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UNIDADE 5

DEVERES, DIREITO E DISCIPLINA


INTRODUÇÃO
A execução da pena impõe aos sujeitos uma “relação especial” com o
Estado, sendo adotado um regime jurídico específico com a submissão
de regras e limitação de certos direitos constitucionais, pelo lapso
temporal estabelecido na sentença condenatória.

O legislador buscando garantir a ordem e a segurança dos


estabeleciomentos prisionais elenca direitos, deveres de forma
expressa na LEP – Estatuto Jurídico do Preso.
INTRODUÇÃO
Jus executionis é limitado pela própria sentença condenatória (ex:
manter o condenado privado de liberdade pelo tempo estabelecido no
comando judicial) e também pela LEP que estabelece deveres (rol
exaustivo) e direitos invioláveis, imprescritíveis e irrenunciáveis (rol
exemplificativo).

BUSCA EVITAR A HIPERTROFIA DA PUNIÇÃO


DEVERES DO PRESO

O Condenado esta sujeito ao cumprimento das obrigações decorrentes


da sentença:

Pena de prisão = principal obrigação é a privação de liberdade

Pena restritiva de direitos = sujeitar-se as limitações que lhe são impostas


(ex: prestação pecuniária, perda de bens, limitação de final de semana)

Pena de multa = responder com o seu patrimônio pelo pagamento


DEVERES DO PRESO
No momento da admissão no estabelecimento penitenciário, o sujeito
deverá tomar conhecimentos das regras legais (regulamentos e
regimentos), para que possa cumprir.
DEVERES DO PRESO
Art. 39. Constituem deveres do condenado: (rol exaustivo)
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença
deve ser analisado em duas ópticas: a primeira relacionada a disciplina do condenado
na execução de sua pena, que será valorada no momento da concessão de benefícios
carcerários; a segunda é relacionada aos efeitos genéricos e específicos elencados nos
Arts 91/92 do CP.
DEVERES DO PRESO
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem
deva relacionar-se;
Este dever implica a obrigação da observância das determinações da
administração penitenciária e, também, o respeito aos agentes
encarregados da fiscalização da pena. Os que desobedecem este dever
podem responder por crime (resistência, desobediência, desacato) e
falta grave (Art. 50, II – LEP).
DEVERES DO PRESO
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
Obrigação de tratar com urbanidade os outros presos, de forma a evitar
condutas que possam agravar a tensão natural do estabelecimentos
penitenciários.
DEVERES DO PRESO
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga
ou de subversão à ordem ou à disciplina;
Este dever tem o objetivo de desestimular ações do condenado no
sentido de liderar, organizar ou participar de movimentos voltados a
atos que caracterizem subversão à ordem ou à disciplina (fuga, motins,
rebeliões, conflitos). Requer não só um comportamento passivo e sim
um comportamento ativo, que se oponha a estes movimentos.
Em casos de descumprimento, incorrem em falta grave (Art. 50, I –
LEP).
DEVERES DO PRESO
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
O trabalho é um dever – obrigação - do preso (Art. 31 – LEP), a não
observação caracteriza falta grave (Art. 50, VI e 51, III – LEP)
DEVERES DO PRESO
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
O Art. 53 – LEP estabelece as espécies de sanções disciplinares
(advertência verbal, repreensão, suspensão ou restrição de direitos,
isolamento e inclusão no regime disciplinas diferenciado).
As primeiras são aplicadas por ato normativo da direção carcerária e a
última por decisão fundamentada do juiz competente.
DEVERES DO PRESO
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
Consequência prevista no Art. 91 do CP, sendo um efeito automático e
obrigatória da sentença criminal condenatória transitada em julgado –
tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
DEVERES DO PRESO
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas
com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da
remuneração do trabalho;
A remuneração do trabalho deve atender o regramento do Art. 29 –
LEP, que traz em seu último inciso a obrigação de reparar os gastos com
a manutenção do condenado.
DEVERES DO PRESO
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
é o dever de asseio e limpeza, tanto pessoal quanto do compartimento
individual ou coletivo ocupado pelo preso. Para este fim deve ser
ofertadas condições mínimas (água e itens de higiene).
DEVERES DO PRESO
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Os objetos que são fornecidos pelo estado deverão ser conservados
(ex: vestuário, colchão).
DEVERES DO PRESO
Ao preso provisório, aplica-se, o que couber.

Preso provisório é obrigado ao trabalho?


Não se aplica o Art. 39, V – LEP.
CONDENADO COMO SUJEITO DE DIREITOS

Ao preso são assegurados todos os direitos não restringidos na


sentença condenatória (Art. 3 - LEP). Os presos provisórios limita-se
apenas a restrição de liberdade.
Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e
moral dos condenados e dos presos provisórios.
Decorre do Art. 3 – LEP, Art. 5, XLIX – CF, Art. 5º, item 1 do Pacto de San José da
Costa Rica
Assim como os presos possuem o dever de respeitar os servidores responsáveis
pela execução de sua pena, também tem o direito de serem respeitados de
forma a preservar a sua integridade física e moral.

Os presos possuem o dever de respeitar os servidores responsáveis pela


execução e por congruência, também, tem o direito de serem respeitados,
preservando a sua integridade física e moral.
USO DE ALGEMAS?
Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do
ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil
do Estado.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
É possível o preso cumprir pena em regime mais gravoso?

A Súmula Vinculante 56, também decorre deste Art. da LEP. a falta de


estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar,
nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
O Estado deve fornecer a cada preso alimentação de boa qualidade e
com valor nutritivo suficiente para a manutenção da sua saúde.
Deve ser disponibilizada agua potável sempre que o preso necessitar
(regras 20.1 e 20.2 das regras mínimas da ONU).
O vestuário deve ser limpo e mantido em bom estado, compatível com
as condições climáticas do local de cumprimento da pena (regra 19 das
regras mínimas da ONU).
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
ATENÇÃO:
Art. 5º À pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade serão
facultados o uso de roupas femininas ou masculinas, conforme o
gênero, e a manutenção de cabelos compridos, se o tiver, garantindo
seus caracteres secundários de acordo com sua identidade de gênero.
(Resolução conjunta nº 1 do Conselho Nacional de Combate à
discriminação).
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

Proibição da utilização de mão de obra carcerária gratuita.


III - Previdência Social;
É dever da assistência social providenciar documentos dos benefícios
da previdência social e do seguro por acidente no trabalho
AUXÍLIO RECLUSÃO
Destinado aos dependentes do segurado preso (de baixa renda) que não esteja
recebendo outros benefícios, devendo ser observados alguns requisitos que
foram modificados pela Lei 13.846/2019

I – aplica-se somente aos dependentes de presos em regime fechado


II - § 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se segurado de baixa renda
aquele que, no mês de competência de recolhimento à prisão, tenha renda,
apurada nos termos do disposto no § 4º deste artigo, de valor igual ou inferior
àquela prevista no art. 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro
de 1998, corrigido pelos índices de reajuste aplicados aos benefícios do RGPS.
III- é necessário um tempo de carência de 24 contribuições mensais.
IV - constituição de pecúlio;
O Pecúlio está relacionado com a remuneração do preso.
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o
descanso e a recreação;
O trabalho é um dos pilares da ressocialização, deve haver tempo de
descanso e recreação também é de fundamental neste processo, razão
pela qual está explicito na LEP.
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e
desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da
pena;
Atividades importantes no processo de ressocialização.
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e
religiosa;
Assistências previstas nos Arts. 10/27 - LEP
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
Este dispositivo tem o objetivo de evitar exposições desnecessárias das
imagens dos presos.
Os presos tem direito a sua honra (Art. 5, X – CF e Arts 11 e 14 da
Convenção Americana dos Direitos Humanos).
Lei 13.869/19 (ABUSO DE AUTORIDADE)
Art. 13.  Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave
ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
autorizado em lei;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
Direito do preso e do advogado (estabelecido no Art. 7 do Estatuto da
OAB).

A jurisprudência posiciona-se no sentido de as garantias públicas não


possuírem um sentido absoluto, razão pela qual a entrevista pode ser
grava nos casos em que houver fundadas suspeitas de que esta
comunicação está servido para a prática de infrações penais.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
• X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados; É essencial no processo de reabilitação do apenado,
permite manter os laços familiares e dos amigos. Cabe à
administração penitenciária regular os dias e horários de sua
realização.
• Visita dos filhos menores?
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
• Visita íntima, deve ser compreendida como aquela destinada à satisfação das
necessidades sexuais dos presos. É viabilizada em grande número de
estabelecimentos prisionais, sendo responsável por reduzir a tensão interna das
casas prisionais, favorece a disciplina do preso, estimula a manutenção dos vínculos
conjugais e familiares e reduz a violência entre os presos, em especial a de natureza
sexual. Na prática, a visitante deve estar cadastrada e ser vinculada a determinado
preso, comprovado o seu relacionamento.
• O ministério da Justiça, por meio da portaria 718/2017 – no interior dos
estabelecimentos penitenciários federais - estabeleceu determinadas regras sobre a
periodicidade mínima de uma vez por mês, em dias e horários estabelecidos pela
administração penitenciária; efetivação da visita em local adequada para essa
finalidade, assegurada a intimidade, com duração de uma hora; quando menor de
idade pode fazer essa visita.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
• XI - chamamento nominal; o preso tem direito a ser tratado pelo
próprio nome, restando vedada de forma expressa ser chamado por
números.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
individualização da pena;
os presos devem ser tratados de forma isonômica, em termos de
direitos e obrigações, sendo proibidos tratamentos discriminatórios por
motivo de raça, convicção política, orientação sexual, condição
econômica, etc.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
• XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; trata-se
de direito ao contato entre o recluso e o diretor do estabelecimento
penitenciário, para apresentar reclamações, comunicações,
sugestões.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
• XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de
direito; encontra seu fundamento no Art. 5, XXXIV da CF: XXXIV - são
a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a)
o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder. É necessário frisar que este
direito de petição é referente apenas as que não precisam de
capacidade postulatória, por exemplo: pedido de benefícios
carcerários e habeas corpus.
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
• XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência
escrita, da leitura e de outros meios de informação que não
comprometam a moral e os bons costumes. O preso pode manter
contato com o mundo extramuros através de correspondências,
leitura de jornais e periódicos, televisão, rádio, ... Alguns
estabelecimentos prisionais disponibilizam aulas de informática,
permitindo o acesso à internet
CONDENADO COMO SUJEITO DE
DIREITOS
• XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da
responsabilidade da autoridade judiciária competente. O preso tem
o direito de receber, pelo menos uma vez por ano, o atestado de pena
a cumprir, informando o saldo de sua pena
SUSPENSÃO OU RESTRIÇÃO DE
DIREITOS
• Trata-se da suspensão ou redução da jornada de trabalho, da
recreação, das visitas e dos contatos com o mundo exterior. Os
demais direitos estabelecidos no Art. 41 não podem ser suspensos.

• Súmula 533 - Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no


âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por
advogado constituído ou defensor público nomeado.
PRESOS PROVISÓRIOS E SUBMETIDOS À MEDIDA DE
SEGURANÇA

• O único direito que não é possível aplicar ao preso provisório é


referente ao direito de receber o atestado de pena a cumprir, pois
não existe pena definitiva.

• Já em relação ao internado, existe a possibilidade de alguns direitos


restarem suspensos ou restringidos face o seu estado mental.
MÉDICO PARTICULAR

• Em relação aos presos que cumprem medida de segurança, existe


bastante divergência da doutrina em relação a existência deste
dispositivo, uma corrente contra por entender que este dispositivo
legal só é exercido por quem tem posses, não sendo um direito
assegurado a todos, fazendo, assim, principalmente aqueles que
estão submetidos à medida de segurança sejam tratados e liberados
de forma mais célere. Advogam ainda a tese de que este direito faz
com que o Estado não mantenha um número maior de profissionais,
levando a maior lentidão nas suas avalições.
DISCIPLINA

• Art. 44

• O cumprimento das regras gerais do estabelecimento penitenciário é


de suma importância tanto para os presos, como para quem
administra o local.
• Estão sujeitos a disciplina os condenados à pena privativa de
liberdade, o preso provisório e os que cumprem pena restritivas de
direito.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

• Art. 45

• ART. 49

• As faltas disciplinares são classificadas em leves, médias e graves. Em relação as faltas


médias e leves, estas serão disciplinas pela legislação local (estadual), assim com as
sanções. Em caso de Estabelecimento Penitenciário Federal, serão regulamentadas por
Lei Federal.
• As faltas graves são previstas no Arts. 50/52 da LEP, sendo as sanções arroladas no Art.
53. A doutrina majoritária se posiciona no sentido de não ser permitida a previsão de
faltas disciplinares (leves e médias) em regulamentos expedidos pela administração
carcerária. As faltas graves apenas podem ser previstas por Lei Federal.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
• - CELA ESCURA, também conhecida como solitária (ou no jargão
prisional “tranca”), foi abolida pelo Art. 5, XLVII da CF (que bane as
penas cruéis). O preso pode ser recolhido a uma cela individual, nos
termos previstos no Art. 52, II (regime disciplinar diferenciado), em
que ele deve permanecer afastado dos demais

• SANÇÕES COLETIVAS, decorre também um outro princípio


constitucional da intrascendência da pena (a pena não pode passar da
pessoa do condenado), ou seja, no caso de não haver certeza sobre
quem cometeu determinada falta não pode punir toda a coletividade
CIÊNCIA DAS NORMAS

• A falta de conhecimento da lei é inescusável (Art. 21 CP), porém esta


presunção não vale para o indivíduo que adentrou no sistema
prisional, já que existem regras próprias a serem observadas,
especialmente aquelas necessárias à preservação da ordem e da
disciplina,
PODER DISCIPLINAR

• ART. 47
• O poder disciplinar será exercido pela autoridade administrativa (administração
carcerária), conforme dispuser o regulamento da casa prisional.
• A exceção da colocação do preso em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) (só
por decisão fundamentada do juiz competente), serão aplicadas por ato
motivado do diretor do estabelecimento penitenciário (advertência verbal,
repreensão, ou restrição de direitos e isolamento).
• ART. 48
• Com relação ao condenado à pena restritiva de Direitos, este poder disciplinar
será exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado.
FALTA GRAVE PELO CONDENADO À PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE (ART. 50 DA LEP)

• Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
• I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
Instigar tem o sentido de provocar, estimular ou instigar. Participar respeita à
atuação efetiva do apenado. Seja uma seja outra a conduta, incorre o apenado
na prática de falta grave, sendo irrelevante, para tanto, se ele tomou parte do
movimento por meios materiais (atos de violência, intimidações) ou
simplesmente morais (planejamento, organização).
Falta grave: não exige dolo, basta a participação de um único preso
Crime de motim: exige dolo e pluralidade de presos.
• II - Fugir
A fuga, e também sua tentativa, caracterizam falta grave, sendo
irrelevante se o apenado evadiu-se do estabelecimento prisional ou se
estava fora do presídio em cumprimento de saídas temporárias,
trabalho externo, permissões de saída, traslado etc

Crime de fuga, se praticado com violência


• III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de
outrem; falta condiciona--se a que o detento “possua” o instrumento lesivo, o que
não implica exigir que tenha sido ele surpreendido com o objeto em seu poder. Logo,
pode ocorrer de ter sido o objeto encontrado em sua cela ou em lugar a que tenha
acesso.
• Superior Tribunal de Justiça já se decidiu que, considerando a redação do art. 50, III,
da LEP, dispondo que comete falta grave o apenado que “possuir, indevidamente,
instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem”, torna-se imperiosa a
demonstração da capacidade de ofensa do objeto material. Por esse motivo,
considerou a Corte que “é indispensável a apreensão do instrumento, com a
posterior realização de perícia, a fim de se comprovar a sua potencialidade lesiva,
pois o simples fato de possuir o objeto não implica, necessariamente, nocividade à
integridade física
• IV - provocar acidente de trabalho;
a conduta dolosa, vale dizer, aquela intencionalmente direcionada a
produzir acidente de trabalho, visando, por exemplo, ao afastamento
da atividade laborativa
• V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
Legais são as previstas no art. 115, I a IV, da LEP

Judiciais são as outras condições que a lei faculta ao juiz impor (arts.
115, caput, e 116 da LEP).
• VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39,
desta Lei.
• VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo

A proibição abrange também a posse, utilização ou fornecimento de


qualquer outro componente imprescindível para o funcionamento
desses aparelhos (como é o caso dos chips e dos plugs de telefones
celulares).
FALTA GRAVE PELO CONDENADO À PENA RESTRITIVA
DE DIREITOS (ART. 51 DA LEP)

• Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos


que:
• I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
Trata-se do descumprimento injustificado das obrigações que decorrem
da pena imposta. É o caso de o sentenciado não prestar os serviços à
comunidade ou à entidade pública nos termos que lhe foram atribuídos
(arts. 43, IV, e 46 do Código Penal); ou então da sua ausência aos
sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa do albergado ou
outro estabelecimento, quando imposta pena de limitação de fim de
semana (arts. 43, VI, e 48 do Código Penal).
• II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;

• III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39,


desta Lei.
Trata-se da desobediência ao servidor, do desrespeito a qualquer
pessoa com quem deva o condenado relacionar-se e da não execução
do trabalho, das tarefas ou das ordens recebidas
PRÁTICA DE FATO PREVISTO COMO CRIME DOLOSO
(ART. 52 DA LEP)

• Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,
quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso
provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção
penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
• I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção
por nova falta grave de mesma espécie;
• II - recolhimento em cela individual;  
• III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em
instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos,
por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com
duração de 2 (duas) horas; 
• IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para
banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja
contato com presos do mesmo grupo criminoso;  
• V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu
defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico e a
passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário
• VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
• VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por
videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no
mesmo ambiente do preso.  
• A redação do Art. 52 deixa claro que crime DOLOSO constituí falta grave.

• Crime culposo não caracteriza falta grave, podendo caracterizar falta


média ou leve, conforme a legislação estadual. Art. 49, 2ª parte do
caput. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as
respectivas sanções.

• Crimes preterdolosos? Quando o agente, com dolo, pratica determinado


crime e o resultado é mais gravoso do que o pretendido. Por haver dolo
no primeiro crime caracteriza falta grave.
• A lei não exige condenação do indivíduo para que esteja caracterizada a falta grave.

• STJ – 526: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato


definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em
julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para
apuração do fato.

• Caso a prática do fato previsto como crime doloso ocasionar subversão da ordem
ou disciplina internas do estabelecimento prisional, autoriza-se o juiz da execução a
determinar a inclusão do apenado no regime disciplinar diferenciado, nos termos
do art. 52, caput, 2ª parte, do art. 53, V, e do art. 54, 2ª parte, todos da LEP
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO – RDD

• Introduzido pela Lei 10.792/2003, o regime disciplinar diferenciado, que se


desenvolve no regime fechado, é caracterizado pelo seguinte: (a) duração
máxima de até 2 anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie; ao regime disciplinar diferenciado; (b)
recolhimento em cela individual; (c) visitas quinzenais de duas pessoas,
familiares do sentenciado, como regra, com duração de duas horas; (d)
direito de saída da cela para banho de sol por duas horas diárias, em grupos
de até 4 presos, desde que não haja contato com pessoas do mesmo grupo;
(e) entrevistas sempre monitoradas, exceto com o defensor; (f) fiscalização
do conteúdo da correspondência; (g) participação em audiências judiciais
preferencialmente por videoconferência, conforme previsto nos incisos do
art. 52 da LEP, com a redação dada pela Lei 13.964/2019
• TRÊS são as hipóteses para a inclusão no RDD:
• (a) quando o preso provisório ou condenado praticar fato previsto como
crime doloso, conturbando a ordem e a disciplina interna do presídio onde se
encontre;
• (b) quando o preso provisório ou condenado representar alto risco para a
ordem e à segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
• (c) quando o preso provisório ou condenado estiver envolvido com
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, bastando
fundada suspeita
-> O regime é válido para condenados ou presos provisórios, nacionais ou
estrangeiros.
• Os líderes de organização criminosa, associação criminosa ou milícia
privada, ou com atuação criminosa em 2 ou mais Estados da
Federação, o regime disciplinar diferenciado deve ser cumprido em
estabelecimento prisional federal (art. 52, § 3º, CPP).
• O RDD pode ser prorrogado sucessivamente, por períodos de um ano,
desde que o preso continue apresentando alto risco para a ordem e
segurança do presídio ou da sociedade, continue a manter vínculos
com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada.
PROCEDIMENTO PARA INCLUSÃO NO REGIME
DISCIPLINAR DIFERENCIADO

• Não é cabível ao juiz da execução penal tomar a medida de ofício.


Deve haver participação ativa da administração do presídio,
provocando a atuação judicial e demonstrando a necessidade da
aplicação desse tipo de sanção.
• Não é da atribuição do membro do Ministério Público essa iniciativa
igualmente. Limita-se a emitir parecer a respeito, quando houver a
provocação do diretor do estabelecimento penal (ou outra autoridade
do Executivo, como, por exemplo, o Secretário de Estado, cuja pasta
tem sob responsabilidade o sistema carcerário).
SANÇÕES DISCIPLINARES

• São instrumentos importantes para a avaliação do condenado, em


especial no tocante ao seu mérito, vale dizer, o progresso que vem
auferindo durante seu processo de reeducação. Logicamente, quanto
maior o número de sanções anotadas em seu prontuário, pior o seu
comportamento. Por outro lado, um prontuário sem qualquer sanção
registrada permite supor um bom desenvolvimento, embora este
também deva ser avaliado por outros fatores.
INDIVIDUALIZAÇÃO DA SANÇÃO DISCIPLINAR

• LEP, art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em


conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do
fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.
• Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções previstas nos
incisos III a V do art. 53 desta Lei.
• Para eleger a sanção disciplinar adequada a cada condenado faltoso,
deve a direção do presídio analisar a natureza da sua infração (leve,
média ou grave), os motivos que o levaram a cometê-la, as
circunstâncias e consequências do fato e a pessoa do sentenciado
(personalidade), bem como seu tempo de prisão.
SANÇÕES
• Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
• I - advertência verbal;
• II - repreensão;
• III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);
• IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos
estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o
disposto no artigo 88 desta Lei.
• V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.   
RECOMPENSAS
• Art. 56. São recompensas:
• I - o elogio;
• II - a concessão de regalias.
• Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabelecerão a
natureza e a forma de concessão de regalias.
RECURSO CONTRA A SANÇÃO DISCIPLINAR

• Havendo silêncio da Lei de Execução Penal, a matéria deveria ser


abordada por legislação estadual. Inexistindo esta, parece-nos
plenamente cabível que a parte prejudicada, especialmente o preso,
suscite o incidente de excesso ou desvio de execução, conforme o
caso, com pedido liminar de sustação do ato sancionador, se preciso,
ao juiz da execução penal. Da decisão desse incidente caberá agravo
(art. 197, LEP).
DETRAÇÃO

• Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento


preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso
no regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da
averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz competente. 
RECOMPENSAS

• Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
• I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;
• LEP, art. 56. São recompensas:
• I – o elogio;
• II – a concessão de regalias
• Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabelecerão a
natureza e a forma de concessão de regalias.
Portaria-1220.2014 Regimento dos
Estabelecimentos Prisionais-Ceará
• Art.57 - Constituem regalias, concedidas aos presos em geral, dentro da Unidade
Prisional: I - visitas íntimas; II - assistir coletivamente sessões de cinema, teatro, shows
e outras atividades sócio-culturais, fora do horário normal em épocas especiais; III -
assistir coletivamente sessões de jogos esportivos em épocas especiais, fora do horário
normal; IV - participar de atividades coletivas, além da escola e trabalho, em horário
pré-estabelecido de acordo com a Unidade do Sistema e Direção; V - participar em
exposições de trabalho, pintura e outros, que digam respeito às suas atividadeVI -
visitas extraordinárias devidamente autorizadas pela direção se comprovada sua
necessidade e relevância Art.58 - Poderão ser acrescidas outras regalias de forma
progressiva, acompanhando as diversas fases e regimes de cumprimento da pena;
• Art.59 - O preso no regime semi-aberto poderá ter outras regalias, a critério da direção
da unidade visando sua reintegração social;
• Art.60 - As regalias poderão ser suspensas ou restringidas, por cometimento de falta
disciplinar de qualquer natureza ou por ato motivado da direção da Unidade Prisional.

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