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2. Metodologia
O método de abordagem deste trabalho consiste no levantamento das bibliografias
existentes sobre a questão da justiça e de cidade (polis) mais justa em Platão e em Aristóteles
e suas relações e implicações com os dias atuais. Além de adotar uma analogia entre as obras
de ambos os filósofos, com o intuito de demonstrar a vinculação dos seus pensamentos na
sociedade atual.
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Graduando no curso de bacharelado em Ciências Sociais na UFRPE
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Graduanda no curso de bacharelado em Ciências Sociais na UFRPE
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3. Justiça em Platão
O filósofo grego Platão (428– 348 a.c.) era de família bastante prestigiada
politicamente em Atenas e por conta disso, facilitou a sua dedicação aos estudos da Filosofia.
O pensador grego foi o discípulo mais talentoso de Sócrates e tudo que conhecemos do seu
mentor é descrito em seu livro A república na qual foi escrito por volta de aproximadamente
no ano de 380 a.c. Nessa obra, além de apresentar Sócrates por meio de diálogos, Platão
descreve suas teses sobre política e acerca da justiça.
Para Platão a justiça ajustava-se, como forma de identificar a virtude de cada cidadão,
a virtude consistia na capacidade de execução das funções sociais e políticas. O mais afamado
discípulo de Sócrates, idealizava um modelo de cidade justa com essas funções na qual eram
determinadas para cada cidadão de acordo com suas aptidões naturais. Com o objetivo de
buscar uma melhor organização na sociedade, as funções eram basicamente dividas em três:
os trabalhadores, os defensores e os sábios (filósofos). Os sábios eram os que deveriam
governar, uma vez que possuíam habilidades e conhecimento acerca do senso de justiça para
sua aplicação que existiria de forma equitativa entre os grupos mais pobres e os mais ricos. Os
defensores com a sua coragem manteriam a ordem e defendiam a cidade e os trabalhadores
exerciam sua força para manter a polis. (RAMOS, MELO E FRATESCHI, 2021).
Portanto, Platão idealizou este modelo de sociedade justa naquela época e assegurava
que seria válida através da alegoria da caverna. A ideia de funcionalidade do corpo social se
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compara a um organismo vivo, na qual cada função seria semelhante a um órgão de um
animal, visto que cada um detinha sua função coordenada para garantir a conservação da sua
cidade. A eficiência da função de cada indivíduo aconteceria por meio da prática, porém essa
representação do molde de uma cidade nunca existiu. (RAMOS, MELO E FRATESCHI,
2021).
Sendo assim, passando a realizar uma ligeira analogia com o sentido de justiça de
Platão aos dias atuais na sociedade, verifica-se que inúmeros indivíduos anseiam por praticar
determinada ação no âmbito do trabalho, mas que por algum motivo acabam não exercendo.
Do mesmo modo que existem aqueles que trabalham em uma ocupação na qual seja
incompatível com suas aspirações profissionais, assim como incontáveis assalariados que
desempenham suas atribuições com deleite, apesar de por vezes não existir um
reconhecimento por parte dos seus superiores. Em vista disso, recai diante dos sábios
governantes, as habilidades de fornecimentos de condições aos seus trabalhadores as suas
funções na qual tanto almejam. Por outro lado, o conhecimento atribuído ao líder sábio estaria
sempre associado com sua moralidade?
4. Justiça em Aristóteles
Contudo, apesar de possuir todo o aprendizado do seu mestre, ter estudado em sua
academia e até mesmo se tornado professor lecionando no seu ginásio, não seguiu as ideias
platônicas, se afastando paulatinamente à medida que iria amadurecendo. A grande
divergência entre o mestre e o aprendiz, estava no conhecimento intelectual da verdade obtido
por meio da essência pura, creditado pelo seu mestre, Platão. Com a proximidade do
conhecimento empírico do aprendiz, agora mais maduro, Aristóteles. (BOBBIO, 2017)
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não se aplicaria, pois haveria a possibilidade de soberanos com grandes conhecimentos não
agirem de forma justa. É importante salientar que o filósofo não descarta a necessidade de
conhecer os valores morais (as virtudes), pois são necessários para o bom convívio humano,
como por exemplo a própria justiça.
Sendo assim, Ramos, Melo e Frateschi (2021, p. 31): “O caráter de uma pessoa não é
bom porque ela simplesmente conhece o que é justiça ou a coragem, mas porque ela quer ou
deseja agir em conformidade com o que seja justiça ou coragem”. Aqui entendemos que o
conhecimento de justiça não é suficiente para transformar o caráter de um indivíduo. E
Aristóteles esclarece que isso ocorre por dois motivos: o primeiro seria a necessidade de
colocar a ética na frente do conhecimento teórico e o segundo apontamento é a própria
natureza humana na qual é composta de forma irracional e racional.
Ainda sobre isso, evidenciamos as ideias aristotélicas na sua obra A Ética a Nicômaco,
no livro VI, na qual explica a diferença entre conhecimento teórico e prático. Sendo assim, a
sabedoria teórica estaria ligada a capacidade racional de explicar algo. Um exemplo seria a
capacidade de esclarecer o motivo de um objeto simplesmente cair no chão por conta da ação
da gravidade. A sabedoria prática nos permite agir e produzir, isto é, agora poderíamos jogar
objetos propositalmente para deixarmos a gravidade agir. (ARISTÓTELES, 1973).
Nesse sentido, a ética e política são conhecimentos práticos, pois para existir justiça é
necessário viver sob as leis da cidade e não apenas em situações que nos convém. Dentro
dessa lógica, Aristóteles esclarece que a capacidade humana de fazer o bem se passa pela
nobreza do caráter (esses indivíduos nunca fariam algo considerado não nobre) ou pelo medo
por uma punição (indivíduos que procuram atender os seus desejos e paixões). Nesse aspecto,
o filósofo abre um espaço para um importante ponto: a influência da educação. Isso pelo fato,
de que Aristóteles esclarece que podemos sentir prazer em praticar algo nobre e condena a
ausência de uma medida nos prazeres e paixões por conta de comportamentos insensíveis.
Tais comportamentos ocorre quando se é bastante jovem e o indivíduo ainda não teve um
contato significativo com a educação.
Em complemento, Ramos, Melo e Frateschi (2021, p. 34): “os seres humanos não são
nem bons nem maus por natureza, mas que podem se tornar um ou outro em função da
educação recebida”. Com a educação, os indivíduos aprenderiam a “sentir o gosto” do que é
nobre e a busca pela Eudaimonia (felicidade). Sendo assim, a cidade (polis) é o local ideal
para pôr as ações e sentir esse gosto pelas boas práticas em pauta. Isso porque, ela é
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organizada segundo a justiça e o bem comum. Essa ideia, é passada por Aristóteles no sentido
que não basta o conhecimento prático, é necessário aprendemos a desejar o que é posto como
bom, isso é a promoção do bem, em um modo de vida na cidade regido pelo princípio de
justiça.
Para pôr fim as explicações de Aristóteles sobre a justiça, lembramos de sua celebre
frases na qual é descrito que todo o ser humano é um animal político. Aqui Ramos, Melo e
Frateschi (2021), esclarece sobre a divergência entre os animais racionais vivendo em
sociedade com relação aos animais irracionais que vivem em grupos, como por exemplo:
lobo, abelhas, formigas etc. Os seres humanos buscam a convivência em comunidade para se
afastar da selvageria, pois ela permite a distância da sabedoria e virtude. Por isso estamos a
frente dos outros animais irracionais, pois somos capazes de nos manifestarmos e tomarmos
decisões justas na sociedade.
5. Considerações finais
Como debatido anteriormente, a justiça foi uma das grandes preocupações da filosofia
ocidental, na Grécia antiga. Nos detemos nos pensamentos divergentes, mas bastante
significativos e agregadores de dois grandes filósofos: Platão e Aristóteles. Platão em seu
entendimento acreditava, em linhas gerais, de que administrar uma cidade seria como
administrar uma casa. Aquele que obtiver mais ciência e sabedoria saberá guiar de forma mais
justa e consciente a ponto de decidir o melhor para todos. E os demais moradores dessa casa,
teria suas tarefas divididas de acordo com suas virtudes naturais. Isto é, se um residente desse
lar se sentisse melhor realizando determinada tarefa, ele passaria a realizar. O modelo de
Platão não é nada utópico, mas de uma percepção da natureza da cidade que é a justiça.
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No entendimento aristotélico, acredita que a cidade nasce de uma necessidade ética.
Para isso, limita-se a acreditar no caráter natural do homem que comporta uma reflexão sobre
suas escolhas racionais. O ser humano torna-se um ser intermediário entre os Deuses
(perfeitos) e os animais irracionais que possui capacidade de escolha com a virtude e justiça
para o seu melhor fim, a Eudaimonia.
6. Referências bibliográficas