Você está na página 1de 4

alfaconcursos.com.

br

INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL


NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Nos moldes atuais de convivência em sociedade, é estabelecida pelo Estado uma série de
regras que contribuem com a paz social. Deste modo, a partir da quebra de uma regra
socialmente estabelecida, nasce para o Estado o direito de punir (Ius Puniendi), visto que o
ordenamento jurídico não permite ao prejudicado fazer justiça com as próprias mãos. No
entanto, para punir o indivíduo infrator, devem ser asseguradas prerrogativas constitucionais,
tais como o contraditório e a ampla defesa. Como o Direito Penal NÃO É AUTOAPLICÁVEL,
cabe ao Direito Processual Penal estabelecer princípios e normas procedimentais para que
sejam assegurados os Direitos Fundamentais do acusado.
O objetivo do Direito Processual Penal é tornar acessíveis os preceitos elencados no
Código Penal, no sentido de instrumentalizar a aplicação da lei penal. No que tange à
finalidade, essa concepção pode se dar de maneira mediata ou imediata. A finalidade imediata
consta estabelecer uma relação jurídica de culpabilidade ou não, confrontando o direito de
liberdade do infrator com a aplicação da lei penal, concretizando o previsto no Código Penal.
Consequentemente a isso, surge a pacificação social como finalidade mediata, com solução do
conflito.

O Direito Processual Penal é o ramo do Direito Público


Conceito que estabelece Normas e Princípios que disciplinam a
persecução penal.

Instrumentalizar e permitir a aplicação da lei penal. É o


Objetivo "caminho" entre o crime e a pena.

- Imediata: concretizar a aplicação da lei penal;


Finalidade
- Mediata: pacificação social.

FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL


As fontes dessa vertente do Direito trazem à tona a origem do fato gerador do Direito,
diga-se, relacionam o local de onde são tiradas as normas processuais penais. Deste modo, a
FONTE MATERIAL do Direito Processual Penal é a União (Art. 22, inciso I da CF/88), e
subsidiariamente os estados e o DF. O processo inaugurador da norma é dado pela aprovação
do projeto de lei pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, bem como pela respectiva
sanção pelo Presidente da República.
As FONTES FORMAIS das normas processuais penais decorrem de dispositivos
jurídicos, tais como o Código de Processo Penal. Ainda nisso, as fontes formais imediatas ou
primárias são aquelas que emanam diretamente princípios a serem seguidos em processo
penal. São eles:
 Constituição Federal de 1988
 Leis (Ordinárias, complementares...)
 Tratados Internacionais

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

 Súmulas Vinculantes - STF


Já as fontes formais mediatas ou secundárias são aquelas que não geram diretamente
efeitos jurídicos, tais como os costumes, princípios gerais de direito, analogia etc.
 Princípios Gerais de Direito
 Costumes
 Doutrina e Jurisprudência
 Analogia

SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS


SISTEMA INQUISITIVO
A origem da nomenclatura desse sistema deriva da Santa Inquisição, ou Tribunal
Eclesiástico, que tinha como finalidade a investigação e punição dos “hereges”, tudo isso feito
pelos membros do clero.
No sistema inquisitivo é o juiz quem detém as prerrogativas de acusar e julgar o
investigado, o qual é tratado como mero objeto. A ideia central desse sistema é que quem
produz, gerencia e aprecia a prova é o próprio julgador.
O juiz (gestor da prova) busca a evidência para confirmar o que pensa (subjetivismo)
sobre o fato (ideia pré-concebida), fato em que as provas colhidas são utilizadas apenas para
comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as provas para que confirme sua convicção sobre
o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão do réu, obtida muitas vezes
mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir. Em outras
palavras, o julgador é citado como representante de Deus na Terra, pois produz provas para
confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios – lícitos ou não – para obter a condenação do
objeto da relação processual.
Também, é neste período que as provas são avaliadas e atribuídas certos níveis de
importância (prova tarifada). O testemunho de um clero ou nobre possuíam valores muito
maiores, por exemplo, que o de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a
expressão rainha das provas).
A crítica feita a este sistema processual é a de que não seria possível uma única pessoa,
detentora de tantos poderes, conduzir imparcialmente e com objetividade o ato criminoso.
Pensando nisso, é possível sintetizar como características do sistema inquisitivo:
a) Reunião das funções: o juiz julga e acusa;
b) Não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos;
c) O processo é sigiloso, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”;
d) Inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em
contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.;
e) a confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas);
f) O réu é considerado culpado até que se prove o contrário.
SISTEMA ACUSATÓRIO
Diferente do sistema inquisitório, o sistema processual acusatório possui como princípio
unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa diversa do juiz. Há, portanto, nítida
separação entre as funções de acusar e julgar, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Assim
sendo, o juiz é imparcial e somente julga, não produz provas (em regra) e nem defende o réu.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Para facilitar a compreensão desse sistema, eis suas principais características:


a) as partes são as gestoras das provas;
b) há separação das funções de acusar, julgar e defender;
c) o processo é público, salvo exceções determinadas por lei;
d) o réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação;
e) consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido
processo legal, e demais princípios limitadores do poder punitivo;
f) presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu);
g) as provas não são taxativas e não possuem valores preestabelecidos.
SISTEMA MISTO
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas
supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. A primeira
fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é
presidido pelo juiz (não se confundindo com o inquérito policial, o qual é presidido por
autoridade policial), colhendo provas, indícios e demais informações para que possa,
posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece também às
características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.
A segunda fase é a judicial ou processual propriamente dita. Aqui existe a figura do
acusador (MP, particular) diverso do julgador (somente o juiz), em que são assegurados todos
os direitos do acusado e a independência entre acusação, defesa e juiz. Atualmente é adotado
por vários países europeus, sendo inaugurado pelo Código de Processo Penal Francês.
SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL
Há uma corrente doutrinária que diz que o sistema processual brasileiro é misto (Hélio
Tornaghi), aduzindo sua dupla fase:
a) Fase investigatória, de características inquisitórias, visto que é pré-processual;
b) Fase judicial, com características acusatórias, iniciada após o recebimento da
denúncia ou queixa. A crítica a esta corrente cinge-se ao caráter administrativo
(extraprocessual) da investigação preliminar (inquérito policial, por exemplo).
No entanto, o entendimento majoritário e jurisprudencial é a de que O BRASIL ADOTA
O SISTEMA ACUSATÓRIO, pois há clara separação da função acusatória (realizada pelo
Ministério Público nas ações penais públicas) e a julgadora (Juiz). É preciso, entretanto, ter a
noção de que não se trata do sistema acusatório puro, uma vez que, apesar de a regra do ônus
da prova ser da alegação (ou partes), admitem-se exceções em que o próprio juiz pode
determinar, de ofício, sua produção de forma suplementar, como no artigo 156 do CPP:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Além disso, o Art. 385 do CPP permite ao juiz condenar o réu, nos crimes de ação
pública, ainda que o Ministério Público tenha se manifestado pela absolvição.
ATENÇÃO! No Processo Penal, o Ministério Público exerce a pretensão acusatória
sempre que houver Fumus Commissi Delicti (fumaça do crime), enquanto o juiz
concretiza o poder de punir.

MUDE SUA VIDA!


4

Você também pode gostar