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LEP – História

A Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, também conhecida como Lei de Execuções


Penais – LEP, tem como finalidade efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a integração social harmônica do condenado e
do internado.

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Em 1933, o jurista Cândido Mendes de Almeida presidiu uma comissão que tinha como
objetivo elaborar o primeiro código de execuções penais da República, que já tinha
como princípio a individualização e distinção do tratamento criminal, como no caso
dos toxicodependentes e dos psicopatas. Contudo, o projeto não chegou a ser
discutido de fato, devido à instalação do regime do Estado Novo em 1937, que acabou
por suprimir as atividades parlamentares.
No ano de 1951, o deputado Carvalho Neto, percebendo a falta de legislação que
regulamentasse a matéria penitenciária, elaborou um projeto. No entanto, assim como
o seu antecessor, não se tornou lei.
Em 1957, foi sancionada a Lei nº 3.274, que dispunha sobre regras gerais do regime
penitenciário. Portanto, devido à insuficiência da lei, o ministro da Justiça solicitou ao
professor Oscar Stevenson que elaborasse um projeto para um novo código
penitenciário.
Em 1970, o professor Benjamim Moraes Filho, apresentou o projeto, que contou com a
colaboração de juristas como José Frederico Marques, e foi inspirado em uma
Resolução das Nações Unidas, de 30 de agosto de 1953, que dispunha sobre as Regras
Mínimas para o Tratamento de Reclusos. Cotrim Neto apresentou inovações nas
questões previdenciárias e no sistema de seguro contra acidentes de trabalho sofridos
pelo preso. Tal projeto baseava-se na ideia de que a recuperação do preso deveria ser
baseada na assistência, na educação, no trabalho e na disciplina. Porém, os projetos
apresentados, novamente não viraram lei.
Más foi em 1983, onde finalmente foi aprovado o projeto de lei do Ministro da Justiça
Ibrahim Abi Hackel, que passou a ser a Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, a atual e
atual Lei de Execução Penal, que diz em seu artigo 1º:
“A execução Penal visa implementar as disposições de uma sentença ou decisão penal
e proporcionar condições para a integração social harmoniosa dos condenados e
internados”. Considerado como meio de aplicação da pena ou medida de segurança
que foi estabelecida na sentença penal, o Estado exerce o seu direito de punir punindo
o criminoso e inibindo o surgimento de novos crimes. Com a certeza da punição,
mostra à sociedade que busca a justiça e a reeducação, e readapta socialmente os
condenados.
A execução penal brasileira não se tratou apenas com questões relacionadas à prisão,
mas buscou estabelecer medidas que visam à reabilitação dos condenados. Assim, a
execução penal é “a disciplina que rege o processo e o cumprimento da pena penal e
dos seus objetivos”. (AVENA, 2016, p. 1) Assim, a execução penal pode ser entendida
por:

 Um conjunto de normas e princípios que visam tornar efetivo o comando


judicial determinado na sentença penal que imponha pena ao condenado
(privação de liberdade, restrição de direitos ou multa) ou estabeleça medida de
segurança. (AVENA, 2016, p. 3)

Nesse sentido, o art. 6º da Resolução 113 do CNJ, em atendimento ao artigo 1º da Lei


nº 7.210/84, recomenda que:

 O sistema de justiça executor deverá, dentre as ações voltadas à integração


social dos condenados e internados, e para que tenham acesso aos serviços
sociais disponíveis, garantir a emissão de seus documentos pessoais, inclusive o
CPF, que poderá ser emitido de ofício, com base no artigo 11, V, da Instrução
Normativa RFB nº 864, de 25 de julho de 2008.
A Lei de Execução Penal, se integralmente cumprida, certamente proporcionará a
ressocialização de parcela significativa da atual população carcerária, pois vem a ser de
grande importância para a reintegração dos sentenciados, pois possui diversas
possibilidades para a reeducação, por meio de direitos, deveres, trabalho, tratamento
de saúde física, integridade moral, apoio religioso, entre outros, evitando que
permaneça no estabelecimento penal sem produzir coisa alguma.

Publicada no ano de 1984, e em vigor desde o início do ano seguinte (1985), a Lei de
Execução Penal ( Lei 7.210/1984) já foi alterada por 14 outras leis desde então. A
modificação mais recente foi feita este ano, pela Lei 12.654, que estabeleceu a
identificação genética obrigatória de condenados por crimes violentos ou hediondos
contra a pessoa. O projeto que resultou na lei foi apresentado pelo senador Ciro
Nogueira (PP-PI).
No ano de 2011, a Lei 12.433/2011, oriunda de projeto do senador Cristovam
Buarque (PDT-DF), introduziu redução de penalidades para tempo de estudo. Por
cada 12 horas de frequência escolar, os reclusos têm direito a descontar um dia da
pena.
Também oriunda de um projeto de Cristovam Buarque, no ano de 2010, a Lei
12.245/2010 incluiu entre as obrigações dos estabelecimentos penais brasileiros a
instalação de salas de aula para cursos de educação básica e profissional.
A partir de projeto do senador Magno Malta (PR-ES), criou a possibilidade de
monitoramento eletrônico de presos cumprindo pena em regime semiaberto que
obtenham autorização para sair temporariamente do estabelecimento (para visitas a
familiares e estudos, principalmente).
Tal proposta ficou conhecida como Lei das Algemas Eletrônicas, também estabeleceu
condições para a concessão de liberação temporária, como fornecer o endereço onde
o condenado pode ser encontrado enquanto usufrui do benefício e a proibição de
frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos similares durante a saída.
Outro exemplo foi em 2003, onde a Lei 10.792/2003 criou o chamado Regime
Disciplinar Diferenciado (RDD). O objetivo principal da lei é impedir que os grandes
chefes do tráfico ou de organizações criminosas continuem agindo mesmo estando
presos. O RDD pode ser aplicado a condenados que cometam crime doloso, que
ocasionem subversão da ordem interna do presídio ou a qualquer condenado ou preso
provisório sobre o qual "recaiam fundadas suspeitas de envolvimento em organizações
criminosas, quadrilha ou bando".
Assim, um chefe do tráfico encarcerado poderá ser submetido ao RDD por um período
inicial máximo de 360 dias, período em que ficará recolhido em cela individual, da qual
só poderá sair por um período de duas horas diárias para banho de sol. As visitas
semanais ficam restritas a duas pessoas e a duas horas de duração
Pricipios:
A execução penal é um conjunto de princípios e normas que norteiam a execução das
penas e das medidas de segurança, bem como as relações entre o Estado, detentor do
jus puniendi, e o condenado. É área do Direito que rege e aplica medidas assistenciais
e de reabilitação dos apenados. A Exposição de Motivos da Lei nº 7.210/84 (Lei de
Execuções Penais) aponta tal área de estudo como ramo jurídico autônomo. O Item 10
do dispositivo reconhece a autonomia do ramo e frisa: “Vencida a crença histórica de
que o direito regulador da execução é de índole predominantemente administrativa
[...]”.
De acordo com a doutrina, a Execução Penal é regida pelos princípios da humanidade
das penas; da legalidade; da personalização da pena; da proporcionalidade da pena; da
isonomia; da jurisdicionalidade; da vedação ao excesso da execução e, finalmente, da
ressocialização. A autonomia conferida ao ramo de execuções penais faz com que surja
uma diferenciação entre os seus princípios e os princípios que regem, de maneira
geral, o Direito Penal e o Processual Penal.

 O princípio da legalidade: encontra-se insculpido nos Arts. 3º e 45 da Lei de


Execuções Penais, que asseguram ao condenado e ao internado todos os
direitos não atingidos pela sentença e pela lei, não podendo normas
penitenciárias administrativas, inclusive as que versam sobre falta e sanção
disciplinar, ferir seus direitos.
 O princípio da personalização da pena: determina que a pena não pode passar
da pessoa do condenado, devendo ser aplicada em função de sua
culpabilidade, sua personalidade e seus antecedentes.
 O princípio da isonomia: por sua vez, frisa que não deve haver distinção entre
os presos, distinção essa de cunho racial, social ou político.
O princípio da proporcionalidade, assegurando o tratamento igual àqueles em
semelhante situação e desigual aos juridicamente desiguais. Tal princípio determina
que os atos praticados dentro do ramo da Execução Penal sofram intervenção da
autoridade judiciária. O prisma administrativo é mínimo, prevalecendo a intervenção
do juiz. A este competem inúmeras atribuições, conforme rol descrito no Art. 66 da Lei
de Execuções Penais.
O princípio da vedação ao excesso de execução refere à coisa julgada, objeto de
proteção da Carta Magna. A pena deve ser executada de acordo com as condições e
limites impostos na sentença condenatória.
O princípio da ressocialização do condenado consolida o escopo primordial da
execução da pena, que é a reintegração do apenado à sociedade. A execução da pena
não tem apenas por objetivo excluir do convívio social aquele que delinque, pondo a
salvo, desta forma, a sociedade de atos contrários à legislação, vez que deve o Estado
tutelar os bens jurídicos dos indivíduos.
Obviamente, estes não são os únicos princípios que regem o ramo da Execução Penal,
onde a disfunção estatal é tal que o mero cumprimento da pena colide com todos os
princípios mencionados e ainda com os princípios constitucionais vigentes, que, sendo
o Estado verdadeiro guardião da sociedade, deve este cumprir à risca as próprias
regras.

Referencias:
https://jus.com.br/artigos/63684/execucao-penal
https://www.jusbrasil.com.br/noticias/lei-de-execucao-penal-em-vigor-desde-1985-ja-
foi-alterada-14-
vezes/100077344#:~:text=O%20projeto%20que%20resultou%20na,Nogueira%20(PP%
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https://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/download/1498/1181#:~:text=De%2
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