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I – Socionomia
Quando as pessoas usam o termo Psicodrama, estão, geralmente, se referindo à
Socionomia. O Psicodrama é apenas um ramo de suas divisões e subdivisões, mas sua força
e sua visibilidade acabaram fazendo com que a denominação da parte fosse estendida para
o conjunto da obra.
A Socionomia se divide em Sociometria, Sociodinâmica e Sociatria, as quais
guardam em comum a ação dramática como recurso para facilitar a expressão ou a
investigação da realidade implícita nas relações interpessoais e/ou grupais.
Sociometria – significa a mensuração das relações sociais, todas as medidas de
todas as relações. A base da sociometria é a noção que “cada grupo tem sob sua superfície
tangível, visível e legível uma estrutura subjacente, intangível, invisível, não oficial, mas
que é mais viva, real e dinâmica que a outra.” (Moreno, 2020).
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II – Sociometria
Os principais conceitos relacionados à sociometria são tele, átomo social, critério,
expansividade emocional e rede.
Tele é a unidade mais simples de sentimento transmitida de um indivíduo para
outro. Tanto pode ser de atração como de rejeição; é uma espécie de denominador comum
emocional de mão dupla, uma parte projetiva, de saída e outra retroprojetiva, de retorno.
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e outro também recebe cinco, mas em terceiro lugar, a eleição do primeiro revela maior
intensidade em relação ao segundo.
b) a expansividade se refere ao número de indivíduos (quantidade) com quem
uma pessoa se relaciona. Quanto maior o número de pessoas com que se relaciona, maior o
grau de expansividade social do indivíduo. A expansividade abrange, também, aquela que
emana das demais pessoas do átomo, gerando uma cadeia de relações interindividuais.
“... se os indivíduos que formam o átomo social de um sujeito, têm uma forte
expansividade afetiva, este sujeito central do átomo social estará em relação com gente
que, por sua vez, tem contato com outras pessoas.” (Moreno, 1972)
c) o equilíbrio revela a proporção de escolhas e rejeição que um indivíduo faz ou
recebe. As escolhas e rejeições emitidas e recebidas tendem a ser semelhantes, havendo
certo equilíbrio.
d) a dinamicidade diz respeito ao caráter dinâmico e mutável do átomo em
função do entrelaçamento das atrações e rejeições. Revela a mobilidade de um grupo.
Considerando-se o ponto de vista a partir do qual se estudam as escolhas ou
rejeições que integram o átomo social, pode-se diferenciá-lo em átomo psicológico e átomo
coletivo. Quando o indivíduo faz suas escolhas, partindo do individual para o coletivo,
temos o átomo psicológico. Inversamente, quando as escolhas partem do grupo para o
indivíduo, temos o átomo coletivo.
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IV – Grupo
Para Moreno, o grupo surge da expansividade do átomo social ou do conjunto de
vários átomos interligados. A partir da simplicidade de uma relação ou vínculo interpessoal,
constitui-se uma extensa rede de relações sociais. Todo grupo humano consiste numa rede
complexa de átomos sociais.
A matriz sociométrica dos grupos é constituída pelos seguintes elementos:
a) tele - pessoas, indivíduos interligados pela sua dimensão relacional/interpessoal;
b) relações/vínculos - constituídos pelos papéis através dos quais as pessoas se
relacionam.
c) átomo social - constituído pelo conjunto de vínculos afetivos de um indivíduo;
d) molécula, conjunto de átomos interligados (superátomo);
e) “socióide” - aglomerado de átomos ligados a outros aglomerados por meio de
cadeias ou redes interpessoais;
f) “classóides” - interpenetração de numerosos socióides. Estruturas sociométricas
de classes sociais, ex. burguesia, proletariado.
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uma ação centralizadora, mas já se inicia uma organização. Os sentimentos mais comuns
são de desinibição, prazer na experimentação, em se mostrar, em ver o outro, satisfação nas
descobertas e surpresas agradáveis.
c) fase da diferenciação vertical (identidade grupal). As relações tornam-se
télicas, com possibilidade de inversão de papéis. Surgem líderes, propostas e respostas
novas advindas do grupo. As ações são de cooperação, de organização e trabalho coletivo.
Distribuem-se tarefas e os papéis são assumidos espontaneamente. O clima predominante é
de colaboração, confiança, espontaneidade, liberdade de manifestação, embora haja,
também, disputas, confrontos, divergências de ideias e posições. Sentimentos positivos e
negativos são expressos e manifestos. Os vínculos tornam-se mais intensos e explícitos. Há
admiração e prazer em estar com os outros. É o momento da estruturação e organização
grupal: são criadas condições de ação produtiva do grupo e eficácia em relação aos
objetivos.
Tricotomia Social
A sociedade oficial (externa) e a realidade sociométrica grupal não são idênticas.
O conjunto de todos os grupamentos palpáveis e visíveis, grandes ou pequenos,
formais ou informais que compõe a sociedade humana constituem a sociedade externa. A
matriz sociométrica é composta pelas estruturas invisíveis, subjacentes à observação
macroscópica, que só são percebidas pelo processo de observação sociométrica.
A existência subterrânea de inúmeras constelações sociais pressiona
continuamente a sociedade externa, em parte na direção de sua desintegração, em parte
num esforço para sua realização, ao mesmo tempo que a sociedade externa resiste contra a
mudança e luta para permanecer estática. Nem uma nem outra existem isoladas - são
opostos dialéticos que se unem produzindo o processo da realidade social, a síntese
dinâmica e a interpenetração de ambas.
Quanto maior for a distância entre a sociedade oficial e a matriz sociométrica,
maior será o conflito e a tensão social.
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A Revolução Criadora
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relação com as pessoas e com o seu contexto, o que inclui o momento histórico, a natureza
e a sociedade em que está inserido.
Uma questão bastante sensível no momento histórico que estamos vivendo é a
relação do ser humano com a tecnologia, que nos coloca diante do dilema da conserva
cultural versus espontaneidade.
Moreno se sentia à vontade com os avanços tecnológicos de seu tempo e utilizou
os
meios de comunicação e as inovações que surgiam, compreendendo o que representavam e
viriam a representar no desenvolvimento da sociedade humana, tanto que produziu filmes
terapêuticos, cujo objetivo era o tratamento do público, para promover seres espontâneos e
criativos.
Sua preocupação era com a boa utilização das conquistas, imaginando que a
tecnologia poderia ser tanto um ganho como uma desvantagem. Por um lado, poderia
aprisionar e robotizar o ser humano, mas, bem aproveitada, poderia ser um aquecimento
preparatório para cada pessoa ampliar o autoconhecimento, a liberdade e a autonomia,
facilitando seu crescimento pessoal e sua integração na cultura.
Para aprofundar este último tema, sugerimos a leitura do capítulo “A
REVOLUÇÃO CRIADORA” no livro “QUEM SOBREVIVERÁ?”.
REFERÊNCIAS
Moreno, Jacob,Levy. Fundamentos de la Sociometria, Buenos Aires,1972
------------------------ Psicodrama,S.Paulo,Cultrix,1972
------------------------ Psicoterapia de Grupo e psicodrama, S.Paulo,Mestre Jou,1975
------------------------ Quem sobreviverá? Goiania, Dimensão,1992
------------------------ Sociometria, S.Paulo,Febrap,2020
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