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A Matriz de Identidade

Moreno traz na sua teoria o conceito de “Matriz de Identidade” que pode ser significado
como o local do nascimento do sujeito, as pessoas e os objetos com os quais ele se
relaciona, isto é, o ambiente em que ele está inserido desde o nascimento, que, por sua
vez, irá contribuir para o seu processo definição como indivíduo. Nesse sentido, “identidade”
deve ser devidamente diferenciado do termo “identificação”. Identidade precede a
identificação, ou seja, está presente nas fases mais remotas do desenvolvimento da
criança. A “identificação” só é possível quando já existe uma noção de “eu” estabelecida e
o sujeito consegue diferenciar a si mesmo dos demais.
Quando nasce, a criança se encontra em um chamado Primeiro Universo que é dividido em
dois tempos:

1° tempo do Primeiro Universo ou Período da Identidade Total Indiferenciada: a criança


ainda não diferencia pessoas de objetos nem a realidade da fantasia; pra ela só existe o
tempo presente; todas as relações são de proximidade; ela tem “fome de atos”; não existem
sonhos pois não há possibilidades de registros. Esse período corresponde à Matriz de
Identidade Total Indiferenciada.

2° tempo do Primeiro Universo ou Período da Identidade Total Diferenciada ou de Realidade


Total: diminui a “fome de atos”; começa a diferenciar pessoas de objetos; surgem os registro
que possibilitam o aparecimento de sonhos; as relações começam a ter certa distância.

O início do Segundo Universo se dá a partir do que Moreno chama de “brecha” entre


fantasia e realidade, que até então estavam misturadas. Separam-se os atos de realidade e
os de fantasia. Esse momento corresponde à Matriz de Identidade da Brecha entre Fantasia
e Realidade. Existem três etapas de formação dessa matriz, são elas:
- Fase do Duplo: é a fase da indiferenciação e onde a criança precisa sempre de
alguém que faça, por ela, as coisas que ela não consegue fazer, necessitando de
um ego auxiliar.
- Fase do Espelho: aqui existem dois movimentos que se mesclam: o de concentrar a
atenção em si mesma esquecendo-se dos outros e o de concentrar a atenção no
outro ignorando a si mesma.
- Fase de Inversão: onde existe a tomada do papel do outro para em seguida haver
uma inversão concomitante dos papéis.

Redes Sociométricas

Redes sociométricas são compostas por vários átomos sociais (relações interpessoais que
se desenvolvem a partir do nascimento), mas nem sempre são evidentes. Esses fenômenos
são objetivamente observáveis, embora apresentem também variáveis subjetivas. As redes
se formam a partir de vários papéis que cada um desempenha, como por exemplo o papel
profissional.
Teoria dos Papéis

As teorias psicodramáticas utilizam o conceito de “papel” para abordar o nascimento, a


existência individual e a participação do indivíduo na sociedade. Cabe salientar que os
papéis são observáveis e que este termo é mais apropriado que o termo “personalidade”.
Existem basicamente dois tipos de papéis:

- Unidades de representação teatral e de ação: seria o papel representado por atores


no teatro
- Funções sociais: seriam os papéis desempenhados diariamente na vida real, em
sociedade. Exemplo: papéis profissionais, papéis determinados pela classe social e
papéis familiares.
Em outra definição, Moreno cita que “papel é a forma de funcionamento que o indivíduo
assume no momento específico em que reage a uma situação específica…”. Os papéis se
constituem de elementos da singularidade como também da inserção no social.

Papéis Psicossomáticos

Os papéis psicossomáticos são os primeiros dentre todos os papéis. Eles dependem das
atitudes e satisfações que se encontram nos primórdios da identidade e estão diretamente
ligados com o ego-auxiliar e as “respostas” dadas por ele. Consistem em aprendizagem
emocional e principalmente, na imitação, mais especificamente chamada de “processo
infantil de adoção de papéis”. Esse tipo de papel pertence às fases de indiferenciação e de
realidade total da matriz.

Papéis Sociais e Papéis Psicodramáticos

Esses dois tipos de papéis emergem quando se instaura a fase da brecha entre fantasia e
realidade. É importante ressaltar que a fantasia não perde seu poder e sua função, apenas
fica delimitado o seu devido âmbito. Aos poucos, o Segundo Universo é inaugurado e a
função de realidade é imposta à criança. Os papéis psicodramáticos se desenvolvem
quando a criança conquista a capacidade de diferenciação da realidade e da fantasia.
Nos papéis sociais ocorre a função de realidade e nos papéis psicodramáticos, a fantasia
ou função psicodramática. Os papéis psicodramáticos correspondem à dimensão individual
e os sociais, à dimensão da interação social.
O desenvolvimento de um novo papel passa por três fases:
1) Role-taking: basicamente imitar um papel a partir de um modelo.
2) Role-playing: explorar as possibilidades de representação do papel.
3) Role-creating: desempenhar o papel de forma espontânea e criativa.

A representação de papéis psicodramáticos dentro do psicodrama permite insights


profundos por parte do protagonista e do grupo, considerando o significado dos papéis
assumidos.

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