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Direito constitucional

PODER POLITICO

Conceito e origem do poder politico

A atividade humana não depende apenas da interação livre e espontenea dos indivíduos e dos
grupos, mas igualmente carece de uma intervenção concertada, a cargo de um conjunto de
estruturas , de organizações e de procedimentos.

A inevitabilidade do poder politico

A inconveniência de dois resultados , que importam desvios ou distorções à tarefa que o


poder politico se propõe desenhar na organização social:

- anomia ou a anarquia , traduzindo a ausência do poder politico , com uitos


casos de irracionalidade nas relações sociais coletivas , mostra a inevitabilidade daquele poder;

- ditadura ou o totalitarismo, representando o poder politico arbitrário que não


respeita o exercício de um espaço vital da liberdade humana, desvirtude aquela sua função de
organização social;

O poder politico apresenta-se como uma alavanca indispensável ao estabelecimento de um


conjunto estável de orientações jurídico-normativas – a sua existência assenta na natureza
social do homem e do seu direito

( ius societas , ibi ius) apenas na medida em que é necessário regular as relações
intersubjetivas se justifica a pertinência de uma estrutura de poder politico.

O poder político consiste na produção de comandos que imponham determinados


comportamentos, relativamente aos quais releva uma intrínseca aptidão de obrigar, pela força
se necessário, ao respetivo acatamento, através do emprego de meios de coação material.

Duas dimensões fundamentais:

- Dimensão substantiva, através da qual o poder político exprime


orientações jurídicas destinadas à regulação da vida em comunidade;

- Dimensão adjetiva, em que o poder político comete a tarefa de se


«defender a si próprio», organizando a obediência que os outros lhe devem;

Três grandes orientações na busca da origem do poder político:

- uma origem naturalista, pela qual o poder politico se apresenta necessário à


organização social, para o qual os seres humanos tendem , mesmo acordo a sua vontade
individual , só ai se realizando plenamente , de acordo com sua sociabilidade inata; esta
perspetiva radica em Aristóteles, segundo este filosofo , sendo o homem um animal social so
não degeneraria na sua conivência inter-relacional se inserisse numa ordem comunitária ,
avultando o poder politico para fixação das regras de ordenação coletiva , assim desenvolvendo
a sua personalidade.

- Uma origem teológica, segundo a qual o poder político, como também os


outros poderes humanos, derivam de Deus, diretamente ou por níveis de intermediação,
sendo Deus a causa final de tudo e de todos, bem como da criação em geral; Identifica Deus
como sua fonte;

As teorias teocráticas , normalmente monárquicas, que divinizam os reis,


sendo-lhes por vezes até prestado culto, como sucedeu com alguns regimes do Estado Oriental;

As teorias do direito divino sobrenatural, que implicam que os governantes


sejam diretamente escolhidos por Deus , exercendo um poder que é dom divino , o que se
demonstra pela ajuda na realização de feitos históricos;

As teorias do direito divino providencial, em que os governantes são


designados , não já diretamente por Deus ,mas através de uma ordem constitucional
estabelecida, assim como sucede, em geral, com a organização da comunidade politica em que
se verifica do mesmo modo o consentimento de Deus , mo pressuposto de que é a causa final
de todas as coisas , chegando o poder politico aos governantes através do povo « omnis
potestas a Deo per populum»;

- uma origem voluntarista, através da qual se afirma que o poder não esta em
Deus, nem numa inevitabilidade de convivência social pacifica , antes na vontade dos titulares
do poder politico , que em cada momento encarnam a fonte desse mesmo poder , a qual pode
desdobrar-se em múltiplas modalidades .Sublinha que o poder politico é uma expressão de
vontade dos cidadãos – um pacto ou contrato social – em que este mesmo se ancora , abrindo-
se as portas à respetiva origem democrática , hodiernamente seguida.

A idade moderna foi o tempo favorável para a assunção racionalista da organização da


sociedade , defendida nas diversas teorizações do contrato social , na passagem do estado de
natureza ao estado de sociedade.

CAMBIANTES DA EXPLICAÇÃO VOLUNTARISTA:

 A teoria do pacto de sujeição irrevogável e absoluto, conferindo-se aos


governantes o poder de vida e da morte sobre os súbditos , como fez
Thomas Hobbes, na construção do Leviatã, a única maneira de passar do
estado natureza ao estado de sociedade, com isso se protegendo os
cidadãos e se evitando a destruição da sociedade pela guerra de todos
contra todos, sendo o homem o lobo do próprio homem «homo homini
lupus»
 A teoria do pacto de sujeição revogável, podendo o povo retirar o poder
aos governantes , admitindo-se mesmo a deposição e o tiranicídio , como
defenderam os monarcómacos;
 A teorias contratualista democráticas , as quais radicam o poder politico na
vontade da comunidade, mas com respeito pelos seus direitos
fundamentais , como defendeu John Locke ;
 A teoria do contrato social em favor de um poder parlamentar, numa
conceção democrática totalitária , à maneira de Jean-jacques Rousseau;

Com a idade contemporânea e com o constitucionalismo , a origem do poder politico , foi


oscilando entre soberania popular e a soberania nacional, deixando de ter interesse a questão
do mecanismo de transferência do poder politico na transição do estado natureza ao estado de
sociedade:
 A soberania popular aceita que o poder politico resida na comunidade através de cada
um dos seus membros , os cidadãos com direitos de participação politica e sem
exclusões arbitrarias entre os mesmos;
 A soberania nacional reconhece o poder politico na nação como comunidade
sociológica e histórica , ainda que não individualmente manifestada pelos cidadãos do
Estado ;

Máxime, o poder constituinte , que é mais forte de todas as suas expressões – deriva da
vontade dos cidadãos , que livremente estruturam a sua comunidade politica por
intermedio da aprovação da Constituição.

CORRENTES DIVINAS:

As teorias da origem voluntaria e minoritária do poder politico , sendo recentes , são bem mais
heterogéneas do que as teorias anteriores , unificando-se sob o diapasão comum de
defenderem a possibilidade de escolha do poder politico a apenas um grupo restrito de
cidadãos:

1. Despotismo Esclarecido , na passagem do Estado absoluto da Idade moderna , ao


Polizeistaat, em que o poder politico se fundou na iluminação do rei, coadjuvado por
toda a sua elite bem-pensante e com o repudio da sua origem divina;
2. Doutrina marxista-leninista, que preconizou a ditadura do proletariado , posta em
pratica nos estados de inspiração soviética ,num totalitarismo de esquerda , afastando
do exercício do poder politico a generalidade dos grupos sociais e , em contrapartida,
somente o fazendo assentar numa conceção económica de pertença a determinada
classe social – proletariado e afins;
3. Totalitarismo de direita , nos regimes fascistas e fascizantes que, negando a
democracia, proclamaram a origem do poder politico na interpretação do interesse da
nação e da organização corporativa, em razão de conceções organicistas e belicistas da
sociedade;

Poder politico e outros poderes

Se o poder politico repousa na possibilidade de a estrutura queo detem impor


comandos e fazer-se obedecer aos mesmo, incluindo o uso da força quando seja caso
disso, tal não quer significar que a observação da realidade não possa demonstrar a
existência de outros poderes , por vezes bem mais efetivos do que o poder politico

Nas suas relações sociais , as pessoas e os grupos recebem e inserem-se em complexos


e ate inextricáveis conjuntos de influencias que não tem sempre uma explicação ao
nível do poder politico estabelecido.

As pessoas e os grupos , nas suas relações intersubjetivas, são movidas por outros
poderes , de natureza fáctica em relação àqueles , mas que por contraste não são
dotados da característica que assoma no poder politico , que assim se encontra
ausente: a da coercibilidade.

O poder politico determina o cumprimento dos seus comandos recorrendo à força se


necessário , ora isso já não e o que sucede com estes outros poderes , de natureza
fáctica , que assentam numa logica de persuasão, não tanto num fenómeno de coação
material.
Modalidades dos poderes de persuasão ( que não configuram projeções do poder
politico):
 Poder social- inserção de cada pessoa num ambiente social especifico. Este
poder social está subjacente a uma peculiar ordem normativa da que se
extraem imposições de dever-ser , mas que não são assistidas de qualquer
proteção coativa , a qual toma a designação de ordem de civilidade ou ordem
de trato social.( obrigatoriedade de cumprimentar as pessoas que se conhece e
que se encontra)
EM CASO DE VIOLAÇÃO : Só que da respetiva violação não derivam situações
de desvantagem para quem se coloca num posição de infração às mesmas,
sujeitando-se a um juízo subjetivo de censura ou reprovação social como
resposta para o ato ilícito praticado, corporizado pela vergonha ou pelo bem-
estar.
Ou seja o poder social se resume à circunstancia de a vida em sociedade estar
submetida a tradições comuns e a normas de comportamento, em
conformidade com cerros padrões de etiqueta social.
 Poder religioso- Qual expressa a vontade das organizações religiosas no
estabelecimento de um conjunto de normas disciplinadoras da atitude, interna
e externa, dos respetivos crentes.
Este conjunto de comandos pode ser considerado na sua vertente normativa ,
desta feita de natureza religiosa. Trata-se da Ordem Religiosa , que disciplina
um dever-ser vertical e horizontal, respetivamente, entre os crentes e Deus, e
so entre crentes.

Uma das características do Homem é a sua religiosidade, ela se exemplificando


nas consequências negativas de cunho sobrenatural que se abatem sobre
aquelas que violam aqueles imperativos, reunidos em torno do conceito
pecado, algumas vividas no plano terreno, outras definitivamente presentes no
momento do juízo particular.
 Poder da comunicação social- assenta na função de intermediação que os
meios de comunicação social facultam entre as noticias e os cidadãos , estes os
respetivos consumidores, num vasto ambiente comunicacional em que ,
usados de certo modo , os instrumentos de simples informação podem ser
desvirtuados e influenciar os cidadãos , para além dos factos que querem
relatar.
A força afere-se pelo seu inestimável contributo na formação da opinião
pública , que resume o conjunto das opiniões publicadas que limitam os
decisores políticos e opinião dos cidadãos em geral.

OUTROS PODERES:

 O poder económico- representa a capacidade de influencia que é atribuída aos


agentes económicos na produção de bens e serviços -tendencia que se
consolida e agrava no contexto da globalização.
 O poder militar- traduz-se na influencia que o meio militar protagoniza
enquanto instituição social, que forma uma escola de pessoas e que é capaz de
orientar opiniões.
 O poder cultural- expressa-se na atividade inerente à realização cultural, nos
seus mais variados campos, sendo frequentes as ruturas sociais e de
mentalidade que tiveram na sua origem a persuasão da Cultura.
 O poder desportivo- exprime a capacidade atrativa do fenómeno desportivo
em geral.
 O poder cientifico- significa a importância da ciência e da técnica.

PODER POLITICO E AS DIVERSAS ENTIDADES JURIDICO-POLITICAS

 O poder politico ganha um real sentido quando associado às estruturas que segregam
os seus comandos e que exprimem a respetiva concretização pratica e externa.
 «É o direito constitucional o setor jurídico que traça o estatuto do estado como
principal entidade jurídico- politica, em que nenhuma outra estrutura de poder politico
o direito constitucional se apresentando com tanta intensidade regulativa.»

As entidades pré-estaduais

 As entidades pré-estaduais são formas incipientes de poder politico, antes da conceção


e desenvolvimento do estado , como tipo histórico fundamental.
 As entidades pré-estaduais mais representativas confundem-se com os primeiros
assomos de organização da coletividade, em que a titularidade do poder politico era
cometida a certas pessoas ou a entidades, numa preocupação geral pela manutenção
da segurança e da convivência coletiva , limitado ao nível de comunidades tradicionais
e no plano de uma restrita zona territorial.
 Com sofisticação trazida pela organização estadual, estas entidades deixariam de
substituir ou, no caso de ainda persistirem , foram remetidas para o domínio da
clandestinidade de um poder politico.

As entidades infraestaduais

 As entidades infraestaduais , inserindo-se no âmbito territorial do Estado , ao mesmo


circunscrevendo o seu raio de ação, apresentam-se com autonomia organizatória e
funcional , não se misturando com a realidade estadual, de acordo com um fenómeno
de descentralização de aspetos parcelares do poder politico estadual.
 O carater infraestadual radica no facto de a sua configuração estar na dependência de
um indicação estadual, enquanto expressão maxima da organização do poder politico ,
o qual pode decidir sobre a sua criação e permanência.
 Estas entidades infraestaduais , que corporizam espaços territoriais, dotados de
autonomia jurídico-publica e com poderes , embora limitados, na vida interna e as
vezes internacional, correspondem ao contexto geral das entidades que se situam
abaixo do Estado a que diferenciadamente se vinculam.
 As regiões autónomas são a mais comum cristalização desta possibilidade
consubstanciando-se em pessoas coletivas de direito publico que desenvolvem
atribuições e competências em diversos domínios, podendo ser objetos de regulação
por parte de alguns setores do direito publico. ( outro exemplo temos a china ,
relativamente a Hong Kong e Macau , territórios que tem estatutos praticamente
idênticos , tendo as respetivas regiões sido criadas na sequencia da cessação das
administrações britânica e portuguesa, tomam designação «regiões administrativas
especiais».
Entidades interestaduais

 As entidades interestaduais representam a possibilidade de duas ou mais


realidades estaduais se associarem , dessa junção resultando um novo ente por
eles composta, abrindo-se a possibilidade de, poe seu turno, terem ou não ,
natureza estadual.
 Os estados compostos, como o próprio nome indica , assumem essa natureza
estadual, mas sem que as realidades estaduais subjacentes desapareçam, apenas
ficando limitadas nos seus poderes.
 Estados federais. Na medida em que a nova realidade estadual , ao fazendo
desaparecer os estados membros , adquire a natureza estadual com base na
criação de uma nova estrutura de sobreposição em relação àquela que permanece
nos estados federados( EUA , RFB, suiça , Alemanha )
 Uniões reais, na medida em que a nova realidade estadual surge numa estrutura
de fusão com algum ou alguns dos estados membros dessa união, com um duplo
papel de pertença à união real e ao estado membro dessa união, que se funda
num tratado internacional.

ESTADO EM GERAL

Definição conceptual- O estado é a estrutura juridicamente personalizada, que num dado


território exerce um poder politico soberano, em nome de um comunidade de cidadãos que ao
mesmo se vincula.

O estado de hoje , herdado da idade contemporânea é ainda um modo de organização que


satisfaz os interesses dos cidadãos.

As características do estado como fenómeno politico-social permite o seu melhor


entendimento , alem da respetiva diferenciação em face de realidades afins.

As características podem se resumir a seis reflexões:

1. A complexidade organizatoria e funcional- o Estado pressupõe o mínimo de


complexidade organizatoria e funcional, isso acarretando uma pluralidade de tarefas,
de organismos, de atividades e de competências para levar a cabo os seus objetivos;
2. A institucionalização dos objetivos e das atividades- o Estado assenta na dissociação
da sua realidade estrutural por contraponto aos interesses particulares e pessoais
daqueles que nele desempenham funções, criando-se um quadro próprio de
referencia, nisso consistindo, alias, a ideia de personalidade coletiva;
3. A autonomia dos fins- o Estado separa os fins que prossegue dos interesses
pretendidos pelos seus membros individualmente considerados, permanecendo para
alem da sua vida terrena e com os mesmos não se confundindo, nem sequer sendo o
seu somatório e avultando, assim, a ideia de bem comum;
4. A originariedade do poder- o Estado expressa-se em função da qualidade do poder
politico de que é detentor, no caso e necessariamente um poder politico originário,
que se mostra constitutivo dele mesmo, de tal sorte que é o próprio Estado a
autodeterminar-se e a auto-organizar-se nos seus diversos planos de organização e
de funcionamento, poder esse que é o poder constituinte;
5. A sedentariedade do exercício do poder- o Estado, na prossecução dos seus fins,
carece de um localização geográfico-espacial, uma vez que a sua atividade se lança
num dado território , não havendo Estados virtuais, nem Estados nómadas;
6. A coercibilidade dos meios- o Estado, embora não o seja em exclusividade é o
depositário supremo das estruturas de coerção, que podem aplicar a força física para
fazer respeitar o direito que produz e a ordem político-social que mantém.

OS FINS DO ESTADO

Ao lado das características do Estado, é de sublinhar que a sua importância na organização


social também se mede pelos fins por que luta.

Tais fins têm sido tradicionalmente agrupados em três vertentes:

1. A segurança- A segurança externa contra entidades agressoras , no plano territorial, no


plano das pessoas e no plano do poder.
A segurança interna, na manutenção da ordem publica, da segurança de
pessoas e de bens, e na prevenção e repressão de danos de bens sociais, para além da
própria aplicação geral do Direito;
2. A justiça- A justiça comutativa, quando se impõe estabelecer relações de igualdade,
abolindo as situações de privilegio, com uniformes critérios de decisão.
A justiça distributiva, no sentido de dar a cada um o que lhe pertence pelo
mérito ou pela sua situação real, numa visão não forçosamente igualitarista;
3. O bem-estar- O bem-estar económico pela provisão de bens que o mercado não pode
fornecer ou não pode fornecer satisfatoriamente .
O bem-estar social pela prestação de serviços socais e culturais a cargo de
Estado, normalmente desinseridos do mercado.

Perspetivas de estruturação do Estado:

- O estado no Direito constitucional: Estado-Poder e Estado Comunidade , conforme se


pretenda realçar, respetivamente, o conjunto de órgãos, titulares, atribuições e competências
ou o conjunto de pessoas, essencialmente cidadãos, que beneficiam da proteção conferida
pelos direitos fundamentais.

- O Estado no Direito internacional publico: Estado enquanto pessoa coletiva participante das
relações jurídicas internacionais que integram a sociedade internacional como o seu sujeito
qualitativamente mais antigo.

- O Estado no Direito administrativo( Estado administração): Estado enquanto pessoa coletiva


publica, distinta de outras pessoas coletivas reguladas pelo Direito administrativo, noutros
níveis e setores da administração publica.

- O Estado no Direito jurídico (Estado Justiça): Estado enquanto pessoa coletiva publica que
desenvolve a função jurisdicional através dos órgãos judiciais, assim realizando a administração
da Justiça.

- O Estado no Direito privado: Estado enquanto pessoa coletiva que se submete ao Direito
Privado, este como direito comum que é, em tudo o que não requeria a regulação dada pelos
diversos capítulos do Direito Publico.

PERSPETIVA TERMINOLÓGICA

- Foi na obra de Nicolau Maquiavel que essa nomeclautura se instalou definitivamente na


doutrina politico-constitucional: statu e stato
- A convivência da palavra Estado radica na sua adequação para referir uma das suas
características, que é a permanência e a intensidade do respetivo poder politico.

ELEMENTES DO ESTADO

Humano- Povo

 O elemento humano do estado é o conjunto de pessoas que, relativamente a


determinada estrutura estadual apresentam com a mesma um laço de vinculação
jurídico-político, que tem o nome de cidadania, conjunto de cidadãos de um Estado
que toma, por isso o substantivo coletivo de POVO.
 A importância do substrato humano do Estado, é visível em diversos domínios,
aparecendo como o mais relevante de todos o facto de ser em favor dessas que são
definidas os seus objetivos e desenvolvidas as respetivas atividades.

Domínios de relevância do substrato humano da organização social

 Escolha de governantes: havendo democracia, quem escolhe os titulares do poder


politico são os cidadãos, exprimindo a sua vontade através do sufrágio.
 Desempenho de cargos públicos: os cargos públicos mais diretamente ligados ao
poder politico, como Chefe de Estado e outros, so podem ser desempenhados por
cidadãos desse mesmo Estado, havendo, porém, uma margem variável que cada
Direito Constitucional em particular especifica.
 Definição das prestações sociais: as preocupações com o bem-estar económico e
social, através do exercício do direitos fundamentais económicos e sociais, são
aquilatados em função dos cidadãos que delas vão beneficiar.
 Cumprimento de alguns deveres fundamentais: a defesa da Patria, o respetivo
dever de proteção contra agressões inimigas recai sobre quem tem qualidade de
cidadão desse mesmo Estado.

O Conceito de povo e outros conceitos afins:

 A população: todos os habitantes ou residentes no território estadual


 A nação: as pessoas que se ligam entre si com base em laços sociopsicológicos, com
uma mesma cultura, religião, etnia, língua ou tradições formando uma comunidade
com esses traços identitários.
 A pátria: o sitio onde vivam os pais, a terra dos antepassados, numa conjunção de
fatores territoriais e histórico-culturais.
 Nacionalidade (stricto sensu): a qualidade atribuída a pessoas coletivas ou bens
imoveis registáveis, como as aeronaves ou os navios, que associa a determinada
Ordem Juridica, tornando-a aplicável .

No seu conteúdo, a relação jurídica de cidadania pode ser vista sob uma dupla veste:

1) Como um estatuto designa sinteticamente a atribuição de um feixe de posições


jurídicas à pessoa que dela beneficia, feixe de posições jurídicas que tem um
carater acentuadamente caleidoscópico, variando em função da natureza das
posições que nesse estatuto se encontram presentes:
Posições ativas- direitos – e posições passivas – deveres
Posições constitucionais – atribuídas pela Constitucionais – e posições
infraconstitucionais – de natureza internacional ou legal
2) Como direito traduz o percurso trilhado no sentido de se obter aquele
estatuto, mediante o respeito por algumas regras fundamentais, assim
favorecendo a ligação da pessoa a determinada estrutura estadual.

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