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PLATÂO

Platão foi discípulo de Sócrates e um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga. No período
antropológico, iniciado a partir das ideias socráticas, Platão destacou-se por ter lançado a sua teoria
idealista e por ter deixado escrita a maioria dos textos conhecidos hoje sobre Sócrates.
O idealismo platônico consiste, basicamente, em uma distinção entre conhecimento sensível, inferior e
enganoso, que seria obtido pelos sentidos do corpo, e conhecimento inteligível, superior e ideal, que
acessaria a verdade sobre as coisas. O conhecimento inteligível seria aquele que permite o nosso acesso
ao ser e à essência de algo, que seria imutável, ao contrário da aparência, que pode enganar-nos. O
conhecimento inteligível estaria no Mundo das Ideias e das Formas, enquanto o conhecimento sensível
estaria em nossa realidade material.

Idealismo

O idealismo platônico é o que há de mais marcante em sua obra. Com base na noção de que o
conhecimento das Ideias ou Formas puras, imutáveis e perfeitas é o único conhecimento verdadeiro
(obtido pelo intelecto), o filósofo afirmou que o nosso conhecimento sobre a matéria (obtido pelos sentidos)
é enganoso.

Aquilo que conhecemos por meio de nossos sentidos corpóreos são meras ilusões causadas por nossos
órgãos do sentido, portanto, são conhecimentos inferiores. O conhecimento ideal estaria, segundo o
filósofo grego, no Mundo das Ideais, estância metafísica racional que só poderia ser alcançada por nosso
intelecto. Hoje, utilizamos a expressão “amor platônico”, que se refere a um tipo de amor que nunca se
concretiza, ou seja, é ideal.

Mundo Inteligível:
O Mundo das Ideias ou das Formas (que deve ser escrito com letra maiúscula) seria a realidade
intelectual, verdadeira, eterna e imutável, que pode ser acessada apenas por meio da capacidade
racional do ser humano. Nessa instância, estariam as essências das coisas, os conceitos, as ideias fixas e
imutáveis que descrevem essencialmente cada ser ou objeto existente. Já o mundo sensível seria
a realidade com a qual nos defrontamos em nosso mundo prático, que experimentamos. Essa
realidade sensível é ilusória e enganadora, pois, para usar um jargão popular no qual Platão inspirava-se:
as aparências enganam.

Política

Para Platão, existem três tipos de caráter que moldam as almas das pessoas. Cada tipo, em sua teoria
política, deveria ocupar o seu respectivo cargo na sociedade, a fim de formar uma organização perfeita
da pólis:

1. Caráter concupiscível: mais ligado à liberdade e aos desejos, é o caráter de pessoas mais
afeitas ao trabalho manual e artesanal.
2. Caráter irascível: por serem dominadas por impulsos de raiva, essas pessoas estariam aptas
ao serviço militar.
3. Caráter racional: esse tipo de caráter estaria, para Platão, mais próximo da racionalidade e,
concomitantemente, da justiça, o que conferiria às pessoas que o têm a capacidade de
governar, ou seja, de atuar na política.

O PENSAMENTO PLATÔNICO E SUA INFLUÊNCIA NA HISTÓRIA POLÍTICA

Categoricamente podemos afirmar que é a partir de Platão que o mundo da pólis é assumido como parte
integrante da agenda temática da filosofia. Ele foi o primeiro filósofo ocidental a sistematizar um
pensamento político, bem como este tema é o centro de sua filosofia. Este é seu maior interesse, é para
ele que convergem todos os seus esforços ideológicos.
O julgamento do mestre Sócrates, que resultou em sua sentença de morte, marcou profundamente seu
projeto filosófico. Isto porque a condenação desnecessária de um homem, demonstra até que ponto pode
chegar os males consequentes de uma inadequada organização do poder político. Porém,
paradoxalmente, veremos que Platão não tinha problemas com a prática do infanticídio. Este fato deve nos
lembrar sobre a importância de agirmos com prudência quanto a assimilação integral de qualquer sistema
político-filosófico bem como defendê-lo como o melhor caminho para o estabelecimento do progresso
social. O ideal é a apropriação daquilo que seja mais nobre na reflexão daqueles que pensaram a política
na história e a pensam na atualidade a fim de utiliza-la para suprir uma determinada lacuna na reflexão
política, ou necessidade de aprimoramento, sempre na busca de uma reflexão que agregue ao progresso
estatal no âmbito político, tornando-o, entre outros quesitos, menos corrupto.

Segundo Platão todo homem que desejasse tornar-se um bom estadista, precisava ser um bom
conhecedor do Bem, o que só seria possível mediante a combinação da disciplina moral e intelectual.
Segundo os princípios platônicos muita educação era fundamental para o desenvolvimento de um bom
governante. Se não fosse assim certamente se corromperiam quanto chegassem ao poder. Deve o poder
ser exercido como resultado do acúmulo de conhecimentos sobre o Bem e não pelo desejo de ter o poder
pelo poder.

Platão não acreditava que a democracia ateniense era a melhor ideologia para reger a polis. Fora ela que
condenou a morte o homem que ele mais estimava. Ele também disse ser a timocracia (governo dos
donos da terra) uma forma equivocada de se praticar a política. De igual modo refutou a oligarquia
(governo dos ricos para os ricos), também não entendia que a tirania (mais associada ao governo dos reis
– monarquia) seria a forma mais saudável de governo para a cidade. Platão defendeu que somente uma
aristocracia (governo dos melhores) [3], ou aristocracia intelectualizada, estabeleceria uma maior
qualidade política gerando o Bem na Polis. (FERREIRA; GUANABARA; JORGE, 2013)

O ato de educar só seria possível, segundo pensava, se o ócio fosse tomado como essencial à busca pela
sabedoria, posto que essa não seria ser encontrada entre os que trabalham para sobreviver, mas
exclusivamente entre aqueles que possuem recursos independentes ou entre aqueles que o Estado livra
das angustias referentes a própria subsistência, para que pudessem se dedicar ao estudo e reflexão.
(RUSSELL, 2015)

De acordo com o mais importante diálogo de Platão, a República, o governo deveriam ser exercidos por
filósofos (aqueles que detinham o saber mais aprofundado, os amantes da sabedoria). Ele defende que os
cidadãos deveriam se dividir em três classes: as pessoas comuns, os soldados e os guardiões. Apenas
esses últimos poderiam exercer o poder político.

Segundo o pensamento platônico, para afastar o mal era necessário conhecer e respeitar a justiça.[4] Mas
como ele percebia a justiça? Essa seria a correta relação do indivíduo na sociedade de acordo a parte da
alma que se sobressaia em relação as outras. [5] Neste sentido, a priori, a justiça não estava situada no
plano das relações individuais, mas consistia em um valor que deveria nortear a organização social.

TEORIA ÉTICA

Por que nós estamos te contando isso? Porque Platão entendia que uma pessoa só pode tomar
decisões corretas quando a parte racional da sua alma fala mais alto. No fundo, todos nós sabemos
disso não é? Normalmente quando nós somos guiados pelas nossas emoções ou pelo nosso desejo
de sentir prazer, nós acabamos sendo precipitados e inconsequentes.

Além disso, precisamos entender que com relação à ética para Platão, ela tem a finalidade de levar o
homem a se voltar para o bem. Em outras palavras, o ser humano deveria buscar aquilo que
engrandece a sua alma e abrir mão das coisas materiais ou dos prazeres. Interessante não?

Dessa forma, podemos afirmar que, para Platão, o indivíduo ético é aquele que é capaz de governar a
si mesmo. Ou seja, é aquele que exercita a sua habilidade de autocontrole.
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A ÉTICA PARA PLATÃO

Como você pôde ver, Platão foi um grande pensador da Grécia Antiga que desenvolveu uma concepção
sobre o que é ética. Nós buscamos apresentar de maneira resumida e simplificada qual foi a ideia do
filósofo grego. Segundo ele, nós só podemos agir de maneira ética quando nós damos ouvido ao
nosso lado racional, o qual nos ajuda a tomar decisões mais justas.

Essa escolha implica em nós abandonarmos cada vez mais os prazeres das sensações. Além disso,
ela também significa deixarmos de agir motivado pelas nossas emoções. Como nós podemos ver,
esse é um grande desafio. É possível que você discorde do filósofo (e tem todo o direito de fazer isso). No
entanto, nós achamos importante te apresentar as suas ideias.

EXERCICIOS

Questão 1 – (ENEM 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos
presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as
pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras
da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.

RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que


a correlação entre justiça e ética é resultado de:

a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana

b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais

c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas

d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes

e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas

Questão 2 – (ENEM 2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos:
“Este objeto que estou vendo agora tem tendência para assemelhar-se a um outro ser, mas, por
ter defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior”. Assim,
para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer
esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente.

PLATÃO. Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972

Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica:

a) estabelecer semelhanças entre o que é observado em momentos distintos

b) comparar o objeto observado com uma descrição detalhada dele

c) descrever corretamente as características do objeto observado

d) fazer correspondência entre o objeto observado e seu ser


e) identificar outro exemplar idêntico ao observado

Questão 3 – (ENEM 2016) Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No
entanto, os deuses em um primeiro momento pensam em matá-los de forma sumária. Depois
decidem puni-los da forma mais cruel: dividem-nos em dois.

Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, dividíssemos ao meio.
Desta forma, até hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um com saudade de sua
metade, tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, desejando
formar um único ser.

PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987

No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o:

a) bem supremo como fim do homem

b) prazer perene como fundamento da felicidade

c) ideal inteligível como transcendência desejada

d) amor como falta constituinte do ser humano

e) autoconhecimento como caminho da verdade

Questão 4 – (UEPA) Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de
suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e
seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do
menor rigor.

Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões


subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter
insuficiente.

CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17

Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à:

a) oligarquia

b) república

c) democracia

d) monarquia

e) plutocracia
Questão 5 – (UNESP) O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura. As produções
da pintura apresentam-se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos algo, mantêm o mais
solene silêncio.

O mesmo ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se pensassem, mas se
os interrogarmos sobre o que dizem (…) dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma
(…) E quando são maltratados e insultados, injustamente, têm sempre a necessidade do auxílio
de seu autor porque são incapazes de se defenderem, de assistirem a si mesmos.

Platão, Fedro ou Da beleza. São Paulo; Guimarães, 1998

Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contrapondo-os à sua concepção
de filosofia.

Assinale a alternativa que permite concluir, com apoio do fragmento apresentado, uma das
principais características do platonismo.

a) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o conhecimento funda-se no rigor


interno das argumentações, produzido e comprovado pela confrontação dos discursos

b) O platonismo se vale da oratória política, sem compromisso filosófico com a busca da verdade,
mas dirigida ao convencimento dos governantes das Cidades

c) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de pequenas sentenças com sentido
completo, as quais, no seu entender, esgotam o conhecimento acerca do mundo

d) O discurso platônico tem a mesma natureza do discurso religioso, pois o conhecimento


filosófico modifica-se segundo as habilidades e a argúcia dos filósofos

e) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias platônicas, sendo a filosofia uma sabedoria
alcançada na velhice e ensinada pelos mestres aos discípulos

Questão 6 – (UEG) O mundo grego no século IV a. C. era marcado por uma estrutura de
cidades-Estado dispersas pelo território helênico. Essa fragmentação política levou os filósofos a
procurarem estabelecer uma ideia sobre as formas de governo que fossem as mais adequadas.
Entre essas ideias, pode-se destacar

a) a democracia racional, defendida por Demócrito

b) a oligarquia comercial, defendida por Sócrates

c) a aristocracia rural, defendida por Heráclito

d) o governo de filósofos, defendido por Platão

Questão 7 – (ENEM 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o
objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em
detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua
mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012
(adaptado). O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da
Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa
diante dessa relação?

a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas

b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles

c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis

d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não

e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão

Questão 8 – (Unespar 2016) Platão, filósofo grego e um dos pensadores mais influentes da
história da filosofia, deixou quase toda sua filosofia escrita em forma de diálogos. Na maioria
deles, Sócrates é a personagem principal que debate com demais interlocutores os temas
relevantes que constituem, de certa forma, o todo da filosofia de Platão. A forma de diálogo pode
ser caracterizada como:

a) A demonstração de que Platão e os autores de sua época desconheciam outra forma de


escrita;

b) Apenas uma forma que facilitava lembrar o texto, visto que se tratava de uma cultura da
oralidade;

c) Uma estratégia adequada que privilegiava a construção do pensamento de forma dialética


através da maiêutica socrática;

d)A demonstração de que Platão não dominava completamente os problemas que ele discutia e,
por isso, precisava recorrer às ideias de outras pessoas;

e) Uma estratégia pedagógica para facilitar o uso das obras na Academia, escola fundada por
Platão.

Questão 9 – (Unespar 2016) A República de Platão é uma das obras mais lidas e reconhecidas
da História da humanidade. Seu tema principal é:

a) A construção de uma cidade ideal, que Platão implanta de fato em uma terra distante de
Atenas, como nos narra depois em sua Carta Sétima;

b) O conceito de verdade construído na Alegoria da Caverna, o que demonstra que toda a


construção da cidade não passa de uma metáfora e que o tema que interessa realmente a Platão
não é política, e sim conhecimento;

c) A arte e sua necessária submissão à ciência, como fica claro nos livro III e X em que Platão
argumenta não ser a arte uma atividade racional;

d) A ética e a política, embora Platão argumente que a cidade ideal não pudesse ser construída.
Ela precisava ser pensada a fim de iluminar os governantes;
e) Uma política que deve ser submetida não aos desígnios das vontades subjetivas mas a um
governo estabelecido em bases racionais.

Questão 10 – (Unespar 2015) Platão, em sua obra, A República, fala de uma ética teleológica,
isto é, uma ética cujo princípio não é o que realmente se faz, mas o que se deveria fazer. Esta
postura de Platão está baseada naquilo que ficou conhecido como Teoria das Ideais, sobre a qual
é correto afirmar que:

a) É a teoria em que Platão, através da imagem da expulsão dos poetas da República, define que
devemos nos concentrar no mundo sensível, para conhecer corretamente a realidade;

b) É a teoria em que Platão separa o conhecimento em dois tipos: o estético e moral;

c) É a teoria em que Platão define o conhecimento como uma passagem a uma intuição
intelectual totalmente diferente do conhecimento dado no mundo sensível;

d) É a teoria em que Platão define as Ideias como entidades imateriais inacessíveis ao intelecto
humano;

e) É a teoria atribuída a Platão erroneamente, pela tradição Cristã, na Idade Média, uma vez que
Platão nunca pensou as ideias como entidades com existência real.

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