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o livro com a atual sociedade brasileira, nota-se que o modelo democrático em que o Brasil vive, era
duramente criticado por Platão, na verdade, para ele a democracia era o modelo político mais
semelhante e próximo de uma Tirania, porque o poder na mão do povo traria decisões injustas, visto
que eles não possuíam do conhecimento necessário para ocupar este lugar e deter deste poder. Para o
filósofo, a Pólis era um sistema moral, sendo assim, precisava de uma comunidade com caráter ético,
que deveria ter, como principal finalidade, a prática da justiça e da virtude, e não o escopo em
concentração de riquezas, auto bem-estar ou a própria segurança. Para aprender de fato o que é a
justiça, de acordo com Platão, precisa-se de conhecimento, reconhecer qual é a sua verdadeira
natureza, porque a partir disto, você entenderá e cumprirá a sua função na sociedade. Se cada um
conhecer suas aptidões (virtudes) e transformá-las em funções em pró do bem social, o Estado se
tornará mais justo. Para o Professor e Doutor na Universidade Federal de Recife, Richard Romeiro
Oliveira:
“[...] não é de admirar que Platão visse na democracia uma forma política problemática e, no limite,
irracional, cujo funcionamento permite que a multidão se aproprie indevidamente do poder e da
administração da cidade, sem nenhuma aptidão intelectual para tal. Nesse sentido, a democracia,
em sua forma extrema e desmesurada, seria o regime que, ao verde Platão, institucionalizaria o
amadorismo e o diletantismo como práticas políticas correntes e cotidianas, instaurando um
governo dos ineptos que põe em risco a ordem moral e institucional da pólis. A imagem mais
contundente através da qual Platão pretende sintetizar essa sua condenação da democracia a partir
de parâmetros estritamente epistemológicos encontra-se, como se sabe, em uma conhecida
passagem do livro VI da República, passagem em que o filósofo, lançando mão de um sugestivo
símile ou imagem (eíkon), compara o regime democrático a uma nau desgovernada, na qual uma
turba de marinheiros ignorantes, alijando arbitrariamente de seu posto aquele deveria estar à frente
da embarcação (o piloto), conduz o navio pelos mares sem qualquer tipo de perícia ou
conhecimento.”
Platão considera que o modelo político ideal para o bom funcionamento do Brasil e de qualquer outro
Estado, seria a divisão social por meio de aptidões, ou seja, cada classe estaria designada para cumprir
alguma função específica, de acordo com seu conhecimento. Por exemplo, os filósofos teriam a
função de governar, por terem a capacidade de comandar a sociedade, resolvendo os conflitos
políticos através da razão, vulgo sua maior virtude. Já os guardiões, eram a classe destinada a defesa
e proteção, porque tinham a coragem como principal virtude. Por último, ficavam os trabalhadores,
que eram responsáveis por controlar e mover a economia, eram eles que promoviam a nutrição e
sensibilidade da população.
É o controle excessivo, o ideal de perfeição e a mecanização que trazem esta sociedade para uma
realidade totalitária. Para Karl Popper, o pensamento platónico demonstra elementos autoritários, por
se tratar de uma divisão hierárquica extremamente restrita, que funciona através de regras rígidas
promovidas pela classe dirigentes, os filósofos, criando formas restritas de educar os demais
conseguintes da “pirâmide”, por meio de uma severa supervisão, tal como se apresenta uma sociedade
autoritária. No artigo “O legado político de Platão sob olhar liberal de Karl Popper: Discussões em
torno do advento de regimes Democrático-autocráticos”, os autores Loiane Prado Verbicaro e André
Silva Oliveira, expressam que:
Platão (2000), ao abordar sobre o tema justiça, defende a ideia de que qualquer mudança
ou mescla no interior das três classes deve ser compreendida como injusta. Seu alvo
fundamental era deter a mudança política. Ao defender o predomínio e o privilégio de
classe, sustenta que o Estado é justo quando o governante governa, o trabalhador
trabalha e o escravo se deixa escravizar. Segundo Popper, (1987) esse ponto de vista de
Platão é incompatível com o que costumeiramente se considera como justo – a ausência
de semelhantes privilégios e a igualdade no tratamento dos indivíduos. Nesse sentido,
por detrás da definição de justiça de Platão, situa-se, fundamentalmente, sua exigência
do predomínio totalitário de uma classe sobre a outra, o que, para Popper, trata-se da
consagração da mais absoluta injustiça (POPPER, 1987, p. 104-105).
De acordo com Karl Popper, para tornar o modelo de Platão não totalitário, seriam necessários tais
implementações: o princípio igualitário, cujo eliminaria os privilégios naturais e a divisão no trato
dos cidadãos; individualismo, onde cada um poderia ser altruísta e viver não exclusivamente para o
Estado, mas podendo ter a liberdade de seguir suas próprias vontades, desde que ordenadas; liberdade,
no qual poderiam usufruir de qualquer tarefa do Estado. (PRADO, SILVA, 2019, p. 8)
Sendo assim, é improvável separar ou remodelar a República de Platão, para que a mesma se torne
menos ou nada autoritária, a base para esta teoria - seus princípios, dão indícios de governos abusivos
e totalitários, que em prática usufruíram inconsequentemente de todo poder e liberdade. Não importa
o quanto você abdique de sua vida carnal e suas paixões, a partir do momento em que uma pessoa ou
Estado se torna “médico” da sociedade, as decisão tomadas não visaram o bem de todos, mas sim de
uma classe específica e dominante.
Referências:
VERBICARO, Loiane Prado; OLIVEIRA, André Silva. O legado político de Platão sob o olhar
liberal de Karl Popper: discussões em torno do advento de regimes democrático-autocráticos. Revista
Opinião Jurídica (Fortaleza), Fortaleza, v. 17, n. 24, p. 13-30, jan. 2019. ISSN 2447-6641.
Disponível em: <https://periodicos.unichristus.edu.br/opiniaojuridica/article/view/1977>. Acesso
em: 26 mar. 2023. doi:http://dx.doi.org/10.12662/2447-6641oj.v17i24.p13-30.2019.