Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PERÍCIA
MÉDICA
PREVIDENCIÁRIA
1ª EDIÇÃO
1° edição
2023
1
2
AGRADECIMENTOS
De forma alguma posso me esquecer dos meus avôs maternos, Odilon e Joana,
que desempenharam um papel fundamental em minha vida. Meu avô, apesar de
não ter �do a oportunidade de estudar formalmente, possui uma sabedoria
imensa que transcende os limites dos livros acadêmicos. Suas palavras e ideias
filosóficas eram profundas e enriquecedoras, deixando uma marca indelével em
minha jornada. Sou imensamente grato por seu apoio constante e por ter me
proporcionado a oportunidade de buscar a educação e os estudos que ele não
teve.
Minha avó, por sua vez, é uma pessoa que carrega consigo uma determinação
incrível e uma força de vontade inabalável. Em virtude de sua notável
perseverança, minha avó também desempenhou uma função crucial na
sociedade, exercendo o papel professora por vários anos. Sua dedicação em sala
de aula e seu compromisso com o aprendizado deixaram marcas profundas em
muitos alunos, incluindo eu. Mesmo após sua aposentadoria, suas orientações,
conselhos e apoio constante foram faróis em momentos de dúvida e dificuldade,
moldando minha trajetória acadêmica.
Além disso, gostaria de expressar minha profunda gra�dão às minhas duas �as
avós, Elizabeth e Helena. Elas es�veram presentes em minha infância e foram
protagonistas fundamentais em meu crescimento tanto como homem quanto
como profissional. Sua presença constante, sabedoria e amor incondicional foram
essenciais para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje. Agradeço por todas
as conversas enriquecedoras, pelos conselhos valiosos e pela inspiração que elas
me proporcionaram.
3
Não posso deixar de agradecer também aos meus pacientes e periciados, que
confiaram em mim e me permi�ram aprender com suas condições e experiências.
Através do contato direto com eles, pude aliar os conhecimentos teóricos com a
prá�ca clínica, o que é fundamental em minha profissão. Agradeço por terem me
ensinado a importância da empa�a e da dedicação no cuidado com a saúde.
4
PREFÁCIO
Este livro foi concebido para servir como um guia abrangente e prá�co para
médicos, advogados, juízes, segurados e demais envolvidos no contexto da
perícia médica previdenciária. Através da minha experiência pessoal como
médico perito e estudioso da matéria, espero fornecer uma base sólida de
conhecimento e orientações claras para lidar com os desafios desse campo.
Além disso, discu�rei casos prá�cos e situações comuns encontradas nessa área,
destacando os postos-chave e as melhores prá�cas a serem seguidas. É
importante ressaltar que este livro apesar de não subs�tuir a consulta às leis e
regulamentos específicos de cada país ou sistema previdenciário, busca fornecer
uma visão abrangente e prá�ca para auxiliar os leitores em sua compreensão e
atuação nesse campo mul�disciplinar.
Espero que esta obra seja uma fonte valiosa de informações e orientações para
todos aqueles que desejam aprofundar seu conhecimento sobre perícia médica
previdenciária. Acredito firmemente que a interseção entre a medicina e o direito
pode ser melhor compreendida e abordada quando profissionais de ambas as
áreas se unem em busca de um sistema previdenciário mais justo e eficiente.
5
lidar com os desafios e oportunidades que surgem na perícia médica
previdenciária.
6
SUMÁRIO
7
4. PRAZO DE ENTREGA DO PARECER .............................................. 42
5. HONORÁRIOS DO AT ................................................................... 42
6. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO AT ........................................... 43
7. NÚMERO DE ASSISTENTES TÉCNICOS ......................................... 43
8. RELEVÂNCIA JURÍDICA DO PARECER ........................................... 44
9. ACONSELHAMENTO AO EXAMINADO......................................... 44
CAPÍTULO 5: NEXO DE CAUSALIDADE .................................................... 49
1. CONCEITO DO NEXO DE CAUSALIDADE ...................................... 49
2. TEORIAS DA CAUSALIDADE ......................................................... 49
3. NEXO CAUSAL PREVIDENCIÁRIO ................................................. 51
CAPÍTULO 6: QUESITOS MÉDICOS ......................................................... 53
1. CONCEITO E DEFINIÇÃO.............................................................. 53
2. HISTÓRIA DOS QUESITOS ............................................................ 53
3. RESPOSTA AOS QUESITOS ........................................................... 54
4. TIPOS DE RESPOSTA AOS QUESITOS ........................................... 55
5. SUGESTÕES DE FORMULAÇÃO DE QUESITOS ............................. 56
CAPÍTULO 7: DOCUMENTOS MÉDICOS .................................................. 61
1. TIPOS DE DOCUMENTOS ............................................................ 61
2. ATESTADOS ................................................................................. 61
3. PRONTUÁRIO .............................................................................. 63
4. RECEITAS MÉDICAS ..................................................................... 64
5. RELATÓRIOS MÉDICOS ................................................................ 65
CAPÍTULO 8: LAUDO E PARECER MÉDICO LEGAL ................................... 67
1. DIFERENÇA ENTRE LAUDO E PARECER ........................................ 67
2. ESTRUTURA DO LAUDO MÉDICO LEGAL ..................................... 67
3. CONFECÇÃO DO LAUDO ............................................................. 69
8
4. AVALIAÇÃO DA LEGIBILIDADE ..................................................... 70
CAPÍTULO 9: FUNDAMENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA ................................. 73
1. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS ......................................... 73
2. REVISÕES SISTEMÁTICAS E METANÁLISES................................... 74
3. ESTUDOS DE COORTE ................................................................. 75
4. ESTUDOS CASO-CONTROLE ........................................................ 77
5. RELATO E SÉRIE DE CASOS .......................................................... 78
CAPÍTULO 10: SIMULAÇÃO NA PRÁTICA PERICIAL ................................ 81
1. SIMULAÇÃO E PERÍCIA MÉDICA .................................................. 81
2. SIMULAÇÃO E METASSIMULAÇÃO .............................................. 81
3. AVALIAÇÃO DA SIMULAÇÃO ....................................................... 82
4. SIMULAÇÃO NAS DOENÇAS ORTOPÉDICAS ................................ 83
5. TESTES ORTOPÉDICOS ESPECÍFICOS ............................................ 87
6. SIMULAÇÃO NAS DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS ................... 90
7. TESTES NEUROPSIQUIÁTRICOS ESPECÍFICOS .............................. 91
9
1. INTRODUÇÃO ........................................................................... 109
2. CONCEITO PREVIDENCIÁRIO DE INCAPACIDADE ....................... 109
3. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO..................................................... 110
4. INCAPACIDADE PARCIAL............................................................ 111
5. INCAPACIDADE TOTAL ............................................................... 114
6. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ................................................... 115
7. INCAPACIDADE INDEFINIDA ...................................................... 116
8. INCAPACIDADE UNIPROFISSIONAL ........................................... 117
9. INCAPACIDADE MULTIPROFISSIONAL ....................................... 117
CAPÍTULO 13: FIXAÇÃO DAS DATAS TÉCNICAS .................................... 119
1. IMPORTÂNCIA DAS DATAS TÉCNICAS ........................................ 119
2. DATA DO INÍCIO DA DOENÇA (DID) ........................................... 119
3. DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE (DII) .................................. 120
4. DATA DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO (DCB) ................................. 121
5. IMPLICAÇÕES ADMINISTRATIVAS DA DID e DII ......................... 122
CAPÍTULO 14: CONCLUSÕES MÉDICO PERICIAIS DO INSS ................... 125
1. CONCLUSÃO TIPO C1 ................................................................ 125
2. CONCLUSÃO TIPO C2 ................................................................ 126
3. CONCLUSÃO TIPO C4 ................................................................ 127
CAPÍTULO 15: PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (PPP) .... 129
1. CONCEITO E IMPORTANCIA ...................................................... 129
2. ESTRUTURA DO PPP.................................................................. 129
3. RESPONSABILIDADE DE EMISSÃO ............................................. 133
4. FONTES DO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO .................................... 133
5. ASPECTOS HISTÓRICOS DO PPP ................................................ 134
6. PPP ELETRÔNICO ...................................................................... 135
10
CAPÍTULO 16: NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO ..... 137
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL......................................................... 137
2. TIPOS DE NEXOS TÉCNICOS ...................................................... 138
3. IMPORTÂNCIA DO NTEP ........................................................... 138
4. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO .......................... 139
5. FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO ....................................... 139
6. RISCOS AMBIENTAIS DO TRABALHO ......................................... 140
7. LIMITAÇÕES DA NTEP ............................................................... 141
CAPÍTULO 17: REABILITAÇÃO PROFISSIONAL........................................ 143
1. CONCEITO DE REABILITAÇÃO .................................................... 143
2. INDICAÇÕES DA REABILITAÇÃO................................................. 143
3. PÚBLICO-ALVO .......................................................................... 144
4. PROCESSO DE REABILITAÇÃO.................................................... 144
5. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL LABORATIVO ................................. 145
5.1 SITUAÇÃO CLÍNICA .................................................................. 145
5.2 MOROSIDADE TERAPÊUTICA .................................................. 146
5.3 PERFIL ETÁRIO......................................................................... 147
5.4 NÍVEL DE ESCOLARIDADE ........................................................ 147
5.5 EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS ................................................ 148
5.6 MERCADO DE TRABALHO ....................................................... 150
CAPÍTULO 18: BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA .................... 153
1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL......................................................... 153
2. REQUISITOS EXIGIDOS .............................................................. 153
3. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE .......... 154
4. DISTRIBUIÇÃO ESTATÍSTICA....................................................... 154
5. INSTRUMENTO AMES/BPC ....................................................... 155
11
6. FORMULÁRIO AMES/BPC ......................................................... 156
7. FUNÇÕES DO CORPO ................................................................ 156
8. ATIVIDADES E PARTICIPAÇÃO .................................................... 165
9. FATORES AMBIENTAIS ............................................................... 173
10. CONCLUSÕES DO AMES/BPC ................................................ 178
CAPÍTULO 19: APOSENTADORIA DO DEFICIENTE ................................ 183
1. INTRODUÇÃO ........................................................................... 183
2. TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ....................................................... 183
3. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO................................................. 183
4. INSTRUMENTO IF-BR ................................................................ 184
5. DOMÍNIOS DO IF-BR ................................................................. 185
6. APLICAÇÃO PRÁTICA DO INSTRUMENTO ...................................... 194
12
9. PRESUNÇÃO DA INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ......................... 209
10. PRESUNÇÃO DA INCAPACIDADE PERMANENTE .................... 210
CAPÍTULO 21: SÍNDROMES LOMBARES ............................................... 213
1. HÉRNIA DE DISCO ..................................................................... 213
CAPÍTULO 22: DOENÇAS OSTEOMUSCULARES .................................... 225
1. SÍNDROME DO OMBRO IMPACTADO ........................................ 225
2. EPICONDILITE MEDIAL E LATERAL ............................................. 229
3. SÍNDROME DO TÚNEL CUBITAL ................................................ 233
4. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO ............................................ 239
5. TENOSSINOVITE DE QUERVAIN................................................. 244
6. TENOSSINOVITE ESTENOSANTE (DEDO EM GATILHO) .............. 246
CAPÍTULO 23: DOENÇAS CARDIOVASCULARES ................................... 253
1. DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA .......................................... 253
2. HIPERTENSÃO ARTERIAL ........................................................... 258
3. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA......................................................... 261
4. ARRITMIAS CARDÍACAS ............................................................ 267
5. ANEURISMA DE AORTA ............................................................. 271
6. DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA ................................................ 274
CAPÍTULO 24: DOENÇAS PULMONARES .............................................. 281
1. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA ........................... 281
2. ASMA BRÔNQUICA ................................................................... 286
3. DOENÇA PULMONAR RESTRITIVA ............................................. 289
4. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR .......................................... 293
5. CÂNCER DE PULMÃO ................................................................ 297
CAPÍTULO 25: DOENÇAS NEUROLÓGICAS ........................................... 303
1. EPILEPSIA .................................................................................. 303
13
2. ESCLEROSE MÚLTIPLA ............................................................... 306
3. TRAUMATISMO CRANIO ENCEFÁLICO....................................... 309
4. DOENÇAS CÉREBRO VASCULARES ............................................. 314
5. CEFALEIAS PRIMÁRIAS .............................................................. 317
CAPÍTULO 26: DOENÇAS REUMATOLÓGICAS ...................................... 321
1. ARTRITE REUMATOIDE .............................................................. 321
2. LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ............................................. 325
3. ESPONDILITE ANQUILOSANTE .................................................. 329
4. OSTEOARTRITE.......................................................................... 333
5. OSTEOPOROSE .......................................................................... 338
6. FIBROMIALGIA .......................................................................... 341
CAPÍTULO 27: DOENÇAS GASTROINTESTINAIS.................................... 347
1. DOENÇA DO REFLUXO GASTROINTESTINAL .............................. 347
2. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS .................................. 350
3. DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA .................................................... 354
4. DOENÇA ULCEROSA PEPTICA .................................................... 358
5. SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL ....................................... 361
CAPÍTULO 28: DOENÇAS NEFROUROLÓGICAS..................................... 365
1. NEFROLITÍASE ........................................................................... 365
2. DOENÇA RENAL CRÔNICA ......................................................... 368
3. HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGA ........................................... 371
4. INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO................................................ 373
CAPÍTULO 29: DOENÇAS ENDOCRINOLÓGICAS ................................... 377
1. HIPOTIREOIDISMO .................................................................... 377
2. HIPERTIREOIDISMO .................................................................. 379
3. DIABETES MELLITUS ................................................................. 383
14
4. OBESIDADE ............................................................................... 388
5. SÍNDROME DE CUSHING ........................................................... 391
CAPÍTULO 30: DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS ............................................ 397
1. DEPRESSÃO MAIOR .................................................................. 397
2. TRANSTORNO BIPOLAR ............................................................ 400
3. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA ......................... 405
4. ESQUIZOFRENIA........................................................................ 407
5. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO.................................... 410
LINKS PARA ANEXOS E FORMULÁRIOS ................................................. 415
1. FORMULÁRIO BPC-LOAS ........................................................... 415
2. FORMULÁRIO IF-BR .................................................................. 415
15
CAPÍTULO 1: PERÍCIA MÉDICO LEGAL
1. INTRODUÇÃO
A perícia médica é um procedimento técnico realizado por especialistas em
diversas áreas com o obje�vo de esclarecer fatos e fornecer informações
fundamentadas para a jus�ça. Trata-se de um ato realizado por profissionais da
saúde com conhecimentos especializados na área da medicina.
2. TIPOS DE PERÍCIA
Existem dois �pos principais de perícia: a perícia direta e a perícia indireta. A
perícia direta é realizada de forma presencial, com a presença �sica do médico
perito junto à pessoa que está sendo examinada. Nesse �po, o perito realiza
exames �sicos e avaliações clínicas, buscando obter informações precisas sobre o
estado de saúde do indivíduo.
18
Ambas as formas de perícia, direta e indireta, são aceitáveis e têm o mesmo valor
legal. A escolha do �po de perícia a ser realizada dependerá das circunstâncias
específicas do caso, como a disponibilidade dos documentos médicos, a
necessidade de exames �sicos ou a complexidade da avaliação.
19
4. ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PERITO
A área de atuação do médico perito apresenta um cenário promissor e em
crescimento no mercado atual. A demanda por profissionais especializados nessa
área tem aumentado significa�vamente, impulsionada pela necessidade de
esclarecer questões médicas em processos judiciais e administra�vos.
O mercado do perito oficial é composto por três funções principais: perito federal
do INSS, o médico legista de carreira policial e o perito judicial. Geralmente, o
acesso a essas posições ocorre por meio de concursos públicos, que são
altamente concorridos. A compe��vidade decorre em virtude das oportunidades
oferecidas por essas carreiras, já que garantem estabilidade, remuneração
adequada e uma possibilidade de aposentadoria.
Tanto os peritos oficiais quanto os assistentes técnicos são cruciais na busca pela
jus�ça. O direito do contraditório e ampla defesa, a imparcialidade, a é�ca e o
conhecimento técnico são fundamentais para fornecer provas periciais
confiáveis, auxiliando juízes, advogados e demais profissionais do sistema judicial
a tomar decisões embasadas e equita�vas.
20
5. IMPORTÂNCIA DA PROVA
A prova desempenha um papel fundamental no processo judicial, sendo um
elemento que busca demonstrar a auten�cidade e a veracidade dos fatos
apresentados. Seu obje�vo principal é formar a convicção do juiz, fornecendo
elementos para que ele possa tomar uma decisão justa e fundamentada.
No sistema legal, existem três sistemas diferentes de avaliação da prova que são:
1) sistema tarifado, 2) sistema da livre convicção e 3) sistema da persuasão
racional. O sistema tarifado atribui a cada prova um valor certo e preestabelecido,
determinando sua força probatória. O sistema da livre convicção confere ao
magistrado a soberania para julgar de acordo com sua consciência. Por fim, o
sistema da persuasão racional permite ao juiz formar seu convencimento com
base em razões jus�ficadas, mas sem valor pré-estabelecido para cada prova.
Nesse caso, caso o juiz rejeite uma prova, é necessário que ele fundamente os
mo�vos dessa decisão.
21
importância do amplo acesso aos espaços onde são realizadas as perícias, visando
garan�r o pleno exercício do direito de defesa.
Por outro lado, o CRM sustenta que a presença do advogado na perícia é uma
autonomia do médico perito e requer a sua anuência. Essa perspec�va é
jus�ficada pela necessidade de privacidade do paciente durante a avaliação
médica.
Diante dessa divergência, surge a questão: o que fazer quando o médico não
deseja a presença do advogado durante a perícia? Como podemos perceber, essa
situação cria um impasse entre o posicionamento da OAB e do CRM. A resposta
a essa pergunta é mais uma questão de bom senso do que de ausência de amparo
legal. Tanto o advogado quanto o médico são auxiliares da jus�ça e seus obje�vos
são auxiliar no esclarecimento dos fatos e na busca pela equidade processual. É
fundamental que não permitam que seus egos pessoais prejudiquem esse
importante trabalho para o sistema jurídico.
Uma possível solução para resolver esse impasse é buscar um diálogo aberto
entre as partes envolvidas, advogado e médico perito, a fim de estabelecer um
entendimento mútuo. O advogado deve explicar sua necessidade de estar
presente para garan�r a defesa do cliente, enquanto o médico perito deve
expressar suas preocupações relacionadas à autonomia técnica e à privacidade
do paciente. Com um diálogo constru�vo, é possível encontrar um equilíbrio que
atenda às necessidades de todos os envolvidos.
22
CAPÍTULO 2: PERÍCIA PREVIDENCIÁRIA
24
2. O VALOR INESTIMÁVEL DO TRABALHO
O trabalho é um elemento fundamental na vida humana, amplamente
reconhecido por filósofos e psiquiatras como uma dimensão essencial para a
existência e o bem-estar do indivíduo. Vai além de ser apenas uma fonte de
renda, desempenhando um papel significa�vo na iden�dade, propósito e
realização pessoal.
Existem inúmeras formas pelas quais o trabalho pode ser importante para o
indivíduo. Além de fornecer os meios financeiros necessários para sustentar a si
mesmo e à família, o trabalho oferece uma sensação de conquista e autoes�ma.
Ele permite que as pessoas se sintam produ�vas, valorizadas e contribuam
a�vamente para a sociedade.
José Ortega y Gasset trouxe uma perspec�va adicional ao ressaltar que “uma vida
desprovida de trabalho é uma negação pior do que a própria morte”. Segundo
ele, viver implica ter algo definido a fazer e uma missão a cumprir. O trabalho,
nessa visão, é fundamental para dar sen�do e propósito à existência. Ele não se
trata apenas de uma a�vidade econômica, mas também uma expressão de nossa
iden�dade e uma forma de contribuição para o mundo ao nosso redor.
No entanto, existem situações que o trabalho deve ser evitado. Pacientes com
lesões ou doenças graves podem se beneficiar com períodos de afastamento. É
aqui que a perícia médica previdenciária floresce. Através de uma avaliação
cuidadosa e imparcial, os peritos médicos, após minuciosa avaliação, determinam
de forma precisa e justa quais indivíduos realmente necessitam do suporte
oferecido pela previdência social.
25
Dessa forma, a perícia médica previdenciária mantêm o equilíbrio entre o bem-
estar e a jus�ça. Por meio da exper�se médica, os peritos médicos ajudam a
garan�r que aqueles que realmente necessitam de assistência sejam
devidamente amparados, preservando, por outro lado, o bene�cio ines�mável
do trabalho para aqueles indivíduos que possuem condições �sicas para exercer
a sua função na sociedade.
26
CAPÍTULO 3: PERITO JUDICIAL
28
2. QUEM PODE SER PERITO JUDICIAL
No âmbito da perícia judicial, qualquer profissional com curso superior pode
atuar como perito, desde que esteja credenciado no seu órgão de classe. No caso
específico da medicina, é possível requisitar qualquer médico para realizar
perícias médicas. Essa abertura permite que diferentes especialidades sejam
envolvidas nos processos judiciais, garan�ndo uma ampla gama de
conhecimentos e exper�se.
É válido ressaltar que não é necessário que o perito atue exclusivamente como
perito judicial. Médicos que trabalham na inicia�va privada, em hospitais, clínicas
ou como servidores públicos também podem exercer essa função. Restringir a
atuação exclusiva dos peritos seria limitar a par�cipação de médicos
credenciados e competentes na análise de causas processuais.
Embora qualquer médico possa atuar como perito judicial, é fundamental que ele
possua conhecimento e experiência. A perícia médica é uma especialidade
credenciada na medicina, assim como várias outras. Portanto, o bom perito é
aquele que possui um entendimento aprofundado dos fundamentos e prá�cas
médico forenses, incluindo a interpretação de exames, diagnós�cos e avaliação
de incapacidade ou danos.
29
condição de saúde em relação à alegada incapacidade. Esse perito tem a
responsabilidade de emi�r um laudo técnico que subsidiará a decisão do juiz no
processo em questão. Já no caso da perícia extrajudicial, um perito médico é
contratado por um advogado ou uma das partes envolvidas para realizar uma
avaliação médica e emi�r um laudo sobre a doença, lesão ou incapacidade
alegada. Esse laudo extrajudicial servirá para análise da viabilidade do processo
por parte dos advogados e poderá, eventualmente, ser anexado ao processo
como um elemento de prova adicional.
Diante disso, estabeleceremos, nesse livro, um código que seja válido para todos
os médicos peritos, abrangendo, com isso, as áreas previdenciárias. Esse código
de conduta visará consolidar a tradição moral da perícia e transformar os
princípios e costumes em uma doutrina obje�va e clara. Segue os seguintes
postulados:
30
pelo periciado. É crucial compreender que a jus�ça só poderá ser
verdadeiramente alcançada se o olhar do perito for pautado no que é
obje�vamente observado e comprovado. Ao se envolver emocionalmente ou se
deixar influenciar por narra�vas, o perito corre o risco de comprometer a
imparcialidade e a precisão de suas conclusões.
31
documentação minuciosa, assegura-se a precisão e a confiabilidade do laudo
final.
32
5. CONDIÇÕES DE IMPEDIMENTO DO PERITO
Em determinadas circunstâncias, é evidente que o perito judicial se torna
inadequado para posicionar-se em relação a uma causa processual, pois surgem
sinais claros de possíveis conflitos de interesse. Isso acontece em situações claras
de vínculos pessoais, profissionais ou financeiros com uma das partes envolvidas
no processo, o que compromete, sem dúvida, a realização de uma perícia íntegra.
33
6. CONDIÇÕES DE SUSPEIÇÃO DO PERITO
Da mesma forma que existem critérios de impedimento, também há critérios de
suspeição que devem ser considerados no âmbito jurídico. O impedimento
representa uma presunção absoluta de parcialidade do perito, sendo essa
incompa�bilidade uma questão inequívoca. Já a suspeição, diferentemente do
impedimento, representa uma presunção rela�va de parcialidade. Essa
presunção é baseada em indícios ou circunstâncias que geram dúvidas razoáveis
que podem interferir na atuação imparcial do profissional.
34
Após a nomeação, o perito é devidamente in�mado por meio de um documento
oficial denominado Mandado de In�mação. Esse processo é realizado através de
um oficial de jus�ça, que se dirige ao endereço fornecido pelo profissional. O
oficial de jus�ça tem a missão de entregar o mandato ao perito, que, por sua vez,
deve assinar no verso do documento como prova de ciência da in�mação.
Alterna�vamente, a in�mação pode ocorrer por correio �sico ou eletrônico,
u�lizando-se do aviso de recebimento como comprovante.
Após receber a in�mação, o perito tem o prazo de 5 dias para analisar o encargo
e manifestar sua recusa, caso necessário. É fundamental que a recusa seja
devidamente jus�ficada por mo�vos plausíveis. A apresentação de uma recusa
sem jus�fica�va adequada pode ser interpretada como falta de profissionalismo,
levando o juiz a não nomear o perito para outros processos. Caso o perito não se
manifeste dentro do prazo estabelecido, sua aceitação tácita será presumida,
considerando-se que ele aceitou o encargo.
Durante essa fase, o perito deverá ler atentamente a pe�ção inicial tanto do
reclamado quanto do reclamante. Esses documentos representam as versões
apresentadas por cada uma das partes envolvidas e são essenciais para
compreender todos os aspectos relevantes da controvérsia.
35
quesitos ainda não estejam nos autos, é interessante aguardar o prazo legal de
15 dias para sua apresentação.
A proposta de honorários deve ser apresentada por meio de uma pe�ção formal.
Sempre que possível, é recomendado incluir no pedido a solicitação de
adiantamento de honorários, visando assegurar o adequado pagamento pelo
serviço prestado. Por fim, os honorários do perito são integralizados após a
conclusão da perícia, a entrega do laudo ao juiz e às partes envolvidas no
processo.
Em casos em que o processo possui um valor mais baixo, é comum que as partes
optem por não contratar assistentes técnicos. No entanto, em processos de maior
vulto, é frequente a contratação desses profissionais, que muitas vezes são
responsáveis pela confecção de quesitos altamente complexos.
36
O perito tem a obrigação de responder a todos os quesitos apresentados. No
entanto, quesitos imper�nentes que envolvem questões de outras áreas, não
devem ser respondidos pois abordam temas fora da exper�se pericial.
37
Uma orientação valiosas aos peritos é o uso do bom senso ao abordar sobre o
tema pericial. É recomendado que foquem principalmente em sua área de
exper�se, evitando emi�r opiniões sobre questões de cunho jurídico. A
apresentação de opiniões nesses aspectos é inapropriada.
Por fim, o laudo deve ser entregue dentro do prazo determinado pelo juiz,
es�pulado em despacho no processo. Em casos em que o juiz não tenha
estabelecido um prazo específico, cabe ao perito entregar o laudo em tempo
razoável. De preferência, busca-se a entrega no menor tempo possível, visando
garan�r a celeridade e eficiência no trabalho prestado.
No entanto, apesar das provas apresentadas pelo perito judicial e pelo assistente
técnico, o juiz não está vinculado a nenhuma delas e pode basear-se em outros
elementos probatórios existentes nos autos. Caso o juiz decida rejeitar o laudo e
o parecer, ele deve explicar sa�sfatoriamente, por meio da sentença, os mo�vos
que fundamentam sua convicção.
38
No caso de haver dúvidas ou necessidade de esclarecimentos em relação ao
laudo do perito ou do assistente técnico, a parte interessada tem o direito de
requerer ao juiz que eles sejam in�mados a comparecer em uma audiência,
apresentando previamente as perguntas na forma de quesitos.
Na grande maioria dos processos não é comum o perito ser convocado para
comparecer em sessões judiciais, tendo em vista que ele pode responder, por
escrito, os ques�onamentos adicionais. Essa prá�ca é recomendada, pois
proporciona ao perito um ambiente mais favorável para a análise aprofundada
dos aspectos técnicos envolvidos.
39
CAPÍTULO 4: ASSISTENTE TÉCNICO
2. FUNDAMENTO JURÍDICO
O fundamento jurídico primordial para a presença do assistente técnico (AT)
encontra-se no princípio cons�tucional da ampla defesa e do contraditório. Além
dele, existe o Código de Processo Civil, que em seu ar�go 465, estabelece: “as
partes devem, dentro de um prazo de 15 dias contados a par�r da nomeação do
perito: I - ques�onar o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; II -
indicar um assistente técnico; III - apresentar os quesitos per�nentes”.
Caso não seja nomeado um assistente técnico dentro desses 15 dias, que é um
direito faculta�vo, considera-se que houve desistência desse direito. A
responsabilidade pela contratação do assistente técnico nesse tempo é da parte,
podendo ser feita pessoalmente ou por intermédio do seu advogado. Em muitos
casos, o próprio advogado, após comunicar a necessidade ao cliente, é
encarregado de contratar o assistente técnico apropriado para o caso.
3. INCLUSÃO DO AT NO PROCESSO
É incumbência do advogado de cada parte proceder à inclusão do assistente
técnico no processo. O AT, por sua vez, incumbe apenas encaminhar suas
informações pessoais, sua inscrição no CRM e um resumo de seu currículo ao
40
advogado correspondente. Assim que o advogado obtém acesso a essas
informações, ele as anexa ao processo juntamente com os quesitos.
Caso, por algum mo�vo, o parecer não seja entregue dentro do prazo
estabelecido, ainda é possível incluí-lo nos autos. No entanto, ele será
considerado uma peça informa�va, e caberá ao juiz decidir se irá valorizá-la ou
não em sua análise. Tendo esse impasse em vista, é fundamental a entrega no
tempo determinado, para que o juiz dê a devida atenção a ele, considerando-o
da mesma forma que faz com o laudo do perito judicial.
5. HONORÁRIOS DO AT
Os honorários do Assistente Técnico (AT) dis�nguem-se dos honorários do perito
judicial, pois são pagos pela parte que o contratou. Esses honorários podem variar
com base na reputação, pres�gio e competência do AT.
41
6. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO AT
O assistente técnico, diferentemente do perito judicial, não está sujeito aos
critérios de suspeição ou impedimento. Trata-se de um médico de confiança das
partes, designado para auxiliar na análise técnica do caso em questão. Essa
ausência de suspeição por parte do assistente técnico é respaldada pelo código
de processo civil, que estabelece no ar�go 466, parágrafo 1°: “os assistentes
técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou
suspeição”.
42
8. RELEVÂNCIA JURÍDICA DO PARECER
O parecer emi�do pelo assistente técnico possui relevância jurídica similar ao
laudo elaborado pelo perito judicial. Embora seja comum a percepção de que o
laudo possui maior peso devido à sua imparcialidade, o juiz tende a analisar
ambos de forma equita�va. Quando o parecer está bem fundamentado e
apresenta uma explicação clara, o magistrado pode u�lizar-se dele como base
para sua decisão, desconsiderando de forma parcial ou completa o laudo.
9. ACONSELHAMENTO AO EXAMINADO
É fundamental que o assistente técnico forneça orientações claras e obje�vas ao
paciente. Neste livro, apresentaremos 5 conselhos que devem ser
compar�lhados com todos os examinados. Seguindo essas dicas o assistente
técnico capacitará o examinado a compreender a importância de cada etapa da
perícia, a forma correta de responder às perguntas e a maneira de apresentar
suas queixas e sintomas.
43
preparado e levar consigo um rascunho contendo as principais a�vidades que
realizava na sua úl�ma ocupação.
44
O paciente deve ser completamente honesto durante o processo de perícia.
Qualquer tenta�va de distorcer ou omi�r informações pode prejudicar a
credibilidade de sua condição e colocar em risco a análise pericial e,
consequentemente, a concessão do bene�cio.
A pessoa que vai ser examinada necessita sempre manter uma postura respeitosa
e cortês em relação ao perito e demais profissionais envolvidos. É compreensível
que alguns pacientes possam sen�r frustração e desapontamento devido a
bene�cios negados anteriormente, o que pode levar a expressar sua decepção de
maneira arrogante. No entanto, o perito também é um ser humano e, apesar de
45
ser um profissional capacitado a analisar as condições de forma imparcial,
também é susce�vel a influências emocionais.
46
CAPÍTULO 10: SIMULAÇÃO NA PRÁTICA PERICIAL
2. SIMULAÇÃO E METASSIMULAÇÃO
A simulação e a metassimulação são fenômenos que, conceitualmente, possuem
semelhanças e diferenças que precisam ser abordadas. A simulação, conforme já
48
destacado anteriormente, significa fingir ou alegar sintomas ou condições
médicas que não são verdadeiros. É quando uma pessoa deliberadamente
inventa sintomas com o obje�vo de obter bene�cios, como compensação
financeira, afastamento do trabalho ou vantagens legais. Um exemplo prá�co de
simulação seria um indivíduo que alega uma dor forte nas costas para obter
aposentadoria por invalidez, mas na verdade não apresenta nenhum problema
�sico real.
3. AVALIAÇÃO DA SIMULAÇÃO
A simulação abrange múl�plas especialidades médicas e envolve diferentes
formas de abordagem e análise. Em diversas áreas, como psiquiatria, neurologia,
ortopedia, o�almologia, otorrinolaringologia, a simulação deve ser objeto de
inves�gação. Cada especialidade possui suas próprias estratégias e instrumentos
de avaliação específicos para iden�ficar a presença de fraude, levando em
consideração as caracterís�cas clínicas e os sintomas predominantes em cada
contexto.
49
Isso ocorre, em grande parte, devido ao fato de ambas as condições gerarem
sintomas predominantemente subje�vos.
Na ortopedia, os sintomas mais comuns são relacionados à dor, que pode variar
em intensidade e localização. Já na neuropsiquiatria, sintomas como tristeza,
ansiedade, alucinações e alterações de humor são frequentemente relatados
pelos pacientes. Esses relatos subje�vos são propensos a serem simulados, uma
vez que não podem ser facilmente mensurados ou obje�vamente verificados.
50
anormalidades na ressonância magné�ca, fica claro que não é confiável usar
esses exames para diagnos�car a simulação.
Diante desse cenário, foram desenvolvidos vários testes e sinais ortopédicos que
podem ser u�lizados nesse processo. Esses testes não são necessariamente 100%
conclusivos para iden�ficar a encenação, mas quando u�lizados em conjunto, sua
força e relevância aumentam consideravelmente. Por isso, um perito que baseia
sua conclusão em apenas um teste pode enfrentar ques�onamentos, porém,
quando a análise é embasada em múl�plos testes, a validade da avaliação se
fortalece.
É válido lembrar que esses sinais de Waddell são mais direcionados para a
avaliação de dores lombares, que representam uma das condições ortopédicas
mais comuns associadas à simulação. Em alguma condições, elas também podem
ser u�lizados para outras doenças ortopédicas.
51
Já na avaliação da sensibilidade não anatômica, realiza-se uma pressão mais
profunda em uma área lombar específica. Se a dor estender-se para região
anatomicamente não compa�vel (EX: região torácica, sacro ou pélvica), isso pode
indicar a presença de simulação. Deve-se também considerar a distribuição dos
dermátomos na região.
52
abordagem visa verificar se existem diferenças nos sinais de exame �sico
doloroso quando o paciente está distraído e não ciente do teste em andamento.
Um dos principais testes de distração é o teste da elevação da perna que deve ser
feito em dois momentos dis�ntos. Esse teste, inicialmente, é realizado com o
paciente em decúbito dorsal, onde o clínico eleva a perna do paciente em direção
ao teto até cerca de 90 graus. Se o paciente relatar dor durante esse movimento,
é possível indicar uma causa orgânica real, como uma lesão na coluna, para a dor
lombar. Tal achado é conhecido como sinal de Lasegue.
53
sugere simulação. Tal situação não possui nexo anatomoclínico, pois se apenas L2
está comprome�do, logo, a fraqueza deveria residir somente nos flexores.
54
No teste de Burn ou teste da bancada de Burn, o paciente é instruído a ajoelhar-
se em uma almofada sem apoio de braços. Nessa posição, ele deve flexionar os
quadris e os joelhos ao máximo, de modo a ficar na posição de "sentado" sobre
as panturrilhas. Em seguida, o paciente tenta inclinar-se para frente e tocar o chão
com a ponta dos dedos.
55
5.3 TESTE DE KUMMEL
Um sinal posi�vo é observado quando o paciente relata dor nas costas enquanto
realiza os movimentos de flexão lateral do pescoço. Isso indica que o paciente
está fingindo ou exagerando os sintomas, já que o teste é direcionado apenas à
coluna cervical e não deveria causar dor na região lombar.
O teste de Hover, também conhecido como sinal de Hoover, é uma avaliação ú�l
para inves�gar a suspeita de fraqueza não orgânica nas pernas ou para detectar
possíveis comportamentos simulados. Ele é u�lizado para determinar se o
paciente está realmente fazendo esforço durante o procedimento de avaliação.
Em um estudo que incluiu 337 pacientes com suspeita de AVC, o sinal de Hover
demonstrou uma sensibilidade moderada e uma alta especificidade para o
diagnós�co de fraqueza funcional. Isso significa que o teste foi capaz de
iden�ficar adequadamente a presença de fraqueza não orgânica nas pernas.
56
quando um es�mulo doloroso é aplicado, a frequência cardíaca tende a aumentar
como uma resposta autonômica natural do corpo.
57
repleta de sintomas, na qual o fingidor pode acreditar que quanto mais sintomas
apresentar, melhor será sua atuação. O perito deve estar atento a esses sinais que
indicam uma possível simulação, buscando iden�ficar inconsistências e padrões
exagerados que não correspondem aos padrões �picos dos transtornos
psiquiátricos genuínos.
Por outro lado, os testes de avaliação cogni�va são u�lizados para avaliar o
desempenho cogni�vo, como memória, atenção, linguagem e habilidades
execu�vas. Exemplos de testes de avaliação cogni�va incluem o TOMM (Test of
Memory Malingering) e o teste REY.
58
O SIRS (Structured Interview of Reported Symptoms) é um teste u�lizado por
meio de uma entrevista estruturada desenvolvida por Rogers e colaboradores.
Foi criado pela primeira vez em 1985 e passou por várias revisões desde então.
Abrange um total de 172 itens e leva cerca de 30 a 45 minutos para ser aplicado.
Os itens do SIRS incluem ques�onários detalhados sobre a sintomatologia e seus
níveis de gravidade.
O teste M-FAST (Miller Forensic Assessment of Symptoms Test) foi projetado por
Miller como uma ferramenta de avaliação. Ele consiste em uma entrevista
estruturada com 25 itens que podem ser administrados em aproximadamente 5
minutos.
Em comparação com o teste SIRS, o M-FAST tem uma aplicação mais rápida e
prá�ca. Segundo alguns estudos, esse teste apresenta uma taxa de falsos
posi�vos mais alta, em torno de 10%. Devido essas e outras limitações, ele é
considerado um teste de triagem.
59
Assim como o SIRS, é necessário adquirir o manual de aplicação do M-FAST para
u�lizá-lo adequadamente em avaliações periciais. O manual conterá instruções
detalhadas sobre como administrar e interpretar os itens do M-FAST, fornecendo
orientações claras sobre o processo de entrevista e os resultados esperados dos
indivíduos avaliados.
Espera-se que pacientes que não estejam simulando tenham pelo menos 45
acertos, após a aplicação do teste em 2 fases. Esse ponto de corte possui alta
especificidade, porém baixa sensibilidade. Estudos cien�ficos mostraram que é
raro obter pontuações baixas em casos de lesões cerebrais traumá�cas (Haber e
Fichtenberg, 2006; Rees et al., 1998; Tombaugh, 1997) ou outras condições
neurológicas (Hill et al., 2003; Tombaugh, 1997). A única exceção para isso seria
os casos envolvendo demência (Teichner e Wagner, 2004; Tombaugh, 1997).
Com base em uma ampla literatura até o momento, quando uma pessoa falha no
teste TOMM, os médicos podem ter certeza de que seu desempenho reflete um
esforço insuficiente ou uma possível simulação. Portanto, o teste TOMM fornece
uma ferramenta valiosa para iden�ficar casos em que há suspeita de falsificação
de sintomas de memória, permi�ndo uma avaliação mais precisa e confiável.
60
O teste REY u�liza a metodologia conhecida como "floor effect", que é diferente
do TOMM. Entre os testes que aplicam essa metodologia, o teste REY é o mais
reconhecido.
Essa pontuação de corte tem uma especificidade de 90%, o que significa que tem
uma alta probabilidade de iden�ficar corretamente os casos em que há
simulação. No entanto, sua sensibilidade é de apenas 40%, o que indica que pode
haver uma taxa considerável de falsos nega�vos, ou seja, indivíduos que estão
fingindo podem obter pontuações que não os iden�ficam como simuladores.
Devido à baixa sensibilidade do teste REY, muitos autores argumentam que ele
não deve ser usado isoladamente como uma medida de iden�ficação de fraudes
no comprome�mento da memória. Em vez disso, é recomendado que seja
u�lizado em combinação com outros testes mais sensíveis para obter uma
avaliação mais abrangente e precisa.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alozai Uu, McPherson PK. Malingering. [Updated 2022 Jun 21]. In: StatPearls
[Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan
Hirsch, Alan R. Neurological malingering. Boca Raton: Taylor & Francis, 2018. ISBN
9781498742467
Hoover CF. Um novo sinal para a detecção de simulação e paresia funcional das
extremidades inferiores. JAMA 1908; 51:746–747.
61
pacientes com suspeita de AVC. J Psychosom Res. 2011 dez;71(6):384-6. doi:
10.1016 / j.jpsychores.2011.09.003. Epub 2011 6 de outubro. PMID: 22118379 .
62
que desenvolveu crises convulsivas devido a uma condição médica implica
automa�camente na segurança dele paciente e dos passageiros. Uma crise
convulsiva durante o trabalho poderá gerar um grave acidente de trânsito, o que
leva a repercussões pessoais e sociais.
3. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO
Os sistemas de classificação da incapacidade são fundamentais para determinar
o �po de bene�cio previdenciário ao qual uma pessoa tem direito. A incapacidade
é classificada em três categorias principais: grau, profissão e duração.
65
mul�profissional e indefinida. Para o auxílio-doença, é necessário comprovar
uma incapacidade total, uniprofissional e temporária. Por fim, para o auxílio-
acidente é des�nado a casos de incapacidade parcial, uniprofissional e indefinida.
4. INCAPACIDADE PARCIAL
A incapacidade parcial para ser assim enquadrada, é necessário que pelo menos
um dos seguintes critérios esteja presente: 1) diminuição leve a moderada
desempenho, 2) risco de vida menor ou 3) risco de agravamento menor.
66
desenvolvendo aquela a�vidade. Se ele passa 3 horas fazendo determinada
a�vidade, podemos es�mar o peso 3.
Após fazer a listagem das a�vidades realizadas o perito deve avaliar a correlação
das consequências da doença em cada uma delas es�mando a porcentagem que
há de comprome�mento. Suponhamos então, que esse profissional tenha sofrido
um acidente e amputado o dedo indicador e médio da mão esquerda.
Considerando o exemplo listado, podemos dizer que das cinco funções exercidas,
a única que ocorrerá redução da capacidade será a digitação de documentos.
Por outro lado, se esse paciente �vesse sofrido uma doença nas cordas vocais
levando a rouquidão grave e não conseguindo se comunicar de forma adequada
temos 2 a�vidades comprome�das em 100%: 1) atender telefonemas e 2) realizar
atendimento presencial. Esse outro exemplo hipoté�co, jogando na fórmula já
daria um comprome�mento de 75%.
Todas essas situações listadas são exemplos didá�cos para entender como deve
ser feito essa análise. Independente do caso concreto, é sempre importante que
67
na prá�ca faça processo mais detalhado considerando dois pontos: 1) o peso da
a�vidade no processo (EX: para um auxiliar de escritório, atender telefonemas
tem peso maior que contribuir para limpeza) e 2) a porcentagem de
comprome�mento específico naquela a�vidade (EX: pessoa que amputa o dedo
médio e indicador tem maior comprome�mento na digitação do que quem
amputa apenas o dedo mínimo).
68
desde que seja possível restringir ou terceirizar as a�vidades afetadas e o
indivíduo mantenha produ�vidade.
5. INCAPACIDADE TOTAL
Os critérios para incapacidade total são: 1) diminuição grave do desempenho, 2)
risco de vida maior ou 3) risco de agravamento maior. Não é necessário que todos
os itens estejam presentes, mas apenas um deles.
69
agravamento de sua condição de saúde. A análise precisa ser individualizada e
focada nas a�vidades específicas que o segurado desempenha em sua ocupação
regular.
6. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA
A incapacidade temporária se refere àquela em que se espera a recuperação da
doença dentro de um prazo previsível. Na prá�ca pericial, essa análise baseia-se
no prognós�co das doenças, pois é ele quem fornecerá informações relevantes
para categorizar a incapacidade como previsível de recuperação ou não.
Existem diversas doenças que podem gerar incapacidades temporárias, tais como
fraturas ósseas, infecções agudas, distúrbios respiratórios, gastrointes�nais ou
musculoesquelé�cos etc. Essas condições podem limitar temporariamente as
a�vidades do indivíduo.
70
7. INCAPACIDADE INDEFINIDA
A incapacidade indefinida refere-se àquela em que não é possível prever o prazo
de recuperação do segurado. Muitas pessoas u�lizam o conceito de incapacidade
indefinida como sinônimo de incapacidade permanente, algo que não é
recomendado. Isso ocorre, pois, o Decreto n° 10.410 de 2020 trouxe alterações
importantes no sen�do dessas palavras, subs�tuindo o termo "aposentadoria por
invalidez" por "aposentadoria por incapacidade permanente".
Existem várias doenças que podem levar à incapacidade indefinida, entre elas,
doenças crônicas, degenera�vas e progressivas. Um exemplo clássico é a
esclerose múl�pla (EM), uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso
central, causando danos nos neurônios e resultando em sintomas variáveis, como
fraqueza muscular, problemas de coordenação, fadiga intensa e dificuldades
cogni�vas. Como a esclerose múl�pla é uma doença imprevisível e sem cura
defini�va, caso ela gere incapacidade, ela poderá ser considerada indefinida.
71
8. INCAPACIDADE UNIPROFISSIONAL
A incapacidade uniprofissional refere-se à condição em que a incapacidade
alcança apenas uma ocupação específica. É importante compreender a diferença
entre ocupação e a�vidade. Enquanto a ocupação representa a profissão em si,
as a�vidades referem-se às tarefas desempenhadas dentro de uma ocupação.
Para ser considerada uniprofissional, a avaliação deve levar em conta a profissão
como um todo, e não apenas as a�vidades isoladas.
9. INCAPACIDADE MULTIPROFISSIONAL
A incapacidade mul�profissional é aquela que abrange diversas profissões, sendo
esse o �po de incapacidade que geralmente leva à qualificação de invalidez. Em
algumas situações, é possível ser considerado inválido com uma incapacidade
uniprofissional, porém, nesses casos, é necessário comprovar que a pessoa não
possui critérios adequados para reabilitação. Iremos abordar a reabilitação
profissional no capítulo 17.
72
médio e baixa escolaridade, as profissões consideradas para determinar a
mul�profissionalidade devem ser compa�veis com essa realidade educacional.
Tomemos como exemplo um profissional que atua como servente de obras com
baixa escolaridade que foi considerado incapaz para sua profissão atual. Para
qualificá-lo com incapacidade mul�profissional, é necessário considerar, durante
a avaliação, profissões adequadas a realidade individual daquele trabalhador,
entre elas: pedreiro, pintor, encanador, eletricista, porteiro, garçom, operador de
caixa etc.
73
CAPÍTULO 20: ANÁLISE DA CAPACIDADE
FUNCIONAL
1. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO
A avaliação da incapacidade é uma parte essencial da medicina pericial, que
busca determinar o impacto das condições de saúde de um indivíduo em sua
capacidade de realizar a�vidades diárias e/ou laborais. Para esse fim, protocolos
padronizados têm sido amplamente u�lizados ao longo das décadas, visando
fornecer uma abordagem sistemá�ca e obje�va. Eles permitem uma avaliação
mais obje�va e sistemá�ca, auxiliando na tomada de decisões em contextos
legais e de bene�cios sociais.
2. AVALIAÇÃO MÉDICO-JURÍDICA
A determinação da invalidez envolve duas esferas interligadas: a avaliação médica
e a avaliação jurídica. É importante compreender que o fato de um médico
considerar um paciente como inválido não implica automa�camente na
concessão do bene�cio de aposentadoria por invalidez. O papel do médico é
avaliar a capacidade do paciente, mas a decisão final sobre a invalidez depende
de um processo contratual regido por normas e critérios jurídicos.
74
É comum que profissionais médicos se sintam frustrados ou ofendidos quando
suas opiniões sobre a incapacidade de um paciente não são acatadas pelo INSS.
Esse sen�mento, muitas vezes, decorre do desconhecimento desses trâmites
legais e das especificidades do processo de avaliação médico-jurídica. O médico
deve compreender que a definição de invalidez vai além da sua avaliação, pois
envolve aspectos contratuais que devem ser considerados.
75
ser dividida em dois pontos essenciais: 1) o risco de agravamento e 2) o risco para
si e terceiros envolvidos.
76
Taks e se correlaciona a capacidade cardiopulmonar do indivíduo. As a�vidades
que gastam menos de 4 METS seriam aquelas de menor intensidade, como
caminhar em ritmo tranquilo ou realizar tarefas leves no campo. Essas a�vidades
são as que não exigem um esforço significa�vo do sistema cardiovascular e,
portanto, estão dentro da capacidade do trabalhador citado no exemplo. Por
outro lado, as a�vidades que exigem mais de 4 METS, comuns na a�vidade rural,
como carregar objetos pesados, trabalhar com ferramentas manuais, realizar
esforços �sicos intensos e con�nuos, ultrapassariam a capacidade desse
indivíduo, diminuindo de maneira expressiva a sua produ�vidade e rendimento.
É fácil perceber que capacidade é uma base obje�va de avaliação, podendo ser
quan�ficada em termos de sua magnitude. Além disso, destaca-se que
capacidade atual de um indivíduo não é fixa, podendo ser modificada ao longo
do tempo. Tanto o aumento da capacidade por meio da a�vidade �sica, quanto a
diminuição da capacidade devido à ina�vidade são aspectos amplamente
reconhecidos. Nesse sen�do, os efeitos nega�vos de um es�lo de vida sedentário
nessa avaliação estão bem estabelecidos e devem ser considerados.
De forma didá�ca, a tolerância pode ser definida como a ap�dão de executar uma
determinada tarefa, mas não de forma confortável. Trata-se da análise da dor e
fadiga que o paciente experimenta no seu dia a dia laboral.
77
âmbito ocupacional, entre elas, oportunidades de crescimento, reconhecimento
profissional, bene�cios adicionais, ambiente de trabalho agradável e flexibilidade
de horários.
Por outro lado, quando não há uma patologia obje�va ou a patologia existente é
leve e os sintomas relatados são claramente desproporcionais aos resultados de
exames e testes, a dor ou fadiga torna-se não confiável. Sugere-se, então, que a
avaliação da incapacidade seja desconsiderada.
78
podem representar riscos significa�vos. Isso é o que permi�rá classificar a
presença ou ausência de restrições específicas para cada a�vidade.
Fica bem claro que essa análise é complexa, pois um mesmo profissional pode
exercer diversas a�vidades diferentes em sua área. Para garan�r um julgamento
imparcial e transparente deve-se traçar um panorama completo de tudo aquilo
que é realizado na profissão.
79
5. AVALIAÇÃO DAS LIMITAÇÕES
A avaliação das limitações leva em consideração a dificuldade de realizar
determinadas a�vidades devido a uma condição médica. Uma limitação é
caracterizada como algo que o indivíduo não consegue fazer, mesmo que se
esforce. Como exemplo dessa situação poderíamos citar um indivíduo
paraplégico que não consegue andar devido à sua limitação �sica, ou um
cardiopa�a grave que não é capaz de realizar a�vidades que exijam grande
esforço aeróbico.
Na análise das limitações, o ideal é que ela seja obje�va, de forma a estabelecer
um nexo causal claro entre a doença e os sintomas limitantes. Entretanto, em
algumas situações de sintomas subje�vos, como dores e fadigas, a presença de
limitação também pode ocorrer, desde que cien�ficamente jus�ficado.
Para uma análise didá�ca, é sempre recomendado traçar uma lista abrangente
das a�vidades que o paciente realiza em sua ocupação habitual, processo
semelhante ao realizado na avaliação das restrições. Se a limitação ocorrer
apenas em algumas a�vidades, estamos diante de uma incapacidade parcial. No
entanto, se a limitação afetar a maioria das a�vidades ou aquelas consideradas
fundamentais para a profissão, estamos diante de uma incapacidade total.
6. ATIVIDADES FUNDAMENTAIS
O conceito de a�vidade fundamental desempenha um papel importan�ssimo na
determinação da incapacidade parcial ou total de um indivíduo. Enquanto a
incapacidade parcial é caracterizada pela presença de restrições e limitações em
algumas das a�vidades relacionadas à profissão habitual, a incapacidade total
ocorre quando essas restrições e limitações afetam várias a�vidades ou
a�vidades fundamentais. Mas afinal, o que são a�vidades fundamentais?
80
principal é atender os pacientes em um consultório. Para realizar o seu trabalho,
esse profissional, ocasionalmente, precisa dirigir por algumas horas para dar
plantões em outras cidades. Nesse contexto, temos que a a�vidade de dirigir não
é considerada fundamental para a sua profissão, apesar de fazer parte das
a�vidades relacionadas.
7. DIAGNÓSTICO DA INVALIDEZ
Existe uma grande diferença entre o conceito de incapacidade e o de invalidez. A
incapacidade é um termo u�lizado para analisar a impossibilidade de realização
da ocupação habitual, enquanto a invalidez é um conceito mais amplo, referindo-
se à impossibilidade de desempenhar uma ocupação que possa fornecer
subsistência.
81
Em relação à profissão, se a doença gera incapacidade para várias a�vidades
laborais, temos uma incapacidade mul�profissional. Já se a incapacidade se
restringe à ocupação habitual, temos uma incapacidade uniprofissional.
Neste livro, classificaremos cada uma das principais profissões, com base nas
principais a�vidades que ela envolve. Entretanto, por ser uma classificação
genérica, em situações específicas ela poderá ser alterada.
Por exemplo, a profissão de médico num contexto geral é considerada como leve,
uma vez que, na maioria das vezes, esse profissional exerce poucas a�vidades
�sicas. No entanto, em casos excepcionais, a a�vidade de um médico pode variar.
Caso o médico trabalhe na área militar, ele poderá enfrentar demandas �sicas
mais intensas e constantes. Nesses casos, é imprescindível analisar as a�vidades
específicas exercidas no contexto do profissional em questão, adaptando a
classificação conforme a realidade do trabalho desempenhado.
8.1 SEDENTÁRIA
São as profissões com pouca ou nenhuma a�vidade �sica. Inclui ficar sentado na
maior parte do tempo, ambiente de trabalho confortável, ausência de
82
necessidade de condicionamento �sico, baixo risco de lesões
musculoesquelé�cas e ausência de levantamento de objetos.
8.2 LEVE
São as profissões com a�vidades �sicas leves não con�nuas. Inclui caminhar
curtas distancias, ficar em pé poucos a moderados períodos, variação
considerável entre a necessidade de ficar sentado e movimentar-se, ambiente de
trabalho confortável, pouco condicionamento �sico e baixo risco de lesões
musculoesquelé�cas.
8.3 MÉDIO
8.4 PESADO
83
Nessa categoria destacam as profissões com a�vidade �sica intensa. Inclui
caminhar longos trajetos, correr moderadas distancias, carregar objetos pesados
em grande parte do tempo, ambiente de trabalho desconfortável, bom
condicionamento �sico, alto risco de lesões musculoesquelé�cas, necessidade de
algumas pausas diárias em virtude do esforço.
São as profissões com a�vidade �sica muito intensa. Inclui necessidade de correr
longas distâncias, manipular de forma constante objetos e ferramentas muito
pesadas, exposição a riscos profissionais importantes, excelente
condicionamento �sico, al�ssimo risco de lesões musculoesquelé�cas,
necessidade de pausas com muita frequência em virtude do esforço �sico.
84
Em virtude disso, nesse livro, forneceremos nos próximos capítulos, tempos
mínimos, médios e máximos de afastamento, considerando a doença e o �po de
trabalho desempenhado pelo indivíduo (sedentário, leve, médio, pesado ou
muito pesado). Ao abordarmos, as patologias em detalhes e descrevermos os
tempos es�mados de incapacidade temporária, proporcionaremos aos médicos
uma ferramenta valiosa para embasar suas decisões e assegurar o melhor
cuidado para os pacientes.
85
refle�r adequadamente a realidade do paciente. Cada caso é único e, muitas
vezes, poderão apresentar nuances que não será previstos pela abordagem
genérica.
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
1. Talmage, J. B., Melhorn, J. M., & Hyman, M. H. (2011). AMA Guides™ to the
Evalua�on of Work Ability and Return to Work (2ª ed.). ISBN 978-1-60359-530-8.
2. Soer R, van der Schans CP, Groothoff JW, Geertzen JH, Reneman MF. Towards
consensus in opera�onal defini�ons in func�onal capacity evalua�on: a Delphi
Survey. J Occup Rehabil. 2008;18:389–400.
5. Isernhagen SJ. Return to work tes�ng: func�onal capacity and work capacity
evalua�on. Orthop Phys Ther NA. 1992;1:83–98.
6. Matheson LN, Mooney V, Grant JE, et al. A test to measure li� capacity
ofphysically impaired adults. Part 1—Development and reliability tes�ng. Spine
1995;20:2119–29.
9. Wind H, Goutebarge V, Kuijer PP, Sluiter JK, Frings-Dresen MH. The u�lity of
func�onal capacity evalua�on: the opinion of physicians and other experts in the
field of return to work and disability claims. Int Arch Occup Environ Health.
2006;79:528–34.
86
11. Innes E, Straker L. A clinician’s guide to work-related assessments: 1-purposes
and problems. Work. 1998;11:183–9.
87
CAPÍTULO 21: SÍNDROMES LOMBARES
1. HÉRNIA DE DISCO
A hérnia de disco é uma condição extremamente comum que afeta a coluna
vertebral e é mo�vo de preocupação para muitas pessoas. Neste capítulo,
abordaremos de forma abrangente essa condição, visando fornecer uma
compreensão detalhada do seu impacto e tratamento.
88
seis meses. Vale mencionar que a mielopa�a leve pode ser tratada clinicamente,
enquanto casos mais graves geralmente necessitam de abordagem cirúrgica.
A hérnia de disco é uma condição que mais gera pedidos de afastamento no INSS.
É importante entender as principais causas dessa condição antes de discu�r o
risco de agravamento em diferentes profissões. Ao estudar as causas a será
possível iden�ficar fatores que possam contribuir para o agravamento da
condição.
Além disso, segundo Suri et al, a maioria dos pacientes, cerca de 62%, não foi
capaz de iden�ficar um evento específico associado ao início dos sintomas da
hérnia de disco. Entre aqueles que relataram eventos desencadeantes, 26%
estavam envolvidos em a�vidades não relacionadas ao levantamento de peso,
6,5% dos pacientes atribuíram o início dos sintomas a levantamento pesado e
apenas 2% relataram levantamento leve como fator desencadeante. Esses
resultados sugerem que as causas da hérnia de disco lombar são mul�fatoriais e,
na maioria das vezes, não estão relacionadas ao levantamento de peso ou
eventos laborais.
89
especialmente em profissões que envolvem levantamento repe��vo de cargas
pesadas ou condições ergonômicas desfavoráveis. Cada caso deve ser avaliado
individualmente, levando em conta a natureza da ocupação e as caracterís�cas
específicas do paciente.
90
1.3 DIMENSÃO DA TOLERÂNCIA
A hérnia de disco é uma condição que pode causar dor intensa e impactar
significa�vamente a qualidade de vida dos pacientes. Essa dor pode ser
controlada por meio de diferentes abordagens. A u�lização de medicamentos
analgésicos e an�-inflamatórios pode ser uma opção para aliviar os sintomas.
Além disso, fisioterapia e exercícios específicos podem fortalecer a musculatura
e proporcionar estabilidade à coluna vertebral.
Para estabelecer o nexo causal entre a dor alegada pelo paciente e os sintomas
da hérnia de disco, é necessário realizar uma avaliação clínica detalhada. O
médico irá analisar os sintomas apresentados, realizar exames �sicos e, quando
necessário, solicitar exames complementares, como ressonância magné�ca, para
confirmar o diagnós�co.
91
rápido observado com a abordagem cirúrgica, não foram iden�ficadas diferenças
clinicamente relevantes após um período de 3 meses em comparação com os
pacientes subme�dos ao tratamento conservador. Assim, a longo prazo, a
intervenção cirúrgica não demonstrou superioridade em relação ao tratamento
clínico.
92
Trabalho Mínimo Médio Máximo
(�po) (dias) (dias) (dias)
Sedentário 21 21 35
Leve 28 42 63
Médio 42 70 112
Pesado 91 112 140
Muito Pesado 112 140 180
93
O nexo causal refere-se à relação de causa e efeito entre a hérnia de disco e a dor
gerada pela raiz nervosa acome�da. Quando ocorre uma protusão discal, um dos
discos intervertebrais se desloca de sua posição normal e pode comprimir uma
ou mais raízes nervosas adjacentes, gerando o quadro clínico compa�vel com
radiculopa�a.
Entre cada par de vértebras sai uma raiz específica. Por exemplo, entre a vértebra
L1 e L2 sai a raiz nervosa L1. Já entre L2 e L3, sai a raiz L2 e, assim, sucessivamente.
Cada raiz nervosa está associada a uma região específica do corpo, chamada
dermátomo, que é responsável por inervar uma determinada área da pele. Por
exemplo, a raiz nervosa L2 está relacionada ao dermátomo que abrange a parte
proximal e anterior da coxa e, além disso, ela inerva os músculos flexores do
quadril (ileopsoas).
Para compreender de forma didá�ca, imagine que uma pessoa tenha uma hérnia
de disco na região lombar que está comprimindo a raiz nervosa L2. Essa
compressão pode causar sintomas como dor intensa na região lombar, além de
dor, formigamento e fraqueza muscular no dermátomo correspondente, ou seja,
parte proximal da coxa. Outra alteração que pode ser encontrada é a fraqueza
sobre o ileopsoas. Isso pode resultar em fraqueza na flexão do quadril, o que
repercu�rá em dificuldade para levantar a perna, subir escadas, realizar
94
movimentos de agachamento etc. Portanto, esses sintomas quando presentes,
servirão como nexo causal indicando relação de causa e efeito entre a hérnia de
disco e a raiz nervosa acome�da.
95
Se o paciente apresentar uma vasta documentação médica que comprove
tratamentos recorrentes para aliviar a dor, incluindo o uso de analgésicos
potentes como AINES, tramadol, codeína, entre outros, isso pode fortalecer a
veracidade da história de dor relatada. Essa abordagem, aliada à avaliação de
indícios de simulação, é uma estratégia valiosa para tornar a subje�vidade da dor
mais tangível e passível de avaliação pericial.
96
Nesse estágio, embora o paciente não consiga realizar o movimento, é possível
perceber a presença de algum grau de contração muscular.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Back Impairment.” Job Accommoda�on Network (JAN). Office of Disability
Employment Policy, US Department of Labor. 1 May 2020.
<htps://askjan.org/disabili�es/Back-Impairment.cfm>.
2. Fujii K., et al. “Discogenic Back Pain: Literature Review of Defini�on, Diagnosis,
and Treatment.” JBMR Plus. 3 5 (2019): e10180.
4. Patel, R.K., and C.W. Slipman. "Lumbar Degenera�ve Disk Disease." eMedicine.
Eds. S. Kishner, et al. 31 Aug. 2018. Medscape. 1 May 2020.
<htps://emedicine.medscape.com/ar�cle/309767-overview>.
5. Talmage, J.B., J.M. Melhorn, and M.H. Hyman, Eds. AMA Guides to the
Evalua�on of Work Ability and Return to Work, Second ed. Chicago: AMA Press,
2011. 165-176.
6. Wheeler, S.G., et al. “Evalua�on of Low Back Pain in Adults.” UpToDate. Eds. S.J.
Atlas, and L. Kunins. 25 Jan. 2019. Wolters Kluwer Health. 1 May 2020.
<htps://www.uptodate.com/contents/evalua�on-of-low-back-pain-in-adults>.
97
7. Kirshblum SC, Burns SP, Biering-Sorensen F, Donovan W, Graves DE, Jha A,
Johansen M, Jones L, Krassioukov A, Mulcahey MJ, Schmidt-Read M, Waring W.
Interna�onal standards for neurological classifica�on of spinal cord injury
(revised 2011). J Spinal Cord Med. 2011 Nov;34(6):535-46. doi:
10.1179/204577211X13207446293695. PMID: 22330108; PMCID: PMC3232636.
98
CAPÍTULO 30: DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS
1. DEPRESSÃO MAIOR
O transtorno depressivo maior (TDM) é uma condição psiquiátrica de grande
relevância global. Em 2008, a OMS classificou-o como a terceira causa de carga
de doenças em todo o mundo, projetando que será a primeira até 2030. A sua
e�ologia é mul�fatorial, envolvendo fatores biológicos, gené�cos, ambientais e
psicossociais. A prevalência é considerável, variando de 5% a 17%, com uma
média de 12%, sendo mais comum em mulheres. A idade média de início é por
volta dos 40 anos, mas há um aumento de casos em populações jovens devido ao
uso de substâncias.
Com tratamento adequado, até 80% dos indivíduos experimentam melhora nos
sintomas e a recuperação costuma ser completa. No entanto, a recaída é comum,
e cerca de metade dos pacientes com um episódio de depressão maior
experimentará outro. Em situações com altas taxas de recaída e múl�plos
episódios depressivos deve ser orientado a manutenção da medicação por toda
a vida.
100
sintomas, episódios prévios, recuperação insuficiente, comorbidades e disfunção
familiar estão associados a resultados desfavoráveis. Portanto, o diagnós�co
precoce, tratamento adequado e apoio con�nuo são fundamentais na gestão
eficaz do TDM.
1. 1 AVLIAÇÃO DO RISCO
Além disso, profissões de alto risco, como aquelas que envolvem operação de
maquinaria pesada, condução de veículos ou cuidado de pacientes em situações
crí�cas, exigem restrições para indivíduos com depressão. A presença de ideação
suicida é um fator crí�co a ser considerado, pois trabalhos que envolvem acesso
a meios letais ou que expõem o indivíduo a situações isoladas podem aumentar
o risco de suicídio.
101
1.4 PRESUNÇÃO DE INCAPACIDADE TEMPORÁRIA
102
superior a 30 dias, durante um período de acompanhamento de 3 anos com um
profissional especializado.
2. TRANSTORNO BIPOLAR
O transtorno bipolar (DB) é uma condição psiquiátrica complexa que se
caracteriza por episódios crônicos de mania ou hipomania, alternados com
episódios de depressão. Embora seja uma condição reconhecida, muitas vezes é
mal diagnos�cada inicialmente, o que pode levar a desafios no tratamento e no
gerenciamento adequado dos sintomas.
103
ou irritável, aumento da energia, impulsividade, diminuição da necessidade de
sono e comportamentos de risco. Já o episódio hipomaníaco apresenta sintomas
semelhantes, porém menos intensos. Por outro lado, os episódios depressivos
são caracterizados por tristeza profunda, perda de interesse, fadiga, problemas
de sono e baixa autoes�ma.
Em relação aos episódios hipomaníacos, esses não são tão graves a ponto de
causar prejuízos significa�vos. Dessa forma, esses episódios podem ser tratados
em ambiente ambulatorial, sem a necessidade de internação.
104
Em relação ao prognós�co, os resultados individuais variam muito. No caso do
TB1, nos primeiros 2 anos de um episódio maníaco inicial, 40% a 50%
apresentarão uma recorrência. Muitos indivíduos tratados com medicação
adequada e psicoterapia regular podem levar uma vida normal com poucos
surtos. Cerca de 25% a 50% dos indivíduos com transtorno bipolar tentam o
suicídio e 11% são bem-sucedidos.
Nos surtos hipomaníacos, os riscos podem ser mais su�s, uma vez que os
sintomas são menos graves do que nos episódios maníacos completos.
Entretanto, a energia excessiva e a impulsividade ainda podem colocar os
indivíduos em situações de risco. Profissões que demandam concentração e
controle emocional, como cirurgiões, pilotos de avião ou profissionais de
segurança, podem ser afetadas pela diminuição da atenção durante esses
episódios.
105
2.2 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE
Nos surtos maníacos, a pessoa pode experienciar uma energia excessiva, mas
muitas vezes direcionada de maneira desorganizada e impulsiva. Isso resulta em
dificuldade para se concentrar em tarefas específicas, tornando a conclusão de
projetos ou responsabilidades no trabalho mais di�cil. Além disso, a
hipera�vidade pode levar a uma sensação de exaustão posterior, prejudicando
ainda mais a capacidade de manter a produ�vidade.
106
A duração da incapacidade temporária depende da resposta e adesão ao
tratamento (medicamentos, assiduidade às sessões de psicoterapia). Uma
história de episódios de duração rela�vamente curta, boa resposta a
medicamentos e longos períodos de humor normal predizem o período mais
curto de incapacidade. Uso de substâncias, descumprimento de medicamentos,
psicose e história de longas hospitalizações tendem a atrasar a recuperação.
107
funcionamento social e dificuldades acentuadas em manter concentração,
persistência ou ritmo.
108
do desenvolvimento de habilidades de enfrentamento para lidar eficazmente
com a ansiedade crônica associada ao TAG.
Geralmente não há risco de trabalhar com TAG, a menos que uma situação
específica no local de trabalho seja um ga�lho para preocupação excessiva.
A capacidade normalmente não é afetada por esse distúrbio, pois a maioria dos
indivíduos se sente tranquilizada ao realizar tarefas de trabalho familiares com as
quais se sente competente. A concentração e o julgamento podem ser afetados.
Indivíduos com dificuldade de concentração podem se beneficiar de instruções
escritas e de um ambiente silencioso ao iniciar uma nova tarefa de trabalho para
aumentar o foco.
109
Sedentário 1 7 30
Leve 1 7 30
Médio 1 7 30
Pesado 1 7 30
Muito Pesado 1 7 30
4. ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia, um conjunto complexo de transtornos mentais, é caracterizada
por uma perda significa�va de contato com a realidade, levando a
comportamentos psicó�cos, bem como distúrbios que persistem por mais de seis
meses, afetando o pensamento, percepção, emoções, comportamento e
comunicação. Esta condição traz consigo uma série de desafios que impactam
profundamente a vida daqueles que a experimentam.
110
A prevalência global es�mada da esquizofrenia ao longo da vida varia de 0,4% a
1%, sendo que até 20% dos indivíduos com esquizofrenia têm um desfecho mais
favorável, recuperando-se significa�vamente e alcançando seu nível de
funcionamento anterior. O início dessa doença normalmente ocorre entre o final
da adolescência e a meia-idade, embora formas de início tardio, conhecidas como
"parafrenia", também possam ocorrer.
111
mesmo levar a mal-entendidos ou conflitos. Outro exemplo são as profissões que
envolvem a operação de veículos, como motoristas de ônibus, caminhões ou
táxis. A influência dos sintomas colocam em risco tanto o próprio paciente
quanto outras pessoas no trânsito.
112
Trabalho Mínimo Médio Máximo
(�po) (dias) (dias) (dias)
Sedentário 182 224 Indeterminado
Leve 182 224 Indeterminado
Médio 182 224 Indeterminado
Pesado 182 224 Indeterminado
Muito Pesado 182 224 Indeterminado
O critério C, por sua vez, busca confirmar a persistência do quadro mesmo após
tratamento médico o�mizado. Essa parte do processo destaca a necessidade de
documentação médica confiável, que evidencie a recorrência de episódios de
descompensação, cada um com afastamento temporário por mais de 90 dias, em
um período de acompanhamento de 3 anos.
113
A e�ologia do TDAH é complexa e envolve uma combinação de fatores gené�cos
e ambientais. Essa condição se destaca como uma das mais hereditárias entre os
transtornos psiquiátricos, ressaltando a influência significa�va dos fatores
gené�cos na sua manifestação.
É importante observar que adultos que �veram TDAH desde a infância podem
enfrentar riscos adicionais ao longo da vida. Isso inclui uma maior probabilidade
de desenvolver transtornos de conduta e abuso de substâncias, além de possíveis
desafios em áreas como relacionamentos, emprego e educação.
114
máxima, e que não toleram margem para erros, podem representar desafios
significa�vos para pessoas com TDAH.
Indivíduos com TDAH, muitas vezes, escolhem carreiras que se alinham com suas
habilidades cogni�vas. Optam, por exemplo, por carreiras mais cria�vas, onde a
flexibilidade de pensamento é valorizada, ou por trabalhos mais prá�cos e
operacionais, onde a atenção a detalhes específicos é menos crucial.
Para uma boa capacidade laboral não é necessário, em todas as profissões, uma
habilidade de foco intenso e concentração absoluta. Há uma ampla variedade de
atributos que contribuem para o sucesso em diferentes profissões. A
adaptabilidade, a cria�vidade, a comunicação eficaz e a resolução de problemas
são apenas alguns exemplos. Portanto, embora a redução de concentração possa
parecer uma limitação em certos contextos, é possível encontrar áreas onde essas
caracterís�cas se tornam uma vantagem.
115
A tolerância varia de indivíduo para indivíduo, mas normalmente não é uma
preocupação. Em geral, o trabalho tem um efeito benéfico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Bains N, Abdijadid S. Major Depressive Disorder. [Updated 2023 Apr 10]. In:
StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-
. Available from: htps:// www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK559078/
2. Bradley RG, Binder EB, Epstein MP, Tang Y, Nair HP, Liu W, Gillespie CF, Berg T,
Evces M, Newport DJ, Stowe ZN, Heim CM, Nemeroff CB, Schwartz A, Cubells JF,
Ressler KJ. Influence of child abuse on adult depression: modera�on by the
cor�cotropin-releasing hormone receptor gene. Arch Gen Psychiatry. 2008
Feb;65(2):190-200.
3. Green JG, McLaughlin KA, Berglund PA, Gruber MJ, Sampson NA, Zaslavsky AM,
Kessler RC. Childhood adversi�es and adult psychiatric disorders in the na�onal
comorbidity survey replica�on I: associa�ons with first onset of DSM-IV
disorders. Arch Gen Psychiatry. 2010 Feb;67(2):113-23.
4. Hany M, Rehman B, Azhar Y, et al. Schizophrenia. [Updated 2023 Mar 20]. In:
StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-
. Available from: htps:// www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK539864/
116
5. Messias EL, Chen CY, Eaton WW. Epidemiology of schizophrenia: review of
findings and myths. Psychiatr Clin North Am. 2007 Sep;30(3):323-38.
7. Chand SP, Marwaha R. Anxiety. [Updated 2023 Apr 24]. In: StatPearls [Internet].
Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from:
htps://www.ncbi.nlm.nih.gov/ books/NBK470361/
8. Jain A, Mitra P. Bipolar Disorder. [Updated 2023 Feb 20]. In: StatPearls
[Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from:
htps://www.ncbi.nlm.nih.gov/ books/NBK558998/
10. Merikangas KR, Jin R, He JP, Kessler RC, Lee S, Sampson NA, Viana MC,
Andrade LH, Hu C, Karam EG, Ladea M, Medina-Mora ME, Ono Y, Posada-Villa J,
Sagar R, Wells JE, Zarkov Z. Prevalence and correlates of bipolar spectrum
disorder in the world mental health survey ini�a�ve. Arch Gen Psychiatry. 2011
Mar;68(3):241-51.
12. Kates N. Aten�on deficit disorder in adults. Management in primary care. Can
Fam Physician. 2005 Jan;51(1):53-9.
117