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INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR SANT’ANA

GABRIELA VIVIANE NABOZNY RIBEIRO

ESTUDO DE CASO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR

PONTA GROSSA
2019
ESTUDO DE CASO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR

O relato de caso escolhido para discussão é o de uma senhora de 59 anos,


divorciada e mãe de dois filhos, diagnosticada com pênfigo vulgar, que é uma
doença auto-imune de pele, pouco conhecida e se não tratada pode levar à óbito
devido à um desequilíbrio hidroeletrolítico e sepsis.
A mulher foi internada em um hospital pelo SUS, onde permaneceu durante
três meses e meio. Relatou que já havia passado duas vezes por internamento
devido a mesma doença, que foi diagnosticada pela primeira vez há cinco anos. A
paciente nunca relacionou a doença à sintomas psíquicos.
Em entrevista com a psicóloga, a paciente expressou angústia a respeito da
doença e a dor que lhe causada, bem como fantasias relacionadas à sua imagem
corporal e se mostrou interessada nos atendimentos psicológicos e a necessidade
de exteriorizar o seu sofrimento espontaneamente, não precisando de estímulo.
A paciente sempre se mostrava, apesar da doença, positiva, animada,
compreensiva criando estratégias para se desvencilhar do sofrimento, como leitura,
música, entre outros e aceitando bem a sua situação. A equipe, em discussão de
caso com a psicóloga ficou na expectativa de uma queda de humor da paciente em
questão, ficando sempre à prontidão dela, criando um bom vínculo.
Com o passar do tempo, as feridas e bolhas da pele da paciente estouraram
e secaram, fazendo com que ela pudesse aos poucos voltar à sua vida normal, se
vestir e se “arrumar”, maquiar, entre outras coisas, aspectos que a mesma disse
fazer parte de sua rotina.
Sobre o caso, podemos concluir que a intervenção do psicólogo nem sempre
é focada em aspectos negativos e problemas, pois o ser humano não é baseado
somente nisso. A paciente nos traz uma ideia diferente da que é vista
majoritariamente no ambiente hospitalar: a ideia da resiliência.
Traz também, um novo viés para ser pensado dentro das possibilidades de
ação do profissional de psicologia neste campo de trabalho. Pode-se perceber que
até mesmo a equipe tinha uma expectativa de que a paciente demonstrasse grande
sofrimento em algum momento da internação, expectativa essa que foi quebrada ao
longo do processo.
A partir desse estudo de caso fica clara a importância da compreensão do
desenvolvimento humano e do próprio ser humano como um todo, levando em
conta principalmente os fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento da
resiliência, baseados também no ambiente em que cada um se encontra.
Um espaço se abre para a inserção e estudos mais aprofundados da
Psicologia Positiva, fazendo com que esta possa atrelar-se às práticas da Psicologia
Hospitalar, e que ambas possam ser valorizadas como práticas e possibilidades de
estudo e de intervenção desses profissionais.
Cabe também salientar a importância do desenvolvimento de estudos de
caso, como este, para que se identifiquem quais fatores de proteção auxiliam no
enfrentamento de doenças, não só de pele, mas que possam ser utilizados e
aprimorados em outros casos. A questão da autoestima, amor próprio, tolerância à
frustrações, orientação social positiva, vínculos familiares, conhecimento e
familiaridade com a doença, espiritualidade, podem ser ferramentas importantes
para o processo de construção e compreensão da resiliência.

Referência:
Bianchini, D. C. S., & Dell'Aglio, D. D. (2006). Processos de resiliência no contexto
de hospitalização: um estudo de caso. Paidéia (Ribeirão Preto), 16(35), 427-436.

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