1) Platão discute o conceito de justiça em A República e outros diálogos, definindo-a como cada parte da sociedade fazendo o que lhe é próprio.
2) Ele idealiza uma cidade perfeita, chamada de Calipolis, com três classes sociais correspondentes às partes da alma humana.
3) A justiça existe quando razão, honra e apetite ficam cada um em seu devido lugar, contribuindo para o bem comum.
1) Platão discute o conceito de justiça em A República e outros diálogos, definindo-a como cada parte da sociedade fazendo o que lhe é próprio.
2) Ele idealiza uma cidade perfeita, chamada de Calipolis, com três classes sociais correspondentes às partes da alma humana.
3) A justiça existe quando razão, honra e apetite ficam cada um em seu devido lugar, contribuindo para o bem comum.
1) Platão discute o conceito de justiça em A República e outros diálogos, definindo-a como cada parte da sociedade fazendo o que lhe é próprio.
2) Ele idealiza uma cidade perfeita, chamada de Calipolis, com três classes sociais correspondentes às partes da alma humana.
3) A justiça existe quando razão, honra e apetite ficam cada um em seu devido lugar, contribuindo para o bem comum.
Aluna: Izabelle Souza de Carvalho Matrícula: 2020087817 Turma: TR
Disciplina: Introdução a Filosofia: Ética
Relatório de Leitura 2: Platão e a Justiça. (David Keyt)
O tema central tratado em A República é a justiça que é definido sobre os porta- vozes de Platão, como Sócrates em A República e Os Estrangeiros de Eléia e Atenas no Político e nas Leis. O grau de complexidade da temática torna necessário a materialização de reflexões na Cidade Ideal denominada Calipolis, um artifício argumentativo para conseguir abranger com generalidade e precisão o conceito de Justiça. Os estrangeiros de Eléia trazem uma antítese privilegiada na Filosofia grega a do Nomos (convenções) e Phausei (natureza) para definir, inicialmente, o conceito de Justiça. As convenções estão associadas ao artificial produzido socialmente a diversidade, e a variabilidade, enquanto, a natureza, antagonicamente, está relacionada a verdade, uniformidade e invariabilidade. Desse modo, através da antítese, conclui-se a justiça como concernida no relativismo moral, variando conforme a Polis, os cidadãos, e os diversos componentes históricos sociais. Entretanto, o relativismo moral apregoado pelos Estrangeiros leva à inferência da justiça como uma força de lei, dos costumes, dos contextos, ou seja, o poder da lei produzido pela polis. Tal raciocínio decorre em conclusões e premissas sustentadas pela concepção de justiça como a lei da pólis. Portanto, atribuindo uma equivalência entre a legalidade e a justiça. Sócrates, diante de tal argumentação, demonstra como uma lei justa não é um pleonasmo - há leis injustas - e uma lei injusta é um oxímoro - a dupla existência entre a lei e a injustiça é extremamente cabível, não existindo equivalências tão solidificadas entre a justiça e a lei. Sobre tal necessidade de reformulação, Sócrates busca um conceito de justiça transcendente em si mesmo, para além das leis, bem como observa-se no mito do Fedro encontrando, obviamente, no Reino das Formas a Justiça em si. Sócrates vai buscar o que seria o conteúdo da justiça que fora retirado da forma de justiça para tal, inicia-se a discussão com a Justiça Política presente em Calipolis como uma estação intermediária com a chegada marcada na Justiça da Psique, dos indivíduos. Os pressupostos envoltos na seleção da estação intermediária como a Justiça política está nos benefícios da pólis idealizada como por exemplo ela torna mais fácil a compreensão da justiça, pois quando posta em um molde mais abrangente é mais fácil identifica-la, a quantidade de habitantes na pólis, tangível dentro da idealização da Bela Pólis (Calipolis). A cidade idealizada é inteiramente boa sendo detentora das virtudes mais belas como a sabedoria, coragem, temperança, e, por conseguinte, a justiça. Sócrates elabora uma associação entre as virtudes e a justiça atribuindo a interpretação de que o bom (Agathe) é a composição para conclusão do virtuoso (arethê). Para alicerçar a ligação entre o bom e o virtuoso Sócrates recorre ao argumento da função composto na teoria funcional do bem. Segundo essa Teoria o bem está estritamente relacionado ao funcional. Desse modo, existe a necessidade de determinado objeto - para se caracterizar com alguma função - precise realizar algo único, em paralelo, fazer o melhor que todas as outras coisas com a mesma funcionalidade. Portanto, é preciso que o objeto realize bem sua função, por exemplo, bons olhos enxergarem bem. Ademais, é necessário ter qualidades que permitam sustentar uma aptidão excelente em sua função, as denominadas virtudes. A título de exemplo, uma faca possui virtudes pelo qual permita desempenhar bem a função do corte, como níveis de afiação e dureza. A determinação da função da pólis para Sócrates está rodeada na satisfação das necessidades pré-estabelecidas dos cidadãos da pólis - perpetuar o bem-estar e resguardar dos males. O bem estar é atingível através da liberdade, tranquilidade doméstica e sabedoria, convergindo em uma felicidade dos cidadãos. A proteção, para garantir o resguardo, contra os males como a pobreza, escravidão, facções e a miséria. A hierarquização e estratificação de Calipolis fundamentam-se em uma relação de necessidades e atribuições às camadas distintas da sociedade. Assim sendo, existem: uma alma de ouro que consiste em um grupo de líderes envoltos pela sabedoria sendo responsáveis pela governança; uma alma de prata que é o grupo de guardiões atribuídos a função de mantimento da liberdade da polis; alma de bronze representada pelo grupo de trabalhadores que mantém as necessidades alimentícias, de abrigo e outros bens. Bem como, é indispensável a presença de uma comunidade de mulheres e crianças e a ausência total da propriedade privada, uma prevenção para edificação de possíveis facções. O somatório dos esforços plenos e máximos dos indivíduos decorre naturalmente na felicidade única para cada grupo constituinte. É elementar, para Sócrates, a Calipolis cumprir com princípios de eficiência e qualidade concernidos pela Divisão Natural do Trabalho e a hierarquização representada na estrutura tripartite. Com um pressuposto fixo das motivações e atribuições de cada indivíduo, a divisão do trabalho estabelece uma naturalização da aptidão para cada grupo supramencionado, representado pelas almas de ouro, prata e bronze. Tais perspectivas chocam com os princípios democráticos como a igualdade e a liberdade, rejeitadas pelo Sócrates devido a sua origem se basear em uma fluidez de funções, a bem dizer para cada cidadão, culminando em uma diminuição da qualidade e excelência - estruturantes para o ideal virtuoso da teoria funcional do bem - da atribuição desempenhada. Em suma, formaria legiões de mão de obra dispersa e pouco especializada. Assim como, é contrário ao ideal naturalista das qualidades intelectuais inerentes à determinado grupo minoritário. As virtudes, qualidades pelo meio das quais permitem fazer funcionar o bem estão engendradas nas subfunções compostas pela sabedoria, coragem, temperança e, portanto, justiça. Porque as necessidades são satisfeitas total e eficientemente através dos dotes naturais cultivados e canalizados em uma estrutura mais hierarquizada e com maior prevalência da Divisão Natural do Trabalho. Em síntese, a justiça está no fazer o que lhe é próprio configurando-se no alicerce para todo o funcionamento da sociedade estruturada na Tripartite. Para estruturar a tese da Justiça no fazer o que lhe é próprio, Sócrates compõem premissas, como: a divisão, permite enraizar as virtudes como a sabedoria, coragem e a temperança, a comparabilidade, segundo o qual a divisão permite uma rivalização das virtudes quanto a sua contribuição ao todo. Justiça coercitiva e penal, sobre o conhecimento do justo no senso comum como apenas ter o que lhe pertence permitindo uma degradação conclusiva para o fazer o que lhe é próprio; pelos opostos, a interferência e troca da classe (estamento) promove males e injustiças. Toda argumentação alinha-se ao conceito de justiça distributiva aristotélica, segundo o qual há uma atribuição do governar e portar armas aos qualificados conforme o padrão de sabedoria e mérito. Após a estação intermediária ser concluída chega-se na justiça psíquica. A materialização da justiça psíquica deve ser equivalente a justiça política vigente na pólis idealizada através do princípio da similaridade. De modo geral, uma fórmula é capaz de definir um termo em todas as suas aplicações que são similares em uma igualdade de estrutura. Então, categorizando o princípio empregado na equivalência: dois sistemas podem ser iguais sendo suas partes iguais, as partes dos sistemas possuem uma relação unívoca com as partes do outro sistema com base no tipo às quais pertencem as partes. Os tipos de partes são sedes de certas afecções - propriedade, atributo ou característica, o sistema tem sua capacidade estabelecida em virtude das suas partes terem afecções, portanto um sistema possui qualidades equivalentes se suas partes tiverem a mesma afecção. Assim sendo, as formas e características se igualam em sua natureza e no mesmo tipo de sistema. A estrutura tripartite presente na Justiça política possui equivalências com uma estrutura semelhante na Justiça psíquica, assim a mesma separação tripla das classes se manifesta na psique através de três amores: o amor pelo aprendizado referenciado pelas almas de ouro, responsáveis pela governança, é manifestado através da razão na alma; o amor pela honra, introjetado nos soldados (almas de prata) é representado pelo impulso na alma; o amor pelo dinheiro, almejados, frequentemente, pelos trabalhadores (almas de bronze) é uma consolidação do apetite. Cada qual funcionando, propulsado pela educação e treino, com o que lhe é próprio, porquanto, uma manifestação da justiça. Resumidamente, a polis e a psique possuem três partes equivalentes e caracterizadas, fornecedoras da base de sustentação da justiça - o fazer o que lhe é próprio - sendo motivo pelo qual torna a polis justa. Há uma separação clara do ato justo e da pessoa justa não estando a justiça ligada estritamente aos atos justos. A concepção da justiça permeia a ideia de um estado interno antes que uma ação, ou seja, a justiça tem relação com a interioridade e o modo organizacional da alma como em suas partes e afecções. O ato justo, desse modo, é a produção ou perpetuação no agente do estado interno de justiça, agindo, conforme, espera-se de uma pessoa justa. Na psique justa, existe uma questão sistêmica na distribuição dos amores, estando a racionalidade posta como uma força maior com a conjugação dos impulsos em prol de uma sujeição dos apetites desnecessários e uma concitação dos necessários. Um distanciamento e estabelecimento de limites entre as leis justas e injustas, estabelece a conceitualização da lei reta, abstração idealizada da lei mais justa. Essa deve estabelecer prioridades quanto a sua abrangência, tendo a lei reta uma prevalência e sobreposição do bem comum antes da manutenção do poder. A lei reta inculca todas as virtudes morais e educacionais, produzindo e preservando a justiça psíquica, posta como a representação da racionalidade.