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Ética na

Saúde
Professora Ma. Katiane Aparecida Soaigher
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

G956a Guilherme, Flávio Ricardo


Ética na saúde / Flávio Ricardo Guilherme. Paranavaí:
EduFatecie, 2021.
76 p.: il. Color.

1. Ética na saúde. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de


Educação a Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 174.2

Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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(44) 3045-9898
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AUTORA

Olá!

Sou a Professora Katiane Aparecida Soaigher!

● Tecnóloga em Estética e Cosmética (Unicesumar);


● Especialista em Estética Facial e Corporal (Unicesumar);
● Especialista em Fitoterapia (Instituto Sejana Martins);
● Especialista em Formação em Educação a Distância (Unip)
● Mestra em Promoção da Saúde (Unicesumar)

Possuo experiência na docência presencial no curso de Tecnologia em Estética e


Cosmética e como professora conteudista para diferentes Instituições de Ensino. Também
já atuei como massoterapeuta e terapeuta holística.
Para saber mais sobre minha trajetória profissional, deixo o acesso ao meu currículo
lattes: http://lattes.cnpq.br/1400995830786985
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Olá, caro (a) estudante!

É com prazer que apresento a disciplina Ética em Saúde, que irá abordar diversos
temas pertinentes ao desenvolvimento do profissional esteta. A apostila é dividida em qua-
tro unidades, e cada unidade apresentará discussões e temas curiosos e relevantes para
as tomadas de decisões éticas durante a execução dos procedimentos estéticos e demais
atitudes no ambiente de trabalho.
Na unidade I, vamos conhecer os principais conceitos relacionados à ética e como
eles se aplicam para a nossa profissão. Os principais conceitos discutidos serão: ética,
moral, bioética, deontologia e seus conceitos. Além disso, discutiremos sobre a
conduta ética dos profissionais da saúde e os princípios da bioética, que são a autonomia,
beneficiência, não maleficência e justiça. O conhecimento sobre esses termos é importan-
te para a compreensão das tomadas de decisões no ambiente de trabalho, pois
quando refletimos sobre nossos pensamentos e atitudes, temos a oportunidade de
melhorarmos enquanto cidadãos e profissionais, proporcionando maior segurança aos
nossos pacientes e para confiabilidade sobre a execução do nosso trabalho.
Na unidade II, você irá saber mais sobre equipes multiprofissionais e como elas po-
dem contribuir para a manutenção de um trabalho ético em clínicas de estética. As equipes
multiprofissionais estão cada vez mais presentes nos diversos tipos de profissões, e para
os profissionais estetas não é diferente, pois é comum a necessidade de trabalharmos
com profissionais de diferentes formações, para que possamos obter resultados mais
satisfatórios. Você também verá, como deve ser estabelecida uma relação ética entre o
profissional e seu cliente ou paciente, além da ética nas pesquisas em estética.
Na sequência, na unidade III falaremos a respeito do código de deontologia e sobre
o órgão de classe e suas implicações para os profissionais da beleza. O estudo sobre
as legislações em estética, é necessário para que possamos nos resguardar de
eventuais problemas judiciais e até mesmo morais.
Em nossa unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina falando sobre
ética e beleza, trazendo o dia a dia da profissão para as reflexões éticas com exemplos
clássicos de situações que podem ocorrer no ambiente laboral. Existem diversas situações
que podem ocorrer em nosso trabalho e que necessitam de uma reflexão ética para que
saibamos como proceder, de modo que a integridade física e moral dos nossos pacientes
seja preservada.

Aguardo você para essa jornada de conhecimento!


Bons estudos!

5
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Conceitos de Moral e Ética

UNIDADE II.................................................................................................... 20
Ética e suas Relações

UNIDADE III................................................................................................... 37
Leis e Órgão de Classe

UNIDADE IV................................................................................................... 54
Procedimentos Estéticos
UNIDADE I
Conceitos de Moral e Ética
Professora Me. Katiane Aparecida Soaigher

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de ética, moral, bioética;
● Princípios da Bioética;
● Deontologia e seus conceitos;
● Campos de estudo da ética profissional.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar ética, moral, bioética, deontologia e seus conceitos;
● Compreender os tipos de condutas que são consideradas
éticas para os profissionais da saúde;
● Estabelecer a importância da reflexão sobre os princípios da bioética.

4
INTRODUÇÃO

Durante os estudos em Estética e Cosmética, é comum pensarmos sobre como


deve ser a relação entre o profissional e o paciente, não é mesmo? Até porque nossa
profissão está totalmente relacionada ao atendimento a pessoas, por isso é normal que
surjam algumas dúvidas sobre como essa relação deve se estabelecer.
Para que possamos refletir com maior precisão sobre como deve ocorrer essa
relação, é interessante que saibamos alguns importantes conceitos sobre ética, pois, a
ética nos traz discussões sobre a conduta humana diante de outros seres humanos, é a
ética que nos traz para o conhecimento da necessidade de se importar com o outro e
saber viver em sociedade.
Por isso, nesta unidade, iremos conhecer os principais conceitos relacionados à
ética, para que ao longo da disciplina você possa estar apto a compreender a importância
de pensar antes de agir, e então irá agir com maior assertividade, pois quem pensa
antes de agir, tente a cometer menos erros.
Além disso, iremos conhecer e discutir sobre os princípios da bioética, que
são: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. O conhecimento sobre esses
princípios é interessante, pois nos chama a pensarmos sobre até onde o profissional
pode intervir ou não, sobre os limites profissionais e sobre a importância da liberdade de
escolha dos nossos pacientes, bem como, sobre a nossa liberdade de recusa ou
aceite para a realização ou não de procedimentos estéticos, já que nem sempre o que
nosso paciente deseja é o correto para a manutenção de sua saúde e bem-estar.
Todo esse conhecimento nos traz uma oportunidade de nos tornarmos
profissionais e cidadãos melhores, pois quando pensamos nas necessidades do outro e
quando refletimos sobre nossas condutas, temos então a chance de além de exercer
técnicas estéticas eficazes, também trazer conforto e segurança para nossos pacientes,
já que estes irão se sentir respeitados e valorizados com atendimentos que preservam
sua saúde e sua integridade moral.

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 5


1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ÉTICA, MORAL E BIOÉTICA

Ética é uma palavra comum, que escutamos e falamos rotineiramente, não é


mesmo? Ética é um termo comum a ser mencionado no ambiente escolar, profissional e
pessoal. É uma palavra que aparece nos debates políticos e que está fortemente
associada a tomadas de decisões. Mas talvez, grande parte dos indivíduos que
pronunciam essa palavra não sabem ao certo qual o seu verdadeiro significado, por isso
vale a pena sabermos exatamente do que se trata esse termo, para que possamos utilizá-
lo corretamente.
Ética é uma palavra grega que significa caráter, e está relacionada à tomada de
decisões vistas como positivas ou negativas. A ética é o estudo e reflexão do
comportamento humano, focando especificamente as regras impostas por uma
sociedade (MIZIARA, D.; MIZIARA, G., 2016).
Para melhor compreensão desse conceito, citarei alguns exemplos. Imagine que
você vive em uma casa na praia, uma praia naturalista em que o nudismo é algo comum
e esperado por todos os habitantes do local e também pelos turistas que visitam essa
praia. É claro que andar e trabalhar por todo este ambiente sem nenhuma roupa é
considerado como algo normal, não é mesmo? Isso porque, neste tipo de sociedade
andar nu é rotineiro, é uma coisa que acontece todos os dias, por todos os habitantes
do local, então não é visto como algo imoral. Agora imagine, que você mora em uma
cidade do Brasil, como por exemplo São Paulo, e sai na rua para ir trabalhar sem
nenhuma roupa, nem mesmo lingerie. O que irá acontecer, é que além de estar sujeito (a)
a responder judicialmente você também irá ser notado como um indivíduo sem ética,
sem moral, sem postura, uma pessoa que não poderá continuar a frequentar essa

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 6


sociedade. Imagine agora, a seguinte situação: uma pessoa próxima a você, como seu
cônjuge ou sua mãe, nota que você está ganhando peso de maneira contínua e rápida, e
portanto, sugere que você busque ajuda profissional para controle do peso. Mais tarde,
uma colega sua de muitos anos atrás, da qual não se viam e não possuem intimidade, lhe
dá a mesma sugestão. Provavelmente, você irá refletir sobre a opinião das pessoas
mais próximas, e irá até mesmo agradecer mais tarde pelo conselho, mas ficará muito
irritado (a) com o comentário da colega, pois essa pessoa invadiu sua privacidade, te viu e
fez um comentário sobre sua aparência, sem ao menos ter sido chamada para tal.
Com estes exemplos, quis demonstrar como as reflexões éticas dependem da
sociedade em que vivemos e das pessoas com que estamos nos relacionando. Os termos
ligados à ética podem sim ser específicos, mas a prática depende do contexto. É claro, que
existem situações que são vistas como erradas em praticamente todas as civilizações,
como por exemplo ferir um indivíduo sem motivo aparente, sem necessidade de legítima
defesa. Mas tratando-se da ética nos ambientes laborais (de trabalho), é preciso refletir
cada caso.
Talvez se colocar no lugar do outro seja a melhor forma de entender o que é
uma atitude ética ou não, pois se ao imaginar que tal atitude possa prejudicar de alguma
forma o indivíduo, então provavelmente não se trata de um comportamento ético.
Pensando desta forma, é possível dizer que a ética está diretamente ligada à empatia,
que é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Quando nos colocamos no lugar do
outro, quando pensamos em seus anseios e suas dores, conseguimos entender melhor
até que ponto podemos ou não chegar, até que ponto é seguro fazer ou não uma
pergunta (CHAVES, 2017).
Atitudes consideradas como antiéticas também estão ligadas a mal-entendidos,
e falsas errôneas, por exemplo. Imagine por exemplo, que você pergunta a um casal
quando é que eles vão ter filhos, e o mesmo demonstra-se sem graça e com irritação.
Mais tarde, você fica sabendo que o casal está com problemas de infertilidade, e já
estão tentando engravidar a alguns anos sem sucesso. É claro que essa é uma atitude
antiética, pois é uma atitude que feriu o outro, que ultrapassou os limites da relação,
mas em certo ponto não é sua culpa, visto que você não sabia da dificuldade do casal,
apenas fez essa pergunta de maneira descontraída, para puxar conversa. Por outro lado,
se você tivesse intimidade suficiente com o casal, saberia que eles enfrentam esse
problema, o que quer dizer que você não é próximo o suficiente para fazer tal pergunta.
Com o passar dos anos, a tendência é que os indivíduos tornem-se menos
antiéticos, seja pela necessidade para se adaptar aos diferentes grupos, seja para

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buscar uma evolução pessoal. Independente do estímulo, é necessário que a cada dia
busquemos tomar atitudes mais ponderadas, mais pensadas, e falar apenas aquilo que nos
cabe, aquilo que nos deram a oportunidade e liberdade para falarmos. Pois assim,
evitaremos diversas situações constrangedoras e antiéticas, que caso aconteçam podem
prejudicar em muito o nosso desenvolvimento profissional (CHAVES, 2017).
Chegou a hora de compreender o significado de moral. Muitas vezes a moral e a
ética são confundidas, até porque são palavras com propósitos bem parecidos. Tanto a
ética, como a moral tratam da reflexão sobre o que é correto ou não, sobre a tomada
de decisões aceitáveis. A principal diferença é que a ética visa a reflexão coletiva, e a
moral a reflexão individual.
A ética é um conjunto de reflexões sociais, e a moral um conjunto de reflexões
individuais. Podemos dizer então, que quando você pensa no que é certo dentro da
sociedade em que você vive, você está tendo uma reflexão ética, e quando você
toma uma decisão segundo aquilo que apenas você pensa e crê, então está tendo
uma reflexão moral. Por exemplo, do ponto de vista ético roubar é sempre errado, pois é
quando você toma algo que não lhe pertence, mas do ponto de vista moral de alguns
indivíduos, roubar pode parecer uma situação aceitável algumas vezes. Imagine que
você vê um milharal repleto de milhos verdes e acredita que não há problema em pegar
alguns milhos, já que não fará grande diferença para o produtor rural.
Essa foi uma decisão moral, pois você não levou em conta o outro, pode até
pensar que levou, mas não, visto que ainda assim se trata de um roubo. Se você tivesse
refletido moralmente e eticamente, provavelmente não teria cometido este ato, porque do
ponto de vista ético da grande parte das sociedades roubar é sempre errado. Podemos
ver então, que a moral é mais variável do que a ética, pois a ética varia conforme
sociedades ou grupos, e a moral é individual. A moral pode ser influenciada pelo
convívio social e por outros fatores, ela é construída ao longo da vida e é mutável.
Outro termo importante a ser estudado é a bioética. Ela é a reflexão sobre
questões éticas em biologia, ou seja, é a tomada de decisões que envolvem aspectos da
saúde física e mental dos seres vivos, tanto os seres humanos como os outros animais. Muito
têm se falado atualmente sobre os testes em animais e sobre sua real necessidade, mas
neste momento vamos focar na bioética voltada para os seres humanos (ROSSETE, 2018).
As discussões em bioética são necessárias, pois as pesquisas devem ocorrer,
de modo a preservar os pesquisados. Uma das formas de preservar a integridade do
pesquisado é demonstrar de maneira clara e objetiva, o que será estudado antes do
início da pesquisa. É preciso detalhar todas as etapas das pesquisas e mostrar o que
será questionado, quais serão os procedimentos, e se os resultados serão
divulgados em algum meio.

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É importante lembrar, que o pesquisado pode sair a qualquer momento da
pesquisa, por mais que isso prejudique os resultados do estudo. Algumas vezes a pessoa
pode mudar de idéia, não querer mais receber tal procedimento ou então, pode se sentir
desconfortável ao responder algumas perguntas. É preciso sempre se colocar no lugar
do outro, neste caso, do pesquisado.
Para exercer uma atividade profissional levando e m c onta a b ioética, é preciso
sempre pensar em liberdade, pensar que aquela pessoa que está sendo investigada é um
ser humano livre, que tem todo o direito de decidir por si só.
A bioética muitas vezes esbarra em questões religiosas, o que gera as vezes
perdas ao campo científico. Algumas religiões são mais rigorosas, e não concordam até
mesmo com as transfusões sanguíneas, o que impede muitas vezes o salvamento de
vidas, e entra em conflito com a obrigatoriedade que os profissionais de saúde têm de
realizar esse procedimento. Já outras religiões ou líderes religiosos, não concordam
com alguns métodos contraceptivos, como o aborto, eutanásia, reprodução assistida e
terapias gênicas (COHEN, 2004).
No que diz respeito ao profissional esteta, as principais reflexões bioéticas que
devem ser feitas são sobre as pesquisas em estética. A pesquisa em estética é
extremamente necessária, pois a área da beleza, saúde e bem-estar cresce a cada dia, a
cada dia temos um novo método, um novo equipamento, um novo cosmético, e com isso
precisamos mostrar a efetividade científica dessas inovações (MOSER, 2019).
Essa comprovação se dá por meio da pesquisa científica, que deve ser incentivada
e realizada, visto que, por meio dela os atendimentos estéticos se tornaram cada
vez mais eficazes e seguros, pois teremos respaldo para fundamentar tudo aquilo
que nós já sabemos na prática.
Darei agora, um exemplo sobre uma reflexão bioética em estética. Imagine que
você precisa de 100 mulheres para realizar um estudo sobre lipodistrofia
localizada, flacidez em interno de coxas, e você conhece precisa recrutar mais uma
mulher para essa pesquisa. Ao conversar com uma interessada ela diz que tem pouco
tempo e por isso pode ir em apenas duas das 10 sessões propostas para o
tratamento. O que você faz neste caso?
Se você escolher esta mulher para participar da pesquisa estará cometendo dois
erros. O primeiro é que ela provavelmente ficará insatisfeita em gastar seu tempo nesta
pesquisa, pois duas sessões não irão melhorar o aspecto da sua afecção estética. O
segundo problema é que você estará mentindo na sua pesquisa, pois não estará
mostrando resultados reais. Para demonstrar um resultado real esta mulher também

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deveria participar das dez sessões, assim como as outras 99 mulheres.
Outra questão bioética em estética é a tomada de decisões, visando a
biossegurança. A Biossegurança é a manutenção de práticas seguras no ambiente
laboral, visando a prevenção de riscos tanto para o paciente como para o próprio
profissional e seus colaboradores. Para manter a biossegurança em clínicas de estética, o
profissional deve sempre utilizar os EPIs (equipamentos de proteção individual) e
fornecer esses equipamentos para os pacientes, além de se atentar para a segurança
da clínica, como o estado do piso e instalações elétricas. Tudo isso deve ser pensado
pois a segurança do paciente está em jogo quando ele se encontra em um ambiente
não favorável.
Na pesquisa e na execução de tratamentos estéticos não há espaço
para reflexões unicamente morais, a ética e a bioética devem ser prioridades, pois o
outro e a verdade devem ser sempre priorizados para garantia da integridade
física e emocional dos pacientes.

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2. PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA

A bioética possui alguns princípios, alguns pressupostos que iremos estudar para
melhor compreensão do nosso dever ético. Esses princípios são: autonomia, beneficência,
não maleficência e justiça (MIZIARA, 2016).
Princípio de respeito à autonomia: a autonomia , a liberdade de escolhas e de
atitudes, desde que não prejudique o outro deve ser priorizada. Devemos respeitar as
particularidades e opiniões diversas dos nossos pacientes. Se meu paciente acredita que
o fotoprotetor não deve ser utilizado diariamente, eu não devo discutir com ele, mas sim,
sabiamente, de forma clara e objetiva falar pra ele, o porquê da importância da utilização
do fotoprotetor, mas, utilizá-lo, ou não, é uma escolha do paciente, que mesmo nociva à
sua pele, é ele quem opta por utilizar ou não.
Princípio da beneficência: o paciente deve ser preferencialmente beneficiado, ou
seja, se houver uma opção entre beneficiá-lo ou não, este deverá sim ser beneficiado. Se
eu puder escolher entre um cosmético mediano, e um cosmético de excelência, o cosmético
de excelência deverá ser escolhido para que o resultado do paciente seja o melhor possível.
Princípio da não-maleficência: o que for maléfico à saúde ou integridade moral do
meu paciente, nunca deverá ser realizado, os meios não justificam os fins quando se trata
do bem-estar do nosso paciente. Se eu não me sentir capaz para realizar um procedimento,
não deverei realizá-lo, até que eu estude e treine o suficiente para então poder vender o
procedimento.

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Princípio da justiça: que a justiça seja feita para nosso paciente ou para o
profissional. Por exemplo, imagine que seu paciente assinou uma ficha de avaliação em
que dizia que possui alergia à óleo essenciais, e mesmo assim, por esquecimento, você
utilizou um óleo essencial na sessão de massagem, que provocou uma séria alergia em
seu paciente. O paciente então, entrou na justiça alegando que lhe avisou sobre essa
alergia e que assinou uma ficha de avaliação. Você perdeu a ficha, não guardou, e alega
no tribunal que o paciente não te informou sobre a alergia. Isso é correto? Claro que não!
A justiça deve ser feita e nós devemos nos responsabilizar pelos nossos atos.

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3. DEONTOLOGIA E SEUS CONCEITOS

Deontologia pode ser dita como a ciência dos deveres, pois a origem dessa
palavra literalmente significa obrigação e dever. Por isso, a deontologia relata reflexões
sobre as obrigações que temos enquanto cidadãos. Ou pelo menos, daquilo que as
outras pessoas acreditam que seja a nossa obrigação (MEZZOMO, 2018).
Tratando-se de deontologia na profissão, aí sim fica evidente que realmente
temos obrigações bem definidas, pois ao exercemos uma profissão estamos certificando
aos nossos clientes/ pacientes que estamos aptos a exercê-la. Por isso, ao escolhermos
exercer a profissão de estetas e cosmetólogos, devemos nos preparar tecnicamente e
cientificamente para garantir que nosso trabalho seja realizado de maneira segura.
Ao finalizarmos a graduação, realizamos um juramento dizendo que nos compro-
metemos a exercer a profissão de maneira digna e correta, e recebemos a certificação de
que possuímos habilidades técnicas para a realização dos procedimentos estéticos, por
isso, é nossa obrigação judicial e como cidadãos fazer aquilo que realmente sabemos,
e estudarmos e praticarmos constantemente para aperfeiçoar nossas técnicas.
Isso não quer dizer, que o profissional que trabalha com beleza e não é graduado
também não está sujeito a responder judicialmente pelos seus atos. A deontologia não
exclui nenhum indivíduo de suas reflexões. É dever de todo cidadão que se propõe a fazer
algo, fazê-lo corretamente, evitando ao máximo danos a terceiros.

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 13


Em estética, isso também se encaixa na escolha dos produtos que serão
utilizados. É nosso dever optar por cosméticos que trazem resultados verdadeiros para
nossos pacientes, já que eles estão pagando por isso. Muitos cosméticos não possuem
efeito imediato, a grande parte previne e trata os sinais do envelhecimento e de outras
afecções ao longo do tempo, por isso alguns indivíduos sem respeito acabam por optar
por cosméticos mais baratos, com concentrações baixas de princípios ativos que não
trazem resultados satisfatórios nem mesmo a longo prazo, e continuam a cobrar um
valor exacerbado por essa aplicação.

REFLITA

Algumas pessoas se esforçam muito para pagar um procedimento estético, tanto para
essas como para aquelas que têm muito dinheiro, o tratamento deve ser realizado ex-
cepcionalmente, garantindo segurança e buscando o maior grau de satisfação.

Fonte: a autora.

Esta é uma atitude antiética inaceitável, que vai contra tudo aquilo que juramos ao
nos formarmos. A deontologia mostra, que é nosso dever fazer aquilo que é certo
dentro da nossa profissão, pois somos cidadãos que possuem direitos, mas para
desfrutá-los também precisamos refletir sobre nossos deveres.

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 14


4. CAMPOS DE ESTUDO DA ÉTICA PROFISSIONAL

A ética assim como as demais grandes áreas de estudo antigas e atuais podem ser
subdivididas para que os estudos sejam facilitados. Todos os campos de estudo
da ética podem ser discutidos também no âmbito profissional, pois em clínicas de estética
e demais espaços de embelezamento e de relaxamento, diversas situações distintas
podem ocorrer, exigindo percepções e análises diferentes. Os principais campos de
estudo da ética são: ética aplicada, ética normativa, ética descritiva, metaética, ética das
virtudes e ética moral (CHAVES, 2017).
Na ética aplicada, o estudo se volta para a aplicação da moral em diferentes
situações, sobre como a moral que é própria de cada indivíduo pode influenciar na
tomada de decisões. Na ética normativa as reflexões estão voltadas para os meios
práticos que determinam as ações morais, ou seja, o que leva um indivíduo a achar que
determinada ação é correta ou não. Na ética descritiva, as reflexões estão voltadas para
os meios práticos que determinam as ações morais, nas crenças que podem influenciar a
mudança de moral no indivíduo.

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 15


SAIBA MAIS

O estudo da ética descritiva é interessante, pois por meio dele é possível buscarmos
a compreensão sobre mudanças de comportamento não esperadas. Às vezes as
pessoas se tornam frias e rígidas, ou mais amorosas e compreensivas por sofrerem
estímulos externos que as influenciaram a mudar. As pessoas podem se tornar
melhores ou piores dependendo dos estímulos do ambiente e das pessoas que
convivem.

(FIGUEIREDO, 2008).

Na metaética se discute a fundamentação dos julgamentos. Na ética das virtudes


são estudadas as virtudes da mente, como a empatia e a bondade. E na ética moral são
feitas reflexões sobre o impacto que as ações geram no indivíduo.

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 16


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a leitura desta unidade foi possível observar o quão importante são as
reflexões sobre ética, moral e bioética no âmbito profissional, pois por meio delas é
possível que os profissionais estetas e demais profissionais da saúde possam cometer
menos erros éticos e morais, o que propicia a melhora de sua relação com seus pacientes
e melhor desenvolvimento do trabalho.
O conhecimento sobre a bioética e seus princípios, nos traz a oportunidade de
sabermos pontuar o que é ou não errado na hora de realizar pesquisas em saúde, bem
como, quais são as melhores decisões para preservar a liberdade do pesquisado ou do
paciente.
Por meio do estudo da autonomia foi possível observar a importância da
opinião e escolha do outro, que pode inclusive se sobressair à vontade daqueles com
formação intelectual superior. A beneficência mostra que é o bem, a melhora para o
paciente deverá sempre ser levada em conta. Independente de sua classe social, do
quanto pode ou não pode pagar por um procedimento ou do que essa pessoa anseia, o
bem para a manutenção de sua saúde deve ser sempre levado em conta. A não
maleficência fala sobre a necessidade de não prejudicar o paciente em hipótese alguma,
os procedimentos devem ser feitos para melhorar seu estado de saúde, auto-estima, e
não para prejudicá-lo. Vimos ainda, a importância da justiça para que tanto o paciente
como o profissional tenha o direito de lutar por aquilo que é justo, por aquilo que é
verdadeiro.
Falamos ainda sobre as diferenças entre ética e moral, e como a moral também
é importante e necessária para tomadas de decisões importantes. A ética nos norteia
principalmente em sociedade, nos dá um direcionamento para não prejudicar o outro, e a
moral nos dá o direcionamento para tomadas de decisões individuais, que dependem
daquilo que nós acreditamos ser correto.

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 17


LEITURA COMPLEMENTAR

No artigo a seguir, é possível observar importantes reflexões sobre a ética para os


profissionais da saúde. Leia o trecho a seguir e clique no link para a leitura completa:
“Acreditamos que é de vital importância, que os profissionais do futuro estejam
aptos a dar soluções aos novos desafios que se apresentam na atenção à saúde da
população. Quando se fala em ética, se está vislumbrando uma sociedade mais justa, onde
a dignidade de todos seja respeitada. Nos mais diversos espaços de atendimento à
saúde, a observância dos princípios éticos na prática diária dos profissionais propõe, que
sejam respeitados os valores morais e culturais dos indivíduos. Para alcançar a
responsabilidade estratégica, é evidente que há necessidade de acolher a colaboração
dos especialistas nas mais diversas áreas, respeitando a multidisciplinaridade,
promovendo a educação permanente, cujo produto final seja a humanização da prática
médica.”
https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/79/83

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 18


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Ética Profissional.
Autor: SROUR, Robert.
Editora: Elsevier.
Sinopse: A ética nas empresas é discutida neste livro visando
reflexões s obre a quilo q ue é c orreto n ão a penas p ara o desen-
volvimento da empresa, mas também para os indivíduos que nela
trabalham e que recebem seus produtos ou serviços. O livro traz
importantes informações sobre as principais atitudes éticas espe-
radas de um (a) empresário (a).

FILME/VÍDEO
Título: Fome de Poder.
Ano: 2017.
Sinopse: O filme Fome de Poder mostra como um homem que
roubou a ideia de dois irmãos e acabou vendendo essa ideia em
forma de franquias para o mundo todo. O filme mostra que nem
sempre o indivíduo mais ético é aquele que consegue alcançar
o sucesso, mas que se você unir a ética a boas idéias e
inovação, poderá enriquecer sem prejudicar ninguém.

UNIDADE I Conceitos de Moral e Ética 19


UNIDADE II
Ética e suas Relações
Professora Ma. Katiane Aparecida Soaigher

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de Equipes Multiprofissionais;
● A Relação entre Profissional/Paciente/Cliente;
● Ética na Pesquisa.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar as equipes multiprofissionais;
● Compreender os tipos de relações entre os profissionais
e os clientes que são aceitáveis;
● Estabelecer a importância da ética nas pesquisas.

20
INTRODUÇÃO

Para nos tornarmos profissionais cada v ez m ais é ticos e r esponsáveis existem


diversos temas que devem ser discutidos e refletidos. Um destes é a necessidade de
saber trabalhar em equipe e de se tornar um bom líder.
Tanto as pequenas empresas como as grandes corporações necessitam de
profissionais que saibam quando falar e quando ouvir, que sabem se importar com as
necessidades da equipe e que sabem interagir de maneira clara, objetiva e com
respeito. Muitas vezes queremos nos isolar e fazer tudo sozinhos para evitar
conflitos, mas nos dias atuais isto já não é mais possível, pois até mesmo os
trabalhos remotos necessitam de uma participação multidisciplinar e interdisciplinar
para resolução dos problemas com posicionamentos éticos.
Além do trabalho em equipe é preciso saber se posicionar enquanto líder,
pois todos os níveis hierárquicos exigem um posicionamento de liderança. Não há mais
espaço no mercado para aqueles que não querem pensar, hoje, é necessário pensar e
agir para a melhor obtenção de resultados.
Além do desenvolvimento profissional, é necessária a reflexão sobre o relaciona-
mento entre o profissional e seus clientes ou pacientes. As pessoas possuem
necessidades e anseios e, também, possuem limites, por isso, ao exercer nossa
profissão precisamos pensar em como realizar os procedimentos sem ferir a
integridade alheia, mantendo o respeito e comprometimento com aqueles que
acreditaram no nosso trabalho.
A ética durante a pesquisa também deve ser mantida. Quando um indivíduo
se propõe a participar de um experimento, ele dá um voto de confiança para a equipe de
pesquisa, e além disso também busca algum benefício, por isso as pesquisas em saúde
devem buscar manter a saúde e beneficiar na medida do possível aqueles que são
pesquisados.
Durante a leitura desse material veremos tudo isso, para que possamos refletir
cada vez mais sobre quais são as melhores decisões para execução da nossa
profissão, levando em conta a ética profissional.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 21
1. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

Equipes multiprofissionais são equipes compostas por indivíduos com formações


acadêmicas diferentes, ou sem determinada formação acadêmica mas que dominam as-
suntos e técnicas distintas.
A cada dia, torna-se mais comum a presença de equipes
multiprofissionais nos diversos espaços, pois por meio delas é possível a
melhor resolução de problemas, já que são diferentes cabeças pensando para
resolver um problema. E então você pode se perguntar: Mas dois profissionais da
saúde, com a mesma formação, não poderiam pensar juntos para resolver um
problema? Já que são diferentes “cabeças” pensando juntas… A resposta é:
depende! Geralmente quando áreas distintas se cruzam, os problemas com
maior complexidade são desdobrados mais facilmente. Vamos imaginar a seguinte
situação: Um homem chega até a clínica de estética relatando insatisfação com o
estado da sua pele, pois apresenta rugas e melasma. Neste caso, um (a) único
(a) profissional poderá solucionar os problemas, ou dois (as) profissionais estetas.
Agora, vamos imaginar outra situação. Uma adolescente chega até a clínica de
estética relatando insatisfação com sua aparência corporal, solicitando
procedimentos de emagrecimento (SEVERO, 2010).
Ao realizar a avaliação a profissional esteta verifica, que não há nem
mesmo presença de gordura localizada, e que na verdade a paciente apresenta
magreza extrema e sinais de bulimia. Neste caso, a profissional esteta poderá auxiliar
a pacienteII
UNIDADE I com técnicas
Conceitos
Ética decomplementares
e suas Moral e Ética como reiki, constelação familiar e outras para
Relações 22
autoconhecimento, alívio do estresse e ansiedade, e outras raízes de seu problema, mas
também irá necessitar de apoio de outros profissionais, como um nutricionista, um
psicólogo ou psicoterapeuta, e um fisioterapeuta para tratar das lesões musculares
causadas pela desnutrição.
Ao exercer nossa profissão precisamos ter a humildade de saber quando não pode-
mos resolver um problema por completo. Isso não é motivo de vergonha, é simplesmente uma
escolha adequada para o benefício do paciente. Ao realizarmos seja qual for a
graduação, necessitamos de outros profissionais, com visões e habilidades
diferentes. Muitas vezes, os médicos são vistos como profissionais capazes de
solucionar qualquer problema em saúde, mas nem sempre é assim, eles também
precisam de auxílio. Se um indivíduo chega até o hospital com ferimentos na pele,
provavelmente o enfermeiro terá maior habilidade para cuidar disso do que o médico.
Se o paciente necessita de fisioterapia para se recuperar das sequelas do
ferimento, o fisioterapeuta terá maior habilidade e conhecimento para lidar com
isso. Se o paciente necessita de um tratamento estético para solucionar os
problemas estéticos decorrentes das queimaduras, então o esteta é quem saberá
lidar com isso.

REFLITA

Cada profissão e cada profissional têm importante valor na sociedade. Atue de maneira
que seus pacientes sejam beneficiados e sua profissão seja valorizada!

Fonte: a autora.

Depois de realizadas estas reflexões sobre a importância de trabalhar em equipe, é


hora de entendermos a diferença entre equipes multidisciplinares e interdisciplinares, pois
são termos comuns quando falamos em equipes multiprofissionais.
Uma equipe multidisciplinar, é uma equipe que possui profissionais com formações
diferentes mas na mesma área do conhecimento. Por exemplo, a saúde, é uma das grandes
áreas do conhecimento. Uma equipe composta por nutricionista, estetas,
fisioterapeutas, médicos, enfermeiros e terapeutas ocupacionais, é uma equipe
multidisciplinar, pois possui indivíduos com formações diferentes mas na mesma grande
área do conhecimento, a saúde (SILVA, 2017).
Já as equipes interdisciplinares, são aquelas compostas por profissionais com
formações diferentes em uma das grandes áreas. Por exemplo, uma equipe composta
por um engenheiro mecatrônico (engenharias), um fisioterapeuta, um médico (saúde) e

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 23
um biólogo (ciências biológicas) que trabalham em conjunto para desenvolvimento de um
equipamento, que facilite a recuperação de pacientes que recebem próteses
ortopédicas (CAMPOS, 2007).
Para que o trabalho em equipe, seja ele multidisciplinar ou interdisciplinar seja bem
sucedido, são necessários alguns atributos básicos, como a própria capacidade de saber
trabalhar em equipe, e a capacidade de liderança.
Saber trabalhar em equipe, é um dos temas mais abordados nos dias atuais
quando falamos em capacidades e habilidades profissionais. É comum escutarmos nas
entrevistas de emprego, que o cargo exige capacidade de trabalho em equipe e somos
questionados e testados quanto a isso, pois já não é mais possível trabalhar sem
depender ou sem ter que ajudar o outro. Os problemas atuais tornam-se cada vez mais
complexos e exigem pontos de vista diferentes para que todos os indivíduos, de
diferentes crenças e culturas possam ser atendidos. Aqui, alguns pontos que podem
servir de reflexão para um adequado trabalho em equipe:
● Dividir conhecimento;
● Dar e saber receber feedbacks;
● Valorizar o outro;
● Saber ouvir;
● Saber quando falar;
● Se posicionar de maneira clara e objetiva;
● Respeitar os posicionamentos e levá-los em conta;
● Fazer a sua parte sem reclamar;
● Não desdenhar do trabalho alheio;
● Reconhecer quando errou e pedir desculpas;
● Estar sempre disposto (a) a aprender (PEDUZZI, 2009).

SAIBA MAIS

Quando uma equipe tem problemas em alinhar as expectativas entre si e


passar feedbacks construtivos, o time pode continuar com os mesmos erros. Dessa
forma, ele acaba não melhorando. Por isso, dar um parecer sobre ações de cada um é
preciso.

fonte: MENDES, Guilherme. O que é feedback? Entenda sua importância, tipos e exemplos. FM2S,
2020. Disponível em: https://www.fm2s.com.br/feedback/. Acesso em: 01 de Agosto. de 2022.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 24
Outra característica necessária aos profissionais atuais é a capacidade de liderança.
A liderança possui diferentes significados, e possui conceitos diferentes ao longo do tempo.
A alguns anos, ao ouvirmos que alguém seria o nosso líder, provavelmente imaginaríamos
uma pessoa superior, que sabe mais do que todos na empresa e que tem a oportunidade de
mandar em quem quiser e como quiser. Parece algo estranho nos dias atuais, não é mes-
mo? E é. Hoje para ser um líder, o indivíduo não apresentará necessariamente formação
escolar superior a de seus colegas de trabalho, mas deverá sim apresentar habilidades que
o capacitem para uma boa gestão de equipe.
Para ser um líder nos dias atuais, não basta mandar e esperar que alguém
faça como solicitado, pelo contrário. Um bom líder deve trabalhar em conjunto com sua
equipe para a resolução dos problemas. O papel de um líder é saber ouvir e saber
mediar os conflitos presentes em uma equipe (MAXWELL, 2014).
Alguns autores, em especial os mais antigos, defendiam a liderança como
algo inato, acreditando que o indivíduo já nasceu com essa característica. Hoje
sabemos que isso já não é mais verdade, pois a liderança é algo que pode ser
aprendido, desenvolvido. Sem dúvidas vale a pena buscar o desenvolvimento dessa
habilidade, pois liderar é necessário em todas as áreas do conhecimento. Até mesmo
aquele funcionário que possui o cargo de menor hierarquia na empresa, precisa
desenvolver seu potencial de liderança, para que saiba mediar os conflitos dentro do seu
trabalho e para que demonstre a capacidade de ocupar outros cargos, caso deseje.
Liderar no ramo da estética talvez seja uma das habilidades mais necessárias,
pois esta profissão exige o desenvolvimento do empreendedorismo, seja qual for o
seguimento. Se você sonha em abrir sua própria clínica de estética, vai precisar sa-
ber liderar sua equipe. Se você sonha em fazer parte de uma rede de beleza como
colaborador (a), deverá saber trabalhar em equipe e liderar dentro do seu cargo. Se
você sonha com a docência superior em estética e cosmética, ou com a ministração
de cursos, deverá saber como liderar e se posicionar com seus alunos e com a equipe
pedagógica. Por isso, sempre vale a pena investir tempo para o aperfeiçoamento
sobre liderança e trabalho em equipe. Quando trabalhamos em equipe e sabemos
como ser bons líderes, o comportamento ético será valorizado, pois um bom líder que
sabe trabalhar em equipe, é um indivíduo que leva em conta aquilo que é melhor para
todos, pois sabe que o sucesso de sua equipe, é o seu sucesso.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 25
2. RELAÇÃO PROFISSIONAL/CLIENTE/PACIENTE

Antes de falarmos sobre o relacionamento entre o profissional e seus pacientes ou


clientes, é importante sabermos o significado da palavra profissão. Profissão é o meio de
trabalho que um indivíduo tem para seu sustento. É um conjunto de habilidades, que a
pessoa desenvolve ao longo da vida e aplica por meio do trabalho (OLIVEIRA, 2021). Para
ser considerado como um profissional em uma área, nem sempre é necessária uma
formação acadêmica específica, mas um conjunto de habilidades sempre será necessário
para que um bom trabalho seja feito. Por exemplo, para a construção de uma casa, é
necessário o trabalho de um bom pedreiro, que desenvolveu habilidades que o capacitaram
para a construção de uma casa, e o pedreiro não necessita de um diploma de graduação.
No entanto, caso a casa necessite de especificações por estar em um terreno com declínio,
então um profissional com formação em engenharia civil será necessário para realização
dos cálculos.
Na área da saúde dificilmente encontraremos profissionais sem titulação acadê-
mica, pois a área da saúde exige o estudo teórico sobre o corpo humano e as
reações fisiológicas. Na área do bem-estar e beleza, que é uma subárea da saúde,
encontramos algumas vezes, profissionais sem uma graduação e que exercem um bom
trabalho, e que devem ser respeitados e valorizados como qualquer outro profissional.
Porém, vale ressaltar, que nos dias atuais torna-se cada vez mais notável
o desenvolvimento intelectual seja qual for a área do conhecimento, pois a prática
aliada a teoria proporciona maior segurança para os nossos pacientes.
UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 26
Agora que já sabemos o que é uma profissão, vamos falar sobre a diferença
entre os termos paciente e cliente, para que possamos relacionar o profissional com
estes indivíduos.
Utilizamos o termo paciente, quando a pessoa recebe um atendimento que envolve
a manipulação de seu corpo, e usamos o termo cliente quando não há esse envolvimento.
Por exemplo, um homem chega até a clínica de estética solicitando consultoria para a
compra de cosméticos. Esse homem é um cliente, pois não receberá nenhuma intervenção
em seu organismo, apenas uma informação de compra.
Em outro exemplo, uma mulher chega até o setor de embelezamento solicitando
a realização de uma maquiagem. A maquiagem é um serviço estético que não causará
alterações orgânicas, por isso essa mulher é uma cliente.
Agora, uma adolescente chega até a clínica solicitando um tratamento para
acne. Essa adolescente é uma paciente, pois procedimentos para diminuição da acne
podem acarretar em alterações fisiológicas no sistema tegumentar (pele e seus anexos).
A maioria dos procedimentos estéticos envolvem a possibilidade de alterações
orgânicas e manipulação de tecidos, por isso tratamos as pessoas atendidas como pa-
cientes. Os procedimentos de embelezamento como maquiagem, manicure e pedicure e
embelezamento dos fios capilares se encaixam em procedimentos para clientes.
Agora que vocês já sabem o que é profissão e qual a diferença entre um paciente
e um cliente, podemos falar sobre a relação entre o profissional esteta e seus pacientes ou
clientes, e o modo como deve ocorrer essa relação para manutenção da ética profissional.
Tratando-se do profissional esteta, existem diversos assuntos que podem ser des-
tacados, como a manutenção da integridade e segurança dos pacientes, a relação entre a
participação dos pacientes em estudos científicos e a conduta de maneira geral do profis-
sional, enquanto exerce sua profissão e até mesmo fora do ambiente de trabalho, onde
o respeito pela profissão também deve ser mantido. Para a manutenção do bem-estar
entre o paciente e o profissional, este deverá se preparar antes de cada sessão, verifican-
do se sua imagem pessoal condiz com a postura de um profissional ético e que
demonstra capacidade para exercer adequadamente seu trabalho, além de garantir a
biossegurança de cada paciente, para tal, alguns pontos podem ser mencionados:
● Vestimenta: optar por peças que proporcionem movimento e que não sejam
apertadas demais. Roupas curtas e com decote não devem ser utilizadas;
● Utilizar sempre o jaleco;
● Unhas curtas para evitar atritos na pele do paciente e manter a higiene;

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I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 27
● Retirar anéis e quaisquer outros acessórios que possam gerar atrito na pele,
bem como, acessórios grandes que possam tocar na pele do paciente como
brincos;
● O cabelo deve estar sempre preso para evitar que toque no paciente, evitando
assim, contaminações e contato desnecessário;
● É necessário lavar sempre bem as mãos antes e após cada sessão para evitar
infecções, além é claro do uso de luvas;
● O calçado deve ser baixo para evitar acidentes e ruídos ao andar;
● Caso o profissional utilize perfume é importante que passe pouco, pois o cheiro
pode ser desagradável à algum paciente.

A ética profissional consiste, em um conjunto de normas e condutas aceitáveis


que todos os membros de uma profissão devem seguir, para desenvolver uma profissão de
forma honrada e estável preservando a integridade da profissão. Para tal, é necessário
possuir:
● Responsabilidade;
● Coleguismo;
● Pontualidade;
● Honestidade (ser claro e verdadeiro);
● Sigilo (resguardo das informações);
● Ética e publicidade (postar nas redes sociais apenas aquilo que possui permis-
são do paciente com sua assinatura).

A imagem de um profissional respeitável e de boa reputação é influenciada pela


conduta adequada. A conduta do terapeuta inclui os dados visuais, auditivos e olfativos
(odores corporais) que são projetados, por isso é necessário sempre atentar-se para a
higiene pessoal.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 28
REFLITA

Nós seres humanos possuímos pré-conceitos que são estabelecidos por regras da so-
ciedade. Por isso, independente do estilo adotado, é importante manter a higiene e o
mínimo de cuidado pessoal no ambiente de trabalho.

Fonte: a autora.

Toda relação, seja pessoal ou profissional, é caracterizada por limites físicos e


conceituais. Os limites físicos definem o conforto do indivíduo, que é até onde eu posso
tocar, e os limites conceituais estão ligados a comportamentos e atitudes que afetam o
nível de conforto desse indivíduo. Respeitando esses limites, é possível criar um espaço
seguro para os clientes, permitindo o desenvolvimento de uma relação profissional saudá-
vel. Alguns procedimentos, principalmente os corporais como as massagens, por exemplo,
envolve um contato direto com a pele exposta do paciente, o que gera a necessidade de
reflexão sobre os limites de contato.
Esses procedimentos podem adquirir uma conotação sexual com um simples co-
mentário inadequado. Um cliente que está tentando dar uma conotação sexual à sessão
pode transformar um toque seguro, ético e terapêutico em algo de natureza íntima, e deve
ser responsabilidade do terapeuta frear esse comportamento e conduzir uma sessão com
respeito, ou então, pedir ao cliente que se retire.
Tratando-se de pesquisas realizadas com pacientes, é necessário que estes es-
tejam de acordo com o estudo proposto e assinem um termo de consentimento livre e es-
clarecido, demonstrando total liberdade e vontade de realmente participar do projeto. Além
disso, o indivíduo pode sair do estudo assim que quiser, e deve ter seus dados pessoais
preservados caso opte por não mais participar.
Como foi possível observar, para manter uma atitude ética no ambiente de
trabalho, basta seguir regras básicas de convívio social, também dentro do ambiente de
trabalho, e sempre respeitar nossos pacientes. É comum que pequenos conflitos ocorram
em qualquer lugar, inclusive no ambiente de trabalho em estética, onde muitas vezes
nossos clientes possuem vontades exacerbadas e não compreendem que alguns
resultados não são possíveis, mas com uma boa conversa e com a devida demonstração
do que pode ser realizado por meio da ciência, é possível atingir bons resultados
preservando sempre a saúde e segurança de todos envolvidos.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 29
3. ÉTICA NAS PESQUISAS

As reflexões, o estudo sobre a bioética, sobre os princípios éticos relativos à vida


especialmente no âmbito profissional, começaram a se intensificar partir de 1720, e
tiveram influência de vários filósofos, em especial do Imanuel Kant, que citava que: “Age
de tal forma que uses a humanidade, tanto na tua pessoa, como na pessoa de qualquer
outro, sempre e ao mesmo tempo, como fim e nunca simplesmente como meio”. Ou seja,
o ser humano, não deve ser utilizado apenas como um meio de estudo, como um meio
para chegar a um fim, mas como o próprio fim, ele deve ser beneficiado pela ciência, e
não apenas utilizado por ela (DURAND, 2003).
Porque uma das principais questões da bioética desde o início de seu estudo até os
dias atuais, é a reflexão de que o ser humano não pode ser visto como uma cobaia de um
experimento, mesmo que ele concorde em participar desse experimento! Por exemplo, nós
vamos fazer um projeto de ensino, em que vocês vão avaliar se a radiofreqüência melhora
a flacidez tissular de um grupo de mulheres, e essas mulheres concordaram em participar
do projeto, elas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, porém, não é
porque elas vão participar dessa pesquisa de livre e espontânea vontade, sem custo algum,
que elas querem receber o tratamento sem visualizar nenhum resultado. Não é porque o
atendimento é gratuito, que nós não devemos nos preocupar em calibrar o equipamento de
radiofreqüência, em utilizar bons cosméticos, em realizar a técnica adequadamente, enfim,
se elas estão ali como voluntárias, elas devem ser tratadas com o mesmo respeito que um
cliente da nossa clínica.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 30
A ética em pesquisa também traz outros temas importantes, que não são discutidos
rotineiramente no ambiente estético, mas que podem vir a ocorrer, por isso é importante
sabermos nos posicionar frente a essas discussões.
Um dos temas envolvidos na pesquisa em saúde, é a utilização de animais para
testes. Atualmente, grande parte das empresas de cosméticos buscam por alternativas de
pesquisa que excluam a utilização de animais, devido aos danos envolvidos à vida em
questão. Como é um tema abordado atualmente pela mídia, nossos clientes poderão
questionar se utilizarmos cosméticos e maquiagens para realização dos procedimentos,
que são de empresas que não utilizam animais para seus testes. Por isso, é
importante nos atentarmos para a valorização dessas empresas, pois além de uma
questão pessoal sobre o benefício à vida animal, há a questão da valorização da opinião
dos nossos clientes. Até mesmo, porque hoje existem diversas linhas profissionais e de
uso pessoal, que possuem grande efetividade e não testam em animais. Há ainda as linhas
veganas, que além de não realizarem testes em animais também não utilizam nenhum
tipo de substância extraída de seres vivos, apenas substâncias provenientes de plantas
e substância industrializadas (GUIMARÃES, 2016).
Além dessa questão, existem outros temas que podem surgir durante a conversa
com o paciente, como temas mais polêmicos que envolvem crenças e religiosidade. O
aborto e a reprodução assistida por exemplo, são temas da bioética que podem sim ser
discutidos por qualquer indivíduo, mas que envolvem estas crenças e em grande parte das
vezes, posicionamentos religiosos. Por isso, ao ser questionado (a) no ambiente de trabalho
sobre seu posicionamento frente a esses temas, talvez seja mais viável manter-se neutro
(a) e evitar discussões desnecessárias, pois um cliente/paciente contrariado, pode se
sentir menosprezado, o que não é o que esperamos durante a execução da nossa
profissão.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como podemos observar durante a leitura do material, para nos tornarmos pro-
fissionais éticos s ão n ecessárias d iversas reflexões, não ap enas reflexões próprias do
campo de estudo ético, mas também reflexões sobre profissão, sobre quem queremos ser
enquanto profissional e sobre como podemos desenvolver isso.
O mercado de trabalho anda cada vez mais competitivo, pois felizmente um
maior número de pessoas tem a oportunidade de ingressar e concluir uma graduação e
se especializar em determinada área do conhecimento. Por isso, já não basta apenas ser
bom no que se faz, é preciso buscar ser cada vez melhor, não melhor do que o outro,
mas a sua melhor versão.
Além de habilidades técnicas precisamos saber como agir, saber o que falar e
até mesmo se é necessário falar, para que não ocorram conflitos desnecessários e que
possam colocar em risco o desenvolvimento profissional da equipe ou que coloque em uma
situação de constrangimento ou revolta os nossos pacientes.
Para isso, faz-se necessária a investigação sobre técnicas de liderança e de
trabalho em equipes multidisciplinares e interdisciplinares, pois ao estudar a formação e
integração dessas equipes podemos refletir com maior clareza sobre como tratar o outro
com respeito e com ética, seja qual for seu posicionamento.
Também é possível concluir, que a pesquisa é necessária em todos os
campos da saúde e de outras áreas, pois é por meio dela que conseguimos resultados
concretos daquilo que exercemos e ainda queremos exercer.
Por isso, o incentivo à pesquisa é necessário, e a realização de pesquisas éticas
são imprescindíveis. Pois, só por meio da pesquisa científica com ética é possível
obter resultados fidedignos e realizar testes que mantenham a integridade física, moral,
mental e emocional dos colaboradores.
Manter a ética no trabalho e na pesquisa, pode não ser uma tarefa fácil, mas
é uma tarefa que todos os profissionais devem aprender, pois não é uma escolha, é
um posicionamento necessário.

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I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 32
LEITURA COMPLEMENTAR

Como podemos observar, é cada vez mais real a necessidade de saber


trabalhar em equipe, muitas vezes em equipes multiprofissionais. O artigo a seguir,
mostra como ocorre esse processo para os profissionais da saúde:
“A proposta do trabalho em equipe tem sido veiculada como estratégia para enfrentar
o intenso processo de especialização na área da saúde. Esse processo tende a aprofundar
verticalmente o conhecimento e a intervenção em aspectos individualizados das necessida-
des de saúde, sem contemplar simultaneamente a articulação das ações e dos saberes.
Quanto à divisão técnica do trabalho, deve-se assinalar que, por um lado, introduz
o fracionamento de um mesmo processo de trabalho originário do qual outros trabalhos
parcelares derivam. Por outro lado, introduz os aspectos de complementaridade e de
interdependência entre os trabalhos especializados atinentes a uma mesma área de produ-
ção. Há que se considerar, simultaneamente, as dimensões técnica e social da divisão
do trabalho, uma vez que toda divisão técnica reproduz em seu interior as relações
políticas e ideológicas referentes às desiguais inserções sociais dos sujeitos.” Para saber
mais acesse: PEDUZZI, Marina. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia.
Revista de saúde pública, v. 35, n. 1, p. 103 - 109, 2001. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/rsp/a/PM8YPvMJLQ4y49Vxj6M7yzt/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25
Maio 2021.
“Há, hoje em dia, um crescente empenho dos profissionais e instituições da área
da saúde em aperfeiçoar a qualidade dos serviços médicos prestados aos usuários.
Gradativamente, houve a incorporação no campo da assistência à saúde, de noções
vinculadas à cidadania, aos direitos do consumidor e à responsabilidade ética dos
profissionais.
A qualidade de um serviço assistencial está diretamente associada à qualidade da rela-
ção interpessoal, que ocorre entre os pacientes e os profissionais encarregados da
assistência. Este trabalho, ao analisar os aspectos psicológicos envolvidos nessa relação,
visa contribuir para o aprimoramento da assistência à saúde, apresentando aos
profissionais da área, alguns elementos para reflexão sobre a natureza da relação
profissional-paciente, bem como indicando a importância da incorporação desses
elementos no treinamento de estudantes das profissões de saúde (medicina,
enfermagem, fonoaudiologia, serviço social, terapia ocupacional, nutrição, ortóptica e
outros).”
UNIDADE II
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Conceitos
e suas
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Moral e Ética 33
Para saber mais acesse: RELAÇÃO PROFISSIONAL-PACIENTE: SUBSÍDIOS PARA
PROFISSIONAIS DA SAÚDE. Psychiatry Online, São Paulo, 23 Ago. 2000. Disponível em:
https://www.priory.com/psych/cezira.htm. Acesso em: 25 Maio 2021.

“O tema da ética em pesquisa nas Ciências Humanas, foi intensamente discutido na


década de 1980 nos Estados Unidos. Esse era um momento de efervescência das pesqui-
sas urbanas com grupos alternativos aos estudos clássicos de Sociologia ou Antropologia,
tais como, usuários de drogas, traficantes, presos e adolescentes, e de surgimento de
novas questões de pesquisa, como a violência e a sexualidade. Além disso, foi nesse
período que as primeiras regulamentações nacionais de ética em pesquisa com seres
humanos surgiram internacionalmente, provocando uma controvérsia sobre sua
legitimidade para campos que não das Ciências Biomédicas, ou mesmo sobre sua
pertinência para as metodologias qualitativas.” Para saber mais acesse: https://
www.scielosp.org/article/csc/2008. v13n2/417-426/pt/.

UNIDADE II
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Conceitos
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deRelações
Moral e Ética 34
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: O que é ética em pesquisa.
Autor: Dirce Guilhem; Debora Diniz.
Editora: Brasiliense.
Sinopse: A ética em pesquisa é um novo campo do conhecimento
na interface de diferentes saberes. O objetivo é aproximar ciência
e ética, garantindo que erros do passado não mais se repitam.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, a ética em pesquisa foi
considerada uma questão exclusiva de estudos médicos, mas hoje
é uma afirmação da cultura dos direitos humanos na prática da
pesquisa científica em todas as áreas do conhecimento. No Brasil,
o sistema de revisão ética já tem mais de dez anos de existência e
conta com quase seiscentos comitês de ética em pesquisa. Este li-
vro apresenta o debate internacional e descreve as características
do modelo brasileiro de revisão ética.

FILME/VÍDEO
Título: Patch Adams - O amor é contagioso.
Ano: 1998.
Sinopse: Em 1969, após tentar se suicidar, Hunter Adams (Robin
Williams) voluntariamente se interna em um sanatório. Ao ajudar
outros internos, descobre que deseja ser médico, para poder ajudar
as pessoas. Deste modo, sai da instituição e entra na faculdade de
medicina. Seus métodos pouco convencionais causam inicialmen-
te espanto, mas aos poucos vai conquistando todos, com exceção
do reitor, que quer arrumar um motivo para expulsá-lo, apesar dele
ser o primeiro da turma.
Comentário: é um filme interessante para refletirmos sobre o limi-
te profissional, e sobre como podemos nos aproximar de nossos
pacientes em situações que exigem isso.

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 35
WEB

A estética e a beleza são temas cada vez mais comentados, pois a cada dia
vemos um maior número de pessoas que se preocupam com o estado de sua aparência
física, o que pode inclusive influenciar em suas condutas éticas ou antiéticas. Para saber
mais a respeito, acesse: https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/40125/a-
etica-pela-estetica-ou-um-ideal-de-vida-eticamente-bela

UNIDADE II
I Ética
Conceitos
e suas
deRelações
Moral e Ética 36
UNIDADE III
Leis e Órgãos de Classe
Professora Me. Katiane Aparecida Soaigher

Plano de Estudo:
● Código de Deontologia;
● Órgão de Classe;
● As regras para os espaços de beleza.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o código de deontologia;
● Compreender os tipos de regras no espaço estético para manutenção da saúde;
● Estabelecer a importância do órgão de classe.

37
INTRODUÇÃO

Olá, caro (a) estudante! Damos início ao estudo dessa unidade com diversas
reflexões pertinentes para a execução de boas práticas em saúde, com destaque para
as práticas pertinentes aos espaços de beleza.
Para sermos profissionais qualificados tecnicamente, precisamos nos empenhar
nos estudos teóricos em estética e cosmética, e praticarmos constantemente as
técnicas não é mesmo? E para sermos profissionais éticos? Precisamos do que?
Para exercer nossa profissão adequadamente, é necessário saber quais são
os nossos deveres e também nossos direitos, pois assim iremos valorizar a ética e a
moral no ambiente de trabalho. Uma das formas de refletirmos sobre a moral, sobre
nossos desejos e atitudes enquanto indivíduos únicos, é estudando a deontologia. Por
isso, nesta unidade, veremos como a deontologia pode nos ajudar a compreender o
porquê de não agirmos sempre da melhor maneira possível, da maneira mais esperada
socialmente.
É possível verificar, que por mais que sejamos indivíduos com necessidades físicas
e biológicas, também somos seres humanos que vivem em sociedade e,
portanto, possuímos deveres. Viver em sociedade pode parecer difícil às vezes, mas
temos que nos lembrar que, além de ajudar alguém todos os dias, também precisamos de
ajuda todos os dias.
Além de estudarmos essas questões morais, também iremos estudar sobre como
age um órgão de classe e qual sua importância, especialmente para os profissionais es-
tetas. Também veremos, quais são as normas que devem ser seguidas para um
ambiente seguro, que garanta a integridade física dos nossos pacientes.
Quando refletimos sobre nossas condutas, nos preocupamos com o futuro da
nossa profissão e com o bem-estar e qualidade de vida dos nossos pacientes, estamos
caminhando cada vez mais para um atendimento de excelência.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 38


1. CÓDIGO DE DEONTOLOGIA

A deontologia é uma corrente de pensamento que questiona os princípios éticos,


que coloca em teste as reflexões éticas que priorizam o outro, a sociedade, o bem sobre
as outras pessoas. A ética busca fazer aquilo que é correto conforme regras e normas
estabelecidas pela sociedade, e a deontologia questiona esse tipo de conduta. O código
de deontologia pode ser dito como uma parte da ética que valoriza o estudo dos princípios
morais, ou seja, daquilo que é correto segundo o pensamento individual (CHANTER, 2009).
As reflexões da deontologia por vezes podem parecer egoístas, especialmente se
pensarmos em nossas obrigações enquanto profissionais, mas elas são tão importantes
quanto as reflexões da ética em si, pois nos traz para uma visão de que cada ser é único,
e que aquilo que é bom para um, pode não ser bom para o outro. Talvez a deontologia seja
a subárea mais democrática da ética (MEDINA, 2016).
São consideradas como pessoas morais, todos os seres humanos que possuem
a capacidade de raciocinar e problematizar, ou seja, todos aqueles que estão com
suas faculdades mentais em dia. As crianças e as pessoas com problemas mentais, que
impedem a racionalização não são considerados indivíduos morais. A partir do
momento que as crianças possuem a capacidade de refletir sobre aquilo que
consideram como certo ou errado, serão então consideradas como indivíduos morais
(CHANTER, 2009).
Um dos principais princípios da deontologia, é que o ser humano busca ignorar
a dor e valorizar o prazer. Isso por diversos fatores, mas principalmente porque é
UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 39
algo mais simples, é até mesmo biológico. Precisamos levar em conta, que os seres
humanos possuem um lado irracional, um lado animal, que busca apenas sobreviver e se
reproduzir para garantia da existência da espécie.
Esse lado animal não quer refletir sobre aquilo que é melhor para a sociedade, mas
sim, sobre aquilo que é melhor para si, aquilo que lhe causa prazer imediato e que evita a
dor. Esse tipo de comportamento não é aceitável na maioria dos grupos e sociedades atuais,
pois a busca desenfreada pelo prazer, pode ocasionar dor ao outro, e a negação
constante da dor geralmente leva ao fracasso. Imagine que todos os dias ao acordar, você
dê preferência para o prazer ao invés da dor. Neste caso, ficar em casa na cama, tomando
um café tranquilamente é algo mais atrativo, do que levantar rapidamente para ir trabalhar
e estudar não é mesmo? Além disso, sair de casa pode gerar dor, pois você pode sofrer
estresse durante o deslocamento para o trabalho ou durante a aceitação do compromisso
de estudar.
Com este exemplo, fica claro que é impossível viver preconizando o prazer e
negando a dor, pois dessa forma não conseguiremos lutar pelos nossos objetivos.
Até mesmo o homem pré-histórico se negasse a dor e buscasse unicamente o prazer
não sobreviveria, pois certamente ficar na caverna segura e quente era algo mais
atrativo do que sair para caçar. Mas então a deontologia é inválida? É algo que não vale
a pena levar em conta? Não, na verdade não! A questão é que precisamos saber viver em
equilíbrio, saber ponderar os princípios da deontologia e da ética, para que possamos
levar em conta os anseios e desejos humanos e nossas obrigações enquanto cidadãos e
profissionais.
A deontologia também mostra que apesar dos nossos interesses próprios,
podemos beneficiar o outro sem deixar de lado aquilo que queremos. É possível buscar
nossa própria felicidade mantendo um caráter ético. Por exemplo, você, profissional
esteta, sonha em ser um (a) profissional bem sucedido (a), mas quer ao mesmo tempo
contribuir para a sociedade. Você pode gerenciar uma clínica de estética que possui
um projeto social, que duas vezes por semana atende gratuitamente com sessão de reiki
para pessoas que sofreram abuso físico. Ou então, pode reservar todos os meses parte
do seu rendimento para instituições de caridade. Até mesmo sem contribuir
financeiramente ou com o trabalho direto de maneira gratuita, é possível agir de maneira
ética e benéfica para a sociedade. A partir do momento, que você escolhe ser um (a)
profissional de excelência e atende seus pacientes com carinho e dedicação, você já
estará beneficiando-os. A valorização da beleza de maneira consciente e a preservação
da autoestima, são questões de extrema importância para manutenção do bem-estar em
muitas vidas.
UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 40
2. ÓRGÃO DE CLASSE

A valorização da estética da beleza atualmente é algo evidente, pois a cada dia


a indústria cosmética e de procedimentos estéticos cresce mais. A mídia nos mostra a
cada instante corpos perfeitos e peles jovens e, nos diz, que ser jovem é ser belo. Por
mais que algumas marcas estejam buscando a valorização dos diferentes biotipos,
gêneros, etnias e culturas, ainda é visível a valorização de determinados padrões de
beleza.
Cuidar da aparência não é um problema, pelo contrário, é um ato de amor próprio
e que demonstra que você se importa com o modo como as pessoas te vêem. O que
quero dizer, não é que a opinião alheia sobre sua imagem é importante, mas sim, que
um profissional que cuida de si mesmo demonstra estar pronto e interessado a cuidar do
outro. O problema, é quando a valorização estética se sobrepões a fatores éticos, e isso
pode acontecer nas clínicas de estética quando os pacientes são atendidos por profissio-
nais que não levam em conta os valores éticos.
Nem sempre podemos realizar tudo aquilo que os nossos pacientes solicitam,
pois algumas vezes suas vontades extrapolam o limite de segurança para sua saúde.
Há também os casos, onde nossos pacientes apresentam problemas de distorção de
imagem e se vêem de maneira completamente diferente de como realmente são,
exigindo tratamentos que possam acabar deformando sua verdadeira imagem.
Frente a estes casos precisamos agir com empatia, tentar entender o outro e buscar
auxílio de uma equipe multiprofissional para amenização dos problemas desse indivíduo.
UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 41
É necessário primeiro, tratar das questões de saúde mental para depois realizarmos
os atendimentos estéticos. Isso não quer dizer que o paciente não poderá ser atendido
de imediato, poderemos utilizar técnicas como massoterapia e escalda pés para alívio do
estresse e ansiedade.

REFLITA

“O autoconhecimento e a capacidade de discernir entre as emoções que são próprias


e as dos outros, de permanecer atento aos efeitos das próprias palavras e às reações
nos outros também representam aspectos importantes para a adoção de atitudes em-
páticas”.

(TEREZAM; REIS-QUEIROZ; HOGA, 2017).

Há também que se levar em conta, as legislações vigentes em estética no âmbito


nacional e as resoluções emanadas dos órgãos de classe para o desempenho da profissão
com consciência, decoro e responsabilidade, junto ao cliente, colegas, profissionais, comu-
nidade e na sociedade. Com o estudo dessas questões poderemos agir adequadamente
durante a execução dos procedimentos, saber quais cosméticos podemos usar, quais os
equipamentos permitidos para nossa profissão, etc.
Atualmente, não existe um órgão de classe no âmbito federal (nacional) para os
profissionais estetas, pois a regulamentação da profissão ainda está em processo de an-
damento. O que existe é um grupo, uma federação de discussões, a FEBRAPE, que é um
grupo que discute os interesses estéticos e possui sim, grande relevância, por isso asso-
ciar-se a este grupo é válido. Ainda há muito o que se discutir no planalto, e passamos
por um processo de votações para que seja determinado, quais procedimentos os
profissionais estetas podem ou não realizar.
Portanto, para saber o que podemos realizar ou não é necessário se unir a um
conselho de classe estadual, ou ao conselho de classe de biomedicina (CFBM). Os conse-
lhos de estaduais atuam de maneira a preservar os direitos dos profissionais de estética,
pois muitas vezes os outros órgãos de classe, de outras profissões da área da
saúde, buscam retirar alguns procedimentos estéticos da nossa profissão, para que
apenas estes profissionais tenham o direito de exercê-los.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 42


É preciso mencionar aqui, que trabalhar de modo a prejudicar o outro, incluindo
os profissionais de outras formações, não é uma atitude ética. Cada profissional tem o
direito de exercer determinados procedimentos, e uma atitude ética visa em primeiro lugar
o benefício e segurança aos nossos pacientes, e não o ganho de dinheiro por meio da
exclusão de outras profissões.
Ao se filiar ao conselho de classe do seu estado, você pagará uma taxa anual para
manutenção das reuniões e outros encargos, e deverá ter o direito de receber extratos
mostrando como essa verba é utilizada. É importante que você participe das reuniões e
esteja sempre atento (a) às mudanças na legislação da profissão.
Um dos conselhos de classe em estética mais fortes (atuantes) atualmente é o SIN-
DESTÉTICA, de São Paulo. Caso você note, que o órgão estadual em que você atua não
está comprometido suficientemente com a profissão, você pode estudar e se candidatar a
uma vaga de liderança no conselho, visando sempre a melhora da profissão e de todos os
filiados.
Para aqueles que querem se juntar a um órgão nacional, é possível associar-se ao
Conselho de Biomedicina, que aceitou a inserção de profissionais estetas neste conselho.
O conselho luta pelos direitos dos profissionais biomédicos e pelos direitos dos profissionais
estetas ali filiados, além é claro, de ressaltar os deveres de cada um.
Portanto, para saber quais são as mudanças nas legislações estéticas, é recomen-
dável a associação a um conselho de classe, o acesso contínuo ao site da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), que mostra quais produtos podemos utilizar, e a leitura dos
manuais dos equipamentos eletroestéticos, para sabermos a maneira adequada de utilizá-los.
Para finalizar, deixo aqui o juramento dos profissionais estetas ou esteticistas, que
é o juramento de Hipócrates que foi adaptado para nossa profissão. Vale a penas sempre
lermos este juramento que geralmente é utilizado no dia da colação de grau, para que
possamos refletir sobre nossos deveres enquanto profissionais:

“Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Estética e da Beleza.


Darei como reconhecimento a meus mestres, o meu respeito e minha gratidão. Praticarei
minha função com consciência, ética e dignidade.
A qualidade dos serviços aliada ao contentamento pessoal dos meus clientes será a primei-
ra de minhas preocupações.
Respeitarei todos segredos a mim confiados.
Manterei, a todo custo, a honra e a tradição de minha profissão.
Aos meus colegas dispensarei respeito e consideração.
Jamais usarei meus conhecimentos estéticos, contrariamente aos princípios e leis sobera-
nas que regem a Carta Magna brasileira.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 43


Prometo trabalhar em prol do desenvolvimento científico, tecnológico e humanístico de
minha profissão, devidamente alicerçado nos fundamentos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, com paz e justiça.
Que sejam assim iluminados os caminhos trilhados, tanto por mim como por meus colegas
de profissão.”

Fonte: JURAMENTO DOS ESTETICISTAS-FORMATURA. Tudo sobre o mundo da estética, São

Paulo, 8 Jun. 2014. Disponível em: http://tudosobreomundodaestetica.blogspot.com/2014/06/juramento-dos-

-esteticistas-formatura.html. Acesso em: 29, Maio 2021.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 44


3. REGRAS PARA OS ESPAÇOS DE BELEZA

É importante discutirmos sobre as normas de segurança nas clínicas de estética,


pois toda medida que visa a manutenção da segurança e bem-estar dos nossos
pacientes caracteriza uma medida de reflexão ética, levando em conta o outro.
O primeiro e mais importante passo para seguir as normas de segurança no am-
biente de trabalho, é verificar sempre a legislação vigente para cada parte da clínica, bem
como para os equipamentos e cosméticos utilizados. Para isso, basta acessar o site da
ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

SAIBA MAIS

No site oficial da ANVISA, em “consultas”, é possível verificar se os cosméticos e demais


produtos estão devidamente regularizados. Ao clicar em “cosméticos”, é possível inserir
o nome do produto, o CNPJ da empresa responsável e o número de registro do produ-
to, dessa forma antes de comprar o produto é possível saber se ele foi inspecionado e
aceito. Para saber mais, basta acessar o link:

https://consultas.anvisa.gov.br/#/.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 45


A Fim de evitar danos à saúde de nossos pacientes, vamos apontar algumas regras
que devem ser seguidas em cada ambiente de tratamento:

- ESPAÇO DE EMBELEZAMENTO PESSOAL:


● Os biombos devem estar sempre alinhados ao lado da maca para fácil acesso
do profissional ou posicionado nos pés da maca, nunca no meio da sala para
evitar acidentes;
● As banquetas disponíveis devem possuir pés fixos, pois pés com rodinhas ge-
ram maiores riscos de acidentes;
● Os espelhos, armários e demais superfícies devem ser limpos primeiro com um
pano úmido para retirada do pó, e, logo após, um outro pano úmido com álcool
70%;
● Aparelhos para depilação devem ser higienizados frequentemente com álcool
70%, e ceras de depilação nunca devem ser compartilhadas. Caso sobre cera
da panela de cera, esta deve ser descartada e a panela higienizada por dentro
com álcool 70% após esfriar. Caso sobre cera nos rolos de cera utilizados em
equipamentos manuais que aquecem (demonstrado na imagem abaixo), é pre-
ciso descartar totalmente o rolo, pois este estará contaminado. Um rolo só
pode ser utilizado em uma única pessoa;
● O ar-condicionado deve ser limpo com frequência por empresas responsáveis;
● As escadinhas para que o cliente suba na maca devem ser de ferro e com
borracha nos pés para evitar acidentes;
● Utensílios de pedicure e manicure devem ser esterilizados, ou, preferencial-
mente, de uso pessoal;
● Utensílios utilizados para escalda-pés devem ser lavados com água e sabão, e,
após secar, deve-se passar um pano com álcool 70%.

- ESPAÇO DE ESTÉTICA CORPORAL:


● As macas devem possuir regulagem e preferencialmente ter pés com borracha
para evitar que a maca deslize;
● As cadeiras de massagem portátil e as macas devem ser higienizadas frequen-
temente, preferencialmente a cada sessão, e, os lençóis utilizados em ambos
devem ser descartáveis. O procedimento ideal é retirar o lençol sujo e limpar
toda a maca ou a cadeira com um pano úmido e detergente, depois com um

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 46


pano úmido apenas por água, e, um pano com álcool 70% para então vestir
outro lençol limpo e descartável;
● Equipamentos diversos e inespecíficos como aparelhos de som e marcadores
de minutos devem ser higienizados uma vez ao dia com álcool 70%;
● A limpeza de cada equipamento eletroestético corporal depende da estrutura
do equipamento e de onde ele é utilizado, pois algumas manoplas permitem a
lavagem e outras não. Para verificar a maneira adequada de higienização dos
equipamento basta ler o manual de instruções de cada um;
● Os banheiros do espaço de estética corporal devem ser rigorosamente lava-
dos, assim como os banheiros da recepção e os banheiros para funcionários.
Recomenda-se a lavagem diária do piso, vaso sanitário e da pia, e utilização
de produtos para desinfecção por todo o espaço.

- ESPAÇO DE ESTÉTICA FACIAL:


● As lupas utilizadas para avaliação da pele e para realização de extrações na
limpeza de pele devem ser higienizadas com álcool 70% diariamente, ou a cada
sessão caso houver a averiguação de contato com substâncias adversas, como,
por exemplo, respingos de acne na lupa durante uma extração;
● A utilização de óleos essenciais nos ambientes de estética é comum, e eles po-
dem ser utilizados inclusive na sala de atendimento facial para diminuição dos
riscos de contaminação, pois muitos deles como o óleo essencial de melaleuca
por exemplo, possuem propriedade bacteriostáticas;
● O profissional deverá utilizar sempre os EPIS básicos para atividade laboral
além do óculos de proteção, que é necessário especialmente durante a
limpeza de pele, onde a extração de comedões ou manipulação de pápulas e
pústulas pode acarretar no respingo de material biológico, contaminado nos
olhos do profissional.

- ESPAÇO DE TERAPIAS ALTERNATIVAS:


● Colchonetes e almofadas devem ser higienizados a cada sessão com pano
úmido e logo após com álcool 70%;
● Equipamentos diversos como luzes para cromoterapia e objetos de decoração
devem ser higienizados diariamente com pano úmido;

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 47


● Ventiladores não devem ser utilizados neste e em nenhum outro espaço em
clínicas de estética, pois fazem com que os microorganismos do chão subam
para outras superfícies;
● A limpeza do chão deve ser feita com pano úmido, e nunca com vassouras que
fazem com que as sujidades do chão subam;
● Extintores de incêndio devem estar presentes neste ambiente conforme reco-
mendações do corpo de bombeiros, pois é comum a utilização de fogo para
procedimentos como moxabustão e para acender incensos;
● Cubetas e espátulas devem ser lavadas com água e sabão depois de cada
atendimento, e secas preferencialmente no sol, que possui a capacidade de
eliminar alguns microorganismos que possam estar alojados neste material,
após isso utiliza-se álcool 70%;
● Bambus e pedras utilizadas em massagens, devem ser higienizadas com água
e sabão e secas ao sol. As pedras podem receber posteriormente álcool 70%,
os bambus não, pois o álcool danifica esse material. Nos bambus podemos
borrifar soluções de óleos essenciais bacteriostáticos diluídos em água após
estarem lavados e secos.

- ESPAÇO DE ESTÉTICA CAPILAR:


● Pranchas e secadores devem ser limpos com pano seco no final do dia;
● Cadeiras de atendimento devem ser higienizadas com álcool 70% a cada aten-
dimento;
● Equipamentos de análise capilar devem ser higienizados a cada sessão com
álcool 70%;
● Presilhas, pentes, escovas, e qualquer outro objeto que entre em contato com
os fios ou com o couro cabeludo devem ser utilizados uma única vez, um por
sessão, por isso é necessário comprar diversas unidades para que no final do
dia todos sejam higienizados. Esses materiais devem ser mergulhados em
uma bacia com água e ¼ de detergente enzimático para retirada de sujidades
diversas como sebo, mas, antes disso, os fios enroscados nos materiais de-
vem ser retirados e descartados no lixo biológico. Depois desses acessórios
permanecerem por 30 minutos nessa solução, é necessário retirá-los e deixar
secar naturalmente, preferencialmente no sol. Depois de secos é recomendável
borrifar uma solução de água e ¼ de água sanitária.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 48


- RECEPÇÃO E DEMAIS AMBIENTES
● Toda a clínica de estética deve ser projetada por engenheiros civis e engenhei-
ros elétricos responsáveis, a fim de evitar qualquer tipo de acidente físicos;
● Antes de iniciar os atendimentos, é preciso consultar o corpo de bombeiros
para que eles definam os locais onde deverão ser instalados os extintores de
incêndio, alarme de incêndio e saídas de emergência;
● Telefones, computadores, objetos de decoração e demais objetos presentes na
recepção devem ser higienizados diariamente com álcool 70%;
● Todos os ambientes, inclusive a recepção devem ser arejados. Sempre que
possível optar por ventilação natural do que à utilização de ar condicionado ou
ventiladores, pois essas medidas evitam contaminações;
● Os produtos cosméticos devem estar sempre dentro do prazo de validade e
estarem devidamente regulamentados;
● Os equipamentos eletroestéticos devem ser manipulados com segurança, con-
forme o manual de instruções.

Manter os espaços limpos, higienizados, com odores agradáveis e uma decoração


adequada são fatores primordiais para um ambiente seguro, bonito e convidativo.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 49


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudar o cdigo de deontologia pode parecer algo complexo para quem não é da
área de filosofia não é mesmo? Isso porque muitas vezes a ética e a moral se cruzam, e
nos fazem refletir sobre a importncia de levarmos em consideração aquilo que os outros
pensam e aquilo que ns pensamos.
Levar em conta nossa moral, não significa que menosprezamos aquilo que os
outros acreditam, mas sim, que temos o direito de valorizar aquilo que sentimos, pois
se quisermos ser sempre a pessoa que vive para agradar o outro, podemos nos
frustrar e até mesmo nos tornarmos pessoas e profissionais triste, já que é praticamente
impossível agradar a todos o tempo todo.
O mais importante sobre essas reflexões é que fique claro, que as nossas vontades
não podem se sobrepor à vontade dos nossos pacientes, caso a vontade do paciente
seja razoável. Também vale lembrar, que ao levarmos em consideração apenas nossos
desejos podemos nos tornar pessoas sem propósitos, que vivem inerte à sua realidade.
Pensar, trabalhar e ajudar o próximo, podem ser as chaves para buscarmos a nossa própria
felicidade.
Além disso, foi possível concluir que é necessário valorizarmos a nossa profissão
e lutarmos por ela, seja pelo trabalho nos nossos órgãos de classe, seja pela execução de
um trabalho efetivo em ambientes estéticos seguros de estética que promovam o
conforto dos nossos pacientes.
Para mantermos os ambientes em estética seguros, podemos contar com o apoio
de outros profissionais, especializados no supervisionamento do estado de segurança de
clínicas. O corpo de bombeiros pode ser acionado para verificar a segurança geral, e
engenheiros civis e elétricos podem verificar condições físicas específicas.
A partir do momento que um paciente chega até a clínica para receber um
atendimento, este paciente confia na segurança dos nossos procedimentos e do nosso
espaço, por isso cuidar disso configura mais um tipo de posicionamento ético em estética.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 50


LEITURA COMPLEMENTAR

O artigo a seguir fala sobre a legislação para a rotulagem de cosméticos. Como


alguns profissionais trabalham com a cosmetologia, vale a pena ler mais sobre o assunto.
Veja um trecho do artigo:
"A Agência Nacional De Vigilância Sanitária (ANVISA), determina o
regulamento técnico que estabelece a definição, a classificação, os requisitos técnicos,
de rotulagem e procedimento eletrônico para regularização de produtos de higiene
pessoal, cosméticos e perfumes nos termos da Resolução RDC Nº 7, de 10 de fevereiro
de 2015. Este Regulamento tem como objetivo, atualizar os processos necessários
para a regularização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes por meio
da facilitação de processos, que visa o melhoramento da qualidade da informação e
agilidade na análise". Para saber mais acesse: PACKER, Camila; BAGGIO, Maraize.
Verificação da adequação das rotula-gens de cosméticos considerando a legislação
vigente. Tecnologia em Cosmetologia e Estética -Tubarão, 2017.

Agora, um artigo sobre ética profissional e sigilo, leia o trecho:

Este artigo problematiza o sigilo profissional em uma perspectiva ética, com o


objetivo de apresentar a sua caracterização e complexidade, a partir de
alguns elementos contemporâneos presentes na sociedade brasileira, como o domínio
midiático sobre a vida privada da população pobre, as exigências postas ao assistente
social na relação direito e dever no contexto institucional e legal, assim como as
perguntas que sinalizam sua pertença ao campo ético. Para saber mais leia:
SAMPAIO, Simone Sobral; RODRIGUES, Filipe Wingeter. Ética e sigilo profissional.
Serviço social & sociedade, n. 117, p. 84-93, 2014.

Ao compreendermos as diferenças entre ética e moral, conseguimos refletir melhor


sobre o código de deontologia, por isso vale a penas a leitura deste artigo:
“Mais interessante do que indagarmos sobre a frequência do sentimento de obriga-
toriedade entre os seres humanos, é nos perguntarmos sobre essa mesma frequência
em cada indivíduo. O herói moral, o santo, é aquela pessoa cuja voz da consciência
sempre fala mais alto do que as outras. Ela desconhece fraquezas que a fariam desviar-se
do claro caminho do dever. Esta é a exceção, não a regra. O mais comum é o homem
‘cair em tentação’, como se diz no âmbito cristão, às vezes tornar-se surdo à voz de sua
consciência moral.” Para saber mais leia: LA TAILLE, Yves de. Moral e ética: uma leitura
psicológica. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 26, n. SPE, p. 105 - 114, 2010.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 51


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Legislação Profissional em Saúde - Conceitos e Aspectos
Éticos
Autor: Nívea Cristina Moreira Santos
Editora: Saraiva
Sinopse: O livro Legislação Profissional em Saúde - Conceitos e
Aspectos Éticos ressalta os aspectos conceituais de bioética, moral
e deontologia, além dos princípios básicos e das principais interfe-
rências na área da saúde e na equipe de enfermagem. Apresenta
situações rotineiras e orienta a respeito de como se beneficiar dos
recursos e dos respaldos oferecidos pela lei e, também, da gestão
SUS na competência das esferas federal, estadual e municipal; da
questão do erro humano; e da Política Nacional de Humanização
(PNH). Comentário: grande parte das reflexões para os profissio-
nais da enfermagem, também são válidas para os profissionais
estetas. O livro traz uma linguagem clara e objetiva.

FILME/VÍDEO
Título: Efeito Borboleta
Ano: 2004
Sinopse: Como suas ações interferem no mundo e na vida dos
outros? Essa é uma das grandes questões do filme, claro que há
outra grande questão. O que você faria se pudesse voltar no tempo
e mudar as coisas que fez. As suas escolhas tem consequências
para você e os outros e, quão ético as pessoas são ao fazer
essas escolhas. São debates morais que rodeiam o filme.

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 52


WEB

No link a seguir, é possível ler sobre uma importante reflexão sobre a relação entre
a ética e a estética. A ética e a estética são importantes na vida de qualquer indivíduo, e
ambas devem ser valorizadas e ponderadas para manutenção da qualidade de vida. Para
saber mais acesse: https://belezasemditadura.wordpress.com/2015/11/16/etica-e-estetica/

UNIDADE III Leis e Órgãos de Classe 53


UNIDADE IV
Procedimentos Estéticos
Professora Me. Katiane Aparecida Soaigher

Plano de Estudo:
● Conceitos e Definições de Beleza;
● Relação entre a beleza e a ética;
● Padrões de beleza;
● Conduta ética do profissional esteta.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar beleza;
● Compreender a relação entre beleza, padrões de beleza e ética;
● Estabelecer a importância da conduta ética do profissional esteta.

54
INTRODUÇÃO

Beleza é uma palavra que por si só traz uma sensação de leveza, de plenitude, de
organização e de competência, não é mesmo? A beleza muitas vezes é associada a tudo
isso e muito mais, inclusive com a atração e sexualidade.
A beleza pode ser buscada e valorizada, pois isso faz parte do ser humano e de
sua sociabilidade. Porém, a busca pela beleza não pode ultrapassar as barreiras da
ética, pois esta deverá prevalecer, até mesmo porque nem sempre nossos pacientes ou
clientes possuem conhecimento sobre os perigos envolvidos em algumas práticas
estéticas não regulamentadas. Valorizar a beleza de cada um, e mostrar o quão importante
são como seres humanos, também é papel dos profissionais da saúde e da beleza.
Frente a isso, precisamos refletir sobre os padrões de beleza impostos pela socieda-
de e pela mídia, que a cada dia mostram aos nossos pacientes a valorização de uma beleza
inalcançável para grande maioria, já que os padrões tornam-se cada vez mais rigorosos.
Hoje não apenas a pele do rosto, e a estrutura do corpo deve estar em perfeito es-
tado, mas também os cabelos, as unhas, as maquiagens, as roupas. Enfim, são inúmeras
as exigências para que mulheres e homens estejam bem fisicamente, diante daquilo
que lhe é imposto.
Saber trabalhar essas questões, e saber como trabalhar em diferentes organiza-
ções, deve fazer parte do profissional atual. Este, não deve apenas exercer bens as
técnicas, mas deve também se relacionar bem, e fazer um trabalho que contribua para o
desenvolvimento pessoal de seus pacientes, para o desenvolvimento da empresa e para
a valorização de seus colegas de trabalho.
Por isso, além de estudar sobre beleza, ética e padrões de beleza, também
veremos quais são as condutas esperadas dos profissionais da área da saúde e da
beleza no ambiente de trabalho.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 55


1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE BELEZA

Para compreensão da relação entre ética e beleza, precisamos discutir os


conceitos de beleza. Conceituar beleza não é algo fácil, pois a beleza depende daquele
que visualiza. Para algumas mulheres, ver um homem magro com cabelos grisalhos,
pode ser extremamente atraente, mas não necessariamente belo, para outros esse
mesmo homem é belo mas não atraente. Beleza e atração geralmente caminham juntas,
mas não necessariamente.
A beleza está mais ligada às características físicas, que são visualmente
atraentes para alguém, podendo também estar relacionada aos gestos, modo de se
vestir e de se portar. Já a atração, está mais ligada à características sexuais, ao
imaginário que relaciona as características daquela pessoa com a possibilidade de
acontecer uma relação sexual. Esse tipo de pensamento pode ser bem claro ou pode ser
inconsciente.
A beleza pode ser associada também às características de personalidade da
pessoa, ou pelo menos aquilo que a pessoa aparenta ser. Geralmente pessoas que
aparentemente são mais felizes e populares, são vistas como pessoas mais belas. Há
também que se colocar em pauta, os desejos sexuais de cada um que influenciam na
valorização de algumas características, como por exemplo, modificações corporais.
Algumas pessoas gostam de tatuagens ou de cirurgias plásticas, já outras não se sentem
atraídas por modificações grandes na aparência (SCHLÖSSER; CAMARGO, 2015).

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 56


A beleza também depende da sociedade, em que o indivíduo vive, e da
relação entre a sociedade e suas percepções. Por exemplo, homens heterossexuais
que estão acostumados a verem mulheres mulatas, com seios e glúteos avantajados,
e tem uma boa relação (amizade, maternidade, irmandade) com essas mulheres,
provavelmente se sentirão atraídos por mulheres com esse perfil. Agora, se esses
mesmos homens tiverem relações de atrito, de raiva, ou de intolerância a essas
mulheres, eles poderão se sentir atraídos por um perfil estético completamente diferente.
A atração é um processo complexo, que envolve aspectos visuais, fisiológicos e
biológicos, como o instinto de procriação (DA SILVA; BITENCOURT; FLORES, 2019).
A atração também pode estar ligada ao perigo, à sensação de frio na barriga. Se
uma menina escuta desde sua infância, que não deve se envolver com homens de
determinada etnia, ela poderá desenvolver fetiches justamente com esse perfil proibido,
principalmente na adolescência, fase em que a sensação de perigo é valorizada. Ou
então, em alguns tristes casos, essa menina poderá desenvolver revolta, preconceito e
raiva por homens dessa etnia, por escutar sempre que não são bons homens para ela
(GUIMARÃES, 2017).
Falando em atração e beleza, é necessário destacar, que a maior parte dos
estudos sobre o tema, traz a mulher como pesquisada, o que nos faz refletir sobre o
quanto a mulher ainda é vista como um objeto sexual, se comparada ao homem. Isso
precisa mudar, pois as mulheres devem ser valorizadas como um ser, um ser humano
que sente, que pensa e que possui capacidades. Isso não tira o valor dos estudos já
realizados, mas vale como reflexão para a importância da valorização da mulher na
sociedade.
Nestes estudos que relacionam a beleza e atração dos homens pelas mulheres,
diversos fatores são analisados. Um deles é a aparência da pele. A pele muitas vezes é,
um dos fatores de grande decisão para os homens indicarem a ausência ou presença de
beleza nas mulheres. As mulheres classificadas como mais belas, geralmente apresentam
a pele uniforme, sem manchas ou rugas, sem oleosidade ou poros excessivamente
dilatados, ou seja, uma pele com textura e coloração homogênea.
Outro fator analisado são as características do formato da face. Mulheres com a
face de formato oval, são geralmente consideradas como as mais belas, pois esse
formato de rosto representa a feminilidade, por apresentar linhas suaves, que fazem o
contorno da face, mas sem marcações agressivas (HALLAWELL, 2017). Na imagem a
seguir é possível verificar uma mulher com esse tipo de formato facial.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 57


FIGURA 1 - ROSTO OVAL

Até mesmo as cores utilizadas pelas mulheres, são um fator de incentivo à


percepção de beleza e atração. A cor vermelha é a cor considerada como mais atrativa
para homens heterossexuais, seja na roupa, na cor das unhas ou no batom. Este é um
fato interessante, pois a ciência prova mais uma vez que nem sempre decidimos o que
achamos belo, mas somos muitas vezes levados a isto. A cor vermelha, é a cor
considerada como mais sexual pela cromoterapia, que é a ciência que estuda as cores.
Cada cor manda uma frequência de ondas diferentes para nosso cérebro, ao
visualizarmos uma cor, mandamos para o cérebro mensagens distintas, e a frequência
da cor vermelha é a frequência que gera maior excitação (POLIZELLI, 2015).
Mas e os homens? Quais os fatores que influenciam a atração feminina ao
masculino, ou do masculismo homossexual para o masculino? Como podemos perceber,
as características que mais chamam a atenção nas mulheres são frequentemente caracte-
rísticas que remetem ao feminino, que remete aquilo que é próprio da mulher, como a face
com características suaves, cores sensuais, pele suave, curvas corporais, lábios e cabelos
volumosos, e gestos delicados. Além de outros fatores resultantes de estímulos biológicos
de reprodução, como quadris largos e seios avantajados, que são vistos como atrativos de
reprodução (DA SILVA; BITENCOURT; FLORES, 2019).
Como os homens valorizam características próprias do feminino, as mulheres
também tendem a valorizar características próprias do masculino (mulheres que se atraem
exclusivamente por homens) como a presença de barba, ombros largos, estatura média ou
alta, mãos grandes e face quadrada ou com traços de grande delimitação, com a mandíbula
bem marcada como mostra a imagem a seguir:

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 58


FIGURA 2 - ROSTO COM TRAÇOS DELIMITADOS

É necessário enfatizar, que a beleza e a atração são fatores muito especiais de


cada pessoa. Acima, foi citada de maneira generalizada aquilo que homens e mulheres
consideram como belo ou como atrativo, mas isso depende do modo como cada um vê a
vida e, é claro, do respeito que cada um direciona para suas relações.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 59


2. RELAÇÃO ENTRE A BELEZA E A ÉTICA

A relação entre a beleza e a ética devem ser mencionadas aqui, para que
possamos refletir sobre a importância de sabermos como manter uma conduta ética
frente aos nossos pacientes. Quando somos abordados por nossos clientes ou por
indivíduos fora do ambiente de trabalho, é comum sermos questionados sobre
procedimentos, que realizam verdadeiras transformações faciais e corporais.
Mudar a aparência não é um problema, o problema é quando ocorre uma busca
contínua por mudanças de biotipo que são agressivas, que podem ferir não só o corpo, mas
principalmente o emocional destas pessoas que não se aceitam como são.
Imagine a seguinte situação. Uma adolescente chega até a clínica relatando in-
satisfação com a aparência do seu abdômen, pois segundo ela há excesso de deposição
de gordura. Ao realizar a anamnese, o profissional detecta que realmente há presença de
gordura localizada, mas nada demais, algo normal para a região, então sugere um trata-
mento não invasivo com equipamentos e cosméticos de última geração para diminuição
de gordura localizada. Ao fim do tratamento, a paciente apresentou grande melhora, com
aumento do contorno corporal e diminuição de gordura na região abdominal. Mas, ao se
olhar no espelho, e ao visualizar as fotografias com o antes e depois, não verificou diferença
alguma, então irá procurar um médico para realização de uma lipoaspiração (ANDRADE;
DE SOUZA NETO, 2018).

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 60


Neste caso, provavelmente a paciente sofre de percepção da própria imagem e
vê seu corpo como inadequado, então mesmo após a lipoaspiração provavelmente
continuará se sentindo insatisfeita. Nesses casos é necessário um acompanhamento
psicológico para melhora do quadro.
Situações como esta, necessita que o profissional valorize seu posicionamento
ético e coloque o paciente sempre em primeiro lugar. Um profissional nunca deverá
buscar se beneficiar da dor do outro, vendendo tratamento atrás de tratamentos, mesmo
sabendo que essa pessoa não precisa necessariamente de procedimentos estéticos,
mas sim de apoio para sua saúde mental.
Outro posicionamento ético e necessário esperado dos profissionais da saúde e da
beleza, é a discrição. É comum, que ao deitar-se na maca da clínica ou sentar-se na
cadeira do salão, o paciente/cliente se sinta confortável para falar sobre sua vida, pois é um
momento onde pessoas conhecidas não estão presentes, além de ser um momento de
relaxamento.
Ao ouvir seja qual for as reclamações ou desabafos de um paciente, é necessário
buscar se colocar no lugar da pessoa. Imagine ir à médica e no outro dia saber que ela
falou a outras pessoas sobre seu corpo! Extremamente antiético, não é mesmo? E ilegal
também! Da mesma forma se falarmos dos relatos pessoais ou de características físicas
dos nossos pacientes, podemos responder judicialmente, além de estarmos tomando uma
atitude totalmente fora daquilo que é preconizado para um profissional de excelência.
Além dessas reflexões éticas, vale a pena mencionar a escolha dos produtos utili-
zados. Ao termos a oportunidade de escolhermos bons produtos, isso deverá ser feito,
pois nossos pacientes/clientes estão buscando a melhora da aparência e confiando isto a
nós. Nada mais justo do que investirmos em produtos que realmente sejam benéficos,
o que condiz com uma conduta de beneficência.
Isso não quer dizer, que precisamos optar pelos produtos mais caros
disponíveis no mercado, mas sim pelos produtos com maior qualidade. Por isso, é
necessário o estudo sobre a cosmetologia, sobre a composição dos cosméticos e como
as substâncias cosméticas podem prejudicar ou beneficiar o estado de saúde da pele dos
nossos pacientes. Um exemplo, são as maquiagens com excesso de chumbo. O
chumbo é utilizado muitas vezes para aumento da pigmentação de maquiagens, mas
é uma substância extremamente nociva ao organismo humano, podendo levar desde
irritações superficiais como a longo prazo ao desenvolvimento de neoplasias. Por isso,
precisamos escolher maquiagens livres de chumbo, que geralmente possuem um custo
maior, mas não necessariamente (AMIRALIAN; FERNANDES, 2018).

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 61


SAIBA MAIS

Não é apenas na atualidade que alguns hábitos inadequados de beleza podem preju-
dicar a saúde. A rainha do Egito Cleópatra utilizava materiais tóxicos para embelezar a
pele, como chumbo para escurecer os olhos. Porém, também utilizava produtos benéfi-
cos, como a argila na pele, que é até hoje indicada para diferentes tratamentos estéticos

(SALVADOR, 2012).

Também é necessário refletir, sobre a beleza e a ética no que diz respeito à


valorização da imagem pessoal. O profissional deve sempre valorizar e respeitar as
características éticas e o biotipo de cada paciente. Buscar a modificação ou
caracterização de outra raça, cultura ou então incentivar mudanças corporais extremas,
não é uma atitude aceitável. O que se espera, é que o profissional apoie as mudanças
que não prejudiquem a saúde física, mental e emocional de seus pacientes, mas sim, que
valorize sua beleza e sua identidade, sempre tomando cuidado para não nos rendermos
aos padrões de beleza exacerbados.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 62


3. PADRÕES DE BELEZA

Os padrões de beleza, são um conjunto de características físicas tanto do rosto


como do corpo, dos cabelos, do tipo de maquiagem e acessórios e qualquer outro tipo
de características físicas. Os padrões de beleza se aplicam aos homens, às mulheres,
crianças e adultos, em todos os indivíduos, mas principalmente para as mulheres.
Atualmente, as mulheres ainda são vistas como símbolo de sexualidade e be-
leza. Se uma mulher não cuida de sua aparência física é considerada desleixada, mas se
um homem mantém a mesma atitude nem sempre é visto da mesma forma. Isso se deve
a diversos fatores socioculturais, a preconceitos que foram alimentados ao longo dos anos
e que devem ser destruídos.
Cuidar da própria aparência é importante sim, para todos os gêneros, para todos
os indivíduos, mas de maneira consciente, que não prejudique a qualidade de vida e não
objetifique o ser.
O grande problema em querer seguir padrões de beleza, é que eles mudam, e ge-
ralmente vão ao extremo, geralmente a busca é por um perfil escasso dentro da sociedade
em que esse padrão foi imposto. Por exemplo, a alguns séculos atrás, mais especificamen-
te entre 1920 e 1930, esperava-se que as sobrancelhas femininas fossem
extremamente finas e arqueadas. Na época, não era comum o trabalho de designers de
sobrancelhas e não eram todas as mulheres que sabiam tirar os próprios pêlos, ou que
tinham condições financeiras para comprar pinças, mas assim que podiam, retiravam os
pelos e entravam na moda.
UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 63
Mais tarde, a partir de 1940, a moda pedia sobrancelhas mais grossas. Como vocês
devem saber, a retirada contínua dos pelos pela raiz com o uso da pinça, faz com que
não nasçam mais pelos naquela região, devido ao trauma exercido no folículo piloso.
Então, após uma ou duas décadas retirando os pêlos, seria praticamente impossível ter as
sobrancelhas grossas sem a necessidade de utilização de maquiagem, o que não era um
item tão acessível na época.
Vimos essa história se repetir a alguns anos atrás. Entre 1980 e 1990, a moda
das sobrancelhas mais finas voltou, não tão finas quanto em 1920 e 1930, mas finas. A
partir de 2000, as sobrancelhas mais espessas começaram a ser novamente valorizadas.
Como alternativa para aquelas mulheres que não possuíam sobrancelhas grossas, surgi-
ram as técnicas de micropigmentação e henna, técnicas estas, que nem todas as
mulheres podem aderir, pois gera um custo considerável devido a necessidade de
manutenção. Mais uma vez, a mulher se vê “obrigada” a investir financeiramente para
entrar dentro do padrão. O engraçado, é que após as técnicas de micropigmentação, que
deixam as sobrancelhas com um aspecto artificial serem valorizadas, se deu início por
volta de 2018 à moda das sobrancelhas grossas com aspecto natural.
Consegue perceber como fica praticamente impossível aderir a esse padrão de
beleza sempre? E isso é ainda mais difícil tratando-se da imagem corporal, que para se
modificar completamente necessita de intervenções intensas, geralmente cirurgias ou
procedimentos estéticos com alto custo, além da necessidade de hábitos alimentares
ex-cessivamente regrados (BASTIAN, 2020).
Se a população em questão possui um maior número de mulheres esguias, valoriza
o corpo curvilíneo. Se a população é composta por mulheres curvilíneas, valorizam o corpo
esguio. A impressão é, que os homens e as mulheres sempre esperam alguma
mudança corporal nos corpos femininos (DE SOUSA SILVA et al., 2018).
Mudar um biotipo não é algo fácil, por isso a necessidade de reflexão sobre querer-
mos nos encaixar em padrões de beleza. Imagine que você é uma mulher com biótipo pêra,
ou seja, com ombros estreitos e quadril largo, com acúmulo de gordura em glúteo e coxas,
e o padrão de beleza mais valorizado no momento é o da magreza excessiva, o padrão de
um corpo excessivamente esguio. Mesmo que você se alimente bem, pratique atividades
físicas e realize procedimentos estéticos, seu quadril ainda será largo, e você sempre terá
a tendência de engordar mais na parte inferior do corpo. O mesmo vale para as mulheres
magras que querem possuir um corpo curvilíneo. Para alcançar esse tipo de corpo,
seriam necessárias horas de treino intenso, alimentação excessivamente regrada e
procedimentos estéticos. Uma vida toda dedicada para uma mudança estética. Será que
vale a pena?

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 64


O que eu gostaria de deixar como reflexão com esse texto, é que você, profissional
esteta, deve saber quais são os limites entre atender as vontades dos seus pacientes, e
manter a saúde deles. Pois, o excesso de cuidado corporal, pode levar a sérios problemas
emocionais.

REFLITA

“A mulher torna-se prisioneira de uma ditadura da magreza. Ficando vulnerável a doen-


ças nutricionais de forte relação com seu gênero, a bulimia e anorexia, por exemplo,alas-
tram-se junto aos valores estéticos modernos de culto à magreza principalmente ditadas
pelo poder midiático e pela indústria da beleza.”

(BARBOSA; DA SILVA, 2016).

Outro ponto importante que merece uma reflexão é: Você, ou o seu paciente estão
buscando a mudança porque realmente querem, ou porque querem mostrar algo a alguém?
Se a resposta for que vocês querem mudar pelos outros, é hora de parar.
Talvez isso seja feito até mesmo de maneira inconsciente para buscar a
aceitação alheia ou para se sentir valorizado (a). Um exemplo, é a busca de muitas
mulheres atualmente pelo padrão de beleza fitness. O padrão de beleza fitness valoriza
um corpo extremamente musculoso, com uma definição muscular bem evidente. A
evidência da musculatura, é uma característica propriamente masculina. Então por que
tantas mulheres atualmente buscam esse padrão? Talvez façam isso inconscientemente
para mostrar que são capazes, assim como os homens, para que sua aparência ande
de mãos dadas com suas capacidades profissionais. Para mostrar que pode tanto
quanto o homem (DA SILVA MATTOS, 2010).
É claro que isso é uma suposição que não se aplica a todos os casos, mas
precisamos verificar que sempre há uma relação entre os padrões de beleza e o
posicionamento das mulheres e homens na sociedade. Podemos ver isso em alguns
exemplos, como a cor da pele e sua relação com dinheiro.
Desde a época da escravatura no Brasil até 1980, a cor da pele branca era valo-
rizada, pois, estava ligada ao poder social, já que pessoas que trabalham no Sol
possuem a pele bronzeada. A partir de 1980 a pele bronzeada passou a ser valorizada,
pois a mídia mostrava que pessoas com algum poder aquisitivo e pessoas descoladas,
jovens, iam até a praia e então ficavam bronzeadas.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 65


A partir daí, a mídia começou a mostrar modelos femininos e masculinos
bronzeados, tanto nos filmes como na TV aberta, e também se manteve esse estilo nos
cantores da época e demais artistas.
A mídia como sempre, possui um papel decisivo para a inserção e
valorização dos padrões de beleza, pois as pessoas que aparecem na TV são
visualizadas constantemente e, então, queremos mesmo inconscientemente ser como
elas e comprar aquilo que elas usam (LIRA, 2017).
É por isso que a moda e os padrões de beleza mudam constantemente, pois
a mudança exige a compra de produtos, que movimentam todo um mercado. Isso não
quer dizer que aderir à moda seja um problema, o problema é querer ser alguém que não
somos e esquecer de valorizar aquilo que temos de melhor, seja na aparência física ou
no nosso desempenho intelectual e afetivo.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 66


4. CONDUTA ÉTICA DO PROFISSIONAL ESTETA

Como vimos, para manter uma conduta ética são necessárias diversas reflexões
distintas, como a reflexão sobre a beleza e a ética, e como devemos nos portar diante da
pressão exercida para adequações em padrões de beleza. Outra questão importante, é
o modo como nos expressamos, como nos comunicamos. Precisamos estar preparados
para falar de maneira mais informal ou mais formal a depender da situação. Por
exemplo, com um paciente que não apresenta formação na área da saúde ou beleza,
precisamos utilizar termos mais informais, já para aqueles pacientes que visivelmente
gostam de se sentir intelectuais, então devemos utilizar termos mais formais.
Quando utilizamos uma linguagem informal, não há um nível hierárquico entre o
falante e o ouvinte, a sensação de poder é a mesma, o contato físico é frequente e há
envolvimento afetivo. Além disso, nesse tipo de linguagem podemos utilizar abreviações
e algumas gírias, além de apelidos e diminutivos. Expressões que indiquem claramente o
nosso posicionamento também são comuns (PINTO et al., 2018).
Agora, ao utilizarmos uma linguagem formal, há a presença de hierarquia, onde
um pode mostrar maior grau de conhecimento do que o outro em determinado assunto. O
contato físico não deve ser frequente, há pouco envolvimento afetivo e não são utilizadas
gírias ou abreviações. Ao invés de deixarmos clara a nossa opinião sobre determinados
assuntos, na linguagem formal é mais adequado apenas sugerir o que pensamos, e não
indicar claramente o que acreditamos ser certo ou errado.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 67


Ao escrevermos e-mails ou mensagens para nossos pacientes, é importante
nos atentarmos para a escrita adequada, com utilização de pontuação correta, evitando
pleonasmos e dando preferência para palavras cordiais. Quem não gosta de ler um texto
organizado e adequado, não é mesmo? Escrever excessivamente mal, pode prejudicar a
visão que seu paciente tem sobre o seu nível intelectual e sua capacidade de exercer a
profissão!
Além de uma comunicação escrita adequada, a comunicação não-verbal também é
importante para a manutenção de um ambiente ético. É importante evitar gestos
agressivos ou grosseiros. Falar com tom de voz moderado, ouvir para depois falar e
se posicionar de maneira respeitosa. Muitas vezes os indivíduos com cargos
superiores, se acham no direito de falar com grosseria com seus subordinados, ou
então os subordinados acham que possuem o direito de julgar excessivamente seus
gestores, ou rir de seu comportamento enquanto não estão por perto. Esses tipos de
atitudes só demonstram infantilidade e despreparo! Conversas paralelas ao trabalho e
gestos abruptos, podem muitas vezes colocar em risco a saúde organizacional de uma
empresa, inclusive as empresas da beleza (WEIL; TOMPAKOW, 2017).
Para podermos mudar, para buscarmos ser profissionais mais éticos e
preparados é necessário percepção. Para que tenhamos percepção do que estamos
fazendo, precisamos parar e refletir constantemente, sempre se colocando no lugar do
outro. Para isso vale a pena se perguntar diariamente, especialmente no ambiente de
trabalho mas também em outros ambientes:
● O que eu faço gera sofrimento ou constrangimento a alguém?;
● Estou fazendo menos do que poderia ou deveria fazer?;
● Estou me posicionando de maneira abrupta e sem democracia?;
● Estou invadindo o espaço alheio?;
● Eu interrompo as pessoas enquanto elas falam?;
● Eu não estou disposto (a) a melhorar meu perfil emocional e intelectual?;
● Eu não valorizo e incentivo meus colegas de trabalho?.
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, então é hora de parar e
tentar mudar. Até mesmo porque hoje em dia profissionais sem habilidades emocionais e
organizacionais não conseguem sobreviver ao mercado de trabalho (DE MACEDO, 2021).
Outro fator importante atualmente e que deve ser levado em conta no ambiente
de trabalho é a diversidade. Todo profissional deve estar pronto para interagir e respeitar
indivíduos de diferentes etnias, classes sociais, culturas e posicionamento ideológico.
Além disso, faz-se necessário o respeito aos diferentes gêneros e sexualidade, pois o
sexo não impede ninguém de progredir profissionalmente, e questões sexuais e afetivas
são pertinentes apenas ao indivíduo, não devendo ser um fator eliminatório em
processos seletivos de admissão. Isso além de representar um ato de preconceito, é um
ato ilegal.
UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 68
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ser considerado como um bom profissional pode parecer uma tarefa difícil nos dias
atuais, já estamos constantemente sendo desafiados a nos tornarmos cada vez melhores.
Isso pode parecer um fardo, mas na verdade deve ser visto como um verdadeiro presente,
como uma oportunidade de estarmos sempre atentos para sermos melhores. Quando nos
tornamos melhores, mudamos as pessoas e o ambiente ao nosso redor, trazendo prospe-
ridade e desenvolvimento pessoal para todos.
Para que isso aconteça, é necessário que estejamos dispostos a mudar e a
refletir sobre nossas atitudes. A percepção daquilo que fazemos deve ser um exercício
diário, e o feedback profissional deve ser valorizado.
Tudo isso deve ser pensado, para que o ambiente organizacional torne-se cada
vez melhor, mais agradável. Trabalhar e conviver com os colegas de trabalho não deve ser
visto como um fardo, pelo contrário. Passamos grande parte do nosso dia e da nossa
vida no trabalho, por isso vale a pena valorizar esse espaço.
Da mesma forma, vimos o quão importante é a valorização dos nossos
pacientes. Cada ser possui uma beleza única e características pessoais, que devem ser
valorizadas e não modificadas.
Os padrões de beleza estão cada vez mais inalcançáveis, tornando todos os
indivíduos, mas especialmente as mulheres e os jovens, em pessoas infelizes que estão
sempre querendo mudar, sempre ser o que não são. Muitos investem todo o seu tempo e
dinheiro para mudanças estéticas e acabam deixando de lado outros papéis
importantes no seu trabalho e na sua família.
Trabalhar com a estética não significa trabalhar com padrões de beleza. Significa
ajudar os nossos pacientes a se tornarem cada vez mais satisfeitos com características
próprias, e mudar apenas quando estiverem cientes do porquê de sua mudança.
A valorização da imagem pessoal é importante, pois demonstra que nos
importamos conosco e com nosso trabalho, mas a valorização da ética e da felicidade
são ainda mais importantes, e devem estar sempre entrelaçadas para que possamos
exercer as técnicas estéticas com responsabilidade e beneficiando aqueles que confiam
no nosso trabalho.

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LEITURA COMPLEMENTAR

No artigo a seguir, é possível refletirmos s obre o s p adrões d e b eleza e c omo a


medicina estética se posiciona a respeito disso.
“A sociedade contemporânea assiste deslumbrada à passagem dos “corpos perfei-
tos”, que invadem progressivamente todos os espaços da vida moderna. A expectativa de
corpo das pessoas em relação a esses padrões de beleza é o que provavelmente interliga
uma variedade de fenômenos cada vez mais comuns, como a maior incidência de bulimia
e anorexia, as malhações e as cirurgias plásticas estéticas.
Dentre esses fenômenos, o crescimento da Cirurgia Plástica Estética merece
destaque pelo impacto que as alterações corporais, propostas pela Medicina da Beleza,
causam em relação à imagem corporal e, também, pela posição que a medicina ocupa na
sociedade, de divulgadora de “verdades científicas”.” Para saber mais leia: POLI NETO,
Paulo; CAPONI, Sandra NC. A medicalização da beleza. Interface-Comunicação, Saúde,
Educação, v. 11, n. 23, p. 569 - 584, 2007.
A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, é um livro que traz diversas
reflexões sobre como os padrões de beleza são impostos principalmente no sexo
feminino, podendo acarretar em sérios danos emocionais. Além disso, é possível
verificarmos como podemos nos afastar das críticas e sermos felizes do nosso jeito.
Para maiores reflexões sobre a ética no trabalho, vale a pena lermos o
seguinte material: OLIVEIRA, Antônio Roberto. Ética profissional. 2016.
Veja um trecho: “ Quando direcionamos nossas capacidades e níveis de
competências para permitir um desempenho eficaz da profissão escolhida, estamos
exercitando deveres éticos. A satisfação de quem recebe esses benefícios é o
referencial das nossas atitudes que governam as ações do indivíduo perante o outro, ele
próprio, a sociedade e o Estado. O compromisso diante de um agregado de deveres
éticos compatíveis com a tarefa profissional, precisa superar o “complexo de valores”
pertinentes a cada profissão, até tornar-se um valor mais amplo da ética profissional
universal. O primeiro dever está na escolha da profissão seguida do conhecimento sobre
ela, para finalmente ser capaz de exercê-la dentro de uma prática plena de conduta, cujos
lastros de valoração profissional sejam os valores adotados pela classe, sociedade e pelo
próprio indivíduo”.
No vídeo a seguir, a profissional fala da importância de manter a ética no ambiente
de trabalho, independente do nível de elegância do seu ambiente de trabalho, a ética e
organização são imprescindíveis. Veja mais no link a seguir: https://www.youtube.com/
watch?v=v60AZfke_7I
O Professor Leandro Karnal é conhecido por debater temas como a ética. No vídeo
a seguir ele fala sobre a ética no ambiente profissional, que deve ser por excelência um
ambiente ético. Veja: https://www.youtube.com/watch?v=pEXhGE7Fd6s

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MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Comportamento Organizacional - A Dinâmica do Sucesso
das Organizações
Autor: Idalberto Chiavenato
Editora: Atlas
Sinopse: Esta 4ª edição da obra Comportamento
Organizacional, traz como novidade acesso à Sala de Aula
Virtual Chiavenato Digital, uma ferramenta inovadora que
reúne diversos objetos educacionais: vídeos do autor, textos
para reflexão, casos para discussão, glossário interativo e muito
mais. Em um mundo de negócios em transformação exponencial,
as organizações requerem contínua mudança interna, inovação
e renovação, e o segredo da vantagem competitiva está em
saber utilizar a inteligência e a competência das pessoas que
formam as organizações. Esse é o capital humano responsável
pela competitividade organizacional. Afinal, o desempenho das
organizações depende diretamente da performance e do talento
das pessoas e das equipes que as formam. Uma questão de
puro comportamento organizacional. Este livro se baseia, em
modernos conceitos e práticas e no desempenho
organizacional, reunindo exemplos, aplicações e modelos. Nele,
você encontrará temas como: Desenho Organizacional, Mo-
tivação, Comunicação, Liderança, Negociação e
Desenvolvimento Organizacional, entre muitos outros.

FILME/VÍDEO
Título: A Estrada Interior
Ano: 2016
Sinopse: Vincent é um adolescente que sofre de Síndrome de
Tourette. Quando a mãe dele morre, os sintomas da doença
pioram. O pai dele fica preocupado com sua própria imagem, por
trabalhar no ramo da política, e interna o filho em uma clínica. No
local, ele conhece o amigo Alex, vítima de transtorno obsessivo-
compulsivo, e a nova namorada, Marie, vítima de anorexia.
Juntos, os três fogem do lugar e fazem uma viagem ao mar, na
intenção de espalhar as cinzas da mãe de Vincent.

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 71


WEB

No vídeo a seguir, é possível refletirmos um pouco mais sobre os padrões de beleza


e como eles podem nos afetar, e como podemos nos valorizar!

Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=rVeXkr1XE9g

UNIDADE IV Procedimentos Estéticos 72


REFERÊNCIAS

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CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),

Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da ética
para os profissionais da saúde, com ênfase para o trabalho dos profissionais estetas. Para
tanto abordamos as definições teóricas e, neste aspecto acreditamos que tenha ficado
claro para você, o quão importante é valorizarmos condutas éticas dentro dos espaços
de atendimento e prevenção de afecções estéticas.
Destacamos também, a importância do conhecimento sobre a legislação em
estética e como podemos fortalecer nossa profissão, por meio da associação aos órgãos
de classe. Através desses estudos, foi possível verificarmos o quão importante é
conhecermos as normas para os diferentes espaços de estética, para evitarmos acidentes
por meio da valorização da biossegurança, mantendo a saúde e integridade dos nossos
pacientes.
Levantamos também, aspectos históricos sobre as definições de beleza e os
padrões de beleza, que nos levaram a refletir sobre como podemos exercer nossa
profissão valorizando os diferentes biotipos e incentivando nossos pacientes a se sentirem
bem como são, já que mudanças estéticas são bem vindas, desde que não magoem o
estado emocional e sejam realizadas dentro dos princípios éticos.
Ao pensarmos sobre as diversas reflexões que fizemos, inclusive reflexões deon-
tológicas e reflexões sobre o comportamento organizacional, podemos ver que é possível
crescer profissionalmente de maneira ética, respeitando os limites dos nossos pacientes e
exercendo apenas aquilo que realmente sabemos.
Vimos também, que é possível realizar pesquisas em estética e cosmética
para evolução da profissão, mantendo os princípios da bioética e respeitando o
posicionamento daqueles que colaboram para a pesquisa científica.
A partir de agora, acreditamos que você já está preparado (a) para seguir em
frente, desenvolvendo ainda mais suas habilidades para executar os procedimentos
estéticos com ética e transparência.
Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada!

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