Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DO PACOTE ANTICRIME
1
Graduanda em Direito pelo Centro Universitário UNA. E-mail: <maressa.maria98@gmail.com>.
2
Pós-Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2018), possui Doutorado
em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2016), possui Mestrado em Direito
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2012), possui Especialização em Direito
Processual Civil Aplicado pelo CEAJUFE (2010), possui Especialização em Direito Público Aplicado
pelo EBRADI (2020), possui Graduação em Direito pela Universidade José do Rosário Vellano (2007),
possui Graduação em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2002).
Visiting Research Scholar na Northeastern State University-EUA (2018). Visiting Foreign Professor na
University of Tulsa-EUA (2018). Visiting Foreign Professor na Oklahoma State University-EUA (2018).
É Professor Adjunto da Escola de Direito do Centro Universitário UNA. É Professor na Graduação e na
Pós-graduação em Direito da SKEMA Business School. É Professor Titular da Escola de Direito da
Faculdade de Minas (Faminas-BH). É Professor da Pós-Graduação em Direito do Instituto Universitário
Brasileiro (IUNIB). É pesquisador voluntário no INSEPE (Instituto de Ensino, Pesquisa e Extensão). É
membro associado e avaliador do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito
(CONPEDI). É membro associado da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Participa com frequência de fóruns jurídicos, projetos e atividades acadêmicas relacionadas à
organização de seminários, congressos, minicursos, grupos de estudo e pesquisa. Tem atuação na
área de Direito, com ênfase em Direito Público, Direito Processual e Teoria do Direito. Mediador e
Conciliador Judicial cadastrado no CNJ. Membro do corpo de avaliadores do MEC no BASIS/INEP.
ABSTRACT: The enactment of Law 13,964 / 2019, called the Anti-Crime Package,
brought about several changes in several legal acts that make up Brazilian legislation.
Among these modifications are the amendments to article 112 of the Penal Execution
Law, which deals with regime progression. Thus, in order to transmit information and
present its effects, deficiencies and the main theses discussed, this article deals with
the changes resulting from the new law in the regime progression in heinous and
similar crimes.
1 INTRODUÇÃO
3 OS REGIEMES PRISIONAIS
O sistema progressivo foi adotado pelo Brasil no ano de 1984, após a Reforma
Penal e a promulgação da Lei de Execução Penal (LEP), ele consiste no avanço do
sentenciado do regime mais severo para o regime mais brando com o intuito de
promover a ressocialização do apenado.
O artigo 112 da Lei de Execução Penal, em sua redação anterior a publicação
do Pacote Anticrime (Lei 13.364/219), determinava que o apenado, sem distinção pela
natureza do delito, seria transferido ao regime menos gravoso quando cumprisse 1/6
(um sexto) da pena e ostentasse bom comportamento.
Após, ocorreu o advento da Constituição Federal de 1988 que, em seu artigo
5°, inciso XLIII, estabeleceu como inafiançáveis e insuscetíveis de anistia ou graça os
crimes de tortura, tráfico de drogas, terrorismo e os delitos de natureza hedionda,
ensejando a criação da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, conhecida como Lei de
Crimes Hediondos.
Em 2007, em virtude da Lei 11.464 foi instituído no artigo 2°, §1° da Lei
8.072/90 que as penas cominadas aos crimes de natureza hedionda ou equiparada
fossem cumpridas em regime integralmente fechado.
A redação do dispositivo legal era mais grave, contrária ao sistema
progressivo e feria o princípio básico da isonomia, posto que pessoas sob o mesmo
teto não podem receber tratamentos diferentes. Os presos eram obrigados a
permanecer em regime fechado durante toda pena convivendo com outros que tinham
direito à progressão, acarretando em um total desequilíbrio do sistema penitenciário
(VALOIS, 2020).
Nesse sentido, já previa o legislador, no artigo 5°, inciso XLVIII, da
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2012), que “a pena será cumprida em
estabelecimento distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado”, O mesmo se vê nas alíneas do artigo 33, §1°, do Código Penal, que
estabeleceu estabelecimentos diferentes para cada regime prisional.
No dia 23 de fevereiro de 2006, por meio do HC n° 82.959/SP, o Supremo
Tribunal Federal (STF) decretou, por maioria de votos (6x5), a inconstitucionalidade
do artigo 2°, §1° da Lei de Crimes Hediondos, uma vez que conflitava com o princípio
da individualização da pena, presente no artigo 5°, inciso XLVI, da Constituição
Federal:
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime
tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento
condicional. (BRASIL, 2019)
Nota-se que a nova redação do artigo 112, da LEP particularizou ainda mais
a aplicação da pena e o seu cumprimento, resguardando o princípio da
individualização da pena (artigo 5º, inciso XLVI da Constituição Federal).
Vale ressaltar que ocorreu a revogação do artigo 2°, §2°, da Lei de Crimes
Hediondos, que implementou as frações de 2/5 (dois quintos) e 3/5 (quintos) aos
condenados por crime hediondo ou equiparado, por meio do artigo 19 da Lei
13.964/2019, acarretando na concentração integral dos lapsos temporais para
aquisição da progressão de regime no artigo 112, da Lei 7.2010/84.
Porém, analisando o referido dispositivo, verifica-se que o legislador optou por
manter os lapsos temporais de 2/5 (dois quintos), aos sentenciados primários
condenados por crime hediondo ou equiparado e 3/5 (três quintos) aos agentes
reincidentes condenados por crime hediondo ou equiparado, que correspondem,
respectivamente, a 40% (quarenta por cento) e 60% (sessenta por cento), que serão
aplicados aos crimes hediondos ou equiparados sem resultado morte (artigo 112,
incisos V e VII da LEP).
No caso do reeducando condenado por crime hediondo ou equiparado com
resultado morte, será aplicado o percentual de 50% (cinquenta por cento), se primário,
e 70%, se reincidente (artigo 112, incisos VI, “a” e VIII da LEP).
Noutro giro, o percentual de 50% (cinquenta por cento) também será aplicado
nas hipóteses do indivíduo que exerce comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada para a prática de crimes hediondos ou equiparados
e pela prática de constituição de milícias privadas (artigo 112, inciso VI, alíneas “b” e
“c”, da LEP).
Continua o jurista:
Uma das alterações promovidas pela Lei 13.964/2019, foi a alteração dos
requisitos objetivos para a progressão de regime. Apesar de pormenorizar a aplicação
do lapso temporal para concessão do benefício, a falta de técnica constante no texto
legal deixou pontos vagos suscetíveis de amplas interpretações.
REFERÊNCIAS
MIRANDA, Marcos Paulo de Souza. Pacote 'anticrime' não pode servir para
abrandar penas por crimes hediondos. Consultor Jurídico, 2021. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2021-fev-03/marcos-miranda-pacote-anticrime-penas-
crimes-hediondos. Acesso em: 10 de jun. 2021.
AVENA. Norberto. Execução Penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Editora Método, 2019.