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A PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES HEDIONDOS APÓS A VIGÊNCIA

DO PACOTE ANTICRIME

THE PROGRESSION OF REGIME IN HEINOUS CRIMES AFTER THE VALIDITY


OF THE ANTI-CRIME PACKAGE

MARESSA MARIA GOUVEIA1


CRISTIAN KIEFER DA SILVA (ORIENTADOR)2

RESUMO: A promulgação da lei 13.964/2019, denominada Pacote Anticrime,


acarretou várias mudanças em diversos diplomas legais que compõem a legislação
brasileira. Entre essas modificações estão as alterações ao artigo 112 da Lei de
Execução Penal (LEP), que trata da progressão de regime. Assim, com o objetivo de
transmitir informação e apresentar os seus efeitos, deficiências e as principais teses
discutidas, o presente artigo trata das alterações decorrentes da nova lei na
progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados.

PALAVRAS-CHAVE: Crime Hediondo. Lei de Execuções Penais. Pacote Anticrime.


Progressão de Regime.

1
Graduanda em Direito pelo Centro Universitário UNA. E-mail: <maressa.maria98@gmail.com>.
2
Pós-Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2018), possui Doutorado
em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2016), possui Mestrado em Direito
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2012), possui Especialização em Direito
Processual Civil Aplicado pelo CEAJUFE (2010), possui Especialização em Direito Público Aplicado
pelo EBRADI (2020), possui Graduação em Direito pela Universidade José do Rosário Vellano (2007),
possui Graduação em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2002).
Visiting Research Scholar na Northeastern State University-EUA (2018). Visiting Foreign Professor na
University of Tulsa-EUA (2018). Visiting Foreign Professor na Oklahoma State University-EUA (2018).
É Professor Adjunto da Escola de Direito do Centro Universitário UNA. É Professor na Graduação e na
Pós-graduação em Direito da SKEMA Business School. É Professor Titular da Escola de Direito da
Faculdade de Minas (Faminas-BH). É Professor da Pós-Graduação em Direito do Instituto Universitário
Brasileiro (IUNIB). É pesquisador voluntário no INSEPE (Instituto de Ensino, Pesquisa e Extensão). É
membro associado e avaliador do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito
(CONPEDI). É membro associado da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Participa com frequência de fóruns jurídicos, projetos e atividades acadêmicas relacionadas à
organização de seminários, congressos, minicursos, grupos de estudo e pesquisa. Tem atuação na
área de Direito, com ênfase em Direito Público, Direito Processual e Teoria do Direito. Mediador e
Conciliador Judicial cadastrado no CNJ. Membro do corpo de avaliadores do MEC no BASIS/INEP.
ABSTRACT: The enactment of Law 13,964 / 2019, called the Anti-Crime Package,
brought about several changes in several legal acts that make up Brazilian legislation.
Among these modifications are the amendments to article 112 of the Penal Execution
Law, which deals with regime progression. Thus, in order to transmit information and
present its effects, deficiencies and the main theses discussed, this article deals with
the changes resulting from the new law in the regime progression in heinous and
similar crimes.

KEYWORDS: Hideous Crime. Criminal Execution Law. Anti-crime package. Feather


Progression.

1 INTRODUÇÃO

A progressão de regime consiste no avanço do sentenciado do regime mais


severo ao regime mais brando. Antes da reforma ocasionada pela Lei 13.964/2019,
conhecida como Pacote Anticrime, o lapso temporal exigido para a progressão de
regime aos sentenciados condenados por crimes hediondos ou equiparados era de
2/5 (dois quintos), aos condenados primários, e 3/5 (três quintos), ao apenado
reincidente (artigo2°, § 2° da Lei de Crimes Hediondos).
No que tange a reincidência, ficou concretizado jurisprudencialmente que
bastava o reeducando ser reincidente para se exigir a fração de 3/5 (três quintos).
Por outro lado, após a publicação do Pacote Anticrime o artigo 2°, § 2° da Lei
n° 8.072/1990 foi revogado, concentrando-se todo lapso temporal na nova redação do
artigo 112 da LEP.
A nova redação exige os percentuais de 40% (quarenta por cento), ao
apenado primário condenado por crime hediondo ou equiparado, que corresponde a
2/5 (dois quintos), 50% (cinquenta por cento), ao sentenciado condenado pela prática
de crime hediondo com resultado morte, se for primário, bem como ao executado por
exercer comando de organização criminosa criada para praticar crimes hediondos e
equiparados ou por constituir milícia privada, 60% (sessenta por cento), se o
reeducando for reincidente em crime hediondo ou equiparado, e, por fim, 70% (setenta
por cento), ao apenado reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado
morte (artigo 112, incisos V, VI, a, b e c, VII e VIII da Lei de Execução Penal) .
Observando os novos requisitos objetivos, constata-se que o legislador exige
para incidir dos percentuais mais grave a reincidência específica, ou seja, quando o
indivíduo pratica novo crime após ter sido condenado com trânsito em julgado por
crime da mesma natureza. O referido artigo deixa de mencionar os reincidentes
genéricos resultando em uma “novatio legis in mellius”.
Assim, o presente artigo tem como intuito apresentar as principais
modificações ocorridas no benefício de progressão de regime, as teses arguidas após
a alteração do artigo 112 da Lei de Execução Penal e a sua aplicação.

2 A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

A pena corresponde à sanção penal imposta ao agente que praticou conduta


tipificada como crime, nos limites estabelecidos pelo Código Penal Brasileiro. Ela
contém como finalidade a retribuição estatal pelo mal causado e a prevenção de novos
crimes.
A pena privativa de liberdade é constituída por três espécies de pena: a
reclusão, a detenção e a prisão simples, previstas no preceito secundário do tipo
penal.
A pena de reclusão é destinada aos sentenciados condenados por crimes
mais graves, a detenção é aplicada aos agentes que comentem crimes considerados
menos graves e a todos os crimes culposos e, por fim, a prisão simples é destinada
exclusivamente aos autores de contravenções penais (MIRANDA, 2020).
Ao executar a pena deve-se oferecer ao indivíduo as condições necessárias
para a sua ressocialização.

3 OS REGIEMES PRISIONAIS

O Brasil adotou o sistema progressivo, ao qual, por mérito do sentenciado, ele


vai avançando do regime mais penoso ao regime mais brando rumo a reinserção
social, a liberdade. Esse benefício prevê 3 (três) regimes prisionais: o fechado, o
semiaberto e o aberto.
De acordo com Rafael de Souza Miranda (2020, p.148), “essa pluralidade de
regimes é manifestação do princípio da individualização da pena, na medida que, a
depender da quantidade de pena imposta, circunstâncias judiciais e reincidência do
agente, poderá iniciar o cumprimento de pena em um dos regimes existentes”.
O regime fechado é incumbido aos sentenciados condenados com reclusão a
uma pena superior a 8 (oito) anos, conforme determina o artigo 33, § 2°, a, do Código
Penal (CP), em estabelecimento de segurança máxima ou média (artigo 33, § 1°, a,
do Código Penal).
O regime semiaberto é aplicado ao sentenciado primário condenado com
reclusão ou detenção, com pena superior a 4 (quatro) anos e inferior a 8 (oito) anos
(artigo 33, § 2°, b, do Código Penal), que será cumprida em colônia agrícola, industrial
ou estabelecimento similar, com fulcro no artigo 33, § 1°, alínea b, do CP).
Ao individuo, não reincidente, penalizado com pena de reclusão ou detenção,
inferior a 4 (quatro) anos, cumprirá a sua sanção no regime aberto (artigo 33, § 2°, c,
do CP), em casa de albergado ou estabelecimento adequado (artigo 33, § 1°, c, do
CP).
Porém, apesar da previsão legal, não existe casa de albergado no território
brasileiro, motivo pelo qual é concedido ao sentenciado cumprir a sua pena em regime
aberto domiciliar.
Os crimes puníveis com detenção, por sua vez, jamais poderão iniciar o seu
cumprimento em regime fechado, mesmo se o agente ostentar a condição de
reincidente. A fixação do referido regime só será admitida em caso de determinação
de regressão de regime (MIRANDA, 2020).
Cada regime é cumprindo em um estabelecimento distinto e possui direitos e
deveres diferentes.

4 A PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS


ANTES DA LEI 13.964/2019

O sistema progressivo foi adotado pelo Brasil no ano de 1984, após a Reforma
Penal e a promulgação da Lei de Execução Penal (LEP), ele consiste no avanço do
sentenciado do regime mais severo para o regime mais brando com o intuito de
promover a ressocialização do apenado.
O artigo 112 da Lei de Execução Penal, em sua redação anterior a publicação
do Pacote Anticrime (Lei 13.364/219), determinava que o apenado, sem distinção pela
natureza do delito, seria transferido ao regime menos gravoso quando cumprisse 1/6
(um sexto) da pena e ostentasse bom comportamento.
Após, ocorreu o advento da Constituição Federal de 1988 que, em seu artigo
5°, inciso XLIII, estabeleceu como inafiançáveis e insuscetíveis de anistia ou graça os
crimes de tortura, tráfico de drogas, terrorismo e os delitos de natureza hedionda,
ensejando a criação da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, conhecida como Lei de
Crimes Hediondos.
Em 2007, em virtude da Lei 11.464 foi instituído no artigo 2°, §1° da Lei
8.072/90 que as penas cominadas aos crimes de natureza hedionda ou equiparada
fossem cumpridas em regime integralmente fechado.
A redação do dispositivo legal era mais grave, contrária ao sistema
progressivo e feria o princípio básico da isonomia, posto que pessoas sob o mesmo
teto não podem receber tratamentos diferentes. Os presos eram obrigados a
permanecer em regime fechado durante toda pena convivendo com outros que tinham
direito à progressão, acarretando em um total desequilíbrio do sistema penitenciário
(VALOIS, 2020).
Nesse sentido, já previa o legislador, no artigo 5°, inciso XLVIII, da
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2012), que “a pena será cumprida em
estabelecimento distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado”, O mesmo se vê nas alíneas do artigo 33, §1°, do Código Penal, que
estabeleceu estabelecimentos diferentes para cada regime prisional.
No dia 23 de fevereiro de 2006, por meio do HC n° 82.959/SP, o Supremo
Tribunal Federal (STF) decretou, por maioria de votos (6x5), a inconstitucionalidade
do artigo 2°, §1° da Lei de Crimes Hediondos, uma vez que conflitava com o princípio
da individualização da pena, presente no artigo 5°, inciso XLVI, da Constituição
Federal:

A progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado,


semiaberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que,
mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social. PENA – CRIME
HEDIONDOS – REGIME DE CUMPRIMENTO- PROGRESSÃO- ÓBICE-
ARTIGO 2°, §1°, DA LEI N° 8.078/30-INCONSTITUCIONALIDADE-
EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da
individualização da pena – artigo 5°, inciso XLVI, da Constituição Federal- a
imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime
integralmente fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da
pena, em evolução jurisdicional, assentada a inconstitucionalidade do artigo
2°, §1°, da Lei n° 8.072/90 (BRASIL,2006).
Em razão da decisão proferida pela Suprema Corte, os agentes condenados
por crimes hediondos voltaram a ter direito à progressão de regime nos termos do
artigo 112 da LEP.
Porém, a Lei n° 11.464/2007 foi editada, a fim de que fosse dada uma nova
redação ao artigo 2°, §1°, da Lei de Crimes Hediondos, que passou a prever o regime
inicial fechado ao cumprimento da pena dos crimes previstos na lei supracitada.
Novamente, o dispositivo legal ofendia o princípio fundamental da
individualização da pena (artigo 5°, inciso XLVI, da Constituição Federal) e
desconsiderava o artigo 33, do Código Penal.
Assim, em 27/06/2012, por meio do HC n° 111.840, o STF decretou a
inconstitucionalidade da fixação do regime inicial fechado para os crimes hediondos
ou equiparados em tese de repercussão geral n° 972:

É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2°, §1°, da Lei


8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da
condenação, obter-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal
(BRASIL,2012).

Após, o legislador, mais uma vez, editou a Lei n° 11.464/2007, determinando


prazos mais rigorosos aos crimes constantes na Lei 8.072/1990:

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos
neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se
o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (BRASIL,
2007).

Portanto, era requisitado aos reeducandos condenados por crimes hediondos


ou equiparados, além do preenchimento do requisito subjetivo (bom comportamento),
a execução de 2/5 da pena, se o apenado fosse primário, e 3/5, se reincidente
(requisito objetivo).

5 PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES HEDIONDOS APÓS A VIGÊNCIA DA


LEI 13.964/2019

Em 24 de dezembro de 2019 foi sancionado o Pacote Anticrime (Lei


13.964/2019), que acarretou a maior mudança da legislação penal desde a Lei
7.209/84, que reformou a Parte Geral do Código Penal Brasileiro.
O seu objetivo é ser mais efetiva e rigorosa no combate ao crime de
corrupção, ao crime organizado e aos delitos praticados com grave violência à pessoa.
O reflexo da população ensejado nas eleições presenciais de 2018. (LIMA, 2020,
p.19).
Entre as modificações promovidas pela nova lei está o artigo 112 da Lei de
Execuções Penais (nº 7.2010/84), que trata da progressão de regime. Vejamos:

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva


com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)

I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime


tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime


cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime
tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime


cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela


prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)

a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado


morte, se for primário, vedado o livramento condicional;(Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização


criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;


(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na


prática de crime hediondo ou equiparado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento
condicional. (BRASIL, 2019)
Nota-se que a nova redação do artigo 112, da LEP particularizou ainda mais
a aplicação da pena e o seu cumprimento, resguardando o princípio da
individualização da pena (artigo 5º, inciso XLVI da Constituição Federal).
Vale ressaltar que ocorreu a revogação do artigo 2°, §2°, da Lei de Crimes
Hediondos, que implementou as frações de 2/5 (dois quintos) e 3/5 (quintos) aos
condenados por crime hediondo ou equiparado, por meio do artigo 19 da Lei
13.964/2019, acarretando na concentração integral dos lapsos temporais para
aquisição da progressão de regime no artigo 112, da Lei 7.2010/84.
Porém, analisando o referido dispositivo, verifica-se que o legislador optou por
manter os lapsos temporais de 2/5 (dois quintos), aos sentenciados primários
condenados por crime hediondo ou equiparado e 3/5 (três quintos) aos agentes
reincidentes condenados por crime hediondo ou equiparado, que correspondem,
respectivamente, a 40% (quarenta por cento) e 60% (sessenta por cento), que serão
aplicados aos crimes hediondos ou equiparados sem resultado morte (artigo 112,
incisos V e VII da LEP).
No caso do reeducando condenado por crime hediondo ou equiparado com
resultado morte, será aplicado o percentual de 50% (cinquenta por cento), se primário,
e 70%, se reincidente (artigo 112, incisos VI, “a” e VIII da LEP).
Noutro giro, o percentual de 50% (cinquenta por cento) também será aplicado
nas hipóteses do indivíduo que exerce comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada para a prática de crimes hediondos ou equiparados
e pela prática de constituição de milícias privadas (artigo 112, inciso VI, alíneas “b” e
“c”, da LEP).

6 A REINCIDENCIA E A SUA APLICAÇÃO

Conforme estabelece os artigos 63 e 64, inciso I, ambos do Código Penal


(BRASIL,1940), considera-se reincidente o sentenciado que cometeu novo crime após
o trânsito em julgado da sentença condenatória em um período inferior a 5 (cinco)
anos.
Quando o artigo 2°, § 2°, da Lei de Crimes Hediondos estava em vigor,
bastava que o sentenciado ostentasse a condição de reincidente para se exigir a
fração de 3/5 (três quintos).
O artigo 112 da Lei Execução Penal, por sua vez, acarretou um grande debate
sobre a aplicação da reincidência.
A nova redação do dispositivo em comento não contemplou de forma clara a
situação daqueles que ostentam a condição de reincidente, em razão disso, a quinta
turma do Superior Tribunal de Justiça, em sessão ocorrida em 09/12/2020, mediante
HCs n° 613.268/SP e n° 616.267/SP, alinhando-se as decisões proferidas pela sexta
turma e aplicou o entendimento que os percentuais de 60% (sessenta por cento) e
70% (setenta por cento), previstos no artigo 112, incisos VII e VIII da LEP, se destinam
aos sentenciados reincidentes específicos, ou seja, quando o indivíduo pratica novo
crime após ter sido condenado com trânsito em julgado por crime de natureza
semelhante. Vejamos o HC n. 613.268/SP:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. VIA


INADEQUADA. LEI 13.964/2019 (PACOTE ANTICRIME). PROGRESSÃO
DE REGIME. PACIENTE CONDENADO POR TRÁFICO DE DROGAS.
REINCIDÊNCIA EM CRIME COMUM (FURTO QUALIFICADO). HIPÓTESE
NÃO ABARCADA PELA NOVATIO LEGIS. ANALOGIA IN BONAM PARTEM.
CUMPRIMENTO DE 40% DA PENA. ORIENTAÇÃO REVISTA. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO. CONCESSÃO DE HC DE OFÍCIO. 1. O Supremo
Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira Seção do Superior
Tribunal de Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva do habeas
corpus, passaram a restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal for
passível de impugnação pela via recursal própria, sem olvidar a possibilidade
de concessão da ordem, de ofício, nos casos de flagrante ilegalidade. 2.
Firmou-se nesta Superior Corte o entendimento no sentido de ser irrelevante
que a reincidência seja específica em crime hediondo para a aplicação da
fração de 3/5 na progressão de regime, pois não deve haver distinção entre
as condenações anteriores (se por crime comum ou por delito hediondo).
Interpretação da Lei 8.072/90. Precedentes. 3. Com a entrada em vigor da
Lei 13.964/19 - Pacote Anticrime-, foi revogado expressamente o art. 2º, §2º,
da Lei n. 8.072/90 (art. 19 da Lei n. 13.964/19), passando a progressão de
regime, na Lei de Crimes Hediondos, a ser regida pela Lei n. 7.210/84. 4. A
nova redação dada ao art. 112 da Lei de Execução Penal modificou por
completo a sistemática, introduzindo critérios e percentuais distintos e
específicos para cada grupo, a depender especialmente da natureza do
delito. 5. No caso, o paciente foi sentenciado pelo delito de tráfico de drogas,
tendo sido reconhecida sua reincidência devido à condenação definitiva
anterior pelo crime de furto qualificado (delito comum). Para tal hipótese,
inexiste na novatio legis percentual a disciplinar a progressão de regime
ora pretendida, pois os percentuais de 60% e 70% foram destinados aos
reincidentes específicos.
6. Em direito penal não é permitido o uso de interpretação extensiva,
para prejudicar o réu, devendo a integração da norma se operar
mediante a analogia in bonam partem. Princípios aplicáveis: Legalidade
das penas, Retroatividade benéfica e in dubio pro reo. - A lei penal deve
ser interpretada restritivamente quando prejudicial ao réu, e
extensivamente no caso contrário (favorablia sunt amplianda, odiosa
restringenda) - in NÉLSON HUNGRIA, Comentários ao Código Penal, v. I, t.I,
p. 86. Doutrina: HUMBERTO BARRIONUEVO FABRETTI e GIANPAOLO
POGGIO SMANIO, Comentário ao Pacote Anticrime, Ed. Atlas, 2020;
RENATO BRASILEIRO DE LIMA. Pacote Anticrime: Comentários à Lei
13.964/19, Ed. Jus Podium, 2020; PAULO QUEIROZ, A nova progressão de
regime - Lei 13.964/2019, https://www.pauloqueiroz.net; ROGÉRIO
SANCHES CUNHA, Pacote Anticrime: Lei n. 13.964/2019 – Comentários às
alterações no CP, CPP e LEP. Salvador: Editora Jus Podvim, 2020; e PEDRO
TENÓRIO SOARES VIEIRA TAVARES e ESTÁCIO LUIZ GAMA LIMA
NETTO; NETTO LIMA, Pacote Anticrime: As modificações no sistema de
justiça criminal brasileiro. e-book, 2020. Precedentes: HC n 581.315/PR, Rel.
Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR e HC n. 607.190/SP, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, ambos julgados em 06/10/2020. 7. Agravo
regimental provido, concedendo habeas corpus de ofício para que se opere
a transferência do paciente a regime menos rigoroso com a observância,
quanto ao requisito objetivo, do cumprimento de 40% da pena privativa de
liberdade a que condenado, salvo se cometida falta grave" (BRASIL, 2020,
grifo nosso).

Nesse sentido, ensina o doutrinador Renato Brasileiro de Lima:

Em sentido diverso, o inciso VII do art.112 da LEP, com redação determinada


pelo Pacote Anticrime, é categórico ao apontar o patamar de 60% (sessenta
por cento) para o apenado reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado. Como se pode notar, trata-se de reincidência específica em
crimes dessa natureza, não necessariamente no mesmo delito, porém (v.g.,
estupro e estupro de vulnerável; homicídio qualificado e terrorismo, etc.)
(LIMA, 2020, p.394).

Continua o jurista:

em conclusão, o inciso VIII do artigo 112 da LEP, aí concluído, por força da


Lei n. 13.964/19, estabelece o critério mais rigoroso para fins de progressão,
qual seja, 70% (setenta por cento). Para tanto, o apenado deve ser
reincidente específico em crime hediondo ou equiparado com resultado
morte, ou seja, é dispensável que a condenação posterior seja por delito
idêntico ao da condenação anterior (v.g., homicídio qualificado e latrocínio).
(LIMA, 2020, p. 394).

Como se vê, a questão aventada pelos nobres operadores do Direito traz à


tona uma eventual lacuna legislativa concernente aqueles que ostentam condenações
transitadas em julgado por crime comum e comete novo crime de natureza hedionda
ou equiparados com ou sem resultado morte, chamados reincidentes genéricos ou
simples.
Portanto, na ausência de previsão legal será aplicado aos sentenciados na
condição de reincidência simples os percentuais mais brandos, exigindo-se o mesmo
tempo de cumprimento de pena para progressão de regime aos reeducandos
primários e reincidentes.
Ainda, a lei retroagirá aos executados reincidentes simples que cometeram os
crimes antes da vigência do Pacote Anticrime, nos termos do artigo 5º, inciso XL, da
CF/88, uma vez que os percentuais de 40% (quarenta por cento) e 50% (cinquenta
por cento), são mais benéficos que a fração de 3/5 (três quintos), conforme dispõe o
defensor público Rafael de Souza Miranda:
Ao exigir reincidência específica para os prazos mais rígidos de progressão
de regime, a Lei nº 13.964/2019 trouxe uma verdadeira “novatio legis in
mellius” aos condenados reincidentes simples. Isso porque, antes de sua
edição, se uma pessoa tivesse sido condenada por um crime comum e,
posteriormente por um crime hediondo era considerada reincidente e só
poderia progredir de regime após cumprir 3/5 (três quintos) da pena. Mas
como agora a lei exige reincidência específica, esta pessoa que era
considerada reincidente para fins de progressão, não é mais. Logo, a lei
deverá retroagir para beneficiá-la e o cálculo de penas deverá ser retificado
(MIRANDA 2020, p.165).

Assim, recentemente, o posicionamento explanado acima foi devidamente


consolidado jurisprudencialmente no informativo de n° 699 do Superior Tribunal de
Justiça, divulgado em 07 de junho de 2021, em sede de recurso repetitivo, por meio
do REsp 1.910.240-MG, que prevê: “é reconhecida a retroatividade do patamar
estabelecido no art. 112, V, da Lei n. 13.964/2019, àqueles apenados que, embora
tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, não sejam
reincidentes em delito de natureza semelhante” (BRASIL, 2021).
Todavia, uma parte dos juristas não concordam com a tese supracitada, visto
que conflita com os debates legislativos acerca das alterações e resultados ensejados
com a promulgação do Pacote Anticrime, que possui o objetivo de tratar com mais
rigor os crimes mais graves.
Discute-se, ainda, sobre a literalidade do preceito legal, já que quando a lei
deseja se referir à reincidência específica, o faz de maneira expressa, como defende
o Promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda:

Vê-se que a legislação anticrime não exigiu a reincidência específica em


crime hediondo para as hipóteses dos incisos VII e VIII do artigo 112 da Lei
de Execuções Penais.
Ademais, percebe-se que, quando pretendeu se referir à reincidência
específica, a lei "anticrime" assim expressamente o fez (artigo 9º, que deu
nova redação ao artigo 20, II, da Lei 10.826/2003).
Logo, considerando o induvidoso conceito de reincidência previsto no artigo
63 do Código Penal (verifica-se a reincidência quando o agente comete novo
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior), não deveria suscitar
qualquer dúvida que o apenado que comete, após qualquer crime, um crime
hediondo ou equiparado, deve cumprir 60% da pena. E que o apenado que
comete, após qualquer crime, um crime hediondo ou equiparado com
resultado morte, tem que cumprir 70% da pena, sendo-lhe vedado o
livramento condicional.
A expressão reincidente em crime hediondo, por óbvio, não tem outro
significado. Diferente seria se a lei "anticrime" dissesse "reincidente
específico em crime hediondo ou equiparado (MIRANDA,2021, on-line).

E nessa linha, ensina Renato Brasileiro de Lima na obra “Legislação Criminal


Especial Comentada”:
Referindo-se o art. 2º, §2º, da Lei n.º 8.072/1990 ao cumprimento de 2/5 (dois
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente, sem fazer qualquer ressalva quanto à espécie de
reincidência, conclui-se que o legislador se refere à reincidência
genérica do art. 63 do Código Penal. Afinal, quando a lei deseja se referir
à reincidência específica, o faz de maneira expressa. (LIMA, 2019, p.256,
grifo nosso).

Contudo, é inviável a incidência do entendimento mais gravoso, uma vez que,


conforme os princípios da proibição da analogia in malam partem e do in dubio pro
reo, não se pode fazer analogia com intenção de prejudicar o agente e nem aplicar a
lei mais severa nos casos de dúvida.
Cumpre salientar que também se discutiu sobre a natureza da reincidência
que era exigida no artigo 2°, §2°, da Lei de Crimes Hediondos, como informa Rafael
de Souza Miranda:

A redação legal não deixou claro se a reincidência mencionada no artigo 2°,


da Lei de Crimes Hediondos deve ser específica em crimes hediondos ou
equiparados ou não.
Reincidente específico em crimes hediondos ou equiparados é aquele que
cometeu um crime hediondo ou equiparado após ter sido condenado com
trânsito em julgado por um crime também hediondo ou equiparado.
O posicionamento mais favorável ao sentenciado é aquele que entende que
a reincidência mencionada na Lei dos Crimes Hediondos deve ser específica,
afinal, esta lei versa sobre crimes dessa natureza. Todavia, prevalece na
jurisprudência que a reincidência deve ser genérica. (MIRANDA, 2020,
p.161).

O doutrinador Norberto Avena também comentou sobre o conflito:

Outra questão controvertida respeita à correta exegese do art. 2º, § 2º, da


LCH, quando determina que “a progressão de regime, no caso dos
condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento
de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente”. Interpretando esse dispositivo, com efeito, há
quem diga que a exigência de cumprimento de 3/5 de pena determinada pelo
dispositivo concerne apenas aos apenados considerados reincidentes
específicos, vale dizer, em crimes da mesma natureza do que se encontra
em execução. Não concordamos. E isto pela simples razão de que o citado
art. 2º, § 2º, parte final, da LCH não faz qualquer distinção a respeito. Não
exige, enfim, para a fixação do prazo mínimo de 3/5 necessário à progressão
de regime dos condenados por crimes hediondos e equiparados, que a
reincidência seja específica em crimes dessas naturezas, ao contrário do que
faz em outras hipóteses, nas quais tal condicionamento encontra-se explícito,
a exemplo do que dispõe o art. 83, V, do Código Penal quanto ao prazo
necessário ao livramento condicional. (AVENA, 2019, p.216, grifo nosso).

Ao contrário do presente caso, a jurisprudência decidiu que para a incidência


da fração de 3/5, presente no artigo 2°, §2°, da Lei de Crimes Hediondos, bastava o
agente conter a condição pessoal da reincidência.
7 CONCLUSÃO

O Pacote Anticrime promoveu diversas alterações no âmbito do Direito Penal,


o seu intuito era publicar leis mais efetivas que promovessem um tratamento mais
rigoroso aos crimes mais graves.

Uma das alterações promovidas pela Lei 13.964/2019, foi a alteração dos
requisitos objetivos para a progressão de regime. Apesar de pormenorizar a aplicação
do lapso temporal para concessão do benefício, a falta de técnica constante no texto
legal deixou pontos vagos suscetíveis de amplas interpretações.

Muito se discutiu sobre a natureza da reincidência que o legislador requisitava,


principalmente aos crimes hediondos ou equiparados com ou sem resultado morte,
previstos nos incisos VII e VIII do artigo 112, da Lei de Execução Penal, que são
considerados os crimes mais graves.

Apesar que, de fato, não era a intenção do técnico legislativo impor a


reincidência específica ao cumprimento dos percentuais de 60% (sessenta por cento)
e 70% (setenta por cento) previstos nos incisos supracitados, gramaticalmente ele o
fez.

Assim, após algumas decisões conflitantes e insegurança jurídica, o Superior


Tribunal de Justiça, consolidou o entendimento que aos percentuais mais graves de
60% (sessenta por cento) e 70% (setenta por cento) (artigo 112, inciso VII e VIII da
LEP), serão aplicados aos sentenciados reincidentes específicos em crime hediondo
ou equiparado com ou sem resultado morte.

Certamente, considerando que os percentuais de 40% (quarenta por cento) e


50% (cinquenta por cento) são mais benéficos que a fração de 3/5 (três quintos), a
nova lei retroagira aos sentenciados reincidentes simples apenados por crime
hediondo ou equipado com ou sem resultado morte, nos termos do artigo 5º, inciso
XL, da CF/88, que receberão o mesmo tratamento que os detentos primários e
progredirão mais rápido.

Insta salientar que a progressão de regime é um direito do sentenciado e o


seu cumprimento deve-se limitar ao expresso em lei, delimitando o poder punitivo do
Estado e seus anseios, conforme determina o princípio da legalidade (artigo 5°, inciso
XXXIX da CF).

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 10
jun. 2020.

MIRANDA, Rafael. Manual de Execução Penal Teoria e Prática. 2. ed. Salvador:


Editora JusPodivm, 2020.

BRASIL. Decreto-Lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Institui o Código Penal.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 10 jun. 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de


1988.Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 jun.
2021.

BRASIL. LEI Nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Institui a Lei de Crimes Hediondos.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8072.htm. Acesso em: 10
jun. 2021.

VALOIS, Luís Carlos. Conflito entre Ressocialização e o Princípio da Legalidade


Penal, atualizada de acordo com a Lei 13.964/2019. 1. ed. Belo Horizonte; São
Paulo: Editora D’ Plácido, 2020.

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Impetrante: Oseas de Campos. Coatores: Superior Tribunal de Justiça e Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo. Relator: Min. Marco Aurélio. Brasília, 23 de
fevereiro de 2006. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/noticias/imprensa/VotoGilmarHC82959.pdf. Acesso em: 10 jun.
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Impetrante: Defensoria Pública do estado de Espirito Santo. Pacte. :Edmar Lopes
Feliciano. Coator :Superior Tribunal de Justiça. Relator: Min. Dias Toffoli. Brasília, 27
de junho de 2012. Disponível em:
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BRASIL. LEI Nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Institui a nova redação ao art. 2°


da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos,
nos termos do inciso XLIII do art. 5° da Constituição Federal, de 25 de julho de
1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11464.htm. Acesso em: 10 jun. 2021.
LIMA, Renato Brasileiro de. Pacote Anticrime: Comentários à Lei n° 13.964/19. 1.
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LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial Comentada. 7. ed.


Salvador: Editora JusPodivm, 2019.

BRASIL. Superior Tribunal Justiça. HABEAS CORPUS Nº HC n. 613.268/SP.


Agravante: Ednei Ferraz de Lima. Agravados: Ministério Público Federal e Ministério
Público do Estado de São Paulo. Min. Reynaldo Soares da Fonseca. Brasília, 15 de
dezembro de 2020. Disponível em:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1206303303/agravo-regimental-no-habeas-
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MIRANDA, Marcos Paulo de Souza. Pacote 'anticrime' não pode servir para
abrandar penas por crimes hediondos. Consultor Jurídico, 2021. Disponível em:
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