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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS

UNIDAS – FMU – LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

BIANCA SANTOS DA SILVA, RA: 3238661


NOTURNO
3º SEMESTRE

RESENHA: DO PRINCÍPIO DE AUTORIDADE, PIERRE JOSEPH


PROUDHOUN

PROF. JOÃO MISAEL DA SILVA BROSSA


POLÍTICA: REGIMES E SISTEMAS DE GOVERNO

SÃO PAULO
2021
DO PRINCÍPIO DE AUTORIDADE

No trabalho proposto, dissertarei sobre as críticas de Proudhoun ao


estado democrático, assim como sua noção de autoridade. O autor, em sua
essência anarquista, neste texto, deixa claro sua negação a qualquer
autoridade imposta, e não somente, mas explica como que seria esse estado
sem nenhum tipo de governo.
Para dar início, o autor começa colocando suas percepções a partir do
que é a autoridade em sua forma governamental. Começa-se dizendo que a
família é o embrião do Estado, e dela tira-se a representação de sua
sistematização estrutural, e a compara ao sistema governamental: o rei no pai,
o ministro na mãe, o súdito no filho, de forma a dizer que a família é
transmissora de valores morais e éticos, onde também se apoia o poder do
Estado. Parafraseando Proudhoun (1998), “o governo sempre se apresentou
aos espíritos como o órgão natural da justiça, o protetor do fraco, o
conservador da paz”. A partir dessa afirmação, se confirma o porquê da
analogia entre Estado e família ser tão eficaz em se alocar, como diz o autor,
nos corações e nas inteligências da sociedade civil.
Proudhoun prossegue com sua crítica incisiva à democracia,
principalmente aos contratualistas, especificamente Rosseau. A principal
questão colocada pelo autor, é que a democracia ou o contrato social, vem
com uma falsa sensação de liberdade para o povo, onde, nesse sistema, irão
escolher e realmente fazer parte da eleição de alguém como representante de
interesses coletivos, mas que na prática, estes sempre irão pender para o lado
das classes dominantes, mesmo que se diga como parte do povo. Dessa
forma, na concepção de Proudhoun (1998), “(...) o povo é traído por suas
próprias ideias, acreditando colocar o poder dentro de seus interesses, mas na
realidade, coloca-o contra si”. E contínua, para concluir suas críticas, não
somente à democracia -sistema muito enfatizado pelo autor-, mas qualquer
outro sistema de governo, afirmando que, a real fórmula revolucionária seria
aquela onde “(...) nem legislação direta, nem governo direto, nem governo
simplificado, e sim, nada de governo, (...) nada de autoridade, mesmo popular:
eis a revolução! ” (p. 79).
De forma a rejeitar qualquer forma de autoridade, Proudhoun começa a
dissertar sobre os porquês dessa negação, e ainda como seria o sistema ideial
de governo, segundo suas concepções. Para o autor, é absurdo pensar que há
como se ter um único representante interessado na ordem e justiça para todos,
assim como fazer escolhas em nome de toda uma população que de fato
forneça o bem, a ordem, a justiça, a igualdade e etc., além de manter a
liberdade de seu povo em plenitude. Proudhoun não nega a necessidade da
ordem e da justiça, e como bem diz, também a quer, mas não por meio de
imposições e acordos pré-estabelecidos do uso de sua servidão e sacrifício.
Afinal, a necessidade de quem realmente o Estado e suas formas de
governo atendem? Onde realmente estão as recompensas da servidão e do
sacrifício? Quais os benefícios que se tem a partir das decisões de uma única
pessoa ao bem coletivo? Essas são questões que Proudhoun coloca em
indagação, partindo de um pressuposto onde como, de fato, é garantida a
realização das vontades coletivas, sem a participação efetiva do coletivo? E
prossegue, afirmando que, “o Estado não negocia nada comigo; não me
permuta nada, ele me saqueia” (p. 84). A liberdade para o autor, é o contrário
do que defende o contratualista Rosseau, por exemplo, que defende a tese de
que obedecer às leis impostas pelo Estado, é obedecer a seus próprios
interesses. Sendo então, a posição de não obedecer às vontades que não
sejam as próprias de seu livre arbítrio, a própria liberdade. E contínua, partindo
do exemplo das leis, “(...) no lugar de um milhão de leis, uma única é suficiente.
Qual será esta lei? Não faça a outro o que vós não quereis que vos faça, faça a
outro como desejais que vos seja feito. (...), mas é evidente que isto não é uma
lei, é a forma elementar da justiça, (...) resolve todas as antinomias da
sociedade, (...) ao promulga-la, vós proclamais o fim do governo” (p. 85).
Assim, promulga então, com muita firmeza a emancipação do povo, negando
as autoridades, e colocando-as como ineficazes.
O que Proudhoun propõe é o povo como governo e o governo como
povo. Em sua concepção, essa é a forma pela qual a emancipação e as
liberdades individuais serão garantidas. O povo, nessa concepção, é o
legislador, o rei, o soberano, e mais ainda, uma única camada, ou seja, não há
quem ser governado e ninguém com o título de governante. O resultado dessa
equação, como diz o próprio, é zero: “(...) o povo em massa impondo-se ao
Estado, o Estado não tem mais a menor razão de ser. Visto que não existe
mais povo: a equação de governo dá por resultado zero” (p.93). Em outras
palavras, nada de autoridade! Essa é a máxima de Pierre Joseph Proudhoun.

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