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ÉTICA

PROFISSIONAL

Tópicos Introdutórios
em Ética

Rafael Mendonça
ÉTICA PROFISSIONAL
UNIDADE 1.

Objetivos Específicos:
Introduzir os acadêmicos nos
estudos da Ética Geral, suas bases
reflexivas epistemológicas e seus
aspectos críticos contemporâneos
para aplicação na vida acadêmica e
biográfica.
ÉTICA PROFISSIONAL
UNIDADE 1.
Conteúdo:
(i) Fundamentos e definição de
Ética;
(ii) Distinção entre Moral e Ética;
(iii) Ética Prática, Sociedade e
Cidadania;
(iv) O Princípio da Dignidade da
Pessoa Humana no diálogo
contemporâneo.
INTRODUÇÃO À ÉTICA

Ética: estudo dos valores, da relação


entre o bem e o mal. Expressa um
significado de caráter, como sendo o
lugar onde se situam os valores morais
de uma pessoa.
 
Conjunto de regras, princípios ou
maneiras de pensar que guiam, com
autoridade, as ações de um grupo em
particular.

Estudo sistemático da argumentação


sobre como nós devemos agir (filosofia
moral).
DEFINIÇÃO DE ÉTICA

Teoria que se constitui por um


sistema de crenças, princípios e
regras de conduta que guiam o
caráter e as ações do agente
moral na sua relação com o
paciente moral, para promover o
seu bem e evitar o seu mal.
ÉTICA E MORAL

Em geral os termos são sinônimos,


entretanto existe a discussão sobre as
origens dos termos e acepções distintas
de acordo com a tradição teórica
seguida.

Diferenças ética e moral:


1. Ética é principiológica, moral são
aspectos de condutas específicas;
2. Ética é permanente, moral é temporal;
3. Ética é universal, moral é cultural.
AGENTE E PACIENTE MORAL

Agente moral: aquele capaz de agir de


acordo com os preceitos da ética.

Para Kant é o sujeito racional, detentor


das seguintes capacidades:
- formar juízos sobre certo e errado;
- deliberar e considerar o peso e
razões morais a favor ou contra a
ação;
- tomar decisões; e
- exercer a força de vontade.
AGENTE E PACIENTE MORAL

Paciente moral: aquele que recebe a


ação do agente moral e que faz sentido
dizer que lhe é feito um bem ou um
mal. É o "outro" que importa à ética.
Quem será este outro dependerá dos
critérios da teoria ética adotada e a
amplitude do Círculo de Consideração
Moral.
HISTORICIDADE DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Kant: “o Homem, e, duma maneira geral, todo ser


racional, existe como um fim em si mesmo, não
simplesmente como meio para o uso arbitrário desta
ou daquela vontade. [...] Os seres cuja existência
depende da natureza, têm, contudo, se são seres
irracionais, apenas um valor relativo como meios e
por isso se chamam coisas, ao passo que os seres
racionais se chamam pessoas, porque a sua
natureza os distingue já como fins em si mesmos,
quer dizer, como algo que não pode ser empregado
como simples meio e que, por conseguinte, limita
nessa medida todo o arbítrio (e é um objeto de
respeito).”
HISTORICIDADE DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Kant: “no reino dos fins tudo tem ou um preço ou


uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço,
pode pôr-se em vez dela qualquer outra
equivalente; mas quando uma coisa está acima
de todo preço, e portanto não permite equivalente,
então tem ela dignidade... Esta apreciação dá
pois a conhecer como dignidade o valor de uma
tal disposição de espírito e põe-na infinitamente
acima de todo preço. Nunca ela poderia ser posta
em cálculo ou confronto com qualquer coisa que
tivesse um preço, sem de qualquer modo ferir a
sua santidade.” em Fundamentação da Metafísica
dos Costumes
CRITÉRIOS DE DELIMITAÇÃO MORAL

Delimitam, isto é, são critérios para o


círculo de consideração moral: mérito,
alma, razão, senciência ou
vulnerabilidade.
Paciente
coisa moral, digno
de respeito

sem dignidade
tem preço
ÉTICA E DIREITO

A Ética, para Kant, produz um dever de


agir (imperativo categórico) no agente
que, na medida que é racional, sente a
obrigação de agir coerentemente com o
sistema de crenças.

O Direito é um sistema de coerção


(Kelsen), fundado (ou não) nos
preceitos éticos e atua para forçar os
agentes a agir de determinada
maneira. Onde falha a Ética no
indivíduo, atua o Direito.
DEONTOLOGIA JURÍDICA
Ciência dos Deveres (Profissionais)

As reflexões e ações realizadas no


exercício de uma profissão devem ser
questionadas e iniciadas bem antes da
prática profissional.
A escolha por uma profissão é optativa,
mas ao escolhê-la, o conjunto de
deveres profissionais passa a ser
obrigatório.
Formação em Nível Superior: faz um
juramento, significando sua adesão e
comprometimento com a categoria
profissional onde formalmente ingressa.
DOUTRINA BRASILEIRA SOBRE A
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

A Declaração Universal dos Direitos


Humanos (1948) inspira o pensamento
de igualdade na família humana.

Art. 1º. ‘Todos os seres humanos


nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. Dotados de razão e
consciência, devem agir uns para com
os outros em espírito e fraternidade.’
DOUTRINA BRASILEIRA SOBRE A
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Constituição da República Federativa
do Brasil (1988).
Art. 1º. A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade pessoa humana;
IV – os valores socias do trabalho e da livre
iniciativa;
V – o pluralismo político.
DOUTRINA BRASILEIRA SOBRE A
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Conceito jurídico da Dignidade: qualidade
intrínseca e distintiva reconhecida em
cada ser humano que o faz merecedor do
mesmo respeito e consideração por parte
do Estado e da comunidade, implicando,
neste sentido, um complexo de direitos e
deveres fundamentais que assegurem a
pessoa tanto contra todo e qualquer ato
de cunho degradante e desumano, como
venham a lhe garantir as condições
existenciais mínimas para uma vida
saudável, além de propiciar e promover
sua participação ativa nos destinos da
própria existência e da vida em
comunhão com os demais.
DOUTRINA BRASILEIRA SOBRE A
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O significado adotado para a Dignidade
deverá ser atribuído à pessoa singular,
para assegurar a não existência de
atentados à dignidade em abstrato ou a
pessoa como um ser ideal.

A pessoalidade serve para evitar a


possibilidade do sacrifício da dignidade
de uma pessoa singular em prol da
falácia da dignidade humana (como o de
fazer o bem a toda humanidade em
detrimento do indivíduo).
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA DOUTRINA E
CONCEPÇÃO DE SARLET

1.ª – Dimensão ontológica: inerente/intrínseca ao


ser humano. Garante um sujeito livre e portador de
direitos (fundamentais).
Ingo Wolfgang Sarlet

2.ª – Dimensão pessoal: cada humano é detentor


de uma dignidade plena e intocável, não cedendo
em nome da coletividade ou de bem maior.

3.ª – Dimensão cultural relativa: categoria


axiológica aberta. Relativa pois contém caracteres
universais.

4.ª – Dimensão defensiva e prestacional do


Estado: não-maleficência e beneficência.
Análise do conteúdo:
[a] baseia na dimensão ontológica e a priori (Kant) do
postulado;
[b] abarca todos o seres humanos e exclui quaisquer
outros os animais, ecossistemas ou seres vivos em
geral, estes não considerados no círculo fechado do
dignos;
[c] acepção jusnaturalista que entende a pré-existência
do princípio, sendo somente necessário ao legislador o
re-conhecimento pela lei (já faz parte da natureza
humana);
[d] dimensão pessoal e não-coletiva do princípio;
[e] proibição ao Estado e comunidade em interferir na
Dignidade e responsabilidade de a fomentar; e a
[f] relação do conteúdo do postulado aos direitos e
deveres fundamentais garantidos constitucionalmente.

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