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S. m.
É
tica, ou filosofia moral, é uma reflexão sistemática a respeito do comportamento moral. Ela in-
vestiga, analisa e explica a moral de uma determinada sociedade. Compete à ética, por exemplo,
o estudo da origem da moral, da distinção entre o comportamento moral e outras formas de agir,
da liberdade e da responsabilidade e, ainda, de questões como a prática do aborto, da eutanásia e da
pena de morte. A ética não diz o que deve e o que não deve ser feito em cada caso concreto. Isso é da
competência da moral. A partir dos fatos morais, a ética tira conclusões, elaborando princípios sobre
o comportamento moral.
Recentemente surgiu a bioética, que trata das questões éticas suscitadas pelas experiências das
ciências biomédicas e da engenharia genética, tais como: o transplante de órgãos, a fecundação arti-
ficial e a manipulação dos genes.
Quando usado na expressão ética profissional, o termo ética significa o conjunto de princípios
a serem observados pelos indivíduos no exercício de sua profissão. É assim que se fala, por exemplo,
da ética dos jornalistas, dos advogados, dos médicos, dos publicitários.
liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o
poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta.
Para que uma sociedade subsista, é preciso que haja leis, como é preciso haver regras para
cada jogo. A maioria dessas leis parece arbitrária, dependem dos interesses, das paixões,
das opiniões dos que as inventaram e da natureza do clima onde os homens se reuniram
em sociedade. [...] Em Esparta, encorajava-se o adultério; em Atenas, era punido com a
morte. O nome do rei é sagrado em muitos nações e abominado em outras. [...] A maioria
das leis contraria-se tão visivelmente que aquelas que governam um Estado importam
muito pouco: o que importa é que, uma vez estabelecidas, sejam executadas. [...] A vir-
tude e o vício, o bem e o mal moral são, portanto, em todos os lugares, aquilo que é útil
ou daninho à sociedade; e, em todos os lugares e em todos os tempos, aquele que mais se
sacrificar ao público será considerado o mais virtuoso. (VOLTAIRE, 1978)
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mo) e nómos (lei, norma, regra). Aquele que tem o poder para dar a
si mesmo a regra, a norma, a lei é autônomo e goza de autonomia
ou liberdade. Autonomia significa autodeterminação. Quem não tem
a capacidade racional para a autonomia é heterônomo. Heterônomo
vem do grego: héteros (outro) e nomós, receber de um outro a norma,
a regra ou a lei.
Os filósofos antigos (gregos e romanos) consideravam que a
vida ética transcorria como um embate contínuo entre nossos apetites
e desejos – as paixões – e nossa razão. Por natureza, somos passionais
e a tarefa primeira da ética é a educação de nosso caráter ou de nossa
natureza para seguirmos a orientação da razão. A vontade possuía um
lugar fundamental nessa educação, pois era ela que deveria ser forta-
lecida para permitir que a razão controlasse e dominasse as paixões. Escola – o local para homogeneizar
os valores.
O passional é aquele que se deixa arrastar por tudo quanto satis-
faça imediatamente seus apetites e desejos, tornando-se escravo deles.
Desconhece a moderação, e acaba vítima de si mesmo.
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Ética e cidadania
História e virtudes
Vivemos observando que os valores morais modificam-se porque seu conteúdo é determi-
nado por condições históricas. Podemos comprovar a determinação histórica do conteúdo
dos valores examinando as virtudes definidas em diferentes épocas.
Se tomarmos a Ética a Nicômaco, de Aristóteles, como exemplo, encontraremos a síntese
das virtudes que constituíam a areté (a virtude ou excelência ética) e a moralidade grega
durante o tempo em que a pólis autônoma foi a referência social da Grécia.
Aristóteles distingue vícios e virtudes pelo critério do excesso, da falta e da moderação:
um vício é um sentimento ou uma conduta excessiva, ou deficiente; uma virtude, um sen-
timento ou uma conduta moderada.
Resumidamente, eis o quadro aristotélico:
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Ética e cidadania
Saber e poder
As preocupações com cultura desenvolveram-se associadas às relações de
poder? Lembrem-se de que elas se consolidaram com o processo de formação de
nações modernas dominadas por uma classe social, junto ainda com uma marca-
da expansão de mercados das principais potências europeias, acompanhando o
desenvolvimento industrial do século passado. Por outro lado, consolidaram-se
integrando a nova ciência do mundo contemporâneo, que rompia com o domínio
da interpretação religiosa, transformando a sociedade e a vida em esferas que po-
diam ser sistematicamente estudadas para que se pudesse agir sobre elas.
Por que o espaço geográfico é um conceito importante para a geografia? Porque o conhe-
cimento geográfico é uma iniciação ao raciocínio espacial. Não é possível compreender o
mundo atual sem o mínimo de conhecimento geográfico. Portanto, conhecer o seu lugar
é poder. Desde a Antiguidade, o saber sobre o lugar e sua posição na superfície terrestre
sempre foi fonte de conhecimento e poder. Quando Heródoto descreveu o Egito como
“uma dádiva do rio Nilo” relacionou a fertilidade da terra agrícola com as cheias periódi-
cas que depositavam material orgânico em suas margens.
Essa relação já era conhecida pelos sacerdotes egípcios, que eram chamados para recom-
por os limites das propriedades alterados pelas águas e utilizavam as medições do nível
das cheias para estimar as safras agrícolas do reino e calcular o volume de impostos que
seriam arrecadados pelos funcionários do Faraó.
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Ética e cidadania
Mais recentemente vimos os vietnamitas em guerra contra os Estados Unidos saírem vito-
riosos por conhecer o terreno, ou seja , o teatro de operações de guerra. Eles, em número
bem menor de soldados e armamentos, além de quase nenhuma tecnologia, utilizando-se
dos elementos do terreno, puderam traçar estratégias para sua defesa e venceram a guerra.
A importância do conhecimento do lugar onde se desenvolve qualquer atividade humana
é decisiva para se atingir um fim proposto. Nesses exemplos históricos, vimos a importân-
cia do espaço geográfico, seja na produção de bens materiais, seja nas práticas culturais,
seja na guerra. (CROCETTI, 1999)
Domínio público.
do básico das concepções da cultura; as próprias
preocupações com cultura eram instrumentos
de conhecimento, respondiam a necessidades de
conhecimento da sociedade, as quais se desen-
volveram claramente associadas com as relações
de poder.
Hoje em dia, os centros de poder da so-
ciedade se preocupam com a cultura, procuram
defini-la, entendê-la, controlá-la, agir sobre seu
desenvolvimento. Há instituições públicas en-
A elite cultura francesa, a unidade básica da vida coletiva, que
fica acima do indivíduo. Leitura da Comédie Française em 1847, carregadas disso; da mesma forma, a cultura é
Museu de Versalhes, França. uma esfera de atuação econômica, com empresas
diretamente voltadas para ela. Assim, as preocu-
pações com a cultura são institucionalizadas, fazem parte da própria organização
social, expressam seus conflitos e interesses, e nelas os interesses dominantes da
sociedade manifestam sua força.
É uma característica dos movimentos sociais contemporâneos a exigência
de que esse setor da vida social seja expandido e democratizado. Isso é particular-
mente importante quando se consideram as mazelas culturais de um povo como
o nosso, como, por exemplo, o analfabetismo, o controle do conhecimento e seus
benefícios por uma pequena elite, a pobreza do serviço público de educação e de
formação intelectual das novas gerações. Como vocês podem ver, as preocupações
com a cultura mantêm sua proximidade com as relações de poder. Continuam as-
sociadas às formas de dominação na sociedade e continuam sendo instrumentos
de conhecimento ligados ao progresso social.
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Ética e cidadania
1. Problematização:
“Afirmar que a geografia serve, em princípio, para fazer a guerra não implica afirmar que ela
só serve para realizar operações militares; ela serve também para organizar territórios, não so-
mente como estratégia de deslocamento de tropas contra este ou aquele adversário, mas também
para melhor controlar os homens sobre o território nacional, onde o Estado exerce sua autori-
dade. A geografia é um saber estratégico diretamente ligado a um conjunto de práticas políticas
e militares e são práticas que exigem um conjunto articulado de informações extremamente
variadas” (LACOSTE, 1988).
a) Baseado na compreensão da aula e na leitura do texto acima, podemos afirmar que a Geogra-
fia é um instrumento de poder para o Estado?
2. (Unesp) “É preciso que a política controle a técnica. Nós estamos às vésperas de uma grande
revolução, que vai agravar os efeitos da revolução industrial: é a revolução informacional, que
significará o desemprego em massa, o fim do trabalho, da força do homem.
[...] Nós entramos em um período de desemprego em massa, que é estrutural e não conjuntural”
(VIRÍLIO, Paul, urbanista francês. Folha de S.Paulo, 28 set. 1997).
Esse urbanista, ao fazer essas afirmações, referia-se, provavelmente, apenas:
a) à França, onde já se verifica um afluxo significativo de migrantes de outras partes do país.
b) aos países que primeiramente fizeram a Revolução Industrial e hoje veem modificar-se as re-
lações de trabalho pela introdução da internet, do robô e de todos os métodos informatizados
cada dia mais rápidos.
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