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SETEMBRO/2023
JEAN JACQUES ROUSSEAU
O CONTRATO SOCIAL - O PRINCÍPIO DO DIREITO PÚBLICO
Introdução
Antes de começar a resenha sobre a obra do filósofo iluminista e contratualista, O
Contrato Social – Princípios do Direito Público, é importante explanar pontos importantes,
ocasionando a criação da obra. Ao fazer a leitura, Jean- Jacques Rousseau pondera
detalhadamente sobre várias questões relacionadas aos ideais do iluminismo. Neste trabalho,
os pensamentos sobre o estado de natureza, ao direito do mais forte, ao pacto social, à
soberania, ao Estado civil, à lei, às formas de governo, às eleições e aos sufrágios.
Além disso, o filósofo faz duras críticas a Aristóteles, pensador da Grécia Clássica, no
que diz respeito a predestinação do ser. O grego pregava que um escravo já possuía essa
condição desde seu nascimento, sendo predestinado a sempre ser um escravo, pois assim o era
por natureza. Por outro lado, Rousseau, de maneira lógica, põe em voga esse pensamento: se
existe escravo por natureza, então há de existir escravo contra a natureza. O filósofo afirma
que não existe homem com autoridade natural, mas sim convencionada.
O soberano para Rousseau não é caracterizado por uma pessoa, mas por um corpo
coletivo, “Ora, sendo o Soberano formado somente pelos particulares que o compõem, não
tem, nem pode ter, interesse contrário ao deles;” (ROUSSEAU, 2015, p. 23). Percebe-se forte
base democrática em sua teoria.
Nesse viés, encontra-se uma forma de associação que proteja a pessoa e os bens de
cada associado com toda a força comum. Isso se dá com o pacto social.
O autor pontua que a vontade não pode ser transmitida, pois quando o povo não
participa ativamente nas decisões da sociedade, ocorre a alienação, já que o cidadão passa
uma responsabilidade unicamente ao outro que, por sua vez, age de acordo com seus
interesses privados. Outra característica analisada pelo pensador é a indivisibilidade da
soberania.
Conclui-se, então, que as conceituações feitas por Jean-Jacques Rousseau ainda são
bastante atuais e utilizadas nos dias modernos. As características do poder soberano
apresentadas pelo autor são extremamente pertinentes no atual cenário mundial. Suas
considerações acerca da vontade geral estão intimamente ligadas ao ideal democrático que se
tem hodiernamente. A partir de suas ponderações sobre as enganações que a vontade geral
pode sofrer, pode-se traçar um paralelo com os casos de corrupção que ocorrem por todo o
mundo, em situações em que os interesses dos cidadãos são desconsiderados a fim de
favorecer os governantes, como nos quadros de desvio de verbas públicas.
Essa convicção soava como despotismo e que ia contra próprio Rousseau, entretanto,
ele reforçava que esta rigorosidade se dá necessária por ser de suma importância para a
manutenção da ordem e soberania do Estado e seu povo. Acredita que o contrato social é uma
"livre" associação entre indivíduos de uma mesma localidade ou cultura, no qual todos estão
sujeitos a deveres em respeito a tal "vontade geral". Ir contra este princípio seria uma afronta
contra a própria sociedade, o que justificaria o uso da força estatal, a fim de coibir a ameaça e
inibir a desordem e a "insociabilidade".
“Os dogmas da religião civil devem ser simples, modesto, enunciados com
precisão e sem explicações e comentários. A existência da divindade poderosa,
inteligente, benéfica, previdente e provedora, a vida vindoura, a felicidade dos
justos, a punição dos maus, a santidade do contrato social e das leis – eis os
dogmas positivos. Quanto aos dogmas negativos, restrinjo-os a um só: a
intolerância, que se enquadra nos cultos que excluímos.” (ROUSSEAU, 2015,
p.123)
Uma observação final muito importante feita pelo filósofo, na qual eu também
concordo, a prática da tolerância religiosa, principalmente em países e regiões que não há
mais religião nacional exclusiva (estado laico). Devemos respeitar a religião alheia e vice-
versa, sem prejudicar os deveres do cidadão.
Considerações Finais
A importância da leitura do livro O Contrato Social, de Jean-Jacques Rousseau, é
visível o intuito em compreender o paradoxo da liberdade política na obra, está em como
fazer com que todos os homens vivam a liberdade e ao mesmo tempo renunciam a seus
direitos em favor da liberdade coletiva e aceitem o pacto social.
Uma maneira mais eficiente de tratar o paradoxo foi partir da importante distinção que
Rousseau estabeleceu entre submeter-se a vontade de um homem, ou de um grupo de homens,
e submeter-se à vontade geral, ou seja, à vontade do corpo político como um todo.
Rousseau defende que a sociedade opera modificações sobre os homens, que podem
ser positivas ou negativas. A partir do contrato social, as ações individuais devem respeitar as
leis que levam em consideração a vontade geral. Dessa forma, há normas que regulam e
limitam aquilo que os cidadãos podem ou devem fazer.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA JÚNIOR, J. B.. Como ler Jean-Jacques Rousseau. São Paulo: Paulus, 2013.
ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens. Coleção ‘Os Pensadores’. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
______________. O Contrato Social: princípios do direito político. São Paulo: Edipro, 2015.
______________. Emílio ou Da educação. Tradução de Sérgio Milliet. 3. ed. Rio
De Janeiro: Bertrand Brasil, 1995