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1.

A realização da identidade humana exige uma responsabilidade ilimitada, na medida


em que depende da participação de todas as pessoas.
A ética analisa os fundamentos do dever-ser e da responsabilidade, que por sua vez
está interligada com o valor ético. A responsabilidade e o valor ético desempenham em
conjunto uma relação que nós seres humanos estabelecemos entre nós e à qual damos muita
importância.
A responsabilidade é ter resposta e não ficar indiferente com o que nos relacionamos.
É cumprir com as responsabilidades e ter por isso uma finalidade feliz. Contudo, este
pressuposto da responsabilidade gera um conflito entre a felicidade e o dever: por vezes, fazer
aquilo que nos deixa felizes, pode implicar deixar o dever para trás.
O pressuposto da responsabilidade obriga a que todos os seres humanos estejam
envolvidos.
James Dewey estudou, na sua ideologia do pragmatismo, a realidade, a nossa relação
com ela e o modo como o fazemos. Para Dewey, a cidadania activa é importante, é um
elemento essencial de toda a humanidade, é pedir a cada um de acordo com as suas
capacidades (noção de eficácia da acção que se realiza).
A sociedade e os seus elementos são assim representados segundo esta eficiência e
pela capacidade que temos de influenciar a realidade. Segundo Dewey experiencia, tanto ao
nível social, cultural, tecnológico ou até mesmo filosófico, pode ser usada como juízo de valor
de verdade.

2. A incomensurabilidade dos valores deve ser considerada para garantir a superação


do absolutismo e do relativismo e a afirmação das virtudes do diálogo pluralista na
ética.
Isaiah Berlin afirma que as sociedades são marcadas por diferentes valores e ideias e
por isso, os valores mais importantes para a humanidade (pluralismo de valores) entram em
conflito. Daqui desenvolve-se a ideia da incomensurabilidade dos valores, a ideia de que não
há uma medida para os valores, estes não são comparáveis, pois cada um tem a sua própria
medida e cada cultura dá importância a diferentes valores.
Os valores éticos têm uma relação de hierarquia mas não se podem medir, pois são as
referências fundamentais de onde partimos. Ninguém pode ser dono da verdade da avaliação
dos valores. O valor é aquele a que atribuímos importância.
A ética remete a uma relação complexa de interacção, para um diálogo. O diálogo é
uma troca: dar e receber – é um confronto entre duas razões. Não há na ética uma explicação
unilateral e exclusiva, na vida prática há vários factores que se relacionam.
Podemos observar este pluralismo de concepções éticas ao estudarmos várias
correntes como o utilitarismo, o racionalismo, o idealismo, o pragmatismo, o materialismo ou
a razão suficiente.
O utilitarismo tem como objectivo: “Agir sempre de forma a produzir a maior
quantidade de bem-estar”. É uma moral eudemonista que insiste no facto de que devemos
considerar o bem-estar de todos e não o individual. Todos queremos sempre ter a melhor vida,
e por isso, o nosso interesse tem de ser compatível com o interesse dos outros. Tem por isso
de haver respeito mútuo.
No racionalismo, a razão tem um papel importante. Segundo Kant, devemos fazer com
que a nossa atitude se torne numa atitude universal, pois o conhecimento é produzido
somente pela razão. Numa perspectiva paralela, Hegel defende a razão tem um papel muito
importante na análise dialéctica da realidade, pois há uma identidade entre o real e o racional.
No idealismo, Platão forma a sua teoria das ideias, defendendo que os fatos do mundo
não se apresentam imediatamente como os devemos interpretar e que a realidade última das
coisas pode estar oculta ao olhar menos atento. A ideia é o esplendor da luz, mas os nossos
olhos sensíveis não conseguem olhar o sol de frente, embora tenhamos de o tentar.
O pragmatismo é a consideração da prática (pragma), e vai analisar a realidade, a
nossa relação com ela e o modo como o fazemos. Para Dewey, a cidadania activa é
importante, é um elemento essencial de toda a humanidade, é pedir a cada um de acordo com
as suas capacidades (noção de eficácia da acção que se realiza).
O materialismo, é a relação humana que é determinada pela economia e pelas
necessidades socias, procura as causas de desenvolvimento e mudanças na sociedade humana
nos meios pelos quais os seres humanos produzem colectivamente as necessidades da vida.
A razão suficiente é defendida por Leibniz, que diz que é esta que se estabelece entre
o acto de vontade. Este acto de vontade é o acto misto, envolve a racionalidade (“Penso, logo
existo”, Descartes) e a emoção (“Penso, sinto, logo existo”).
Para a ética poder ser dialógica tem de conter respeito mútuo, ou seja, quando se fala
em concepções teleológicas, pode-se falar delas mas não como um elemento
exclusivo/absoluto, por causa do respeito mútuo.
A ética dialógica é isto, o pluralismo dos valores, a incomensurabilidade dos valores, a
interacção dos valores, a relação dos valores.
Citando Holderlin, “nós homens somos o diálogo e é através desse diálogo que
podemos desentranhar a nossa felicidade”.
A incomensurabilidade dos valores é assim a base que afasta o absolutismo e o
relativismo de todas estas concepções que a ética abrange. Se estar normas de respeito mútuo
não forem cumpridas, há probabilidade de o homem se achar dono da verdade absoluta e daí
tornar os seus valores como absolutos, incontestáveis, e tentar impô-los aos outros. O
absolutismo ou o relativismo devem ser evitados, para garantir a salvaguarda das diferenças e
do respeito mútuo, caso contrário iremos viver num mundo corrupto marcado pela
vulnerabilidade do homem.

3. A legitimidade da origem e a legitimidade do exercício permitem assegurar o


funcionamento da vida política (da polis) e da cooperação cívica (da civitas).

4. A justificação ética do Direito é uma tarefa prioritária da filosofia política,


relacionando valores, normas e factos.
O direito é um código de normas, destinadas a orientar as acções dos cidadãos, que
emana das autoridades políticas e que conta com o apoio coactivo da força do Estado para
fazer com que sejam cumpridas. É a imposição de normas e sanções.
A sociedade está organizada de acordo com três elementos: ética, moral e direito. O
direito é o primeiro elemento, o factor da organização de uma sociedade centrada em primado
da lei, legitimidade de origem, legitimidade de exercício e
O primado da lei define a lei como geral e abstracta para todos, por causa da
segurança para sabermos que são normas susceptíveis de ser aplicadas no direito. Para que
este primado da lei funcione, é necessário não só haver um estado democrático para todos,
mas também legitimidade de origem (direito ao voto) e legitimidade do exercício (limitação do
poder).
A legitimidade de origem forma-se sobre quem vai decidir as leis. Quem governa,
governa porque no momento da escolha isso foi designado segundo a lei.
A legitimidade de exercício forma-se sobre como vão agir aqueles que foram
escolhidos. Alguém pode ter legitimidade de título, mas no momento em que começa a
exercer perde toda essa legitimidade
A filosofia política tem enfrentado um problema nas sociedades: os conceitos de
liberdade e igualdade são ambíguos e a melhor maneira para os equilibra nunca foi exposta de
uma forma que viesse a merecer aprovação geral.
Segundo Rawls, os princípios da justiça constituem o critério para examinar a estrutura
básica das sociedades. Para este, a fundamentação ética do direito baseia-se na autonomia
real dos homens, tal como concebida pelos cidadãos dos países democráticos a partir de uma
tradição digna de confiança. É o que proporciona um fundamento de legitimidade.

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