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Ano de 2023
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ÉTICA FUNDAMENTAL
INTRODUÇÃO
Divisão da Ética
Podemos dividir o estudo da Ética com base nestas escolas:
Na Filosofia Grega: naturalismo e antropocentrismo;
Na Filosofia Medieval: cristianismo;
Na Filosofia Moderna: racionalismo e empirismo E na
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Filosofia Contemporânea: o dever e o sentir.
Ética e moral
Como acabamos de afirmar no parágrafo anterior, Ética provem do Gregos Ethos e significa
costumes.
A Palavra Moral, porem, provem do latim mores e também significa costumes. Por esta
coincidência etimologia conceptual, estudiosos há, que preferem afirmar que a Ética e a moral são
mesma coisa, visto que ambas tem como objecto o comportamento humano e dizem respeito aos
costumes e tratam das questões teóricas bem como praticas do agir humano.
Outros vão mais longe separando uma da outra. Esses últimos se agarram aos argumentos de
que enquanto a moral estuda os costumes contextualizados, a Ética julga a moral distinguindo o bem
do mal.
As palavras ‘ética’ e ‘moral’ são semelhantes em sua etimologia, mas, por convenção,
adoptamos a Ética como estudo teórico e específico de acções orientadas por valores morais e das
consequências dessas acções - mesmo quando envolvem seres não humanos, como os animais e
o meio ambiente. Enquanto a Ética é relativa à reflexão, estudo e Princípios de valores humanos, a
moral é relativa aos costumes e práticas dos diversos agrupamentos humanos incluindo os códigos
normativos.
Objecto da Ética
Podemos distinguir o objecto da Ética em material e formal.
O objecto material diz respeito aos actos humanos que se devem distinguir dos actos do
homem.
Os actos humanos são acções praticadas de forma livre, consciente, deliberada
e voluntaria, acções essas, que afectam a própria pessoa, a outras pessoas, ou a determinados
grupos sociais ou mesmo a sociedade no seu todo.
Os actos do homem são aqueles praticados de modo inconsciente, ou seja
contra a própria vontade ou liberdade ou mesmo por ignorância ou por falta de
conhecimento.
Apresentemos como exemplo uma mulher que é violada intimamente por desconhecidos,
contra a sua vontade e consentimento. Esse acto praticado assim é conhecido por acto do homem. Se,
por acaso, a mesma mulher praticasse o mesmo tipo de acto, mas de forma livre, voluntaria e
consentida, esse acto passaria a ser conhecido por acto humano.
Constituem actos do homem as acções praticadas por instinto natural do homem, exemplo: as
necessidades Biológicas.
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Podemos também dar um outro exemplo: o dos malucos. Eles muitas vezes praticam actos
inconscientemente. Portanto, as suas acções são conhecidas como actos do homem.
Outro exemplo ainda, iria para as crianças. Essas também nesse grupo dos praticantes dos actos
do homem porque elas ainda não são dotadas do pleno uso da razão, e também não possuem o
domínio directo da vontade.
Tipos de Ética
Existem tantos tipos de Ética. Dentre eles podemos destacar os seguintes:
Ética filosófica;
Ética religiosa;
Ética Cristã;
Ética Social;
Ética Profissional (Deontologico, deceologico e sigiloso na profissão);
Ética Economica;
Ética Politica;
Bioética;
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Ela nos fornece certos princípios éticos que nos ajudam a ser e saber estar, ou seja, a viver e
conviver bem, de maneira justa, pacífica e digna, na sociedade, de modo a alcançar uma plena
realização pessoal e social.
Por outras palavras, a Ética nos adopta de instrumentos intelectuais éticos para aquilo que a
pessoa será e fará para ser feliz.
Com a ética, a pessoa também adquirirá conhecimentos sobre o bem, a verdade, a virtude, mas
também sobre o mal, a falsidade, a mentira, e outros aspectos, nas relações quotidianas.
Ela nos treina para que não nos deixemos levar pelas falsas seduções, nem pelas propostas
aliciantes mas desviadoras.
A ética nos ajuda a vivermos e agirmos sempre de maneira sábia.
É importante frisar que a reflexão filosófica sobre o agir moral tem por base as práticas morais
em toda a sua complexidade, mas não se esgota em constatações de cunho social ou psicológico sobre
como ou porque as pessoas decidem o que fazer.
É tão importante compreender as regras e mecanismos que permeiam nossas sociedades quanto
propor críticas e essas práticas: estariam elas nos conduzindo a qual fim? Valorizam o que há de
humano em nós? Não podemos negar que a Ética aponta para o que pode ser realizável e não apenas
para o habitual. Mesmo que o quotidiano em sua complexidade nem sempre permita um agir livre,
consciente e autónomo, esses são os fundamentos a partir dos quais construímos nossas perspectivas
éticas.
Portanto, não é fácil delimitar o campo de actuação da Ética, bem porque ela se manifesta de
diferentes maneiras conforme a cultura, os costumes e os hábitos de determinadas populações ou
públicos.
É interessante notar que enquanto a moral parte de fora para dentro do universo do indivíduo, a
Ética pelo contrário parte de dentro para fora do mesmo. O relevante para avaliar as contribuições é
sempre a perspectiva crítica e a tentativa de oferecer uma explicação ou solução às dificuldades que
resultam do comportamento humano.
Portanto, Para formar sujeitos éticos se faz necessário permear todas as disciplinas com os
assuntos pertinentes a este tema
Ética, também, implica conflitos entre o que eu penso e o que o outro pensa resolvidos pela
moral esses conflitos desembocam no que chamamos de tolerância religiosa ou política.
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Objectivos da disciplina
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UNIDADE I - CONCEITUALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA
ÉTICA E DA MORAL
ACTIVIDADES
1. Pelo facto da ética ter como objecto de reflexão o comportamento humano, apontar hábitos e
costumes sociais que reflectem o comportamento humano.
2. Estabelecer a diferença entre a Ética e a Moral, dando características de cada conceito.
3. Especificar e diferenciar os pensamentos éticos de Sócrates, Platão e Aristóteles.
4. Fazer um quadro comparativo sobre as semelhanças e diferenças entre a ética e a moral na
antiguidade e na modernidade.
5. Estabelecer uma clara distinção entre: Ética Normativa, Descritiva e Metaética.
6. Explicar porquê “fazer o bem e evitar o mal” é princípio moral.
7. Estabelecer a relação entre a ética e direito.
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1. Conceitualização e desenvolvimento Histórico da Ética e da Moral
1.1. Definição da Ética e moral a partir da Etimologia e diversos autores
1.1.1 Estudo etimológico do termo Ética
Etimologicamente, o termo “ética” vem do grego éthos. Quando escrito éthos, com acento
agudo (em grego, inicia com a letra épsilon), representa a ideia fundamental de usos, costumes, que na
vida de um povo ocupam um lugar importante no conceito próprio de moralidade, e, portanto,
identificando-se mais com a moral e, quando escrito êthos, com acento circunflexo (em grego, inicia
com a letra êta), significa carácter ou modo de ser, e dá, portanto, a ideia de disposição interior, de
personalidade. Portanto, podemos dizer que o universo ético compreende esses dois pólos: o pólo
exterior (próprio da moral, dos costumes), e o pólo interior (próprio da interioridade, do carácter).
Originariamente, o conceito era tomado a partir do seu carácter exterior, de vida colectiva. Daí
o conceito ser usado para acções que promovam o bem comum ou a justiça no meio social. Devido ao
facto de que os gregos a utilizavam no sentido de hábitos e costumes que privilegiassem a boa vida e o
bem viver entre os cidadãos, com o tempo tal palavra passou a significar modo de ser ou carácter.
Enfim, tinha que se garantir um modelo de vida que deveria ser adquirido ou conquistado pelo homem
por meio da disciplina rígida que lhe formaria o carácter e que seria transmitida aos jovens pelos
adultos. Na Grécia, o homem aparece no centro da política, da ciência, da arte e da moral, uma vez que
para sua cultura até os deuses eram humanos com seus defeitos e qualidades.
O primeiro filósofo que escreveu sobre ética foi Aristóteles. Com esse título, Aristóteles
escreveu duas obras: Ética a Nicómaco (seu filho) e Ética a Eudemo (seu aluno).
Os filósofos gregos sempre subordinaram a ética às ideias de felicidade da vida presente e do
sumo bem. Nos textos antigos, ética quase sempre parece estar relacionada com desejo inato ao
homem de busca da realização do sumo bem. A filosofia grega preocupa-se com a reflexão sobre ética
desde os primórdios. Isso porque, ética ou a sede de justiça, é uma das três dimensões da filosofia.
As outras duas seriam a teoria e a sabedoria. Em Roma, ética passa a ser denominada “mores”;
que significa “moral”. No direito romano a palavra ética refere-se a normas de conduta ou princípios
que regem a sociedade ou um determinado grupo e em uma determinada época. Numa palavra: lei.
A ética é histórica, o que se deve ao facto de estar solidificada em noções de valor, que mudam
à medida que se descobrem novas verdades. O agir ético não será apenas uma simples reprodução de
acções das gerações anteriores, mas uma actividade reflexiva que oriente a acção a seguir num
determinado momento de nossa vida pessoal. Quando surgem questionamentos sobre a validade de
determinados valores ou costumes, e a realidade exige novos valores que possam orientar a ética,
surge a necessidade de uma teoria que justifique esse novo agir, uma vez que é impossível a acção
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ética sem que o agente compreenda a racionalidade dessa acção. Aqui aparecem os filósofos que
produzem uma reflexão teórica que oriente a prática ou a crítica do viver ético.
1.3 Origem da Ética e Moral: Breve historial e Ideias gerais desde os principais
Precursores: Sócrates, Platão e Aristóteles
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d) É um conhecimento universalmente válido, contra o que sustentam os sofistas; (2) é,
antes de tudo, conhecimento moral; e (3) é um conhecimento prático (conhecer para agir
rectamente).
e) A bondade, o conhecimento e a felicidade se entrelaçam estreitamente.
f) O homem age rectamente quando conhece o bem e, conhecendo-o, não pode deixar de
praticá-lo; por outro lado, aspirando ao bem, sente-se dono de si mesmo e, por conseguinte, é feliz.
Apesar de não ter deixado nada escrito, seus ensinamentos podem ser observados por intermédio dos
seus discípulos, dentre eles Platão em seus diálogos. Séculos depois, Sócrates foi chamado de
fundador da moral, pela tentativa de compreensão da justiça através da sua convicção pessoal. Valls
(2000) aborda moral como sinônimo de ética, com pequeno destaque para a interiorização das normas.
Para muitos, Sócrates foi considerado o primeiro pensador da subjetividade, através da interiorização
da reflexão.
1.4.1 Ética
a) Disciplina filosófica – pensamento crítico
b) Revelação de valores que norteiam o “dever ser” dos humanos
c) Conjunto de juízos valorativos manifestados livremente na acção individual de cada um
d) Reflexão construída e reconstruída incessantemente
e) Expressão do ser humano como exigência radical
f) Disposição permanente para agir de acordo as próprias exigências.
1.4.2 Moral
a) Limita-se ao estudo dos costumes e da variante das relações
b) Conjunto de regras que se impõem às pessoas
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c) Impulso que move o grupo
d) Acção colectiva que tende a agir de determinada maneira
e) Comportamentos automatizados
f) Receio de reprovação social
g) Cumprimento sem questionamento
h) Consolidação de práticas e costumes.
Enquanto a moral tem uma base histórica, o estatuto da ética é teórico, corresponde a uma
generalidade abstracta e formal. A ética estuda a moral e as moralidades, analisa as escolhas que os
agentes fazem em situações concretas, verifica se as opções se conformam aos padrões sociais.
1.5.3 Metaética
É abstracta e epistemológica, seu objectivo é investigar a natureza dos valores, dos juízos
morais (bem/Mal); e os significados da linguagem avaliativa (das estruturas do discurso), métodos e
lógica.
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1.5.4 Ética Normativa
Procura racionalmente configurar o campo prático da moral num estudo “histórico-filosófico
ou conceitual” (Bitta) sobre normas morais das sociedades, desenvolvendo critérios – o foco das
problemáticas é a acção moral. As principais correntes de pensamento e discussões ético-normativas
podem ser divididas em duas correntes de pensamento teórico: Ética Normativa Teleológica (ou Ética
Consequencialista) e Ética Normativa Deontológica.
1.5.4.1 Ética Deontológica - do grego déon, dever – também chamada de Teoria do Dever,
foca-se nas intenções e no valor da acção/regra, que devem corresponder às aspirações morais internas
de cada indivíduo.
Foi o filósofo Immanuel Kant quem começou traçar os caminhos para uma sistematização
teórica da Ética Deontológica dentro da Filosofia Moral, argumentava que nossas obrigações morais
devem derivar do imperativo categórico formulado como se fosse uma Lei Universal.
1.5.5.1 A Ética Geral é abrangente, faz a análise e estudos das normas e moralidades (e
códigos morais) que permeiam a sociedade como um todo - preceito, regras, legislações – absorvendo
a peculiaridade cultural, espacial e histórica de cada sociedade.
1.5.5.2 A Ética Aplicada é uma área recente da filosofia moral, mais restrita que a primeira,
procura fazer reger os códigos de ética para determinada categoria e sector social e discutir problemas
morais concretos da sociedade.
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Exemplo da Ética Aplicada: Ética Profissional, Ética Empresarial, Ética Animal, Ética
Ecológica, Ética Científica, Bioética e etc.
1.6 O Princípio ético moral “Fazer o bem e evitar o mal” e ou princípios morais básicos
sua aplicabilidade na sociedade
Segundo Gabriel Guilherme, o princípio «Fazer o bem e evitar o mal» é um imperativo da razão
prática que funciona como um primeiro princípio da ação, de tal maneira que sempre que agimos,
agiremos buscando o bem e evitando o mal. Pode ser que, por vezes, o objeto de nosso desejo não
corresponde a um bem efetivo, mas a um bem aparente, ou seja, um mal que é desejado como se fosse
um bem. Isto ocorre por falha da nossa deliberação, mas não por causa do comando da razão prática.
Portanto, como sobredito, sempre que agirmos nós agiremos em busca do bem, tanto do bem próprio e
pessoal quanto do bem comum, o bem de toda a comunidade.
Vivemos tempos de crise ética e “ondas ideológicas” tentam nos confundir sobre o que é certo
e o que é errado. Por isso, é preferível optarmos sempre por formulações que não permitam
ambiguidade. Por exemplo, respeitar a vida pode ser relativizado por essas ondas. Imaginemos que
alguém considere, que em respeito a sua própria vida, possa matar outra pessoa, como no caso do
aborto. A alegação de defesa do aborto pode vir a ser uma ‘norma ética própria’, fruto do relativismo.
A formulação “não matar” é direta indicando como se deve agir: não matar! Se alguém matar estará
desrespeitando a regra, independente da intenção ou da justificativa que se encontre para realizar tal
fato. Algumas regras se aplicam a todos os casos: Nunca é permitido praticar um mal para que daí
resulte um bem. A "regra de ouro": "Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a
eles".
Neste sentido, a educação para ética tem que se fundamentar mais na dimensão proibitiva, naquilo que
não se deve fazer, descuidando da dimensão do que se deve sentir. A ética pela lógica da proibição
legisla atitudes, que na verdade deveriam ser reveladas em nossa essência. Essas atitudes são virtudes,
isto é, atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade que
regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam,
assim, facilidade, domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela que
livremente pratica o bem.
Através da virtude o homem, como ser racional, pode chegar ao consenso para uma vida respeitável e
livre dos vícios. A vida virtuosa é a superação da vida viciosa. A Virtude ou o vício somente podem
ser adquiridos pelo hábito, ou seja, pela vivência no éthos. Elucida Aristóteles (1995):
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(...) toda “virtude”, para a coisa da qual é “virtude”, tem como efeito, ao mesmo tempo, colocar esta
coisa em bom estado e lhe permitir bem executar sua obra própria (...) Se, então, se dá o mesmo em
todos os casos, a excelência, a virtude do homem, será igualmente uma disposição pela qual um
homem torna-se bom e pela qual também sua obra tornar-se-á boa (Ética a Nicômaco.1106a 15-23).
Valores são critérios segundo os quais damos ou não importância às coisas; os valores são as
razões que justificam ou motivam as nossas acções, tornando-as preferíveis a outras.
Valores morais são os conceitos, juízos e pensamentos que são considerados “certos” ou
“errados” por determinada pessoa ou sociedade. Normalmente, os valores morais começam a ser
transmitidos para as pessoas nos seus primeiros anos de vida, através do convívio familiar. Com o
passar do tempo, este indivíduo vai aperfeiçoando os seus valores, a partir de observações e
experiências obtidas na vida social.
Assim, além de ter recebido o ensinamento sobre valores morais durante sua criação, uma
pessoa pode formar seu conjunto de valores morais, a partir de suas próprias vivências.
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No entanto, existem alguns valores que são apresentados como “universais”, pois estão
presentes em quase todas as sociedades do mundo. Por exemplo: liberdade, igualdade, respeito,
educação e justiça.
A consciência de que o respeito ao próximo deve ser um imperativo no convívio social pode
ajudar a evitar uma das consequências mais desagradáveis e negativas que o conflito de diferentes
valores morais pode provocar: a discriminação e o preconceito entre as pessoas.
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1.8.3 Ética e Sociologia - segundo VAZQUÉZ a sociologia e seria ciência que estuda as leis
que regem o desenvolvimento e a estrutura das sociedades humanas. Ela apresenta estreita relação com
a ética ao se estudar o comportamento humano sob o ponto de vista de determinadas relações.
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UNIDADE II - CONCEITOS BÁSICOS DA ÉTICA E SUA IMPLICAÇÃO NO
CONTEXTO REAL
Esta unidade pretende levar os estudantes a ser capaz de relacionar o Ético e a vida concreta. E
ser capaz de fazer uma reflexão racional em torno da Ética e da Moral.
ACTIVIDADES
1. Estabelecer os quatro estágios da consciência moral e dar um exemplo para cada um.
2. Saber em quê consiste a responsabilidade moral e liberdade, sob ponto de vista da ética.
3. Saber qual o principio que rege a moralidade e a eticidade e, dar um exemplo para cada
conceito.
4. Apresentar um exemplo claro para cada conceito:
a) Acto Humano:
b) Acto do Homem:
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2. Conceitos Básicos da Ética e sua implicação no contexto real
2.1 Formação da consciência moral
Na linha de Haring (1960), e de acordo com o ensinamento da Igreja, há uma necessidade de
formar a própria consciência para que o juízo moral prático possa coincidir com a vontade de Deus e
para que a consciência autoritária da criança chegue a ser a consciência perfeitamente madura do
adulto.
Tal formação da consciência deve realizar-se em cada indivíduo no sentido de:
a) Assumir as implicações dos princípios básicos da moralidade;
b) Aprender a como aplicar as normas de tal forma que possa haver um juízo razoável da
consciência;
c) Escutar a verdade e procura-la a partir das fontes onde ela, de facto, pode ser
encontrada.
Na formação da consciência, cada um deve estar consciente dos princípios básicos da
moralidade e sobretudo na escuta da voz interior, que é norma interiorizada. Certamente, uma
consciência bem formada é caracterizada por quatro atitudes: racional, autónoma, altruísta, e
responsável.
A pessoa deve estar pronta para escutar o que é que a lei prevê como correcção dos seus
próprios pontos de vista e como uma auto-salvaguarda ou defesa contra as influências de formadores
dos seus juízos. Esta cedência à lei não é submissão imatura, mas é a aprovação resultante da
iluminação das próprias limitações e do conhecimento de que as leis morais são fruto da experiência e
do trabalho comum de muitas gerações.
Portanto, a consciência moral, no ser fundamento maior da dignidade humana, deve ser
formada.
O dever formal e moral mais fundamental do ser humano é formar a sua própria consciência:
“Se a luz que há em ti se converte em trevas... quão grandes serão as essas trevas” O meu dever
formal é moral quando é realizado no concreto. A consciência é fazer (e não pensar ou sentir ou
teorizar) o bem e evitar o mal.
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O homem é um ser livre porque Deus é absolutamente livre. Ė livre na medida em que pode
escolher. O homem em comparação com o animal é livre porque o animal não muda de procedimento,
não tem capacidade de escolher, não tem projecto, não pode progredir nem regredir, depende de sua
condição natural.
Liberdade é a capacidade de dizer sim ou não ao bem e também de dizer sim ou não ao mal.
Por isso, perante o sim ao bem, o homem recebe louvores e graças por parte dos homens e de Deus, e
perante o sim ao mal o homem recebe repreensão e castigo. Por isso, na liberdade, está implicada uma
responsabilidade. A liberdade de (escolha) é ao mesmo tempo uma liberdade para (responsabilidade).
“Liberdade é capacidade de decidir-se a si mesmo para um determinado agir ou sua omissão,
respectivamente para este ou aquele agir” (RABUSKE, Edvino A., Antropologia Filosófica,
Petrópolis, Vozes, 2001. p.89).
Trata-se de um poder, do eu mesmo que se refere a um acto que tem um objecto. Isto implica
duas situações: primeira, determinado acto deve ser posto ou não e, segundo, eu me decido ou não por
este ou aquele modo de agir. No acto livre, a decisão da minha liberdade é a causa primeira para que a
minha liberdade se torne assim e não de outra forma. Então, no querer livre aparece o agarrar-se à
possibilidade ou aos objectivos. Por isso, a liberdade não é somente a capacidade duma escolha mas
uma decisão sobre mim mesmo e as possibilidades da minha própria existência. A liberdade de
escolha pressupõe como condição de possibilidade que o homem seja livre e tenha autonomia,
espontaneidade, abertura ao ilimitado, e não esteja amarrado, determinado. Esta propriedade é
liberdade fundamental.
A liberdade é uma propriedade da vontade, do querer, do tender. O que pretende é o bem, o
valor. A capacidade de decidir-se livremente por um determinado bem supõe o conhecimento de que
este bem é parcial. Mas o homem não é simplesmente livre como uma pedra. A consciência da
liberdade deve ser conquistada pelo homem.
2.3.2 Eticidade é um substantivo feminino que expressa a qualidade do que é ético e moral,
caracterizando alguém que age dessa forma.
A ética pretende dar um fundamento às exigências morais (ética pura e normativa),
estabelecendo por si mesma, as leis que terão de determinar a conduta moral da vida pessoal e
colectiva. Neste sentido, o seu papel é muitas vezes demonstrar de que maneira é possível superar o
relativismo ético.
Na Antiguidade, os representantes da reflexão ética foram Platão, Aristóteles e os estóicos. Nos
tempos modernos Kant e Fichte e na época contemporânea foram Nietzsche, M. Scheler, N. Hartmann
e A. Schweitzer.
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O objecto, a intenção e as circunstâncias são as “fontes” ou elementos constitutivos da
moralidade dos actos humanos» ( Catecismo, 1750)
2.4.2.1 Imoral é tudo aquilo que contraria o que foi exposto acima a respeito da moral.
Quando há falta de pudor, quando algo induz ao pecado, à indecência, há falta de moral, ou seja, há
imoralidade.
2.4.2.2 Amoral é a pessoa que não tem senso do que seja moral, ética. A questão moral para
este indivíduo é desconhecida, estranha e, portanto, “não leva em consideração preceitos morais”. É o
caso, por exemplo, dos índios no tempo do descobrimento ou de uma sociedade, como a chinesa, que
não vê o fato de matar meninas, a fim de controlar a natalidade, como algo mórbido e triste.
Assim, o que Óscar Wilde quis dizer é que a arte não tem senso do que seja moral, por isso, para
alguns, tudo o que é visto não causa assombro, está dentro dos costumes. Já para outros, dependendo
do que se vê, é ultrajante, indecente!
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UNIDADE III - A PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO DA MORAL
O Estudante deve ser capaz de reconhecer as diferentes formas de se relacionar com outras
pessoas e com o meio ambiente podem assumir, assim como as suas implicações éticas.
ACTIVIDADES
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A consequência antropológica de tal concepção se explicita na medida em que o ser humano
não pode ser verdadeiramente pessoa a não ser que viva em rede de relações fundamentais e de
reconhecimento mútuo.
Tal perspectiva oferece uma fundamentação na dignidade não está condicionada e não se
sujeita às convenções jurídico-sociais, ou seja, não depende de factores externos ao ser humano.
Por isso, a concepção aquiniana de pessoa é considerada de fundamental para a construção do
conceito de pessoa na modernidade e permite pensar a pessoa a partir daquilo que o homem tem de
mais individual, próprio, incomunicável, menos comum e mais singular (persona como per se).
Embora a síntese aquiniana situada entre a tradição clássica e a teologia cristã, tenha sofrido
rupturas nos séculos que se seguiram, é inegável que os pensadores cristãos foram responsáveis não só
pelo aprofundamento do conceito de pessoa, como também pela re-significação da antropologia
subjacente à ideia de pessoa.
A verdade que a mudança de padrões filosóficos ocorrida na Idade Média representou os
primeiros passos para se ter o desenvolvimento da noção de pessoa na filosofia moderna. Pois na
perspectiva clássica e medieval, a pessoa humana, embora reconhecida na sua singularidade e
dignidade ontológica, não chegou a ser o centro das preocupações: se a influência cristã a colocou na
qualidade de sujeito dotado de valores intrínsecos a sua própria humanidade, o fez por ser ela imagem
e semelhança de Deus.
A preocupação era propriamente com cosmos, ou então, Deus. A filosofia preocupava-se com
os problemas relacionados ao "ser" enquanto ser e o conhecimento, por ser de cunho metafísico,
impossibilitava a construção de uma teoria do conhecimento.
A partir do século XVI na natureza e na história, Deus vai perdendo a transparência que tinha
para os antigos e o eixo e o centro da humanidade deslocam-se do contexto religioso.
As relações entre os homens se apresentam menos hierarquizadas e já não há mais uma central
orientação política, religiosa ou cultural. E novas produções subjectivas são feitas a partir da
Renascença, na qual as realidades passam a se referir ao ser humana, a começar pelo mundo da
natureza.
Na qualidade de sujeito, o ser humano destaca-se da natureza e a transcende, inverte-se,
portanto, a relação homem-natureza.
Esta atitude filosófica acarreta uma alteração do objecto da filosofia: do estudo da ontologia do
ser, a filosofia passa a ter por objecto o próprio sujeito cognoscente, o homem que antes e primeiro é
um ente que conhece.
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Desta forma, o conceito de pessoa sofre necessariamente, uma alteração semântica, e a ideia de
persona perde o seu conteúdo ontológico e passa a designar uma realidade psíquica, na esteira de um
crescente avanço da razão técnico-instrumental.
Em síntese
Algo tem dignidade quando não tem preço, ou, em outras palavras, quando não pode ser
trocado por algo equivalente. A pessoa é fim em si mesma, porque não tem preço. Ela tem valor, e não
pode ser usada como meio para alcançar outro fim para além dela.
a) O significado da vida humana não é estar bem, mas ser bom;
b) A dignidade humana para Kant fundamenta-se no facto de a pessoa ser essencialmente
moral;
c) Dignidade não é apenas uma categoria antropológica, mas expressa também um
conteúdo ético; isto é, a categoria da dignidade humana levanta exigências éticas;
Ainda M.L. King diz: "O que me entristece não é a maldade dos maus, mas o silêncio dos
bons". E aos omissos, aos calados, aos que não reagem, B. Brecht dizia: vieram e prenderam:
Os judeus (mas eu não fiz nada porque não era judeu);
Os comunistas (mas eu não fiz nada porque não era comunista);
Os sindicalistas (mas eu não fiz nada porque não era sindicalista);
Os padres (mas eu não fiz nada porque não era padre);
A mim (…) e não havia mais ninguém para me defender.
d) A dignidade não se refere a uma natureza abstracta, mas a seres concretos. Dignidade
diz respeito a seres históricos e concretos. Cada ser humano é pessoa por ser um indivíduo único e
insubstituível. Neste sentido, tem valor em si, isto é, goza de dignidade;
e) A dignidade não admite privilégios (mérito) em sua significação primária. Não é um
atributo outorgado, mas uma qualidade inerente, enquanto ser humano; é um “a priori” ético
comum a todos os humanos.
f) A dignidade é uma qualidade axiológica que não admite um “mais ou menos”. Não se
pode ter mais ou menos dignidade. Ela serve para incluir todo ser humano e não excluir alguns que
não interessam; não pode ser usado como critério de exclusão, pois, seu significado é justamente
de inclusão.
Em sua significação práxica, a categoria ética de dignidade tem uma orientação preferencial
para aqueles cuja dignidade humana está desfigurada ou diminuída na sua expressão. Neste sentido,
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ajuda, por um lado, a corrigir possíveis reducionismos aos quais o ser humano pode ser submetido; por
outro, a orientar a acção para a meta da humanização.
3.2.3 O Fim
No agir humano «o fim é o termo primeiro da intenção e designa o objectivo buscado em uma
acção. A intenção é um movimento da vontade para um fim; visa ao termo do fazer» (Catecismo,
1752). Um acto que, por seu objecto, é “ordenável" a Deus, «atinge sua perfeição última e decisiva
quando a vontade o ordena efectivamente a Deus». A intenção do sujeito que actua «é um elemento
essencial na qualificação moral da acção» (Catecismo, 1752).
A intenção «não se limita à direcção da cada uma de nossas acções tomadas isoladamente, mas
também pode também ordenar várias acções para um mesmo objectivo; pode orientar toda a vida para
o fim último» (Catecismo, 1752). «Uma mesma acção pode estar, pois, inspirada por várias intenções»
(ibidem).
«Uma intenção boa não faz nem bom nem justo um comportamento em si mesmo
desordenado. O fim não justifica os meios» (Catecismo, 1753). «Pelo contrário, uma intenção má
acrescentada (como a vangloria) converte em mau um acto que, de seu, pode ser bom (como a esmola;
cfr. Mt 6, 2-4)» (Catecismo, 1753).
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3.3 As Relações humanas: A Pessoa como um fim em si mesma.
A pessoa humana concebida como “um fim em si mesma” é um conceito moderno que deflui
directamente dos direitos humanos e encontra sua validade no princípio da dignidade da pessoa
humana. Traz agregada em si uma extensa carga valorativa perceptível nas mudanças históricas e
éticas da sociedade actual. Embora seus pressupostos morais enfrentem uma crise de fundamentos, sua
concretude é rescaldada pelo consenso ocidental dos Estados Democráticos de Direito em torná-la
vértice de todo o ordenamento jurídico-constitucional, aplicada jurisdicionalmente através do caso
concreto.
4.1- Debate sobre os problemas actuais: “Aborto, Suicídio, Eutanásia” e outros problemas
4.2- Valores Morais: Justiça, Bem Comum, Respeito Mútuo, Empatia ou Filantropia e
outros.
4.3- Relativismo Ético e Moral.
O estudante deve ser capaz de reflectir sobre a sua consciência e reconhecer o valor do outro e
de si mesmo, e com a consciência do outro em relação ao valor e dignidade do outro.
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ACTIVIDADES
1. Fazer uma abordagem ética em volta da problemática actual da COVID-19 no que diz
respeito a travagem da sua propagação.
2. Falar sobre um dos valores morais e o seu impacto negativo na sociedade Moçambicana.
3. Olhando para o alastramento da COVID-19 estabelecer cinco medidas universalmente
aceites e cinco somente aceites no país onde te encontras.
4.1.1 Aborto
As ciências contemporâneas, sobretudo as ciências da vida (biologia, medicina, genética etc.),
criaram uma série de dilemas éticos que são estudados pela filosofia. O ramo da filosofia que estuda os
problemas morais que surgem dessas ciências é chamado bioética; e a subdivisão da bioética que cuida
de assuntos específicos da medicina, como o aborto, é chamada ética médica. O aborto é um dos
pontos mais difíceis da ética médica. Ele envolve aspectos religiosos, legais, médicos, socioculturais e
políticos. Neste artigo, examinaremos o aborto somente do ponto de vista da filosofia, expondo os
principais argumentos contra e a favor da interrupção intencional da gravidez.
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4.1.2 Suicídio
A tentativa de suicídio ou sua prática efectiva envolve sempre uma grande dose de sofrimento,
tensão, angústia e desespero. Esta dor da alma pode ser real ou ser a consequência de uma crise de
natureza afectiva, de uma conturbação mental, como, por exemplo, a psicose no seu grau mais agudo,
ou de uma depressão com sintomas delirantes. Se estes estados alterados da mente vêm acompanhados
do consumo de drogas e de álcool, a acção é potencializada significativamente, o que torna a atitude
suicida praticamente inevitável. O indivíduo pode ou não deixar uma explicação de seu ato para
familiares e amigos, através de uma nota ou de uma carta.
A palavra suicídio foi criada em 1737 por Desfontaines. Com origem no latim – sui (si mesmo)
e caedere (acção de matar) -, ela aponta para a necessidade de buscar a morte como um refúgio para o
sofrimento que se torna insuportável. Esta acção voluntária e intencional parte do ponto de vista que a
morte significa o fim de tudo, um mergulho no nada, visão esta acentuada pelo viés materialista que
envolve a nossa civilização. O suicídio pode ser concretizado através de actos mais agressivos -
geralmente uma escolha masculina -, como tiros e enforcamento, que conduzem quase sempre à
morte; ou por acções mais amenas, normalmente uma opção feminina, como o uso de remédios ou
venenos, que nem sempre conduzem a um desenlace fatal. Pode haver também casos de prática suicida
quando o sujeito deixa de prover certas necessidades fisiológicas, um ato gradual, como se negar a
ingerir o alimento.
4.1.2 Eutanásia
A eutanásia é definida como a conduta pela qual se traz a um paciente em estado terminal,
ou portador de enfermidade incurável que esteja em sofrimento constante, uma morte rápida e sem
dor. É prevista em lei, no Brasil, como crime de homicídio.
Entre as formas dessa prática existe a diferenciação entre eutanásia activa, quando há
assistência ou a participação de terceiro – quando uma pessoa mata intencionalmente o enfermo por
meio de artifício que force o cessar das actividades vitais do paciente - e a eutanásia passiva, também
conhecida como ortotanásia (morte correta – orto: certo, thanatos: morte), na qual se consiste em não
realizar procedimentos de ressuscitação ou de procedimentos que tenham como fim único o
prolongamento da vida, como medicamentos voltados para a ressuscitação do enfermo ou máquinas de
suporte vital como a ventilação artificial, que remediariam momentaneamente a causa da morte do
paciente e não consistiriam propriamente em tratamento da enfermidade ou do sofrimento do paciente,
servindo apenas para prolongar a vida biológica e, consequentemente, o sofrimento.
A literatura que trata desse tema é ainda escassa no Brasil, uma vez que o tema é um tabu e
geralmente associado ao suicídio assistido. No entanto, aqueles que advogam a favor da “boa
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morte”, como é referida por estes, a diferenciação do suicídio assistido com o argumento de que a
ortotanásia, ou eutanásia passiva, nada mais é que permitir que o indivíduo em estado terminal,
portador de doença incurável e que demonstre desejo conscientemente, possa passar pela experiência
da morte de forma “digna e sem sofrimento desnecessário”, sem a utilização de métodos
invasivos para a prolongação da vida biológica e do sofrimento humano. Uma morte natural.
A eutanásia não é um dilema recente, trata-se de uma discussão que permeia a história humana
por tratar de um tema tão complexo e sensível: a escolha individual da vida pela vida, ou o direito a
escolher quando o sofrimento ou a dor pode se tornar uma justificativa tangível para que se busque a
morte como meio de alívio.
A eutanásia é um direito legalmente previsto em alguns países como a Holanda e a Bélgica,
nos casos para pacientes terminais ou portadores de doenças incuráveis que acarretam em
sofrimento físico e emocional para o paciente e seus familiares. Em outros países, no entanto, é
possível que o paciente faça o requerimento legal de não haver tentativa de ressuscitação no caso de
parada crítica de órgãos. É importante destacar que a eutanásia é um acto de vontade própria e
individual do enfermo, quando em estado de plena consciência, que garante a esse a escolha entre
cessar seu sofrimento em vida ou continuar lutando. Este é o principal ponto da discussão sobre o
direito de escolha individual à vida: a liberdade do sujeito que sofre em determinar se sua vivência é
justificada seja pelas suas crenças, vontade individual, ou por simples compaixão por aqueles que
seriam atingidos pela sua morte.
4.2 Valores Morais: Justiça, Bem comum, Respeito mútuo, Empatia ou Filantropia e
outros.
4.2.0 Valores morais
São conceitos, juízos e pensamentos que são considerados " certos" ou "errados" por
determinada pessoa ou sociedade
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Desde o nascimento nos é ensinado o que é certo e errado e a partir disso reproduzem-se
valores impostos pela sociedade. Antes de mais nada o valor moral pode ser definido como "respeito a
vida", não apenas a vida individual mas sim a vida colectiva, já que vivemos colectivamente
dependendo uns dos outros.
4.2.1 Justiça
É conhecida a definição de justiça dada por Ulpiano: suum quique tribuere, dar a cada um o
seu. E é sugestivo o pensamento de Salvador Allende, quando diz “Não basta que todos sejam iguais
perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante todos.”
A justiça deve ser compreendida como a “virtude que inspira o respeito pelo direito de outrem”
(Perfeito et al., 1994, p. 1069), pois ela significa dar a cada um o que é seu ou o que lhe
pertence. Também se pode afirmar que a justiça consiste em dar a cada um aquilo que lhe corresponde,
por direito, nomeadamente, a assistência social, educação, emprego, saúde, assistência económica e
assistência jurídica.
Se tivermos qualquer dúvida sobre esse princípio de dar a cada um segundo o seu direito ou o
que lhe pertence, ou se nos perguntarmos como é que podemos reconhecer o que é de direito de
alguém ou que seja sua pertença, os diversos instrumentos jurídicos nacionais e internacionais como a
Constituição da República, a Lei do Trabalho, e outras leis, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, entre outras convenções, têm bem claros e fixados esses princípios. Para complementar a
esses instrumentos jurídicos e essas convenções, está a consciência humana bem patente em cada um
de nós. Basta accioná-la e pô-la em prática.
O discurso sobre a justiça é vasto, e tem vários critérios de classificação. No nosso caso, vamos
nos deter sobre a justiça social, justiça distributiva, justiça pública ou jurídica e a justiça comutativa.
a) A justiça social: Toda e qualquer pessoa que vive na sociedade é dotada de direitos,
como o direito à vida, à educação, à saúde, ao emprego, à habitação, etc. A justiça social é aquela
que respeita e promove os direitos de todos, em geral, e de cada um, em particular, como membro
duma sociedade. Ela promove direitos e oportunidades iguais de todos para todos, de tudo, em
tudo, para todos e para cada um, ou seja, tratamento igual para todos, sem qualquer possibilidade
de discriminação. Para se instaurar uma verdadeira justiça social é fundamental que as instituições
sociais se distanciem da corrupção, do nepotismo, do suborno, da extorsão, do clientelismo, etc. e,
se deixem guiar pela transparência. A justiça social consiste fundamentalmente no respeito ou
reconhecimento dos direitos humanos, quer naturais bem como positivos, na igualdade
fundamental de todo o homem e na equidade, sem descriminação, quanto à aplicação da lei e
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quanto a distribuição de bens e serviços, como por exemplo a política da habitação, da educação,
do emprego, dos serviços hospitalares.
b) Justiça distributiva: A justiça distributiva é a aquela que se encarrega pela recta e digna
distribuição ou repartição dos bens e serviços, entre os indivíduos na sociedade, sem
discriminação, sem olhar para a cara da pessoa, como por exemplo os salários, de acordo com as
reais capacidades e necessidades de cada um. Trata-se da justiça equitativa. A justiça distributiva
encarrega-se pela distribuição ou repartição proporcional da riqueza, da economia, dos bens, dos
serviços, dos salários, entre os indivíduos, na sociedade. A distribuição deve ser digna, correcta ou
equilibrada e equitativa. A distribuição deve ser equitativa no sentido de que, deve ser
proporcional, segundo os méritos pessoais, ou seja, de acordo com a condição de cada um, sem
discriminação, sem olhar para as caras e as condições ou o status das pessoas. Para a sua promoção
e operacionalização, é fundamental que haja “leis que determinam as condutas individuais e
grupais da comunidade e definem, assim, o que é justo e o que é injusto” (Chalita, 2003, p. 109).
c) Justiça pública ou jurídica: A justiça pública ou jurídica encarrega-se pela mediação
das relações sociais, através de leis soberanas. Baseada, fundamentalmente, nas leis, funciona
como força estabilizadora que luta contra as infracções e as violações, com o propósito de instaurar
uma sociedade mais organizada, mais fraterna, mais justa, mais pacífica e mais habitável. Confere
a qualquer cidadão, em caso de se sentir prejudicado ou injustiçado, o direito de mover uma acção
judicial, ou seja, o direito de acusar, notificar e de mover algum processo judicial contra o seu
ofensor, ou o que considera de infractor. A justiça jurídica tem uma função correctiva, ou seja, ela
tem a função de reparar, repor ou devolver a verdade; repor a situação ou o facto deslocado da
normalidade.
d) Justiça comutativa: A justiça comutativa vigora fundamentalmente nas relações
interpessoais e “inter-grupais”. Ela encarrega-se pela observância dos contractos e pelas trocas de
vária ordem, sejam elas comerciais, profissionais, laborais, entre outras. Enfim, a justiça
comutativa deve garantir ou assegurar a satisfação mútua.
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Instituições de ensino filantrópicas são mantidas por entidades sem fins lucrativos, que
desempenha actividades, paralelas ou em conjunto com o Estado, sem ser remuneradas, diferente das
instituídas com fins lucrativos que são mantidas por uma ou mais pessoas físicas e/ou jurídicas de
direito privado, que constituem-se em entidades de carácter comercial, sendo esta apenas sua missão
maior, não sendo obrigadas a fazer actividades de cunho beneficente, embora, se quiserem, possam
lhes desempenhar.
Instituições filantrópicas podem ser laicas (sem vínculo religioso) ou confessionais (mantidas
por instituições religiosas).
4.2.4.2 Empatia
Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso
estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e
emoções, procurando experimentar de forma objectiva e racional o que sente outro indivíduo.
A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo -
amor e interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue sentir a dor
ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo
princípios morais.
A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se desenvolve através da empatia, ajuda a
compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a forma como outra
pessoa toma as decisões.
Com origem no termo em grego empatheia, que significava "paixão", a empatia pressupõe uma
comunicação afectiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da identificação e compreensão
psicológica de outros indivíduos.
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Posteriormente, seguiram-se declarações mais contemporâneas, como a de que as verdades são
subjectivas, dependendo do ponto de vista do analista, ou que, para cada cultura, existem diferentes
tipos de acordos.
Também existem posições em relação ao científico que buscam ser objectivas e lógicas,
chamadas verdades relativas – éticas. A partir dessas considerações segue o relativismo moral, a teoria
de que não existem verdades absolutas, objectivas e morais universalmente vinculativas.
O relativista ético nega que exista alguma verdade objectiva sobre o certo e o errado. Os
julgamentos éticos não são verdadeiros ou falsos, porque não há verdade objectiva adequada para um
julgamento moral.
Pode-se dizer que, para esses autores, a moralidade é relativa, subjectiva e não vinculativa.
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4.3.1.2.1 Subjectivo
O subjectivismo torna a moralidade um conceito inútil, porque, em suas premissas, exerce
pouca ou nenhuma crítica interpessoal e seus julgamentos são logicamente possíveis.
Enquanto algumas culturas podem se sentir bem em matar touros em uma tourada, há muitas
outras que certamente sentem o contrário. Nenhum argumento sobre o assunto é possível. A única
coisa que poderia ser usada para um membro dessa cultura ou qualquer outra pessoa seria o fato de
que seria errado se eles não vivessem com base em seus próprios princípios.
No entanto, um deles pode ser que a hipocrisia é moralmente admissível (é bom com isso), por
isso seria impossível para ele fazer algo errado. Isso gera controvérsia sobre o que seria eticamente
correcto, em comparação com outros pontos de vista.
Diferentes personalidades artísticas, literárias e culturais têm opiniões conflituantes em relação
a esses temas, pois significa que todos os indivíduos são membros de diversas culturas e que o bem ou
o mal é moralmente subjectivo, dependendo de quem são os juízes e qual é o significado de avaliação
interpessoal.
4.3.1.2.2 Convencional
Na visão do relativismo ético convencional, não existem princípios morais objectivos, mas
todos são válidos e justificados em virtude de seu valor cultural, levando em consideração a aceitação,
onde a natureza social da moralidade é reconhecida, precisamente em seu poder e virtude. Além disso,
reconhece a importância do ambiente social, através da geração de costumes e crenças, e é por isso que
muitas pessoas assumem que o relativismo ético é a teoria correcta, pois são atraídos por sua posição
filosófica liberal.
Portanto, essa posição parece implicar fortemente uma atitude de tolerância em relação a outras
culturas. Segundo Ruth Benedict, “o reconhecimento da relatividade ética alcançará uma fé social
mais realista, aceitando como uma esperança fundamental e como novas bases a tolerância a padrões
de vida coexistentes e igualmente válidos”.
O mais famoso dos que ocupam essa posição é o antropólogo Melville Herskovits, que
argumenta ainda mais explicitamente em suas falas que o relativismo ético implica tolerância
intercultural:
1) A moralidade é relativa à sua cultura
2) Não há base independente para criticar a moralidade de qualquer outra cultura
3) Portanto, você deve ser tolerante com a moral de outras culturas.
Conclusão
Para formar sujeitos éticos se faz necessário permear todas as disciplinas com os assuntos
pertinentes a Ética.
A ética, entendida como a teoria ou ciência do comportamento moral do ser humano no
relacionamento com seu semelhante e o meio ambiente, sofre modificações de acordo com o momento
histórico em que se dá esta relação, com a complexidade da sociedade e das transformações que o
homem vai produzindo no ambiente.
O estudante de medicina, como actor dessas transformações, deve ter seu código de ética
permanentemente actualizado, não no sentido da permissividade, mas do comportamento adequado
aos que lidam com o bem mais precioso do ser humano, que é a vida.
A defesa da vida deve ser a principal preocupação do estudante de medicina. Neste sentido, sua
participação nas actividades desenvolvidas pela instituição na qual faz seu curso médico deve pautar-
se pela intransigente valorização da vida humana. Deve abster-se de praticar quaisquer actos que
possam significar risco para a vida e não permitir que nenhum membro da equipe de saúde da qual
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participe os pratique. Qualquer intervenção que venha a praticar ou participar deve ser olhada como se
fosse nele mesmo. O que for bom, justo e oportuno para ele deve ser também para o paciente.
Dentro desta mesma premissa, deve orientar sua formação, evitando que em qualquer momento
sua deficiência possa colocar a vida ou a qualidade da vida em risco.
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