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Ética na filosofia de Aristóteles

Mateus Bassi

1. Ética e Moral

Antes de compreender a ética à luz da filosofia de Aristóteles, é preciso compreender


o real significado de ética dentro de seu contexto histórico-filosófico e, também saber como
a diferenciá-la do conceito de moral. Para isso, utilizaremos o Dicionário Básico de Filosofia
(2008), o qual conceitua a ética e a moral da seguinte forma:

Em um sentido mais estrito, a moral diz respeito aos costumes, valores


e normas de conduta específicos de urna sociedade ou cultura,
enquanto a ética considera a ação humana do seu ponto de vista
valorativo e normativo, em um sentido mais genérico e abstrato.
(JAPIASSÚ; MARCONDES, 2008, p. XXX).

[Ética] Parte da filosofia prática que tem por objetivo elaborar uma
reflexão sobre os problemas fundamentais da moral (finalidade e
sentido da vida humana, os fundamentos da obrigação e do dever.
natureza do bem e do mal, o valor da consciência moral etc.), mas
fundada num estudo metafísico do conjunto das regras de conduta
consideradas como universalmente válidas, diferentemente da moral,
a ética está mais preocupada em detectar os princípios de uma vida
conforme à sabedoria filosófica, em elaborar uma reflexão sobre as
razões de se desejar a justiça e a harmonia e sobre os meios de
alcançá-las. A moral está mais preocupada na construção de um
conjunto de prescrições destinadas a assegurar uma vida cm comum
justa e harmoniosa. ser moral. (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2008, p.
XXX).

Compreendendo que a moral se constitui em valores, normas de condutas e hábitos de


um determinado grupo ou sociedade, podendo existir valores próprios do indivíduo
também, e que a ética tenta, através de raciocínios filosóficos realizar reflexões sobre os
problemas morais que são encontrados no cotidiano das pessoas e em outras questões
também, podemos entender a intencionalidade da filosofia em pesquisar a ética, pois ela
se apresenta como um modo de organizar uma sociedade ou um grupo à partir de uma
filosofia em comum. Em resumo, quando falamos de ética, falamos de justiça e de se fazer
a coisa certa, ou melhor, de uma reflexão filosófica sobre o certo e o errado e quando
falamos sobre moral, falamos também sobre fazer aquilo o que certo ou errado.
No caso de Sócrates, a ética era vista através da racionalidade, podendo ser
compreendida pela máxima “conhece-te a ti mesmo” conhecendo a si mesmo, o ser
humano poderia entender suas necessidades e a sua própria natureza para que ele
pudesse buscar o verdadeiro bem. Platão, através da sua teoria das ideias, via o bem
supremo no mundo das ideias, alcançado através do processo de reminiscência e do uso
correto da razão. Já Aristóteles como vocês irão ver, analisa o processo filosófico de uma
maneira mais materialista (sem muitas noções metafísicas) e através do uso correto da
razão dentro da sua sociedade e moldando os seus hábitos também através da razão. Se
mostra, então, como uma ética racionalista e materialista (FERRAZ, 2014)

Abaixo, selecionei trechos de obras que versam sobre a ética aristotélica e alguns
escritos de Aristóteles para lhe auxiliar no bom entendimento dessa filosofia e de como
ela pode se aplicar no seu dia-a-dia.

2. Ética Aristotélica.

“IV. - Aristóteles.
De Estagira, Macedônia (384-322 a. n. e.). Discípulo de Platão em Atenas; mais tarde,
preceptor de Alexandre da Macedônia e fundador da sua própria escola, o Liceu, cujos
discípulos eram chamados de peripatéticos (porque aprendiam enquanto passeavam com
o seu mestre). Aristóteles se opõe ao dualismo ontológico de Platão. Para ele, a ideia não
existe separada dos indivíduos concretos, que são o único existente real; a ideia existe
somente nos seres individuais. Mas, no ser individual, é preciso distinguir o que é
atualmente e o que tende a ser (ou seja, o ato e a potência: o grão é planta em potência e
a planta - como ato - é a realização definitiva da potência). A mudança universal é
passagem incessante da potência ao ato. Existe somente um ser que é ato puro, sem
potência: Deus. Também o homem deve realizar com seu esforço o que é potência, para
realizar-se como ser humano.

O homem, portanto, é atividade, passagem da potência ao ato. Mas qual é o fim desta
atividade? Para onde tende? Com esta pergunta já se entra no terreno moral. Há muitos
fins, e uns servem para alcançar outros. Mas qual é o fim último para o qual tende o
Homem? Deve ficar claro que não se pergunta pelo fim de um homem específico - o
sapateiro ou o tocador de flauta - mas pelo fim do homem enquanto tal, de todo homem. E
Aristóteles responde: a felicidade (Eudaimonia). Mas em que consiste o fim ou o bem
absoluto, como plena realização daquilo que é humano no homem? Não é o prazer (o
Hedoné), nem tampouco a riqueza: é a vida teórica ou contemplação, como atividade
humana guiada pelo que há de mais característico e elevado no homem: a razão.
Porém esta vida não se realiza acidental e esporadicamente; mas mediante a aquisição
de certos modos constantes de agir} L (ou hábitos) que são as virtudes. Estas não são
atitudes inatas, mas modos de ser que se adquirem ou conquistam pelo exercício e, já que
o homem é ao mesmo tempo racional e irracional, é preciso distinguir duas classes de
virtudes: intelectuais ou dianoéticas (que operam na parte racional do homem, isto é, na
razão) e práticas ou éticas (que operam naquilo que há nele de irracional, ou seja, nas suas
paixões e apetites, canalizando-os racionalmente) . Por sua vez, a virtude consiste no termo
médio entre dois extremos (um excesso e um defeito). Assim, o valor está entre a
temeridade e a covardia; a liberalidade, entre a prodigalidade e a avareza; a justiça, entre
o egoísmo e o esquecimento de si. Por conseguinte, a virtude é um equilíbrio entre dois
extremos instáveis e igualmente prejudiciais. Finalmente, a felicidade que. se alcança
mediante a virtude, e que é o seu coroamento, exige necessariamente algumas condições
- maturidade, bens materiais, liberdade pessoal, saúde etc. -, embora estas condições não
bastem sozinhas para fazer alguém feliz.

A ética de Aristóteles - como a de Platão - está unida à sua filosofia política, já que para
ele - como para o seu mestre- a comunidade social e política é o meio necessário da moral.
Somente nela pode realizar-se o ideal da vida teórica na qual se baseia a felicidade. O
homem enquanto tal só pode viver na cidade ou polis; é, por natureza, um animal político,
ou seja, social. Somente os deuses ou os animais não têm necessidade da comunidade
política para viver; o homem, entretanto, deve necessariamente viver em sociedade. Por
conseguinte, não pode. levar uma vida moral como indivíduo isolado, mas como membro
da comunidade. Por sua vez, porém, a vida moral não é um
fim em si mesmo, mas condição ou meio para uma vida verdadeiramente humana: a vida
teórica a qual consiste a felicidade.

Pois bem; para Aristóteles, esta vida teórica que pressupõe necessariamente a vida em
comum é, por um lado, acessível só a uma minoria ou elite, e, do outro, implica numa
estrutura social - como a da antiga Grécia -· - na qual a maior parte da população - os
escravos - mantém-se excluída não só da vida teórica, mas da vida política. Por esta razão,
a verdadeira vida moral é exclusiva de uma elite que pode realizá-la - isto é, consagrar se
a procurar a felicidade na contemplação – no âmbito de uma sociedade baseada na
escravidão. Dentro desse âmbito, o homem bom (o sábio) deve ser, ao mesmo tempo, um
bom cidadão.” (VAZQUEZ, 2005, p. 272-273)
O Conceito de Felicidade (Ética à Nicômaco)
“6. Mas como entendemos o bem? Ele não é certamente semelhante às coisas que
somente por acaso têm o mesmo nome. São os bens uma coisa só, então, por serem
derivados de um único bem, ou por
contribuírem todos para um único bem, ou eles são uma única coisa apenas por analogia?
Certamente, da mesma forma que a visão é boa no corpo, a razão é boa na alma, e
identicamente em outros casos. Mas talvez seja melhor deixar de lado estes tópicos por
enquanto, pois um exame detalhado dos mesmos seria mais apropriado em outro ramo da
filosofia. Acontece o mesmo em relação à forma do bem; ainda que haja um bem único que
seja um predicado universal dos bens, ou capaz de existir separada e independentemente,
tal bem não poderia obviamente ser praticado ou atingido pelo homem, e agora estamos
procurando algo atingível. Talvez alguém possa pensar que vale a pena ter conhecimento
deste bem, com vistas aos bens atingíveis e praticáveis; com efeito, usando-o como uma
espécie de protótipo, conheceremos melhor os bens que são bons para nós e, conhecendo-
os, poderemos atingi-los. Este argumento tem alguma plausibilidade, mas parece colidir
com o método científico; todas as ciências, com efeito, embora visem a algum bem e
procurem suprir-lhe as deficiências, deixam de lado o conhecimento da forma do bem. Mais
ainda: não é provável que todos os praticantes das diversas artes desconheçam e nem
sequer tentem obter uma ajuda tão preciosa. Também é difícil perceber como um tecelão
ou um carpinteiro seria bene􀉹ciado em relação ao seu próprio ofício com o conhecimento
deste “bem em si”, ou como uma pessoa que vislumbrasse a própria forma poderia vir a ser
um médico ou general melhor por isto. Com efeito, não parece que um médico estude a
“saúde em si”, e sim a saúde do homem, ou talvez até a saúde de um determinado homem;
ele está curando indivíduos. Mas já falamos bastante sobre estes assuntos.
7. Voltemos agora ao bem que estamos procurando, e vejamos qual a sua natureza. Em
uma atividade ou arte ele tem uma aparência, e em outros casos outra. Ele é diferente em
medicina, em estratégia, e o mesmo acontece nas artes restantes. Que é então o bem em
cada uma delas? Será ele a causa de tudo que se faz? Na medicina ele é a saúde, na
estratégia é a vitória, na arquitetura é a casa, e assim por diante em qualquer outra esfera
de atividade, ou seja, o fim visado em cada ação e propósito, pois é por causa dele que os
homens fazem tudo mais. Se há, portanto, um fim visado em tudo que fazemos, este um é
o bem atingível pela atividade, e se há mais de um, estes são os bens atingíveis pela
atividade. Assim a argumentação chegou ao mesmo ponto por um caminho diferente, mas
devemos tentar a demonstração de maneira mais clara. Já que há evidentemente mais de
uma finalidade, e escolhemos algumas delas (por exemplo, a riqueza, flautas ou
instrumentos musicais em geral) por causa dela algo mais, obviamente nem todas elas são
finais; mas o bem supremo é evidentemente final. Portanto, se há somente um bem final,
este será o que estamos procurando, e se há mais de um, o mais final dos bens será o que
estamos procurando. Chamamos aquilo que é mais digno de ser perseguido em si mais
final que aquilo que é digno de ser perseguido por causa de outra coisa, e aquilo que nunca
é desejável por causa de outra coisa chamamos de mais final que as coisas desejáveis
tanto em si quanto por causa de outra coisa e, portanto, chamamos absolutamente final
aquilo que é sempre desejável em si, e nunca por causa de algo mais. Parece que a
felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos
sempre por si mesma, e nunca por causa de algo mais; mas as honrarias, o prazer, a
inteligência e todas as outras formas de excelência, embora as escolhamos por si mesmas
(escolhê-las-íamos ainda que nada resultasse delas), escolhemo-las por causa da
felicidade, pensando que através delas seremos felizes. Ao contrário, ninguém escolhe a
felicidade por causa das várias formas de excelência, nem, de um modo geral, por qualquer
outra coisa além dela mesma.”

A virtude nasce do hábito (Ética à Nicômaco)

“Como já vimos, há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande


parte, a excelência intelectual deve tanto o seu nascimento quanto o seu
desenvolvimento à instrução (por isto ela requer experiência e tempo); quanto à
excelência moral, ela é o produto do hábito, razão pela qual seu nome é derivado, com
uma ligeira variação, da palavra “hábito”. É evidente, portanto, que nenhuma das várias
formas de excelência moral se constitui em nós por natureza, pois nada que existe por
natureza pode ser alterado pelo hábito. Por exemplo, a pedra, que por natureza se move
para baixo, não pode ser habituada a mover-se para cima, ainda que alguém tente
habituá-la jogando-a dez mil vezes para cima; tampouco o fogo pode ser habituado a
mover-se para baixo, nem qualquer outra coisa que por natureza se comporta de certa
maneira pode ser habituada a comportar-se de maneira diferente. Portanto, nem por
natureza nem contrariamente à natureza a excelência moral é engendrada em nós, mas
a natureza nos dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade se aperfeiçoa com o
hábito.
Além disto, em relação a todas as faculdades que nos vêm por natureza recebemos
primeiro a potencialidade, e somente mais tarde exibimos a atividade (isto é claro no
caso dos sentidos, pois não foi por ver repetidamente ou repetidamente ouvir que
adquirimos estes sentidos; ao contrário, já os tínhamos antes de começar a usufruí -los,
e não passamos a tê-los por usufruí-los); quanto às várias formas de excelência moral,
todavia, adquirimo-las por havê-las efetivamente praticado, tal como fazemos com as
artes. As coisas que temos de aprender antes de fazer, aprendemo-las fazendo-as —
por exemplo, os homens se tornam construtores construindo, e se tornam citaristas
tocando cítara; da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados
agindo moderadamente, e corajosos agindo corajosamente. Esta asserção é confirmada
pelo que acontece nas cidades, pois os legisladores formam os cidadãos habituando -os
a fazerem o bem; esta é a intenção de todos os legisladores; os que não a põem
corretamente em prática falham em seu objetivo, e é sob este aspecto que a boa
constituição difere da má.

Ademais, toda excelência moral é produzida e destruída pelas mesmas causas e pelos
mesmos meios, tal como acontece com toda parte, pois é tocando a cítara que se
formam tanto os bons quanto os maus citaristas, e uma afirmação análoga se aplica aos
construtores e a todos os profissionais; os homens são bons ou maus construtores por
construírem bem ou mal. Com efeito, se não fosse assim não haveria necessidade de
professores, pois todos os homens teriam nascido bem ou mal dotados para as suas
profissões. Logo, acontece o mesmo com as várias formas de excelência moral; na
prática de atos em que temos de engajar-nos dentro de nossas relações com outras
pessoas, tornamo-nos justos ou injustos; na prática de atos em situações perigosas, e
adquirindo o hábito de sentir receio ou confiança, tornamo-nos corajosos ou covardes.
O mesmo se aplica aos desejos e à ira; algumas pessoas se tornam moderadas e
amáveis, enquanto outras se tornam concupiscentes ou irascíveis, por se comportarem
de maneiras diferentes nas mesmas circunstâncias. Em uma palavra, nossas
disposições morais resultam das atividades correspondentes às mesmas. É por isto que
devemos desenvolver nossas atividades de uma maneira predeterminada, pois nossas
disposições morais correspondem às diferenças entre nossas atividades. Não será
pequena a diferença, então, se formarmos os hábitos de uma maneira ou de outra desd e
nossa infância; ao contrário, ela será muito grande, ou melhor, ela será decisiva. ”
Referências:
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Civilização brasileira, 2005.
MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Editora Schwarcz-Companhia das
Letras, 2007.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de. Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor Ltda, 2008.
FERRAZ, Carlos Adriano. Ética: elementos básicos. 2014.

3. QUESTÔES

1. (UFU MG)
É da mesma maneira, então, que adquirimos as virtudes. Isto é, primeiramente pondo-as
em prática. É assim também que fazemos com as restantes técnicas, porque, ao praticar,
adquirimos o que procuramos aprender. Na verdade, fazer é aprender.
Aristóteles. Ética a Nicômaco, II, 1, 1103 a 33-35.
A partir do fragmento e de seus conhecimentos sobre o assunto, responda:
a) Qual é a relação entre virtude e felicidade, segundo Aristóteles?
b) Como pode o homem adquirir as virtudes éticas?

2. (Unesp SP)
Sendo, pois, de duas espécies a virtude, intelectual e moral, a primeira gera-se e cresce
graças ao ensino – por isso requer experiência e tempo –, enquanto a virtude moral é
adquirida em resultado do hábito. Não é, pois, por natureza, que as virtudes se geram em
nós. Adquirimo-las pelo exercício, como também sucede com as artes. As coisas que
temos de aprender antes de poder fazê-las, aprendemo-las fazendo; por exemplo, os
homens tornam-se arquitetos construindo e tocadores de lira tocando esse instrumento.
Da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, e assim com a temperança,
a bravura etc.
(Aristóteles. Ética a Nicômaco, 1991. Adaptado.)
Responda como a concepção de Aristóteles sobre a origem das virtudes se diferencia de
uma concepção inatista, para a qual as virtudes seriam anteriores à experiência pessoal.
Explique a importância dessa concepção aristotélica no campo da educação.

3. (UFU MG)
Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles propôs a ideia de que a virtude é a disposição
para buscar o meio termo ou a justa medida entre o excesso e a falta em determinada
conduta.
Com base nessa afirmação e em seus conhecimentos sobre a obra de Aristóteles,
assinale a alternativa correta.

a) Coragem é o justo meio entre covardia e temeridade.


b) Covardia é o justo meio entre temeridade e coragem.
c) Temeridade é o justo meio entre coragem e covardia.
d) Coragem, covardia e temeridade não são termos que se relacionam à ética.
4. (UFU MG)
Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”,
indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles,
de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação
ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de
Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de
Aristóteles, assinale a alternativa correta.

a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo


diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à
estátua (ser-em-potência)
b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no
mundo sensível. Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de
assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar
(assumindo ou recebendo aquela forma).
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque
o movimento verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é
sempre imutável e imóvel.
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a
potência se encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o
intelecto.

5. (ENEM- 2013)
A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e
esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das
coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que
amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre
essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a


identifica como:

a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.


b) plenitude espiritual e ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.

6. (UNESPAR 2015)
Um dos textos mais importantes da história da filosofia que trata do tema da moral e da
ética é a Ética a Nicômaco, de Aristóteles. Nesta obra, o pensador analisa a natureza e o
caráter das ações humanas e, ao final, sugere que há um bem supremo, que é a
finalidade última das ações humanas. Este bem supremo é:

a) A virtude;
b) A justiça;

c) A felicidade;

d) A liberdade;

e) O meio termo.

7. (Unespar 2016)
Aristóteles foi um dos pensadores mais importantes da história da filosofia no Ocidente,
tanto por sua contribuição para a própria filosofia quanto para as ciências, que partiram de
muitas questões apresentadas pelo filósofo para desenvolver suas investigações. Ele
deixou duas obras dedicadas aos problemas das ciências práticas: Ética a Nicomaco e A
Política. É de conhecimento de todos que, mesmo tendo sido aluno de Platão, Aristóteles
construiu seu próprio pensamento e que, muitas vezes, apresentou ideias contrárias às de
seu mestre. Um exemplo disso é sua Ética a Nicômaco. Marque a alternativa que melhor
caracteriza a obra aristotélica.

a) Trata-se de uma ética baseada no comportamento dos animais;

b) Trata-se de uma ética baseada na lógica e, portanto, defende que as ações são
consequências do pensamento;

c) Trata-se de uma ética pautada nas virtudes que o homem tem por natureza e
naquelas que ele desenvolve ao longo da sua vida;

d) Trata-se de uma ética fundamentada nos valores aristocráticos da sociedade grega


da época;

e) Trata-se de uma ética experimental e, portanto, resultante das experiências que o


homem faz, enquanto animal político.

8. (Enem 2017)
Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo
o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o
sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida?
Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja
ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o
seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar
a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais
as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve
aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a
estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as
demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos
fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa
finalidade será o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. ln: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991
{adaptado).

Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que:

a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.

b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.

c) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.

d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.

e) a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.

9. (UFU 2007)
Leia atentamente o trecho de Aristóteles, citado abaixo, e assinale a alternativa que o
interpreta corretamenente.

“Como já vimos há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande parte,


a excelência intelectual deve tanto o seu nascimento quanto o seu crescimento à
instrução (por isto ela requer experiência e tempo); quanto à excelência moral, ela é o
produto do hábito […]”.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural,


1996.

a) As excelências intelectual e moral anulam-se respectivamente.

b) A excelência intelectual é positiva e a moral negativa.

c) A excelência moral é superior à intelectual porque é resultado do nascimento.

d) As excelências moral e intelectual possuem, respectivamente, origem no hábito e


na instrução.

10. (PUC/PARANÁ – 2008)


Em relação à definição de Bem apresentada por Aristóteles, no Livro I da Ética a
Nicômaco, considere as seguintes alternativas:

I. O Bem é algo que está em todas as coisas, sendo identificada nos objetos, mas não
entre os homens.
II. O Bem é aquilo a que todas as coisas tendem, ou seja, o bem é definido em função de
um fim.
III. O Bem é o meio para termos uma ciência eficiente e útil, tal como a arte médica será
eficiente se tivermos o bem como meio de sua prática.
IV. O Bem é algo abstrato, de difícil acesso à compreensão humana.
De acordo com tais afirmações, podemos dizer que:

a) As alternativas III e IV estão corretas.


b) Apenas a alternativa II está correta.

c) Todas as alternativas estão corretas.

d) Apenas a alternativa III está correta.

e) As alternativas II e III estão corretas.

f) As excelências moral e intelectual possuem, respectivamente, origem no hábito e


na instrução.

11. (UEL 2011)


A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa
mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional
próprio do homem dotado de sabedoria prática.

Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo:
Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a situada ética em Aristóteles, pode-se
dizer que a virtude ética

a) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o


excesso ou a falta.

b) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que
nos torna mais perfeitos.

c) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências


pragmáticas.

d) reside no meio termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta.

e) implica na escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta.

12. (PUC/PR 2008)


Para Aristóteles, em Ética a Nicômaco, “felicidade […] é uma atividade virtuosa da alma,
de certa espécie”.

Assinale a alternativa que NÃO condiz com a referida definição aristotélica de felicidade:

a) Felicidade é uma fantasia que o homem cria para si.

b) Felicidade só é possível mediante uma capacidade racional, própria do homem.

c) Ter felicidade é obter coisas nobres e boas da vida que só são alcançadas pelos
que agem retamente.

d) A finalidade das ações humanas, o Bem do homem, é a felicidade.


e) Nenhum outro animal atinge a felicidade a não ser o homem, pois os demais não
podem participar de tal atividade.

13. (ENEM 2016) (Segunda aplicação)


Ninguém delibera sobre coisas que não podem ser de outro modo, nem sobre as que lhe
é impossível fazer. Por conseguinte, como conhecimento científico envolve
demonstração, mas não há demonstração de coisas cujos primeiros princípios são
variáveis (pois todas elas poderiam ser diferentemente), e como é impossível deliberar
sobre coisas que são por necessidade, a sabedoria prática não pode ser ciência, nem
arte: nem ciência, porque aquilo que se pode fazer é capaz de ser diferentemente, nem
arte, porque o agir e o produzir são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a
alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e raciocinada de agir com respeito às
coisas que são boas ou más para o homem.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980.


Aristóteles considera a ética como pertencente ao campo do saber prático. Nesse sentido,
ela difere-se dos outros saberes porque é caracterizada como

a) a conduta definida pela capacidade racional de escolha.

b) capacidade de escolher de acordo com padrões científicos.

c) conhecimento das coisas importantes para a vida do homem.

d) técnica que tem como resultado a produção de boas ações.

e) política estabelecida de acordo com padrões democráticos de deliberação.

14. (ENEM 2012) (PPL)


Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de
possíveis deliberações? Ou será a deliberação impossível no que tange a algumas
coisas? Ninguém delibera sobre coisas eternas e imutáveis, tais como a ordem do
universo; tampouco sobre coisas mutáveis, como os fenômenos dos solstícios e o nascer
do sol, pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa ação.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007. (adaptado).


O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante para entender a dimensão
da responsabilidade humana. A partir do texto, considera-se que é possível ao homem
deliberar sobre

a) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os acontecimentos da


natureza.

b) ações humanas, ciente da influência e da determinação dos astros sobre as


mesmas.

c) fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu controle.

d) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.


e) coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso.

15. (UNISC 2012)


Na obra de Aristóteles, a Ética é uma ciência prática, concepção distinta da de Platão,
referida a um tipo de saber voltado à ação. Na Ética a Nicômaco, Aristóteles destaca uma
excelência moral determinante para a constituição de uma vida virtuosa.

Esta excelência moral tão importante é

a) a coragem.

b) a retórica.

c) a verdade

d) a prudência ou a moderação.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

GABARITO:
1. A) A relação, segundo Aristóteles, existente entre a virtude e felicidade é que a prática
da virtude leva o indivíduo a alcançar a felicidade (eudaimonia). Os homens que
praticam o justo meio, a moderação entre os dois vícios, quais sejam, o vício por falta e
o vício por excesso, são virtuosos e, consequentemente, alcançam a felicidade visando,
assim, o bem comum.
B) O homem adquire as virtudes éticas com a prática do justo meio (moderação) entre
os dois vícios. A prudência, então, é condição necessária para a escolha do justo meio
e, consequentemente, para o agir de acordo com a virtude, afinal, a virtude ética e o
justo meio constroem-se com o hábito da virtude.

2. Segundo Aristóteles, as virtudes, intelectual e moral, têm suas origens na experiência e


no hábito, isto é, são adquiridas à medida que são desenvolvidas a partir da prática e
do exercício. Ao contrário, a concepção inatista compreende as virtudes como
originando-se anteriormente a qualquer experiência, isto é, como dadas de antemão,
por exemplo, pela natureza. A ética aristotélica, ao defender a origem das virtudes pelas
práticas e relações efetivas entre homens, confere importância à educação, aos
processos de aprendizagem, pois impede que as virtudes, morais ou intelectuais, sejam
compreendidas como qualidades exclusivas, naturais e indeléveis de certas pessoas, e,
portanto, impedidas de serem desenvolvidas por outros.

3. A)

4. B)

5. C)

6. C)
7. C)

8. C)

9. D)

10. B)

11. C)

12. A)

13. A)

14. C)

15. D)

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