ROUSSEAU
Contratualismo: visão que associa o Estado à
garantia de um direito natural cuja associação seria
possível por meio de uma relação contratual entre
governantes e governados. – base da soberania do
Estado.
- a visão contratualista associada ao exercício do
poder do Estado identificou condições racionais em
que se institui o próprio Estado.
Rousseau: alertou o caráter hipotético dos
raciocínios que permitiriam estruturar um pacto
social que garantisse, num mundo de
desigualdades, os direitos naturais do homem.
A formação do Estado nacional era uma realidade
histórica, que vinha se constituindo desde o século
XII, ainda que passasse por transformações ao
longo do tempo. Essas transformações vinham se
intensificando no século XVII com a oposição
sistemática da burguesia ao absolutismo
monárquico.
O contratualismo instituído por pensadores como
Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques
Rousseau propunha, em linhas gerais, a
substituição do poder real assentado no direito
divino, em que os governados são entendidos por
súditos (devem obediência), pela defesa de um
governo que garantisse os direitos naturais do
homem, daí o surgimento do jusnaturalismo.
O jusnaturalismo retira a autoridade política do
patamar imaterial, divino, e a submete à realidade
natural; aproxima-se, portanto, das expectativas
mantidas pelos empiristas, para quem a verdade e o
conhecimento são fruto da experiência no mundo.
Para os contratualistas, o poder político é instituído
pela sociedade para garantir certos direitos naturais
que são ao mesmo tempo universais, pois todos os
homens os possuem, e individuais, pois são
inalienáveis de cada pessoa.
Para Rousseau, é a igualdade entre os indivíduos
que constrói o caminho em direção à felicidade, e
não a liberdade; esta última sozinha é incapaz de
atingir os objetivos jusnaturais.
Rousseau era um admirador do modelo
democrático existente na Atenas do século V a.C.,
que privilegiava a igualdade entre seus cidadãos.
No entanto, Rousseau sabia ser impossível o
retorno deste modelo político na populosa
sociedade francesa de sua época.
A opção pela igualdade como o valor mais
relevante leva Rousseau a uma posição crítica e
radial diante dos demais contratualistas, afirmando
ser o estado de natureza o momento de felicidade
da humanidade e sua superação o início de um
período conturbado e tenebroso.
O fator responsável pela mudança da vida dos
indivíduos que vivem felizes no estado de natureza
é um só: o surgimento da propriedade. De acordo
com Rousseau, a propriedade destrói a igualdade
entre os indivíduos, exterminando a piedade mútua
e o “bom selvagem” que aí vive. Decorre daí o
nascimento do Estado e de todos os males que
afligem a humanidade.
O surgimento do Estado tem, então, como primeiro
objetivo possibilitar a preservação da propriedade
e, com ela, a desigualdade e a impossibilidade de
todos serem felizes.
A única saída possível seria a formulação de um
novo pacto, que permitiria reestruturar a sociedade,
criando uma nova ordem política, efetivamente
voltada o benefício de todos, e não apenas de um
pequeno grupo de privilegiados, política esta
marcada por uma moral positiva, que resgata a
igualdade dos indivíduos. Para tanto, seriam
necessárias a concordância mútua de todos e a
alienação dos direitos dos indivíduos em favor da
comunidade, o que levaria à constituição de um
corpo soberano que refundaria o Estado.
O corpo soberano passa então a agir de acordo com
a vontade geral, que não deve ser entendida
simplesmente como a vontade da maioria e nem
mesmo a vontade de todos. Rousseau vê na vontade
geral a manifestação legítima da vontade popular.
Mesmo sendo admirador da democracia antiga,
Rousseau é realista para compreender que ela
apenas seria possível em pequenas comunidades
políticas, onde cada cidadão poderia manifestar
suas ideias sobre o Estado. Em sociedade mais
populosas, seria necessário adotar um modelo
representativo de democracia.
Dentro de um modelo representativo, os
representantes escolhidos são vistos como
funcionários da comunidade, sendo uma extensão
do povo e, portanto, submissos a este. Assim,
qualquer desvio de conduta levaria à exclusão do
representante em questão, sempre com o intuito de
preservar o interesse comum e a vontade geral
dentro da sociedade.