Você está na página 1de 33

CONCEITO DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de


sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado e do internado.

Trata-se da fase do processo penal, em que se faz valer o comando


contido na sentença condenatória penal, impondo-se, efetivamente, a
pena privativa de liberdade, a pena restritiva de direitos ou a
pecuniária. (Nucci).
NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO
PENAL
• A própria Exposição de Motivos do projeto que gerou a L. 7.210/1984
(LEP) reconhece a autonomia desse ramo do direito ao dizer que:
“vencida a crença histórica de que o direito regulador da execução é
de índole predominantemente administrativa, deve-se reconhecer,
em nome de sua própria autonomia, a impossibilidade de sua inteira
submissão aos domínios do Direito Penal e do Direito Processual
Penal”.
NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO
PENAL
• O poder judiciário é o órgão responsável pelos comandos da execução penal,
porém o efetivo cumprimento da pena é realizado em estabelecimentos
administrados pelo poder Executivo, e sob a sua responsabilidade.

• Neste sentido, o posicionamento da Professora Ada Pellegrini:


“Na verdade, não se desconhece que a execução penal é atividade complexa,
que se desenvolve, entrosadamente, nos planos jurisdicionais e administrativo.
Nem se desconhece que dessa atividade participam dois poderes estaduais: o
Judiciário e o Executivo, por intermédio, respectivamente, dos órgãos
jurisdicionais e dos estabelecimentos penais ADA PELLEGRINI GRINOVER
NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO
PENAL
• Parte da doutrina discorda deste pensamento, afirmando que embora a
execução penal possua traços administrativos, a natureza jurisdicional
prevalece, neste sentido o Professor Renato Marcão:
• A execução penal é de natureza jurisdicional, não obstante a intensa
atividade administrativa que envolve”. “embora não se possa negar tratar-se
de atividade complexa, não é pelo fato de não prescindir de certo rol de
atividades administrativas que sua natureza se transmuda; prevalece a
atividade jurisdicional, não só na solução dos incidentes da execução”

• De toda sorte, prevalece o entendimento de que a Execução Penal tem


natureza jurídica mista.
NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO
PENAL
• Em outra óptica, é impossível dissociar a Execução Penal do Direito Penal
(regula diversos institutos da individualização da pena) e do Processo Penal
(estabelece os princípios e formas fundamentais de se regular o
procedimento da execução).

• As regras da execução penal que estiverem sob a óptica do Direito Penal e do


Direito Processual Penal, será matéria de competência privativa da União.

• As regras vinculadas à organização administrativa, funcionamento de


estabelecimentos penitenciários, entre outras disciplinas atinentes à parte
administrativa da execução, será de competência concorrente.
NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO
PENAL
• É certo dizer que a natureza jurídica da execução penal é de atividade
jurisdicional, voltada a tornar efetiva a pretensão punitiva do Estado,
associada à atividade administrativa que fornece os meios materiais
para o cumprimento da pena, sendo um processo de natureza mista,
abrange aspectos jurisdicionais e administrativos (AVENA).
PRESSUPOSTO FUNDAMENTAL
• Sentença condenatória ou absolutória imprópria.

• Decisões homologatórias de transação penal oriundas dos Juizados


Especiais Criminais.
DIREITO DE EXECUÇÃO PENAL E DIREITO
PENITENCIÁRIO

• Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de


sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado e do internado.

• Tal semântica foi acolhida nos itens 8 e 9 da Exposição de Motivos da


L. 7.210/1984, ocasião em que se afirmou: “8. O tema relativo à
instituição de lei específica para regular a execução penal vincula-se à
autonomia científica da disciplina, que em razão de sua modernidade
não possui designação definitiva.
DIREITO DE EXECUÇÃO PENAL E
DIREITO PENITENCIÁRIO
Exemplos de denominações:
Direito Penal Executivo por Roberto Lyra (As execuções penais no Brasil. Rio de
Janeiro, 1963, p. 13)
Direito Executivo Penal por Ítalo Luder (El princípio de legalidad en la
ejecución de la pena, Revista del Centro de Estudios Criminológicos, Mendoza,
1968, p. 29 e ss.). 9.
Pode-se denominar esse ramo Direito de Execução Penal, para abrangência do
conjunto das normas jurídicas relativas à execução das penas e das medidas
de segurança (cf. Cuello Calón, Derecho Penal, Barcelona, 1971, v. II, tomo I, p.
773; Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, Coimbra, 1974, p.
37)”.
AUTONOMIA DO DIREITO DE EXECUÇÃO PENAL

• Item 11 da Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal, seria


“inviável a pretensão de confinar em diplomas herméticos todas as
situações jurídicas oriundas das relações estabelecidas por uma
disciplina. A Constituição consagra ainda regras características da
execução ao estabelecer a personalidade e a individualização da pena
como garantias do homem perante o Estado. Também no Código
Penal existem regras de execução, destacando-se, dentre elas, as
pertinentes aos estágios de cumprimento da pena e respectivos
regimes prisionais”.
AUTONOMIA DO DIREITO DE
EXECUÇÃO PENAl
• Direito Constitucional: estabelece regras e garantias individuais e fixa
limites à pretensão punitiva.

• Direito Penal: disciplina diversos institutos relacionados à execução da


pena. Exemplo o Art. 33

• Direito Processual Penal: cuida do processo executório e do qual se


infere a necessidade de observância dos princípios do contraditório,
da ampla defesa, do duplo grau de jurisdição
ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA EXECUÇÃO PENAL NO
BRASIL

• A primeira tentativa de consolidação das normas relativas à execução


penal no Brasil foi o projeto de Código Penitenciário da República, de
1933, que, porém, foi abandonado por discrepar do Código Penal
promulgado em 1940.

• Em 1957, sobreveio a aprovação da L. 3.274, estabelecendo normas


gerais de regime penitenciário, que, entretanto, mostrou-se ineficaz
por não contemplar sanções para o descumprimento das regras
estabelecidas. Ainda no ano de 1957, foi confeccionado anteprojeto
de Código Penitenciário, que não teve prosseguimento.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA
EXECUÇÃO PENAL NO BRASIL
• Em 1963, Roberto Lyra chegou a redigir um anteprojeto de Código de
Execuções Penais, paralisado tempos depois diante da eclosão do
movimento de 1964. Benjamim Moraes Filho, em 1970, elaborou novo
anteprojeto de Código de Execuções Penais, igualmente sem sequência.
• No ano de 1981, uma comissão de juristas instituída pelo Ministro da
Justiça apresentou o anteprojeto da Lei de Execução Penal. Esse
anteprojeto foi analisado por uma comissão revisora, que em 1982
apresentou suas conclusões ao Ministro da Justiça. Em 1983, por meio da
Mensagem 242, a Presidência da República encaminhou o projeto ao
Congresso Nacional, dele resultando a L. 7.210, promulgada em
11.07.1984 e publicada no dia 13 do mesmo mês e ano.
INÍCIO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
O processo de execução penal é desenvolvido por impulso oficial, não
há necessidade de provocação do Magistrado, que ao receber os autos
do processo com as cópias das principais peças deve determinar as
providências necessárias para o cumprimento da pena ou medida de
segurança.
CARTA DE GUIA
• Também conhecida como guia de recolhimento, é o documento que
da inicio ao processo de execução.

• É enviada pelo juiz do processo do conhecimento para o juiz da


execução, devendo constar o que esta exposto no Art. 106 da LEP.
SUJEITOS DA EXECUÇÃO PENAL
• SUJEITO ATIVO: Estado.

• SUJEITO PASSIVO: Executado, a pessoa que fora condenada.


EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA
• O início do processo de execução da pena provisória de liberdade, antes
do trânsito em julgado da sentença condenatória.

• Súmula 716 do STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento


da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela
determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

• Súmula 717 do STF: Não impede a progressão de regime de execução da


pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se
encontrar em prisão especial.
DIREITOS FUNDAMENTAIS

• art. 5º, XLIX, da Constituição Federal: “é assegurado aos presos o


respeito à integridade física e moral

• art. 38 do Código Penal estipula que “o preso conserva todos os


direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as
autoridades o respeito à sua integridade física e moral

• Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os


direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.
DIREITOS POLÍTICOS
• art. 15, III, da Constituição:

“É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só


se dará nos casos de:

(...) III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem


seus efeitos”
PRINCÍPIOS DA PENA
• Finalidade retributiva: resposta estatal à infração cometida

• Finalidade preventiva: no sentido de evitar a prática de novos crimes


geral negativo, significando o poder de intimidação da pena em relação à sociedade
como um todo;
geral positivo, correspondente à existência e eficiência do Direito Penal;
especial negativo, visando demonstrar ao autor do delito que o Estado não será
tolerante em relação à prática de outros crimes que, se ocorrerem, implicarão na
aplicação de novas penas, muito especialmente a privativa de liberdade;
especial positivo, no sentido de ressocializar o condenado com vista à sua
reintegração à sociedade após a extinção da pena.
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA
DA PENA
• 5º, XLV, da CF, quando diz que “nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
• Constituição Federal Art. 5º XXXIX - não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
• Código Penal Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal.
• LEP – Art. 45º - Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa
e anterior previsão legal ou regulamentar.
PRINCÍPIO DA INDERROGABILIDADE
• Uma vez constatada a prática do crime, a pena não pode deixar de ser
aplicada por liberalidade do juiz ou de qualquer outra autoridade.
PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE
• A pena deve ser proporcional ao crime praticado. Enfim, deve existir
equilíbrio entre a infração praticada e a sanção imposta.

• CF Art. 5 XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,


entre outras, as seguintes:
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO
DA PENA
• CF Art. 5 XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

• Ocorre em três âmbitos:


-legislativo: ocorre no momento da criação do tipo penal incriminador, quando o legislador
estabelece abstratamente o mínimo e o máximo da pena cominada

-judicial: quando, diante do caso concreto, o juiz do processo de conhecimento, a partir dos
critérios estabelecidos na legislação, fixa a pena cabível ao agente

-executório: quando o juiz da execução penal adapta a pena aplicada na sentença à pessoa do
condenado ou internado, concedendo-lhe ou negando-lhe benefícios como a progressão de
regime, o livramento condicional, a remição etc.
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO
DA PENA
Entendimento do STF:
“o processo de individualização da pena é um caminhar no rumo da
personalização da resposta punitiva do Estado, desenvolvendo-se em
três momentos distintos e complementares: o legislativo, o judicial e o
executivo. É dizer: a lei comum não tem a força de subtrair do juiz
sentenciante o poder-dever de impor ao delinquente a sanção criminal
que a ele, juiz, afigurar-se como expressão de um concreto
balanceamento ou de uma empírica ponderação de circunstâncias
objetivas com protagonizações subjetivas do fato-tipo
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
CF Art. 5 XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Fixada a tese de Repercussão Geral no tema n.220: “é lícito ao Poder
Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente
na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em
estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da
dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua
integridade física e moral, nos termos do que preceitua o Art. 5, XLIX da
CF, não sendo oponível à decisão o argumento das reserva do possível
nem o princípio da separação dos poderes”
LOCAL DE CUMPRIMENTO DA PENA

• Em regra, depende do regime inicial de cumprimento da pena


privativa de liberdade estabelecido pelo juiz do processo do
conhecimento.
PROIBIÇÃO À DISCRIMINAÇÃO
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os
direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.

Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial,


social, religiosa ou política.
PRESO DEFINITIVO
Preso definitivo o indivíduo que, diante do trânsito em julgado da
decisão condenatória, encontra-se cumprindo pena
PRESOS PROVISÓRIOS
O preso provisório, para efeitos da LEP, é aquele que, conquanto já
tenha sido condenado, ainda não se operou o mencionado trânsito,
quer porque ainda não foi decidido seu recurso, quer por não estarem
preclusas todas as vias impugnativas possíveis.
CONCESSÃO ANTECIPADA DE
BENEFÍCIOS DA EXECUÇÃO PENAL
AO PRESO CAUTELAR
STF 716 – admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena
ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada,
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

STF 717 – não impede a progressão de regime de execução da pena,


fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se
encontrar em prisão espcial.

Você também pode gostar