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AULA I

CIÊNCIA POLÍTICA

PROFª MA. BIANCA SILVA


OBJETIVOS DO ESTUDO DA CIÊNCIA POLÍTICA
NO CURSO DE DIREITO

- CAPACIDADE DE DIALOGAR,DE FORMA


INTERDISCIPLINAR, OS FENÔMENOS HISTÓRICOS,
POLÍTICOS, SOCIAIS, ECONÔMICOS COM A
CRIAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO
DIREITO;
- DISCUTIR OS CONCEITOS DE CIÊNCIA POLÍTICA
COM A REALIDADE CONTEMPORÂNEA;
- DEBATER AS QUESTÕES ATUAIS DA POLÍTICA;
- COMPREENDER O DIREITO À LUZ DOS DEBATES
PROPICIADOS PELA CIÊNCIA POLÍTICA;
EMENTÁRIO

- CONCEITO DE POLÍTICA;
- CIÊNCIA POLÍTICA E ESTADO;
- A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO POLÍTICO;
- POLÍTICA E DIREITO;
- PODER E AUTORIDADE;
- LEGITIMIDADE E PODER;
- PENSAMENTO POLÍTICO CONTEMPORÂNEO;
- QUESTÕES ATUAIS EM POLÍTICA.
METODOLOGIA AVALIATIVA

- AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA;
- AVALIAÇÃO PROCESSUAL;
- AVALIAÇÃO SOMATIVA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICAS

SANCHES, ALEXANDRE. TEORIA GERAL DO ESTADO. COL.


SABERES DO DIREITO. V.62. SÃO PAULO: SARAIVA, 2013.
BONAVIDES, PAULO. CIÊNCIA POLÍTICA. 24.ED. SÃO PAULO.
SARAIVA:2013.
STRECK, LENIO LUIZ. CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL
DO ESTADO. 8.ED. BRASÍLIA:LIVRARIA DO ADVOGADO
LTDA, 2013.
MOTIVAÇÃO DO ESTUDO DA CIÊNCIA POLÍTICA

“ A Ciência Política será, assim, essa disciplina que, mediante


um processo de compreensão interdisciplinar, possibilitará
interpretar a complexidade que envolve o Estado, o poder, a
política, a democracia e o direito (e suas consequências para a
Sociedade). Por isso, é necessário entender que a Ciência
Política guarda uma inexorável relação com os demais ramos
da ciência estudados pelo homem, que, de um modo ou de
outro, produzem realidade(s), como o direito, a economia, a
história, a psicologia, a sociologia, a filosofia etc.”
A CIÊNCIA POLÍTICA E SUA ESTRUTURA
CONCEITUAL

- ciência do homem e do comportamento humano, tem em comum,


com todas as outras ciências humanísticas, dificuldades específicas
que derivam de algumas características da maneira de agir do
homem, das quais três são particularmente relevantes:
- O HOMEM COMO ANIMAL TELEOLÓGICO ;
- O HOMEM COMO ANIMAL SIMBÓLICO;
- O HOMEM COMO ANIMAL IDEOLÓGICO.
- HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS;
- HISTÓRIA DAS DOUTRINAS POLÍTICAS.
- TEORIA GERAL DO ESTADO:NUANCES SOCIAIS, POLÍTICAS E
JURÍDICAS;
INTERDEPENDÊNCIA E COMPENETRAÇÃO
ENTRE DIREITO E ESTADO

A visão do fenômeno jurídico não pode ser completa se não for


acompanhada pela noção de Estado e seus fins. Entre ambos, na
expressão de Alessandro Groppali, há uma interdependência e
compenetração. O Direito emana do Estado e este é uma instituição
jurídica. Da mesma forma que a sociedade depende do Direito para
organizar-se, este pressupõe a existência do Poder Político, como
órgão controlador da produção jurídica e de sua aplicação. Ao mesmo
tempo, a ordem jurídica impõe limites à atuação do Estado, definindo
seus direitos e obrigações.
CONCEITO DE ESTADO

O vocábulo Estado, no sentido em que é empregado


modernamente, a nação politicamente organizada, era estranho
aos antigos, pois advém da época de Maquiavel (1469-1527), que
iniciou a sua obra O Príncipe (1513) com as seguintes palavras:
“Todos os Estados, todos os domínios que têm havido e que há
sobre os homens foram e são repúblicas ou
principados.”Atualmente, Estado é um complexo político, social e
jurídico, que envolve a administração de uma sociedade
estabelecida em caráter permanente em um território e dotado
de poder autônomo.
A ORIGEM DO ESTADO E AS FORMAS ESTATAIS
PRÉ- MODERNAS

- ESTADO TEOCRÁTICO: é uma forma estatal definida entre as


antigas civilizações do Oriente ou do Mediterrâneo, onde a família,
a religião, o Estado e a organização econômica formavam um
conjunto confuso, sem diferenciação aparente. Em consequência,
não se distingue o pensamento político da religião, da moral, da
filosofia ou de doutrinas econômicas. Características fundamentais:
a) a natureza unitária, inexistindo qualquer divisão interior, nem
territorial, nem de funções; b) a religiosidade, onde a autoridade do
governante e as normas de comportamento eram tidas como
expressão de um poder divino, demonstrando a estreita relação
Estado/divindade;
- PÓLIS GREGA: ASCIDADES-ESTADO ´COMO TEBAS,
CRETA, TROIA , ESPARTA; CARACTERÍSTICAS
ESSENCIAIS : SOBERANIA E A EXISTÊNCIA DE UMA
ELITE COM INTENSA PARTICIPAÇÃO NAS DECISÕES
PÚBLICAS;
- CIVITAS ROMANA: BASE FAMILIAR E PATRIARCAL DE
ORGANIZAÇÃO; MAGISTRADOS COMO
GOVERNANTES SUPERIORES; NOÇÃO DE POVO
RESTRITA À PARCELA DA POPULAÇÃO.
A PRINCIPAL FORMA ESTATAL PRÉ-MODERNA:
O MEDIEVO

- O ESTADO MEDIEVAL: A CONJUGAÇÃO ENTRE


CRISTIANISMO, INVASÕES BÁRBARAS E FEUDALISMO;
- PERMANENTE INSTABILIDADE POLÍTICA,
ECONÔMICA E SOCIAL;
- SISTEMA JURÍDICO CONSUETUDINÁRIO;
- O ESTADO COMO PODER INSTITUCIONALIZADO
SURGE DEPOIS DO PERÍODO MEDIEVAL.
O SURGIMENTO DO ESTADO MODERNO E SUAS
TEORIAS
Várias teorias tentam explicar e justificar a origem do Estado. Com
efeito, além da perspectiva contratualista – mais em voga – poderiam
ser mencionadas outras vertentes de explicação da origem do Estado
e do poder político que não esse “consenso contratualista”, tais como
a de Augusto Comte (a origem estaria na força do número ou da
riqueza), a de algumas correntes psicanalíticas (a origem do Estado
estaria na morte, por homicídio, do irmão ou no complexo de Édipo), a
de Gumplowicz (o Estado teria surgido do domínio de hordas
nômades violentas sobre populações orientadas para a agricultura).
A VISÃO POSITIVA DE ESTADO: OS
CONTRATUALISTAS

- “O pensamento contratualista pretende estabelecer, ao


mesmo tempo, a origem do Estado e o fundamento do poder
político a partir de um acordo de vontades, tácito ou
expresso, que ponha fim ao estágio pré-político (estado de
natureza) e dê início à sociedade política (estado civil).”
ESTRUTURA DAS TESES CONTRATUALISTAS
estr

Para os autores dessa escola, o estado civil surge como um artifício


da razão humana para dar conta das deficiências inerentes ao estado
de natureza, construído como hipótese lógica negativa ou, para
alguns, como um fato histórico na origem do homem civilizado.
A - o estado de natureza, como hipótese lógica negativa,
reflete como seria o homem e seu convívio fora do contexto
social;
B - o contrato representa o instrumento de emancipação em
face do estado de natureza e de legitimação do poder político;
e
C - o estado civil, portanto, surge como uma criação racional,
sustentado no consenso dos indivíduos.
O LEVIATÃ

O poder do Estado Leviatã, a quem Hobbes


(1588-1679)chama de “deus mortal”, deveria ser exercido
por um rei com poderes absolutos que, pelo medo,
governaria a vida de todos. Seria o soberano e os homens
os súditos.
“O convênio é firmado no intuito de resguardar a emersão
e generalização do conflito. Através dele, os indivíduos dão
seu consentimento unânime para a entrada no estado civil
e, posteriormente, para a formação do governo quando,
então, se assume o princípio da maioria.”
“PARA HOBBES, o contrato social, à maneira de um pacto em
favor de terceiro, é firmado entre os indivíduos que, com o
objetivo de preservarem suas vidas, transferem a outrem não
partícipe (homem ou assembleia de homens) todos os seus
poderes – não há, ainda, que se falar em direitos, pois estes só
aparecem com o Estado. Ou seja: para pôr fim à guerra,
despojam-se do que possuem em troca da segurança do
Leviatã.”
LOCKE: O PAI DO LIBERALISMO

- Ao contrário de Hobbes, para Locke, o poder estatal é


essencialmente um poder circunscrito. O erro do soberano não
será a fraqueza, mas o excesso. E, para isso, admite o direito de
resistência. A soberania absoluta, incontrastável do primeiro,
cede passo à teoria do pai do individualismo liberal,
reorientando-se no sentido de um Estado vinculado a conteúdos
pré-sociais – os direitos naturais. Em Locke, ainda encontramos
o controle do Executivo pelo Legislativo e o controle do governo
pela sociedade, cernes do pensamento liberal.
“Em Locke, a existência-permanência dos direitos naturais
circunscreve os limites da convenção e do poder dela
derivado. O pacto de consentimento que se estabelece serve
para preservar e consolidar os direitos preexistentes no
estado natural. A convenção é firmada no intuito de
resguardar a emersão e a generalização do conflito. Através
dela, os indivíduos dão o seu consentimento para a entrada no
estado civil e, posteriormente, para a formação do governo
quando, então, se assume o princípio da maioria.”
ROUSSEAU

O princípio que dá legitimidade ao poder é a vontade geral, assim explicado


por Rousseau: “Creio poder estabelecer como princípio indiscutível que
somente a vontade geral pode dirigir as forças do Estado segundo a finalidade
de sua instituição, que é o bem comum; com efeito, se para que aparecessem
as sociedades civilizadas foi preciso um choque entre os interesses
particulares, o acordo entre esses é o que as faz possíveis. O vínculo social é
conseqüência do que existe em comum entre esses interesses divergentes[...].
Isto posto, porquanto que a vontade sempre se dirige para o bem do ser que
quer e a vontade particular sempre tem por objetivo o bem privado, enquanto
que a vontade geral se dirige ao interesse comum, disso se deduz que somente
esta última é, ou deve ser, o verdadeiro motor do corpo social”
“A soberania sai das mãos do monarca, e sua titularidade é
consubstanciada no povo, tendo como limitação, apesar de seu
caráter absoluto, o conteúdo do contrato originário do Estado.
É esta convenção que estabelece o aspecto racional do poder
soberano. A vontade geral incorpora lhe um conteúdo de
moralidade permitindo que se entenda a obediência como
exercício de liberdade e a soberania como a ação do povo que
dita a vontade geral, cuja expressão é a lei.”
RESUMINHO…
BASE NATUREZA OBJETIVO DA
METODOLÓG HUMANA CRIAÇÃO DO
ICA ESTADO
HOBBES ABSOLUTISTA O HOMEM É MAU PRESERVAR A
VIDA

LOCKE LIBERAL O HOMEM É BOM GARANTIA DOS


E ENTRA EM DIREITOS
CONFLITO PARA NATURAIS
PROTEÇÃO DA
PROPRIEDADE

ROUSSEAU DEMOCRATA O HOMEM É BOM, REPRESENTAR A


A SOCIEDADE VONTADE GERAL
CORROMPE COM
O CONFLITO
GERADO PELA
DESIGUALDADE
O ESTADO MODERNO

“As deficiências da sociedade política medieval determinaram as


características fundamentais do Estado Moderno, quais sejam: o
território e o povo, como elementos materiais; o governo, o poder,
a autoridade ou o soberano, como elementos formais. Para alguns
autores, existe um quarto elemento: a finalidade – o Estado deve
ter uma finalidade peculiar, que justifique sua existência, o que vai
ganhando consistência ao longo da própria historicidade do
Estado, na ultrapassagem do liberalismo clássico para o Estado
Social e, sobretudo, no ambiente do Estado Democrático de
Direito, como veremos ao longo do semestre.”

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