamos ser pouco estudada e quiçá incompreendida.
21 HABIB, Gabriel. Leis penais especiais: Volume único. 10. ed. Salvador: Juspodivm, 2018, p.
459.
188
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
de crianças do grupo
para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art.
121, § 2º, do Código
Penal, no caso da letra
a;
Com as penas do art.
129, §2º, no caso da
letra b;
Com as penas do art.
270, no caso da letra c;
Com as penas do art.
125, no caso da letra d;
Com as penas do art.
148, no caso da letra e;
189
estácio Luiz & pedrotenório
apenas o art. 16 (crime de posse ou porte de arma de fogo de uso restrito) estava
na lista do art. 1º, parágrafo único da Lei 8.072/90. Agora integram o rol
190
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
191
estácio Luiz & pedrotenório
192
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
CAPÍTULO 6 DAS
MODIFICAÇÕES NA LEI
8.429/92 (LIA)
COMENTADAS
193
estácio Luiz & pedrotenório
196
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
O único dispositivo que o PAC trata de tema novo é o art. 17, §10-A, que
muda a sistemática da resposta do réu na ação de improbidade. A regra geral
do rito era de que oferecida a ação de improbidade, o requerido seria notificado
para apresentar defesa prévia por escrito, no prazo de 15 (quinze) dias.
Em seguida, o juiz, no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de
rejeição, receberá a inicial, determinando a citação do réu para apresentar
contestação.
O novo §10-A dispõe que na possibilidade de acordo, as partes poderão
requerer ao juiz a interrupção do prazo para contestação, pelo prazo máximo de
90 (noventa) dias. Perceba que, não havendo acordo, o prazo será reiniciado,
pois é caso de interrupção (e não suspensão).
A nosso ver, pelos fundamentos tratados nas considerações preliminares,
tem-se que, apesar de o §10-A prever um momento específico para a celebração
do acordo, nada impede que as partes, em outro momento processual, busquem
uma solução consensual, dando fim à controvérsia judicial.
197
estácio Luiz & pedrotenório
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PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
199
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CAPÍTULO 7 DAS
MODIFICAÇÕES NA LEI
9.296/96
(INTERCEPTAÇÕES
TELEFÔNICAS)
COMENTADAS
200
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O PAC veio suprir uma lacuna há muito criticada pela doutrina
especializada, pois a captação de sinais eletromagnéticos apenas era prevista na
Lei 12.850/13. Logo, havia grande discussão doutrinária se ela se aplicava aos
crimes que não tivessem enquadrados na trama das organizações criminosas.
Com a inovação, tem-se tranquilidade em dizer que, agora, cumpridos os
requisitos do art. 8º-A, as infrações penais mesmo sem ser praticadas no
contexto de organizações criminosas poderão ser alvo da interceptação
ambiental.
201
estácio Luiz & pedrotenório
3 CONCEITO
É um meio de obtenção de prova voltado a captação de imagens, sons e
quaisquer outros sinais eletromagnéticos, em vista de obter informações
relevantes e fontes de prova a serem submetidas ao contraditório judicial.
4 REQUISITOS
A) A PROVA NÃO PUDER SER FEITA POR OUTROS MEIOS
DISPONÍVEIS E IGUALMENTE EFICAZES (ART. 8º-A, I)
Aqui, do mesmo modo que a interceptação telefônica, tem-se requisito de
proteção à intimidade dos cidadãos, direito fundamental importantíssimo no
contexto da modernidade recente.
A captação ambiental deve ser usada como ultima ratio, devendo a
investigação utilizar os meios naturais e clássicos de obtenção de prova. Caso
não haja eficácia nos meios clássicos, aí sim, deverá optar-se pela captação.
202
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
5 FORMALIDADES DO REQUERIMENTO
Segundo o §1º do novo artigo, o requerimento deverá descrever
circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo de captação
ambiental. Essa é, portanto, condição obrigatória para deferimento da técnica
especial de obtenção de prova. O magistrado velará pelo preenchimento dessas
condições objetiva e dos demais requisitos da medida.
203
estácio Luiz & pedrotenório
204
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
205
estácio Luiz & pedrotenório
23Para aprofundamento ver: STJ. RHC 51.531/RO, 6ª T., Rel. Min. Nefi Cordeiro, 19/04/2016.
Ver também: KNIJNIK, Danilo. A trilogia Olmstead-Katz-Kyllo: o art. 5º da Constituição Fe-
deral do Século XXI. Revista da Escola da Magistratura do TRF da 4º Região, Ano 2, nº 4, Porto
Alegre, 2016, p. 77-96. Disponível em: https://www2.trf4.jus.br/trf4/upload/editor/bnu_05-a-
trilogia.pdf.
206
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
CAPÍTULO 8 DA
MODIFICAÇÃO NA LEI
9.613/98 (LAVAGEM
DE CAPITAIS)
COMENTADA
207
estácio Luiz & pedrotenório
Brasil, como não poderia ser diferente, dos crimes contra a Administração
Pública.
208
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
209
estácio Luiz & pedrotenório
210
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
controlada prevista na Lei 12.850/13 expressamente adotada pelo art. 1º, §6º da
medida.
211
estácio Luiz & pedrotenório
212
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
CAPÍTULO 9 DAS
MODIFICAÇÕES NA LEI
10.826/03
(ESTATUTO DO
DESARMAMENTO)
COMENTADAS
213
estácio Luiz & pedrotenório
214
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
As armas de fogo de uso restrito são aquelas de uso exclusivo das Forças
As armas de fogo de uso proibido, por sua vez, são aquelas previstas em
acordos e tratados internacionais aos quais o Brasil seja signatário, bem como as
guarda-chuva, etc.
215
estácio Luiz & pedrotenório
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PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
217
estácio Luiz & pedrotenório
Nesta nova previsão trazida pelo PAC, inovou-se ao criar figura típica
autônoma relacionada às armas de fogo de uso proibido. Logo, se o agente
praticas as ações típicas previstas no caput e no §1º e essas condutas estão
relacionadas às armas classificadas como de uso proibido, a pena é de 4 a 12
anos, aumentando substancialmente.
Como se percebe, trata-se de novatio legis in pejus, valendo do dia da
entrada em vigor para o futuro, jamais podendo retroagir para regular fatos
passados ou ainda em sede de apuração investigativa ou processual, nos termos
dos arts. 5º, CF e 1º e 2º, CP.
218
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
219
estácio Luiz & pedrotenório
diferenciação entre:
a) Agente de Inteligência: aquele cuja atuação é preventiva e genérica,
220
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
221
estácio Luiz & pedrotenório
Neste ponto, tem-se que o PAC criou nova causa de aumento de pena,
visando punir com mais rigor o criminoso reincidente específico nos crimes dos
art. 14 (porte ilegal), 15 (disparo em via pública), 16 (posse ou porte de arma de
fogo de uso restrito e proibido), 17 (comércio ilegal) e 18 (tráfico internacional
de arma de fogo). Como se trata de causa de aumento, o magistrado irá aplicá-
la na terceira fase da dosimetria da pena.
222
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
criminal.
§4º. Os dados constantes do Banco Naci-
onal de Perfis Balísticos terão caráter sigi-
loso, e aquele que permitir ou promover
sua utilização para fins diversos dos pre-
vistos nesta Lei ou em decisão judicial
responderá civil, penal e administrativa-
mente.
§5º. É vedada a comercialização, total ou
parcial, da base de dados do Banco Naci-
onal de Perfis Balísticos.
§6º. A formação, a gestão e o acesso ao
Banco Nacional de Perfis Balísticos serão
regulamentados em ato do Poder Execu-
tivo federal.
223
estácio Luiz & pedrotenório
CAPÍTULO 10 DA
MUDANÇA NA LEI
11.343/06 (LEI DE
DROGAS)
COMENTADAS
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PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
225
estácio Luiz & pedrotenório
CAPÍTULO 11 DAS
MODIFICAÇÕES NA LEI
12.850/13 (CRIME
ORGANIZADO)
COMENTADAS
226
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
227
estácio Luiz & pedrotenório
PREMIADA
reito penal premial, cuja aplicação possui grande influência na cultura jurídica
anglo-saxã (plea bargain) e que ganhou muito espaço na cultura jurídica italiana.
de tribo, observável sob pena de aplicação de sanções das mais cruéis em face
des grupos criminosos, que se valem da coação em face daqueles que, por ven-
do próprio Código Penal, que desde 1990 prevê a delação no crime de extorsão
mediante sequestro.
228
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
2.2 CONCEITO
Nas palavras de Renato Brasileiro, a colaboração premiada é uma técnica
especial de investigação por meio da qual o coautor e/ou partícipe da infração penal,
além de confessar seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis
pela persecução penal informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos
objetivos previstos em lei, recebendo em contrapartida, determinado prêmio legal25.
2.3 SUBSESPÉCIES
COLABORAÇÃO PREMIADA (VLADIMIR ARAS)26
25 BRASILEIRO, Renato. Legislação criminal especial comentada: volume único. 4ª ed. Salva-
dor: Juspodivm, 2016, p. 520.
26ARAS, Vladimir. A técnica de colaboração premiada. Disponível em:
https://vladimiraras.blog/2015/01/07/a-tecnica-de-colaboracao-premiada/.
27MASSON, Cleber. MARÇAL, Vinícius. Crime Organizado – 2ª Ed. P. 118/119. Rio de Janeiro:
230
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
28MASSON, Cleber. MARÇAL, Vinícius. Crime Organizado – 2ª Ed. P. 122. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
231
estácio Luiz & pedrotenório
232
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
29Ibidem, p. 175.
233
estácio Luiz & pedrotenório
30Idem.
31 MENDONÇA, Andrey Borges de. A colaboração premiada e a nova Lei do Crime Organiza-
do (Lei 12.850/2013). Custos legis – Revista Eletrônica do Ministério Público Federal, v. 4, 2013.
234
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
confissões trazidas por ele. Ou seja, nada do que foi tratado na proffer session
pode ser utilizado pelo Ministério Público.
O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de
art. 3º-B.
B) TERMO DE CONFIDENCIALIDADE
235
estácio Luiz & pedrotenório
pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade (art. 3-B, §6º).
tado) opte por não celebrar o acordo, os elementos trazidos pelo pretenso cola-
ação que enseja a recusa deste na celebração do acordo, com o objetivo de inuti-
lizar, para fins probatórios, elementos de prova e outras informações. Isso por-
interesses entre o colaborador e seu defensor, hipótese não tão rara de se ver na
público.
236
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
237
estácio Luiz & pedrotenório
quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados (art. 3º-
estão dispostos nos art. 4º a 7º da Lei 12.850/13. Perceba-se que uma vez
procedimento judicial.
rial. Sendo assim, preferimos, neste tópico, fazer um apanhado geral do proce-
no sistema de justiça.
2.8.1 NEGOCIAÇÕES
Como se sabe, o juiz não participará das negociações, pois sua função
não se confunde com a das partes, mas, sim, está voltada a garantir a regulari-
238
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
239
estácio Luiz & pedrotenório
sentença.
§7º-B. São nulas de pleno direito as
previsões de renúncia ao direito de
impugnar a decisão homologatória.
§8º. O juiz poderá recusar a homolo-
gação da proposta que não atender
aos requisitos legais, devolvendo-a às
partes para as adequações necessárias.
O art. 4º, §7º,inciso II, inserido pelo PAC, explica que serão considera-
das nulas pelo magistrado as cláusulas que violarem o critério de definição do
regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Código Penal, isto é, as
(§§ 2º e 3º).
32 MASSON, Cleber. MARÇAL, Vinícius. Crime Organizado – 2ª Ed. P. 160. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
240
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
241
estácio Luiz & pedrotenório
ções e não condizem com a realidade. Vejamos alguns dados da operação Lava
Jato. O seu início foi no dia 17 de março de 2014. No final do mês de maio de
2016, foram contabilizadas 52 delações premiadas. Dessas, apenas 13 tinham
nar a decisão homologatória. Tal dispositivo tem por fito resguardar o princípio
do contraditório e da ampla defesa.
da instrução e julgamento.
33 https://oglobo.globo.com/brasil/de-52-acoes-de-delacao-premiada-apenas-13-foram-feitas-
com-reus-presos-19394364
242
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
34MASSON, Cleber. MARÇAL, Vinícius. Crime Organizado – 2ª Ed. P. 171. Rio de Janeiro: Fo-
rense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
243
estácio Luiz & pedrotenório
rio Público.
Luiz Flávio Gomes entende que será possível com base na teoria da per-
não será possível, pois a lei é expressa e clara ao exigir um ou mais resultados.
réus ou investigados, não havendo, por partes destes, direito líquido e certo
para exigir em juízo sua celebração. Como negócio jurídico processual que é,
laborador não vão ser usadas contra ele, conforme disposição expressa da Lei
12.850/13.
não poderá recursar a aplicação dos prêmios. Isso porque a recusa violaria a
35MASSON, Cleber. MARÇAL, Vinícius. Crime Organizado – 2ª Ed. P. 173. Rio de Janeiro: Fo-
rense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
244
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
ção, mediante decisão fundamentada. Contra tal decisão, caberá apelação para
COLABORAÇÃO
36MASSON, Cleber. MARÇAL, Vinícius. Crime Organizado – 2ª Ed. P. 172. Rio de Janeiro: Fo-
rense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
245
estácio Luiz & pedrotenório
246
PACOTE ANTICRIME – AS MODIFICAÇÕES NO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO
37 MASSON, Cleber. MARÇAL, Vinícius. Crime Organizado – 2ª Ed. P. 108. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
38Idem.
247
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39 Idem.
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dicial, até que ponto o magistrado pode se distanciar da sua função e discordar
da posição do titular da ação penal?
Além disso, o art. 28 do CPP foi modificado e retirou a figura do juiz do
procedimento de arquivamento dos autos da investigação preliminar. Assim,
entendemos que não há mais espaço para que o magistrado tente se imiscuir no
juízo de mérito próprio do Ministério Público acerca dos benefícios acordados
com o colaborador.
Por outro lado, deve-se dizer que há parcela da doutrina se posicionando
no sentido de que o perdão judicial pactuado no acordo de colaboração nada
tem a ver com exercício do direito de ação penal, exclusivo do MP. Nesses ca-
sos, a doutrina levanta a tese de que o perdão é concedido exclusivamente pelo
magistrado em exercício pleno da jurisdição, logo o juiz não estaria vinculado
ao requerimento do membro do ministério público ou à representação da auto-
ridade policial.
Apesar de respeitável, o entendimento não parece ser o mais prudente.
Além das razões já levantadas, há também a questão da segurança jurídica e da
eficácia objetiva da colaboração. Como estimular e garantir segurança a um
acordo fixado na promessa do perdão judicial se o juiz pode negá-lo?
Por fim, é preciso frisar que o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial, mesmo que
tenha sido beneficiado por perdão judicial ou não denunciado (art. 4º, §12).
Quanto à iniciativa da autoridade judicial para oitiva do colaborador,
com o advento do art. 3º-A, CPP, trazido pelo PAC, a doutrina discutirá
novamente a sua revogação tácita, tendo em vista a incompatibilidade da
iniciativa judicial na gestão da prova com o sistema acusatório.
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pela delação premiada, na 3ª etapa, por se revestir de causa de diminuição de pena (STJ.
pois o dispositivo legal da Lei das Organizações Criminosas não fez referência a
cia contra o colaborador por 6 meses, prorrogável por igual período, até que
zos prescricionais.
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40Idem.
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infração penal (da sua ocorrência), mas não tem conhecimento da auto-
ser oferecido, uma vez que o órgão ministerial já deteria o conhecimento prévio
da infração penal.
organização criminosa.
miada, uma vez que, além do potencial prêmio a menor, a pecha de colaborador
controle judicial.
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41Idem.
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Aqui o PAC inovou uma vez mais para proteger a segurança jurídica e
boa-fé processual. Note-se que, se ficar comprovado que o réu colaborador omi-
tiu seu dever de não permanecer em silêncio, bem como, mesmo após celebrar o
acordo, continua empreendendo na prática delitiva, o Estado poderá rescindir o
acordo firmado, caindo por terra os benefícios prometidos ao colaborador.
Nesse caso entendemos que incide a regra da possibilidade de utilização
das informações fornecidas no acordo como fonte de prova contra possíveis
réus delatados e contra o próprio réu colaborador, pois houve quebra da boa-fé
processual.
Essa interpretação é feita a partir do próprio espírito do PAC, que de um
lado visa proteger o réu colaborador, ampliando o direito fundamental à ampla
defesa e ao contraditório, porém, de outro, visa proteger a segurança jurídica e
o direito fundamental à segurança pública e à persecução penal eficiente.
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Com a nova redação dada pelo PAC, o registro das tratativas e dos atos
de colaboração DEVERÁ ser feito pelos meios ou recursos de gravação magné-
tica, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a
obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de
cópia do material ao colaborador.
Note-se que a redação anterior do §14 utilizava a expressão sempre que
possível, agora é um dever de registro. Outro ponto importante de mudança foi
que a nova redação previu o dever de gravação também na fase das tratativas
(negociações preliminares).
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42Idem.
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43LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada: volume único. p. 520, 4ª
ed. Salvador; Juspodivm, 2016.
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Com o novo art. 10-B, o PAC criou um trâmite direito entre o responsável
alguma ter acesso aos dados relativos à infiltração. Essa previsão faz todo o
investigação.
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oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e
materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. O parágrafo único do art. 10-
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CONCLUSÃO
NOTAS À GUISA DE
es
tá
ci
o
L
ui
z
&
pe
dr
ot
en
ór
io
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