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Ética e Cidadania Organizacional

Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

ÉTICA E CIDADANIA ORGANIZACIONAL

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Sumário

DISCIPLINA: ÉTICA E CIDADANIA ORGANIZACIONAL


TEMA 1: COMO SURGIU O CONCEITO DE ÉTICA? 4
TEMA 2 : TIPOS DE ÉTICA 10
TEMA 3: PENSADORES E FILÓSOFOS QUE ABORDARAM ÉTICA E MORAL 14
TEMA 4: CIDADANIA, DIREITOS E DEVERES 20
TEMA 5: LIBERDADE INDIVIDUAL, COLETIVA E VALORES HUMANOS 28
TEMA 6: ÉTICA NAS ESCOLAS 34
TEMA 7: ÉTICA PROFISSIONAL 40
TEMA 8: ÉTICA NOS DIREITOS DO CONSUMIDOR 48
TEMA 9: A GLOBALIZAÇÃO E DEMORACIA 54
TEMA 10: ÉTICA NOS DIAS DE HOJE 60

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DISCIPLINA: ÉTICA E CIDADANIA ORGANIZACIONAL

INTRODUÇÃO
Ética é a área da filosofia que estuda às ações e ao comportamento humano, filosofia moral. O
objeto de estudo da ética são os princípios que orientam as ações humanas e a capacidade de
avaliar essas ações. Ética e moral se diferenciam no parâmetro que a ética é compreendida de
maneira universal, enquanto a moral está sempre ligada aos fatores sociais e culturais que
influenciam os comportamentos. Enquanto cada um pode ter sua moral e seus princípios, a ética
deve ser seguida por todos. A palavra ética é derivada do grego ethos, que significa, "hábito",
"comportamento", "modo de ser". A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertente
profissional. Existem códigos de ética profissional que indicam os princípios fundamentais que
orientam uma profissão. Assim, pode-se pensar em princípios básicos para o comportamento de
alguns profissionais, tais como um médico, jornalista, advogado, empresário, político ou professor,
sendo possível pensar em uma ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética pública. A
ética muitas vezes é confundida com a lei, embora a lei tenha como base princípios éticos, a ética
não é normativa como são as leis. Os códigos de ética possuem direcionamentos e o seu
descumprimento pode ser passível de sanção, mas não são considerados crimes.

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TEMA 1: COMO SURGIU O CONCEITO DE ÉTICA

Ética desde os primórdios

Desde a antiguidade, a ética percorreu um longo caminho, distinguindo-se da moral e se


segmentando, adquirindo contemporaneamente um sentido amplo e outro mais estreito. Atualmente,
existe uma ética da humanidade que pauta comportamentos pensando em pressupostos maiores; e
outra que padroniza ações no interior de um grupo específico. As duas vertentes nem sempre
caminharam juntas, gerando recomendações contraditórias e paradoxais.

A ética e a Filosofia
A ética nasceu na Grécia, praticamente junto com a filosofia, embora seus preceitos fossem
praticados entre outros povos desde os primórdios da humanidade, mesclados ao contexto mítico e
religioso, tentando pautar regras de comportamento para permitir o convívio entre indivíduos
agrupados no conjunto da sociedade. A rigor, os gregos foram os primeiros a racionalizar as relações
entre as pessoas, repensando posturas e sistematizando ações. Momento em que surgiram
discussões que até hoje fomentam reflexões éticas. Apesar dos pré-socráticos se inserirem neste
contexto, a maioria dos autores atribuem a tradição socrática um olhar mais atento sobre
problemáticas em torno da ética.

Para Sócrates, o verdadeiro objeto do conhecimento seria a alma humana, onde reside a verdade e
a possibilidade de alcançar a felicidade. O grande problema é que o individuo não está preparado
para encontrar a verdade dentro de seu espírito. Tentando eliminar os próprios erros, ocultos em

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sentimentos confundidos com a felicidade, o sujeito acaba buscando somente o prazer puramente
hedonista. Por esta razão, seria missão do filósofo conduzir o sujeito ao conhecimento, direcionando
para eudaimonia, a verdadeira felicidade.
Um conceito importante para os gregos, tanto que a palavra eudeimon tem a mesma origem
etimológica, denotando riqueza e denominando um homem poderoso e com boa fortuna.
Para a tradição socrática, a felicidade só pode ser alcançada pela conduta reta, a verdade só pode
ser contemplada pelo conhecimento virtuoso do mundo, pelo comportamento orientado pela
bondade. A virtude é o centro da ética socrática, podendo ser definida como uma disposição para
praticar o bem, suprimir os desejos despertados pelos sentimentos, racionalizando as ações em
beneficio da coletividade.
O individuo virtuoso, bom, é aquele que se preocupa em aperfeiçoar a convivência comunitária, em
tornar-se o cidadão perfeito, para isso, ele precisa aperfeiçoar sua ética dentro dos preceitos de sua
moral.

Conceito de ética
A palavra ética deriva do termo grego “ethos” que significa, literalmente, “morada”, “habitat”, “refúgio”,
ou seja, o lugar onde as pessoas habitam. Conforme a definição do dicionário, ética seria o:
“Conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou de grupo social ou
de uma sociedade”. A ética também poderia ser definida pelo “estudo da natureza geral da moral e
das escolhas morais específicas; filosofia moral; e as regras ou normas que regem o comportamento
dos membros de uma profissão.

Ética no Brasil
Por meio da filosofia e da ética brasileira, a população poderá aprender sobre os fundamentos
conceituais dos princípios e dos valores da paz mundial, que são:

• Democracia

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• Direitos humanos;
• Justiça;
• Igualdade.

Embora sejam relativamente poucas ações na área de filosofia, elas


desempenham um papel inovador e transformador na sociedade, pois
incentivam a reflexão sobre questões centrais ao desenvolvimento social com
base em princípios que valorizam e protegem o ser humano e sua dignidade,
visando atender todas as necessidades éticas e morais de uma nação.

Ética e moral
É chamado de ética o campo da Filosofia que se dedica a entender e a refletir as ações humanas
(ações morais) e a classificá-las enquanto certas ou erradas. Por isso, podemos dizer que ética é
uma espécie de “filosofia moral”. Moral é, por sua vez, o costume ou hábito de um povo, de uma
sociedade, ou seja, de determinados povos em tempos determinados. A moral muda
constantemente, pois os hábitos sociais são renovados periodicamente e de acordo com o local em
que são observados.
A moral é uma espécie de conjunto de hábitos e costumes de uma sociedade. A moral, em geral, faz-
se de acordo com a cultura de um local em um determinado espaço de tempo. Normalmente, alguns
elementos da sociedade influenciam-na, como a religião, o modo de vida da sociedade, o acesso que
essa sociedade tem à informação e o uso que as pessoas de determinado recorte social fazem da
informação. A moral, normalmente, é exposta sobre preceitos e, muitas vezes, expressa como
normas de proibição e permissão.
Você já deve ter ouvido a frase “fulano atentou contra a moral e os bons costumes”, isso porque a
moral é uma espécie de norma de conduta social que indica algo que é certo ou errado naquela
sociedade. Devido ao caráter cultural e subjetivo da moral, algo que é permitido em uma determinada
moral, pode ser proibido em outra. Apesar de várias normas morais repetirem-se, elas são, muitas
vezes, diferentes porque as sociedades construíram diferentes modos de vida. Aquilo que uma
sociedade convenciona como moralmente incorreto pode ser classificado como um tabu.

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Exemplos de Moral e Ética


Moral:
➢ Normas de conduta em relação ao sexo e à sexualidade: A moral, por sofrer influência da
religião, pode tratar o sexo e a sexualidade de diferentes maneiras. Em sociedades politeístas
antigas, como a grega e a romana, o celibato não era estimulado (ao menos para os homens)
como o é nas sociedades ocidentais cristãs, que se formaram a partir do crescimento do
cristianismo na Idade Média.
Como a religião cristã baseia-se nas ideias de pecado original e de que o afastamento dos
pecados é necessário para a obtenção da graça divina, a moral incorporou a proibição do
sexo fora do matrimônio como norma. Daí deriva o tabu quanto à prática de sexo que não
seja uma prática reprodutiva e que não tenha obtido a benção divina. A homossexualidade
também é um tabu nas culturas judaico-cristãs e islâmicas por conta dos preceitos dessas
religiões, mas, na Grécia Antiga, a homossexualidade era um elemento cultural comum da
sociedade, baseado, inclusive, no alto teor patriarcal daqueles povos que tendia a colocar a
mulher no simples lugar de fêmea reprodutora, incapaz de oferecer a plenitude espiritual a um
homem.

➢ Tratamento à mulher: O domínio dos homens nas relações sociais com as mulheres é
antigo. O que chamamos, hoje, de patriarcado é a marca desse domínio, que, durante
milênios (e até hoje), colocou a mulher em posição social inferior. Se pensarmos que, até a
década de 1930, as mulheres não votavam na maioria das potências republicanas e que,
ainda hoje, às mulheres são negados certos direitos básicos, como a liberdade de ir e vir e de
se expressar, com base em preceitos morais, podemos tomar como exemplo de norma moral
o tratamento dado às mulheres. Hoje a ética tem o dever de desmascarar e derrubar esse
antigo domínio que subjuga e trata com inferioridade as mulheres.

➢ Bem ou Mal: Nos livros Genealogia da moral e Além do bem e do mal, o filósofo alemão
Friedrich Nietzsche tenta desconstruir a imagem que a nossa sociedade tem dos valores
morais, afirmando que essa visão está demasiadamente entorpecida pela moral cristã.
Segundo o filósofo, a gênese dos valores morais tem data certa de nascimento, apesar de
parecerem algo que sempre foi dado ou esteve aí.
O filósofo também fala do peso da escolha, por uma ou outra ação, que pode implicar o bem
ou o mal, mas faz questão de deixar claro que esse peso moral, que é considerado correto

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hoje, nem sempre foi aceito ou valorizado pela sociedade. Segundo Nietzsche, os valores
morais vigentes na Modernidade enfraquecem e desvalorizam o que há de mais fortalecedor
no ser humano, a sua natureza animal.

Ética:

➢ Respeitar as leis que sejam justas;

➢ Procurar agir com justiça;

➢ Não se apropriar, indevidamente, do que não é seu;

➢ Não prejudicar os outros;

➢ Respeitar o convívio social.

DESAFIO
Elabore um mapa mental com os conceitos aprendidos, ressaltando as principais diferenças entre
ética e moral bem como exemplos.

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TEMA 02: TIPOS DE ÉTICA

INTRODUÇÃO
O objetivo da ética é tornar a convivência social pacífica e justa, seja através das
atitudes coletivas ou individuais. Assim, a ética ajuda o indivíduo a responder
questões como:

 Eu devo?
 Eu posso?
 Eu quero?

Cada tipo de ética se diferencia a partir daquilo que é a base da ação moral. A moral se
relaciona às normas, costumes ou mandamentos culturais, familiares e religiosos. Já a ética,
busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento e os princípios que orientam o
comportamento humano.

Vamos analisar os tipos de ética:

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Ética racionalista

A ética racionalista explica que o indivíduo consegue submeter sua vontade e determinar suas
condutas através da sua razão. Neste caso, o pensamento racional é capaz de compreender
o que é o bem, guiando as atitudes, definir o que é bom ou mau, certo ou errado, seja para a
vida individual ou em sociedade.

Ética teleológica

É o tipo de ética que analisa e reflete as consequências possíveis de uma ação. O


comportamento ético está fundamentado em seu objetivo, em sua finalidade.

Ética teológica ou cristã

A ética teológica não acredita na razão como um aspecto que controla as vontades ou
atitudes do ser humano. Neste caso, a ética está fundamentada na fé. Assim, os princípios
éticos e a orientação para as ações encontram-se explicados na Bíblia, o livro sagrado do
cristianismo.

Ética deontológica

A ética desenvolvida pelo filósofo Immanuel Kant toma como base a ideia do dever (em
grego, deon). Nela, compreende-se o indivíduo como plenamente capaz de saber como se
deve agir, e assim podendo agir conforme o dever. Kant explica que o dever vem antes do
conceito do bem ou mal, do que é certo ou errado. Sendo assim, o indivíduo deve agir de
forma ética independente do que ele pode receber de consequências quanto ao seu
comportamento. O dever é um juízo a priori, independente da experiência.
A ética deontológica está ligada a ética profissional, se relacionando aos conjuntos de ações
que um profissional deve realizar no exercício da sua profissão.

Ética utilitarista

É o tipo de ética que se baseia na utilidade da ação moral, por exemplo, proporcionar o bem
para o maior número de pessoas. John Stuart Mill, filósofo defensor da ética utilitarista,
defendia que a boa ação era aquela capaz de produzir o máximo de felicidade possível para
um maior número de pessoas. Neste caso, a ética está voltada para atitudes práticas onde o

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indivíduo deve avaliar a situação antes de efetivamente agir, pensando em quantas pessoas
vão se beneficiar através de sua ação.

Ética Moderna

A ética moderna é centrada na subjetividade, ou seja, no indivíduo. Na ética moderna, é o


indivíduo quem passa a fazer suas próprias escolhas e se torna responsável pelas suas
próprias ações.

Ética contemporânea

A ética contemporânea trata da capacidade do ser humano de fazer escolhas


adequadas para conduzir a própria vida, no ambiente da social. Na ética
contemporânea, destaca-se o existencialismo, onde o homem é responsável por
suas próprias atitudes e sua felicidade e é ele quem produz sua própria existência.

DESAFIO:

Observe os tipos de ética abordados durante esse tema e crie uma nuvem de
palavras com os principais termos encontrados. Como sugestão, use o site
contido no link do QrCode:

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TEMA 3: PENSADORES E FILÓSOFOS QUE ABORDARAM ÉTICA E MORAL

INTRODUÇÃO

Desde a Antiguidade, os filósofos, estudiosos e pensadores tentam compreender e analisar os


princípios e os valores de uma sociedade e como eles ocorrem na prática. Podemos citar vários
pensadores, que em distintas épocas refletiram sobre a ética. Os pré-socráticos, os sofistas, Platão,
Sócrates, os Estóicos, os pensadores Cristãos, Spinoza, Nietzsche, dentre outros dedicaram-se
vivamente ao tema. Destes pensadores, destacamos Aristóteles, Maquiavel e Kant, por cada uma
representar um momento de virada em relação à produção do tema.

➢ Aristóteles

Com a passagem da filosofia naturalista do período pré-socrático para a filosofia antropológica


marcada por Sócrates, o conhecimento volta-se para a compreensão das relações humanas. Assim,
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) traz avanços para o desenvolvimento da ética como uma área
própria do conhecimento. O filósofo buscou investigar sobre os princípios que orientam as ações e o
que seria uma vida virtuosa.

Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles escreve sobre sua compreensão acerca da virtude e da
finalidade da vida, a felicidade. Aristóteles compreende que a ética pode ser ensinada e exercitada e
dela depende a construção de um caminho que conduza ao bem maior, identificado como a
felicidade. Para isso, as ações devem estar fundamentada na maior das virtudes e base para todas
as outras, a prudência.

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➢ Maquiavel

Nicolau Maquiavel (1469-1527), em sua obra O Príncipe, foi responsável pela dissociação da ética
dos indivíduos da ética do Estado. Para Maquiavel, o estado é organizado e opera a partir de uma
lógica própria. Assim, o autor cria uma distinção entre a virtude moral e a virtude política. Esse
pensamento representou uma mudança bastante relevante em relação à tradição da Idade Média,
fortemente baseada na moral cristã, associando o governo a uma determinação divina.

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➢ Kant
Immanuel Kant buscou elaborar um modelo ético em que a razão é o fundamento primordial. Com
isso, o autor contrariou a tradição que compreendia a religião e a figura de Deus, como o princípio
supremo da moralidade. Kant, em seu livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes, afirma que
os exemplos servem apenas como estímulo, assim, não se pode criar modelos éticos fundamentados
na classificação de alguns comportamentos desejados ou que devem ser evitados. Para o filósofo, a
razão é responsável por governar a vontade e orientar as ações, sem ferir a ideia de liberdade e
autonomia, própria dos seres humanos. Kant encontra na autonomia e na razão, a fonte do dever e
um princípio ético fundamental, capaz de compreender e formular regras para si mesmo. O
imperativo categórico proposto por Kant é a síntese da operação racional capaz de guiar as ações
humanas a través da ordem (imperativo): “Age de tal maneira que a máxima de sua ação possa ser
tomada como máxima universal”. Vamos observar o mapa mental abaixo.Sócrates

Sócrates alterou a perspectiva dos estudos voltados para a cosmologia e a physis, dos filósofos pré-
socráticos, e enfatizou a necessidade do conhecimento antropológico (do homem). Ao considerar a
areté também a partir de uma perspectiva mais interna do homem agora novamente ele muda o
vértice conceitual da areté e a coloca na camada mais profunda do ser humano, a alma. A ética de
Sócrates está centrada no homem, cujo referencial é o aperfeiçoamento da alma. Sócrates
dissertava sobre uma vida bem vivida cuja finalidade era o cuidado si e o cuidado com os outros: “A
essência do homem é sua alma (psiché).” Esta concepção de Sócrates era um dos critérios para
estabelecer os fundamentos da nova moral.

Sócrates procurava fazer o seu interlocutor refletir em questões morais evidenciando assim o caráter
eminentemente filosófico da reflexão sobre os valores. Mas Sócrates não parava por aí. Estes
valores, que os atenienses chamavam (como nossa sociedade de uma forma geral) de virtude,
faziam com que Sócrates os interrogassem então para saber o que é a virtude. E se Sócrates tivesse
como resposta que a virtude é agir em conformidade com o bem, então ele questionava, mas o que é
o bem?

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Sócrates procurava de alguma forma indagar os cidadãos atenienses a respeito das virtudes, sua
essência, valor, obrigação. Como saber se uma conduta é boa ou não, virtuosa ou reprovável? Por
que o bem é uma virtude e o mal um erro? É preferível ser justo ou injusto? Uma outra indagação
era: que é o homem? A resposta de Sócrates é que o homem é a sua alma, uma vez que é a alma
que o distingue de todas as outras coisas.

A moral é a parte culminante da filosofia de Sócrates que ensina a bem pensar para bem viver. “Seu
filosofar é ético não apenas porque pretende conhecer o bem, porque através da refutação rechaça
as falsas opiniões sobre o bem, mas porque transforma efetivamente a seus interlocutores” (YARZA,
1996, p. 298 – tradução nossa).

Não se trata de uma questão meramente teórica, mas uma questão prática, de como agir bem. O
que importa para um homem de bem é viver honestamente, sem cometer injustiças, nem mesmo em
retribuição a uma injustiça recebida. A virtude adquire-se com a sabedoria ou, antes, com ela se
identifica. Para Sócrates, grandeza moral e penetração especulativa, virtude e ciência, ignorância e
vício são sinônimos: se músico é o que sabe música, pedreiro o que sabe edificar, justo será o que
sabe a justiça.

➢ Platão

Platão propõe uma ética transcendente, dado que o fundamento de sua proposta ética não é a
realidade empírica do mundo, nem mesmo as condutas humanas ou as relações humanas, mas sim
o mundo inteligível. O filósofo centra suas indagações na Ideia perfeita, boa e justa que organiza a
sociedade e dirige a conduta humana. As Ideias formam a realidade platônica e são os modelos
segundo os quais os homens tem seus valores, leis, moral. Conforme o conhecimento das ideias,
das essências, o homem obtém os princípios éticos que governam o mundo social.

O uso reto da razão é entendido como o meio de alcançar os valores verdadeiros que devem ser
seguidos pelos homens. No mito da caverna, o filósofo expõe a condição de ignorância na qual se
encontra o homem ao lidar com o conhecimento das aparências. Somente pelo conhecimento
racional o homem pode elevar-se até as Ideias, até o Ser e conhecer a verdade das coisas. Isto se
dá através do método dialético, o qual elimina as aparências e encontra as essências, a verdade no
conhecimento das coisas. Este método filosófico tem por finalidade libertar os homens da ignorância

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e levá-los ao conhecimento de ideia em ideia, até alcançar o conhecimento da Ideia Suprema: o


Bem. As outras ideias participam desta e devem sua existência a esta.

O Bem ilumina o ser com verdade, permitindo que seja conhecido, assim como o Sol ilumina os
objetos e permite que sejam vistos nota-se aqui a analogia entre Bem e Sol apresentada no mito da
caverna. Existem diversas ideias e é devido à participação nestas, mesmo que enquanto cópia
imperfeita, que se fez possível o mundo sensível. Ao contemplar a ideia do Bem, o homem passa a
sofrer as exigências do Ser, isto é, suas ações devem ser pautadas conforme a ideia contemplada.

A ética platônica ocupa-se com o correto modo de agir e sua relação com o alcance da felicidade.
Contudo, o discurso ético apresentado na República acerca da felicidade relaciona com o conceito
de justiça. O problema da justiça enquadra-se no âmbito político, o qual tem estreita relação com o
campo da ética: é deste modo que surge a tese central de que só o justo é feliz. No diálogo
República, buscando a constituição da cidade ideal, surge o problema cerne acerca da definição da
justiça para que se pudesse, posteriormente, definir o que é a justiça tanto no indivíduo quanto no
Estado. Há, pois, um paralelo entre Estado e indivíduo a fim de que se encontre a definição de
justiça.

DESAFIO
Entre os filósofos abordados durante esse tema, escolha 2 deles e em grupo de até
4 pessoas, crie um diálogo entre eles. Apresente características desses pensadores
e como eles abordavam seus conceitos de moral e ética.

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TEMA 4: CIDADANIA, DIREITOS E DEVERES

O que é Cidadania?

Para que um país se desenvolva, é importante que sua população tenha o costume de exercer a
cidadania. Tudo começa com a tomada de consciência e criação do senso de pertencimento. Com o
sujeito se enxergando como um agente que tem grande responsabilidade na vida em sociedade. Não
apenas um coadjuvante, mas também um protagonista, que não se coloca somente como potencial
vítima das circunstâncias, mas reconhece que pode ser parte atuante na defesa do bem coletivo.

Cidadania é um conceito que se refere à condição de


pertencimento de uma pessoa à comunidade de um país. A
consequência desse pertencimento são os direitos e deveres
civis, políticos e sociais, que são assegurados ao cidadão
pela Constituição Federal. Na nossa carta magna, a cidadania
consta como um dos fundamentos da República Federativa
do Brasil já no primeiro artigo:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

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I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político.”

De acordo com o inciso LXXVII do artigo 5º da mesma lei, os atos necessários ao exercício da
cidadania devem ser gratuitos. A Lei Nº 9.265/1996 lista quais são esses atos e nos ajuda a ter uma
melhor ideia do que é cidadania segundo a legislação brasileira:

Art. 1º São gratuitos os atos necessários ao exercício da cidadania, assim considerados:

I – Os que capacitam o cidadão ao exercício da soberania popular, a que se reporta o art. 14 da


Constituição;

II – Aqueles referentes ao alistamento militar;

III – Os pedidos de informações ao poder público, em todos os seus âmbitos, objetivando a instrução
de defesa ou a denúncia de irregularidades administrativas na órbita pública;

IV – As ações de impugnação de mandato eletivo por abuso do poder econômico, corrupção ou


fraude;

V – quaisquer requerimentos ou petições que visem as garantias individuais e a defesa do interesse


público.

VI – O registro civil de nascimento e o assento de óbito, bem como a primeira certidão respectiva.”

A análise com a perspectiva da lei, é bom dizer, sempre é mais objetiva. Pense em um estrangeiro
que adquiriu a cidadania brasileira, por exemplo. O título não implica na obrigação de se adquirir
hábitos dos brasileiros, mas sim de ter os mesmos direitos e deveres de quem nasceu no Brasil
perante a lei.

Mas há também a cidadania como aquilo que falamos na abertura do texto: a consciência do seu
papel no todo.

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Pratica um ato de cidadania aquele que exerce uma participação ativa em sua comunidade, visando
promover o bem comum. Por isso que o conceito e entendimento de cidadania nunca é algo fechado,
e sim um processo contínuo de construção coletiva.

Direitos e Deveres do Cidadão

Quais são nossos direitos e deveres?

Os direitos são os benefícios que uma pessoa possui. Nós temos o direito à vida, direito à educação,
direito de ser respeitado, etc. Os direitos existem para que cada um de nós tenha uma vida digna e
decente. Já os deveres são as obrigações que devemos cumprir para vivermos em sociedade. São
deveres nossos: respeitar pai e mãe, tratar todos com boa educação, cuidar dos lugares em que
vivemos etc.

Os deveres existem para organizar a vida em comunidade. Em casa, na escola, na rua, em qualquer
lugar a gente vai encontrar regras, o que pode ser feito e o que não pode. Sem essas regras a
convivência ficaria impossível. Antigamente a palavra cidadão se referia as pessoas que viviam nas
cidades, hoje, essa palavra se refere às pessoas que têm seus direitos garantidos e cumpre seus
deveres podendo morar na cidade ou no campo, ser criança, adolescente, adulto ou idoso, ou seja,
todos os habitantes de um país são cidadãos.

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Constituição de 1988

Independente da condição social, cor, etnia ou religião, existem direitos e deveres do cidadão
brasileiro que devem ser cumpridos para o bom exercício da cidadania nacional. A Constituição
Federal (CF) traz, em linhas gerais, os direitos e deveres do cidadão brasileiro, que devem sempre
andar em conformidade, pois, quando um cidadão cumpre as suas obrigações, o outro tem a
garantia dos seus direitos.

Os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro podem ser divididos, basicamente, em três
grupos: os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (civis), os Direitos Sociais e os Direitos
Políticos.

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

O artigo 5º da Constituição Federal, um dos principais da CF, destaca que todos somos iguais
perante a lei, sem nenhuma distinção entre pessoas. Além disso, esse artigo garante o direito à vida,
liberdade, igualdade, segurança, propriedade e outros, direitos tidos como fundamentais.

Dentre as diversas previsões desse preceito legal, é possível destacar:

➢ Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações;


➢ Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo a não ser em virtude da lei;
➢ Ninguém será submetido a tortura ou tratamento desumano;
➢ O pensamento, as crenças e cultos religiosos são livres;

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➢ A expressão intelectual, artística, científica e de comunicação é livre, ou seja, sem censura;

Direitos Sociais

Os direitos sociais estão prescritos no artigo 6º da Constituição, que prescreve os direitos do cidadão
à educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social,
proteção à maternidade, infância e à assistência aos desamparados.

Direitos Políticos

Os direitos políticos se encontram nos artigos 14, 15 e 16 da Constituição e garantem o voto direto e
secreto com valor igual a todos em todas as eleições.

Saúde Mental e direitos de Gênero

Problemas de saúde mental mais frequentes

• Ansiedade
• Mal-estar psicológico ou stress continuado
• Depressão
• Dependência de álcool e outras drogas
• Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia
• Atraso mental
• Demências

Estima-se que em cada 100 pessoas 30 sofram, ou venham a sofrer, num ou noutro momento da
vida, de problemas de saúde mental e que cerca de 12 tenham uma doença mental grave. Em sua
grande maioria, isso se torna comum, pois há exclusão do indivíduo devido a cor, raça e
principalmente gênero. O que em muitos casos gera transtornos de personalidade e até suicídio.
A depressão é a doença mental mais frequente, sendo uma causa importante de incapacidade.
Em cada 100 pessoas, aproximadamente, 1 sofre de esquizofrenia.
A o longo da vida, todos nós podemos ser afetados por problemas de saúde mental. Algumas fases,
como a entrada na escola, a adolescência, a menopausa e o envelhecimento, ou acontecimentos e
dificuldades, tais como a perda de familiar próximo, o divórcio, o desemprego, a reforma e a pobreza
podem ser causa de perturbações da saúde mental.
Fatores genéticos, infecciosos ou traumáticos podem também estar na origem de doenças mentais
graves.
As pessoas afetadas por problemas de saúde mental são muitas vezes
incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas, devido a falsos
conceitos, que importa esclarecer e desmistificar, tais como:

• As doenças mentais são fruto da imaginação;


• As doenças mentais não têm cura;
• As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes,
preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.

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Todos nós podemos ajudar

• Não estigmatizando;
• Apoiando;
• Reabilitando;
• Integrando

Os indivíduos afectados por problemas de saúde mental são cidadãos de pleno direito. Não deverão
ser excluídos do resto da sociedade, mas antes apoiados no sentido da sua plena integração na
família, na escola, nos locais de trabalho e na comunidade.
A escola deverá promover a integração das crianças com este tipo de perturbações no ensino
regular.
Deverão ser criadas mais oportunidades no mundo do trabalho para as pessoas portadoras.
O envolvimento das famílias nos cuidados e na reabilitação destas pessoas é reconhecido como
fator chave no sucesso do tratamento.

Para manter uma boa saúde mental

• Não se isole
• Reforce os laços familiares e de amizade
• Diversifique os seus interesses
• Mantenha-se intelectual e fisicamente ativo
• Consulte o seu médico, perante sinais ou sintomas de perturbação emocional.

Cidadania Digital

Cidadania digital é um dos inúmeros conceitos que surgiram como consequência do advento da
internet e das novas ferramentas digitais que fazem parte do dia a dia das pessoas. A prática da
cidadania digital diz respeito ao uso responsável da tecnologia no mundo virtual. No século 21, é
uma habilidade necessária para, entre outras coisas, proteger dados, saber como se comportar on-
line e filtrar a variedade de conteúdos disponíveis no ambiente virtual. A cidadania digital, portanto,
se aplica a todo indivíduo que utiliza a internet de maneira apropriada e eficaz. Apesar de sua
importância, o conceito ainda não conta com a popularidade que merece. Para mudar esse cenário,
algumas instituições de ensino e professores já incluem o ensino de cidadania digital no currículo dos
alunos, abordando tópicos como cyberbullying, segurança digital, uso adequado de redes sociais e
outros. Felizmente, quase todos os requisitos para ser um bom cidadão digital podem ser ensinados
em sala de aula. No entanto, ainda não há muito direcionamento para os professores responsáveis
pelo ensino da cidadania digital. Por isso, é fundamental que haja cada vez mais informações sobre
o mundo digital tanto no contexto escolar como em veículos de comunicação, para que o uso da
tecnologia se torne mais fácil, seguro e acessível para todos os cidadãos.

Conceitos que essa cidadania compreende:

➢ Empatia
➢ Funcionamento da Internet
➢ Dados do Usuário
➢ Alfabetização Digital
➢ Clickbait
➢ FakeNews
➢ Bem- Estar Digital

DESAFIO

Baseado no conteúdo abordado, elabore uma lista de direitos e deveres que você exerce como
cidadão e como pode contribuir para a melhora de sua nação

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

TEMA 5: LIBERDADE INDÍVIDUAL, COLETIVA E VALORES HUMANOS

Como se dá a liberdade individual e coletiva?


Para Rousseau, a instituição pública, criada com o pacto social é a única garantia da liberdade
Humana. A liberdade individual só existe com a liberdade coletiva, ou seja, sem a existência de uma
convenção, construída pelos indivíduos para estabelecer os seus direitos, estes não existiriam e uns
poderiam se apoderar dos outros. Esta teoria política baseia-se na possibilidade dos seres humanos
regerem coletivamente sua própria convivência que, de maneira geral, é entendida como superação
de toda arbitrariedade, no momento em que o ser humano se submete a uma lei erguida por ele
acima de si mesmo.

Para que a harmonia dentro de uma sociedade prevaleça os cidadãos devem se compreender dentro
dela de forma coletiva, respeitando entre eles os seus direitos e deveres. E a liberdade coletiva nada
mais é do que um direito e um dever, onde o cidadão tem o direito de usufruir dela, no entanto
também deve respeitar a alheia. “Estes cidadãos, quando se devem compreender nele, não podem
estar compreendidos em uma singularidade abstrata deles, mas na variedade e complexidade real
dos grupos do qual fazem parte.” (CARNELUTTI, 2001, P. 55). A liberdade dentro do contrato social
deve ser empregada de forma coletiva, dentro das mais diversas complexidades existentes em uma
sociedade, onde o cidadão não pode fazer o seu uso da maneira que acha correto e sim da forma
que seja correta para toda a sociedade.

Mas para que o homem viesse a deixar o egoísmo de lado e passasse a pensar mais coletivamente
sobre o direito de liberdade grandes sacrifícios foram necessários. “[...] os povos não chegam ao
direito sem penosos esforços, sem inúmeros trabalhos, sem lutas contínuas, e até derramando seu
próprio sangue [...]” (IHERING, 1909, P. 43). O reconhecimento da liberdade coletiva dentro de uma
nação juntamente com o respeito conquistado perante as demais nações soberanas veio depois de
grandes esforços, inúmeras batalhas travadas e derramamento de sangue em várias guerras. Foram
necessários enormes sacrifícios para sua positivação, o que não seria necessário, pois a liberdade
individual só é alcançada através da coletiva.

Valores Humanos

Os valores humanos são os princípios morais e éticos que conduzem a vida de uma pessoa. Eles
fazem parte da formação da consciência e da maneira de agir e se relacionar em uma sociedade. Os

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

valores humanos são normas de conduta que podem determinar decisões importantes e garantir que
a convivência entre as pessoas seja pacífica, honesta e justa. Os valores são construídos
socialmente e vão orientar as decisões e garantir alguns princípios que regem as ações e,
consequentemente, a vida humana.

Exemplos de valores humanos

Existem muitos valores que são importantes em qualquer contexto ou lugar, podendo ser
considerados valores universais. Eles devem ser cultivados para garantir uma convivência ética e
saudável entre as pessoas que fazem parte de uma sociedade.

➢ Respeito

O respeito é a capacidade de ter em consideração os sentimentos das outras pessoas. É um dos


valores mais importantes na condução da vida de uma pessoa, pois pode influenciar as decisões, os
relacionamentos e o modo de viver.

Esse valor pode ser manifestado de diferentes formas. Um exemplo é o respeito às diferenças. Em
uma sociedade existem variadas formas de viver e de pensar, assim como existem diversas
percepções sobre a vida. Para uma boa convivência coletiva seja positiva é fundamental cultivar e
exercitar o respeito por pessoas e por decisões diferentes.

O respeito também tem outro significado. O conceito também se refere à obediência às regras que
são determinadas em uma sociedade e que devem ser seguidas para que a ordem seja garantida,
ainda que se discorde delas. Um exemplo disso é a obrigatoriedade do respeito e do cumprimento
das leis de um país.

➢ Honestidade

A honestidade é um valor fundamental para o ser humano e pode influenciar todos os aspectos da
vida de uma pessoa. Ter honestidade significa agir com ética e verdade nas relações humanas e no
cumprimento de obrigações, agindo conforme os princípios éticos.

Entretanto, o sentimento de honestidade não é associado somente com as relações externas, nos
relacionamentos entre pessoas. A honestidade também está ligada à própria consciência do
indivíduo, que age com integridade em relação aos seus próprios sentimentos e princípios.

➢ Humildade

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A humildade é uma virtude muito valiosa na vida de um indivíduo, pois significa a sua capacidade de
reconhecer suas falhas ou suas dificuldades. O conceito de humildade se relaciona com a ideia de
agir com modéstia, de ter simplicidade em suas atitudes e saber reconhecer suas próprias limitações.

Esta característica baseia-se na capacidade de reconhecer-se como um indivíduo incompleto,


reconhecendo as próprias dificuldades e possibilitando a realização de novas experiências e
aprendizados. A humildade também possui outro significado, ligado ao relacionamento entre as
pessoas. Em determinados casos o conceito pode se referir à maneira de agir com igualdade em
relação às outras pessoas, como uma demonstração de respeito.

➢ Empatia

A empatia é a capacidade que uma pessoa possui de perceber os


sentimentos de outras pessoas, colocando-se "no lugar dela". É um valor
importante para manter as boas relações humanas porque a partir dela é
possível entender os pensamentos e as atitudes dos outros. Desenvolver a
empatia implica conseguir afastar-se de suas próprias ideias e convicções e
olhar para um assunto com a percepção de outra pessoa. Caracteriza-se por ser uma atitude de
generosidade com os outros, demonstrando a importância dada aos sentimentos alheios.

➢ Ética

A ética pode ser definida como a reunião de princípios que determinam as atitudes de uma pessoa.
Assim, agir com ética significa viver de acordo com valores morais fundamentais. De acordo com a
Filosofia, ética é um conjunto de princípios determinantes para o comportamento humano e para a
vida em sociedade. Aristóteles descreveu que a ética tinha três fundamentos: o uso da razão, a

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

decisão por boas condutas e o sentimento de felicidade. Para ele uma vida ética só seria possível se
o indivíduo conseguisse encontrar meio-termo entre os excessos e as omissões.

➢ Solidariedade

A solidariedade é a capacidade de ter simpatia e atenção com outra pessoa, o que demonstra a
valorização e a importância dada às outras pessoas. Esse sentimento se caracteriza pelo interesse
verdadeiro de se unir ao sofrimento ou à necessidade de alguém, ajudando-o no que for possível.
Para que a solidariedade possa ser colocada em prática, são precisos sentimentos de desapego, de
empatia e de compaixão. Uma das maneiras mais comuns de exercitar a solidariedade é ajudar outra
pessoa sem esperar nenhuma retribuição por seu ato. É possível ser solidário de muitas maneiras,
seja ao dar atenção e apoio moral a uma pessoa, seja através de uma ajuda material.

➢ Educação

A educação, como um valor humano, significa agir de forma cordial, educada e amável. É saber se
relacionar com os outros seguindo princípios de bom relacionamento, que devem ser baseados no
respeito mútuo. Agir com educação nas relações humanas é saber conviver com pessoas diferentes,
em ambientes diversos, sempre agindo com respeito por todas as pessoas, em todas as situações.
Educação também se manifesta em não ter determinadas atitudes, como não desrespeitar outras
pessoas. A educação também se refere aos processos de aprendizados e de desenvolvimento
humano, que podem acontecer formal ou informalmente. A educação formal é aquela recebida na
escola e nas faculdades, durante a vida escolar de uma pessoa. Já a educação informal (ou não
formal) é a educação recebida da família, feita com base em princípios éticos e morais.

DESAFIO
Dentro da sua moral e dos preceitos nos quais você foi educado, elenque quais são os principais
valores que você acredita serem fundamentais para contribuir como cidadão e escreva um breve
resumo de como os aplicaria.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

TEMA 6: ÉTICA NAS ESCOLAS

Bullying Nas Escolas


O bullying na escola (ou bullying escolar) é um conjunto de comportamentos agressivos que ocorre
entre crianças e jovens dentro do espaço da escola. Esses comportamentos costumam ser ofensas
verbais, ameaças, humilhações e ataques físicos. Todo tipo de bullying, inclusive o escolar,
envolve desequilíbrio de poder entre as pessoas envolvidas. O bullying é caraterizado pela repetição
ao longo do tempo de atitudes agressivas que podem causar danos físicos e psicológicos à vítima.

O bullying escolar pode ser praticado por um indivíduo (o bully, palavra em inglês que significa
“valentão”) ou por um grupo. Apesar de não existir uma motivação específica para o bullying na
escola, é comum que crianças e jovens sofram bullying pela cor da sua pele, por sua orientação
sexual, por não se adequarem a um determinado padrão de beleza ou por serem portadores de
alguma deficiência.

Estes são os tipos de bullying praticados dentro da escola: bullying físico (chutar, dar socos, beliscar
etc.), verbal (ofender, insultar, xingar etc.), psicológico (chantagear, discriminar, excluir
etc.), sexual (abusar, assediar, violentar) e material (furtar, roubar, destruir pertences etc.).

Como solucionar o problema do bullying escolar?


Combater o bullying nas escolas não é tarefa fácil e requer o envolvimento tanto do poder público
quanto dos integrantes da comunidade escolar: diretores, famílias, professores, funcionários e
alunos. Seja qual for a ação, a solução para o problema passa pela construção de um ambiente
escolar onde as crianças se sintam protegidas.

Por muito tempo, o bullying escolar foi aceito socialmente. As pessoas costumavam encará-lo como
“coisa de criança”, “zoeira” ou “brincadeira”. Por isso, para romper essa cultura de permissividade e
mostrar que o bullying não é mera “zoeira”, é importante que todos os atores envolvidos façam a sua
parte.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

➢ Xenofobia

A xenofobia está diretamente relacionada com o fenômeno da migração, que caracteriza o mundo
atualmente. A migração de pessoas ocorre por fatores múltiplos, como fuga de violência ou de
guerra, procura por melhores oportunidades de vida etc. Isso faz com que determinadas pessoas de
nacionalidades ou regiões específicas sejam alvos de preconceitos e estereótipos, além de vítimas
da xenofobia.

Em diferentes partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, destaca-se a


xenofobia contra pessoas de origem árabe ou que praticam o islamismo. Esse preconceito está
diretamente relacionado com o estereótipo que existe a respeito de árabes e muçulmanos, vistos
como terroristas.

Esse estereótipo popularizou-se por causa da ação de grupos terroristas fundamentalistas islâmicos
que atuam em determinadas partes do Oriente Médio e do norte da África e que ficaram famosos por
atentados terroristas. A xenofobia contra árabes e muçulmanos tem contribuído para marginalizar
esses grupos, que não recebem as mesmas oportunidades e são vistos com desconfiança por
muitos, sendo vítimas de violência.

Outro caso de xenofobia muito comum acontece nos Estados Unidos contra mexicanos e latinos
(inclusive os brasileiros) em geral. Uma grande quantidade de pessoas do México e de outras
nações da América Central muda-se para os Estados Unidos. Em razão desse grande fluxo de
migração, a xenofobia pode manifestar-se em pessoas temerosas de que, com a chegada dos
imigrantes, a quantidade de empregos diminua ou que a violência aumente.

➢ Xenofobia no Brasil

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Os brasileiros em muitas partes do mundo, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, são
vítimas da xenofobia e, por isso, tratados de maneira preconceituosa. Essa realidade, porém, não
impede que aqui em nosso país exista xenofobia contra outras pessoas. No Brasil, existem práticas
da xenofobia contra estrangeiros, mas também contra brasileiros oriundos de diversas regiões do
país.

Grupos estrangeiros que sofrem bastante com a xenofobia são os haitianos e venezuelanos, por
causa do grande número de migrantes dessas nacionalidades no Brasil. Outras nacionalidades que
são frequentemente alvos de preconceito em nosso país são bolivianos, angolanos, moçambicanos e
pessoas de outras nacionalidades africanas.

Mas há também outro lado da xenofobia no Brasil. Aquela que é reproduzida contra os próprios
brasileiros que são originários de outras regiões do país. Isso é muito comum em locais que recebem
grande quantidade de pessoas à procura de emprego e de uma vida melhor. Em geral, esse
preconceito manifesta-se muito contra pessoas das Regiões Norte e Nordeste do Brasil

Xenofobia e Racismo

A xenofobia, geralmente, está diretamente relacionada com o racismo, o preconceito contra pessoas
por causa de suas características físicas, principalmente cor de sua pele. Isso é perceptível quando
presenciamos pessoas de origens distintas recebendo um tratamento diferente por causa de sua
aparência.

Discriminação Étnico-racial

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Entende-se discriminação étnico-racial como qualquer distinção, exclusão, restrição ou


preferência baseada na raça, ascendência, cor, origem nacional ou étnica com a finalidade ou o
efeito de dificultar ou impedir o reconhecimento e/ou exercício, em bases de igualdade, aos
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos social, político, econômico, cultural ou
qualquer outra área da vida pública. A desigualdade racial é caracterizada pelas diferenças
sociais entre brancos e negros. No Brasil, de acordo com o IBGE, por exemplo, os negros
representam 75,2% do grupo formado pelos 10% mais pobres.

Respeito a Variações Linguísticas

A variação linguística é um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendida por
intermédio das variações históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a
língua pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema fechado e
imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português que é falado no Nordeste do

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as
variações podem ser consideráveis e justificadas de acordo com a comunidade na qual se manifesta.

As variações acontecem porque o princípio fundamental da língua é a comunicação, então é


compreensível que seus falantes façam rearranjos de acordo com suas necessidades comunicativas.
Os diferentes falares devem ser considerados como variações, e não como erros. Quando tratamos
as variações como erro, incorremos no preconceito linguístico que associa, erroneamente, a língua
ao status. O português falado em algumas cidades do interior do estado de São Paulo, por exemplo,
pode ganhar o estigma pejorativo de incorreto ou inculto, mas, na verdade, essas diferenças
enriquecem esse patrimônio cultural que é a nossa língua portuguesa. A importância das variações
reside no fato de que elas são elementos históricos, formadores de identidades e capazes de manter
estruturas de poder.

Uma vez que essas variações visam à comunicação, jamais devemos considerá-las erros. Ao
apontarmos essas alterações como erro, estamos cometendo o que chamamos de “preconceito
linguístico”. Como todo preconceito, age-se maquiavelicamente em defesa de um dado status
imposto como mais adequado e, por vezes, mais “bonito”. Infelizmente, esse equivocado
comportamento é corriqueiro aqui no Brasil. Esse julgamento, em vez de contribuir para que sigamos
em um processo educacional democrático, cria barreiras para o enriquecimento de nosso patrimônio
cultural. A língua é responsável por transmitir a herança cultural de um povo que carrega aspectos de
vida, das crenças e valores de uma sociedade.

DESAFIO

Estabeleça um diálogo em grupo, que mostre o uso das variações linguísticas e tenha como tema
central o combate ao racismo e a xenofobia nas escolas.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

TEMA 7: ÉTICA PROFISSIONAL

Ética empresarial
Ética profissional é o conceito moral e de cultura social que são considerados aceitáveis dentro do
universo corporativo. Cada empresa ou ramo possui códigos de ética diferentes, mas com o mesmo
intuito de fazer prevalecer o respeito e integridade. Os valores praticados dentro do ambiente de
trabalho de uma empresa devem prezar pela bem-estar e desenvolvimento coletivo, freando
determinados impulsos humanos que se salientam perante situações conflitantes.
Esse abrangente conceito envolve uma série de posturas, ações e comportamentos que devem reger
a maneira como os colaboradores se relacionam entre si e com seus líderes, estabelecendo
harmonia, engajamento, produtividade e, é claro, um ambiente organizacional muito mais saudável.
De forma simplificada, ética profissional nada mais é do que todo o conceito moral e cultura social
que foram considerados aceitáveis dentro do universo corporativo. No ambiente colaborativo a
cultura organizacional envolve o respeito às normas de conduta, à área de trabalho e às demais
pessoas que o integram.
Pela perspectiva jurídica, cada organização tem o seu próprio código de condutas éticas, isto é, um
documento que determina as atitudes e posturas que se esperam tanto dos funcionários quanto da
administração, determinando os padrões de comportamento que devem ser praticados no cotidiano.

Existe, ainda, um outro ponto de vista sobre a ética profissional. Sobre as posturas individuais que
definem como cada empregado lida com as relações de trabalho e com sua própria profissão, agindo
conforme seus princípios, o que pode dar ou não ênfase às características de uma conduta ética.
Já no que se diz respeito aos ramos de atuação, a ética profissional rege uma série de
comportamentos que conferem homogeneidade entre os colegas de equipe, líderes e demais
pessoas envolvidas no ambiente organizacional. Com isso, é proporcionada uma ascensão de
valores como honestidade, justiça e respeito.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Consequentemente, a ética profissional protege os colaboradores de situações desconfortáveis,


pressões e outras posturas inadequadas onde existem conflitos de interesse, impedindo que alguém
possa tirar proveito de informações privilegiadas ou cargos dentro da companhia.
Citamos abaixo algumas características da ética profissional:
➢ Honestidade;
➢ Altruísmo;
➢ Lealdade;
➢ Integridade;
➢ Solidariedade.
Como isso pode ajudar no ambiente corporativo:
➢ Aumento de produtividade;
➢ Ambiente tranquilo na empresa;
➢ Boa convivência;

Quais são os benefícios da ética profissional?


Quando se fala de liderança, as pessoas entendem que são os gestores que desenvolvem as
competências do cargo com êxito. Aqueles que trabalham baseados pela ética profissional, portanto,
oferecem feedbacks contínuos para seus colaboradores.

Eles procuram, também, deixar o ambiente de trabalho mais harmônico e sempre são honestos em
suas atitudes. Não inventam mentiras para mostrar o seu trabalho e estão dispostos a ouvir seus
colaboradores.
Cultivar a ética profissional dentro do ambiente de trabalho, proporciona benefícios e vantagens para
todos, uma vez que o seu objetivo é estimular o crescimento da empresa e de todos os envolvidos.
A ética, quando bem estruturada, contribui para a melhora do clima organizacional, o relacionamento
interpessoal, o respeito entre os colaboradores, a harmonia no ambiente de trabalho, a motivação
dos funcionários, o aumento da produtividade e a conquista de melhores resultados.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Código de conduta
Esse é um instrumento que reúne os preceitos necessários para embasar comportamentos éticos,
estabelecendo os parâmetros para bons relacionamentos entre organizações e seus stakeholders
(as partes interessadas nelas).
É nesse documento que se encontram as regras do dia a dia, que orientam lideranças, funcionários e
parceiros no trato com clientes, fornecedores, sócios minoritários e outros players do mercado.
Daí a importância de desenvolver um código completo e eficiente, devidamente comunicado para
preservar a boa imagem e reputação empresarial.
Quando bem construído, o instrumento favorece a cultura organizacional, com boas práticas
difundidas em cada departamento, matriz e filiais da companhia.
Código de conduta ou de ética é um documento que reúne os princípios e valores adotados por uma
organização, classe profissional ou nação. Ele serve como regimento interno, tendo como objetivo
central promover uma postura homogênea entre todos os integrantes do grupo que o formou.
Dependendo da cultura da organização, ele pode ser chamado de:
➢ Código de Conduta Ética
➢ Código de Conduta Moral
➢ Código de Ética.
A variedade de nomes evidencia a proximidade entre os conceitos de moral e ética, uma vez que
ambas as palavras se referem aos valores e procedimentos aprendidos na convivência com um
grupo.

Contudo, o código de conduta mantém laços mais estreitos com a ética empresarial – disciplina que
está na base da governança corporativa, contemplando premissas como justiça, honradez e clareza
de propósitos.
Quais são os benefícios do código de conduta para as empresas:
➢ Mais profissionalismo
➢ Eleva a segurança
➢ Aumenta a reputação da empresa
➢ Simplifica a gestão humana

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Princípios éticos de cada profissão

Vejamos alguns exemplos:


Administração
São alguns deveres do administrador, estipulados no Código de Ética Profissional:

I - Exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse
de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência
profissional, atuando como empregado, funcionário público ou profissional liberal;
II - Manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional;
III - Conservar independência na orientação técnica de serviços e em órgãos que lhe forem
confiados;
IV - Comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobre as circunstâncias de
interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quanto possível, as melhores soluções e apontando
alternativas.

Educação Física

Estão entre as responsabilidades e deveres do profissional de educação física, estipulados pelo


Código de Ética Profissional:
I - Promover a Educação Física no sentido de que se constitua em meio efetivo para a conquista de
um estilo de vida ativo dos seus beneficiários, através de uma educação efetiva, para promoção da
saúde e ocupação saudável do tempo de lazer;

II - Zelar pelo prestígio da profissão, pela dignidade do Profissional e pelo aperfeiçoamento de suas
instituições;

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

III - Assegurar a seus beneficiários um serviço profissional seguro, competente e atualizado, prestado
com o máximo de seu conhecimento, habilidade e experiência;

IV - Elaborar o programa de atividades do beneficiário em função de suas condições gerais de


saúde.

Pedagogia
Conforme o Código de Ética Profissional, o exercício da profissão de Pedagogia, deve ser pautado
pelos seguintes princípios:

I - No respeito, na dignidade e na integridade do ser humano, objetivando o desenvolvimento


harmônico do Ser e dos seus valores, munindo-se de técnicas adequadas, assegurando os
resultados propostos e a qualidade satisfatória da educação;

II - Na defesa da democracia, respeitando as posições filosóficas, políticas, religiosas e culturais,


analisando crítica e historicamente a realidade em que atua, buscando a socialização do saber;

III - Na promoção do bem estar do indivíduo e da comunidade atuando a favor destes com aplicação
de várias áreas do conhecimento humano, selecionando métodos, técnicas e práticas que
possibilitem a consecução do ato de educar;

IV - Na responsabilidade profissional por meio de um constante desenvolvimento pessoal, científico,


técnico e ético;

V - Na definição de suas responsabilidades, direitos e deveres de acordo com os princípios


estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Estatuto da Criança, Adolescente e
no Estatuto do Idoso na legislação educacional em vigor.

Soft Skills de ética


Uma das Soft Skills (competências comportamentais) mais procuradas pelas empresas, a ‘ética’ é
tema recorrente não apenas na sociedade, em geral, mas, sobretudo, no mercado de trabalho.
Já uma visão mais moderna, dos autores Hilton Japiassu e Danilo Marcondes, a ética se volta à
“reflexão sobre as razões de se desejar a justiça e a harmonia, e sobre os meios de alcançá-la”. No
mercado de trabalho, ela expressa a conduta de cada colaborador, a relação entre colegas e chefes,
bem como constrói a reputação profissional de um indivíduo ou mesmo a destrói.
Não à toa, o termo está relacionado a inúmeros casos de demissões, em razão de atitudes que
desvirtuam as condutas morais, estabelecidas pela sociedade e pela organização. A frase “As
pessoas são contratadas por suas habilidades técnicas (Hard Skills), mas demitidas por suas
atitudes (Soft Skills)” — muito utilizada por profissionais de RH — dá uma pista sobre o que está
relacionado ao termo.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

O mercado espera de um colaborador comprometimento com a empresa que lhe contratou e também
responsabilidade com seus deveres laborais, urbanidade, respeito, lealdade e justiça. A importância
do tema é tamanha que justifica a existência dos ‘conselhos de ética’, para julgar casos específicos,
de acordo com os valores da profissão, e até mesmo situações graves e ilegais como assédios moral
e sexual.
Por mais subjetivo que sua definição possa figurar, ela é um aprendizado de vida que abrange
posturas como pontualidade, responsabilidade com o trabalho e honestidade. Engloba, ainda,
coerência (atitudes compatíveis com o que é dito), gentileza (com todos da organização) e separação
entre o público (incluindo o que é de um terceiro, neste caso a empresa), e o
privado (vida pessoal).
A ética é, ainda, uma via de mão dupla, ou de reciprocidade mútua. A empresa
não poderá cobrar tal valor de outrem, se ela mesma não a prática — seja em
relação aos colaboradores ou aos demais stakeholders (clientes e fornecedores,
por exemplo).

DESAFIO
Elabore um código de conduta que você acredita ser essencial dentro do ambiente escolar, em um
grupo de até 5 pessoas e mostre o que foi desenvolvido para a turma.

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TEMA 8: ÉTICA NOS DIREITOS DO CONSUMIDOR

Código de defesa do consumidor


Através do Código de Defesa do Consumidor (CDC) são determinados os mecanismos que deverão
ser utilizados pela lei para intervir ou agir sobre as relações de consumo. São estabelecidas as
punições para os crimes que também são determinados por esse código.

As normas foram estipuladas para resguardar o consumidor, estabelecendo caminhos para a


construção de uma boa relação entre consumidores finais e fornecedores. Caso seja necessário o
consumidor poderá recorrer ao CDC para resolver questões.

Conforme o Código de Defesa do Consumidor (CDC), os clientes possuem direitos resguardados


pela legislação, dentre eles estão:

• Proteção da vida e da saúde — é a determinação que prevê a segurança e proteção a vida


do consumidor, essa medida se dá contra práticas nocivas ou perigosas, dessa forma pode
ser intendido que os fornecedores não podem realizar a venda de produtos que ofereçam
riscos a saúde do consumidor;
• Educação para consumo — essa determinação se traduz na obrigação da prestação de
informações antes da realização da venda de uma mercadoria. Isso protege o consumidor de
compras inconscientes, não é permitido que o vendedor ou fornecedor oculte informações
sobre o produto visando a indução da compra;
• Informação — é necessário oferecer as informações para o consumidor, dessa forma ele
poderá conhecer a mercadoria antes de optar pela aquisição do produto. Essa parte do CDC
determina o fornecimento de informações verdadeiras e claras sobre a mercadoria em
questão;
• Proteção contra publicidade abusiva ou enganosa — é proibida a prática de propaganda
enganosa, assim como é vetado o uso de métodos coercitivos para promover uma compra.
Técnicas abusivas e coercitivas poderão sofrer com as penalidades previstas pelo Código de
Defesa do Consumidor;
• Proteção contratual — o consumidor deve conhecer as cláusulas contratuais, caso sejam
identificadas cláusulas com determinações de prestações excessivas ou desproporcionais, o
consumidor poderá solicitar a revisão ou modificação;

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

• Reparação de danos — o Código de Defesa do Consumidor prevê a reparação de danos


morais e materiais, um exemplo de dano moral é quando o nome de um indivíduo é incluído
de maneira indevida na lista de inadimplentes;
• Acesso à justiça — o CDC determina que órgãos administrativos e judiciários previnam ou
reparem danos morais e materiais. É assegurada a proteção jurídica ao consumidor, dessa
forma ele poderá recorrer à Justiça sempre que for necessário;
• Defesa dos direitos dos consumidores — o CDC deve estar ao alcance dos consumidores
promovendo processos menos burocráticos e justos;
• Serviços públicos — essa determinação estipula que o consumidor deverá ser bem
atendido em órgãos públicos, o código prevê atendimentos eficazes e adequados por parte
do serviço público.

Como garantir os meus direitos?

Violação de direitos em geral

■ A quem recorrer? Depende do caso, da gravidade. Há situações que poderão ser resolvidas por
meio da ouvidoria do órgão, há situações que necessitarão da intervenção do Poder Judiciário.
Quando a violação de direitos atinge muitas pessoas, faça a denúncia no Ministério Público —
federal, estadual, depende do caso. Na dúvida, consulte um advogado.
■ Como? Procure se informar sobre seus direitos e sobre os órgãos responsáveis pela
fiscalização deles. Pesquise na internet o telefone ou o endereço da ouvidoria do órgão e entre
em contato. Dependendo do caso, procure o promotor de justiça da sua cidade ou recorra ao
Ministério Público.

Corrupção

■ A quem recorrer? Se você tem conhecimento de algum caso específico de corrupção, você pode
fazer a denúncia ao Ministério Público Federal (MPF), à Controladoria-Geral da União (CGU), ao
Tribunal de Contas da União (TCU). Quando a denúncia envolver órgão estadual, a denúncia
pode ser feita ao Ministério Público de seu estado, à controladoria local ou ao Tribunal de Contas
do estado (TCE). No caso dos órgãos municipais, algumas prefeituras têm controladoria.

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■ Como? Ministério Público Federal, CGU e controladorias estaduais, TCU e TCEs, Ministério
Público nos estados e no DF.

Necessidade de Assessoria Jurídica

■ A quem recorrer? Procure um advogado. Caso não possa pagar, procure a Defensoria Pública de
seu estado.

■ Como? É necessário comparecer em um dos postos da Defensoria Pública do seu estado. Veja
aqui os telefones e endereços da Defensoria Pública do seu estado. Se em sua comarca não
houver Defensoria Pública, redija um requerimento ao juiz da comarca explicando a situação e
pedindo que ele indique um advogado dativo (que será pago pelo estado).

Direitos do Consumidor

■ A quem recorrer? Procon — Instituto de Defesa do Consumidor ou, em última instância, ao


Ministério da Justiça (Senacon).

■ Como? Por meio do link: www.portaldoconsumidor.gov.br ou http://bit.ly/ouvidoriaMJ.

Serviços de telefonia, internet e TV por assinatura

■ A quem recorrer? Anatel — Agência Nacional de Telecomunicações.

■ Como? Por meio do Fale Conosco do site deles.

Passagens aéreas e voos

■ A quem recorrer? Anac — Agência Nacional de Aviação Civil e juizados especiais em alguns
aeroportos.

■ Como? Por meio do formulário eletrônico. Alguns aeroportos dispõem de juizados especiais
destinados a resolver problemas urgentes relacionados a passagens aéreas.

Crimes Ambientais

■ A quem recorrer? Ibama — Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis e Batalhão Ambiental da Polícia Militar.

■ Como? Ouvidoria do Ibama: 0800 618080 ou BAPM.

Crimes pela Internet

■ A quem recorrer? Polícia Federal e Ministério Público Federal.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

■ Como? Por meio dos formulários nos sites: http://bit.ly/denunciaPF, http://bit.ly/cidadaoMPF e


http://bit.ly/hotlineSafernet.

SUS, hospitais públicos

■ A quem recorrer? Ministério da Saúde.

■ Como? Disque 136.

Planos de Saúde

■ A quem recorrer? ANS — Agência Nacional de Saúde Suplementar.

■ Como? Disque ANS: 0800 7019656.

Remédios, alimentos, falta de higiene em lugares públicos

■ A quem recorrer? Anvisa — Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

■ Como? Por meio do link: http://bit.ly/denunciaAnvisa.

Direitos básicos humanos

Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente da sua
raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos
incluem o direito à vida e à liberdade, liberdade de opinião e expressão, o direito ao trabalho e à
educação, entre outros. Todos têm direito a estes direitos, sem discriminação.

IDH E PIB

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um índice socioeconômico medido anualmente que


avalia o desenvolvimento e progresso de uma localidade. Serve para analisar a perspectiva do
desenvolvimento humano, além dos indicadores econômicos, como Produto Interno Bruto (PIB) e o
PIB per capita.

Sua importância se dá para a análise de políticas públicas, principalmente nos três critérios
avaliados, sendo mais fidedigno à realidade dos locais estudados, que pode ser uma cidade ou até
mesmo um país. Antes de ser criado, as políticas públicas levavam em consideração o PIB per capita
para compreender determinados espaços, mas essa era uma análise errônea, pois a desigualdade
social dos países mais pobres não é mostrada nesse critério.

O IDH é calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU) quando se trata de países, com base
nos indicadores sociais de avaliação estabelecidos. Desses indicadores, uma média é feita,
colocando os locais analisados em uma ordem que varia de zero a um: quanto mais próximo de um,
melhor é a qualidade de vida daquela localidade.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

A ONU leva em consideração três indicadores sociais:

➢ expectativa de vida (saúde);


➢ acesso à educação;
➢ distribuição de renda.

Esses indicadores norteiam a medição do IDH em escala local e regional.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade,
geralmente em um ano. Todos os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas.

Desenvolvimento Humano

Desenvolvimento humano é um conceito baseado na ideia de liberdade dos seres humanos, para
que estes tenham as oportunidades e capacidades de viverem com qualidade de vida e de acordo
com os seus objetivos.

Ao contrário do crescimento econômico, o desenvolvimento humano não está diretamente


relacionado com a análise dos recursos financeiros, mas sim com a satisfação das pessoas com o
modo como vivem a vida.

Assim, para analisar o nível do desenvolvimento humano de determinado grupo,


deve-se observar não a renda, mas todas as condições e oportunidades que os
indivíduos possuem para conseguirem ter uma vida com dignidade e qualidade.

DESAFIO
Faça uma breve pesquisa sobre o índice de IDH e PIB brasileiro e cite quais são seus principais
aspectos

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

TEMA 9: A GLOBALIZAÇÃO E A DEMOCRACIA

A globalização é um processo de expansão econômica, política e cultural a nível mundial. Sua


origem remete ao período das Grandes Navegações no século XVI, momento em que as trocas
comerciais se ampliaram para outras nações.
No último século, o processo de globalização se acelerou bastante devido à Terceira Revolução
Industrial (ou Revolução Técnico-Científico-Informacional). Ela promoveu a evolução das tecnologias
de transporte e comunicação, de modo que a distância e as fronteiras geográficas se tornam cada
vez menores. Isso contribuiu diretamente para o aumento das trocas comerciais entre os países,
sobretudo para a velocidade em que essas trocas acontecem.
A cultura é outra dimensão do processo de globalização. A troca de cultura entre diferentes países,
independentemente da fronteira física entre eles também foi intensificada e acelerada pela Terceira
Revolução Industrial.
Podemos definir cultura como o conjunto de conhecimentos, crenças, lei, moral, arte e costumes de
uma sociedade. Os avanços em tecnologias de comunicação, especialmente o maior acesso à
internet nos últimos anos, permitem a disseminação e o compartilhamento de ideias em tempo real.
Entretanto, esse processo de compartilhamento cultural é desigual. As potências econômicas
possuem maiores recursos para a produção e disseminação cultural. Isso significa que determinados
países exercem uma maior influência cultural sobre outros.

Um exemplo disso é a predominância de filmes, seriados e músicas produzidos por países com os
maiores recursos econômicos, como os EUA. Tal fato foi observado no século XX, quando o rádio e
a televisão, meios de comunicação de massa, começaram a ser um artigo comum nas residências
das pessoas. Isso possibilitou que a cultura estrangeira, como por exemplo a norte-americana,
influenciasse o consumo de produtos culturais na maioria dos países no mundo.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Assim, a cultura se transformou em uma “coisa”, isto é, uma mercadoria padronizada, segundo
Theodor Adorno. Esse fenômeno é conhecido como indústria cultural. Ele ainda é observado no
século XXI, e também muito criticado na atualidade.
O Brasil é um dos principais exportadores de laranja, açúcar, soja e café. Respectivamente, o país
representa 85%, 50%, 40% e 27% do comércio destes alimentos no mundo.
Também somos um dos principais produtores de minerais metálicos, como Ferro, Manganês e
Bauxita. Além disso, exportamos produtos manufaturados (automóveis, aviões, eletroeletrônicos) e
celulose (que é semimanufaturada).
O Brasil é um grande importador de combustíveis fósseis, e maquinários. Porém. é exportador de
produtos agrícolas, que possuem baixo valor agregado. Por isso, manter a balança comercial positiva
é um desafio. Ela é o cálculo que representa o valor das exportações menos o das importações.
Os maiores parceiros comerciais do Brasil atualmente estão localizados na Ásia, ou pertencem ao
Mercosul. Um dos fatores que dificultam o avanço do comércio brasileiro para outros países são as
barreiras comerciais internacionais.
Alguns países impedem a entrada de produtos brasileiros para evitar a concorrência com a produção
nacional. Dessa forma, o Brasil possui uma presença importante em fóruns internacionais como a
OMC para reivindicar, em parceira com outros países, condições iguais de concorrência
internacional.

A globalização requer a Ética porque coloca vários valores morais de culturas diversas em maior
contato. Sendo assim, é necessário assumir condutas que consigam lidar bem com essa diferença
de valores, ou seja, condutas éticas.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Democracia

Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. Os cidadãos são os
detentores do poder e confiam parte desse poder ao Estado para que possa organizar a sociedade.
A palavra democracia tem origem no grego demokratía que é composta por demos (que significa
"povo") e kratos (que significa "poder" ou "forma de governo"). Neste sistema político, fica
resguardado aos cidadãos o direito à participação política.
Assim, a democracia é uma série de princípios que orientam a atuação dos governos para que estes
garantam o respeito às liberdades e cumpram a vontade geral da população.
Na democracia, todas as decisões políticas devem estar em conformidade com o desejo do povo.
Atualmente, a maioria dos países possui modelos de democracia representativa. Neles os cidadãos
elegem seus representantes por meio do voto.
A democracia admite diversos sistemas políticos como o presidencialista, onde o presidente é o
maior representante do povo, ou o sistema parlamentarista, em que o presidente é o chefe de
Estado, mas o primeiro-ministro que toma as principais decisões políticas.
Diz que um sistema é democrático desde que sejam respeitados os princípios que protegem a
liberdade humana e baseado no governo da maioria, associado aos direitos individuais e das
minorias.

Uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como
as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida
política, econômica, e cultural da sociedade.

Democracia no Brasil
No Brasil, a democracia surge na chamada "Primeira República", mas de modo restrito, eram
considerados cidadãos apenas os homens escolarizados e os votos eram influenciados pelos
"coronéis", o chamado "voto de cabresto".

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

A democracia no país foi se desenvolvendo e passando por diferentes períodos de maior ou menor
estabilidade. Somente em 1932, foi instituído o voto feminino.
Em 1937, com o Estado Novo, houve a suspensão dos direitos democráticos e a redemocratização
só ocorreu em 1945
Em 1964, deu-se início à ditadura militar, seguido do AI-5 em 1968, que suspendeu a democracia e
impediu a participação política dos cidadãos.
Durante esse período, a consciência democrática foi um forte elemento de oposição à ditadura, que
culminou no movimento "diretas já" e no fim do regime ditatorial em 1985.
Desde então, o Brasil se encontra em um período democrático: consta no artigo 1º da Constituição
que o Brasil é um Estado Democrático de Direito. Mas os direitos relativos a uma democracia plena
com liberdades para todos e todas ainda são alvo de inúmeras reivindicações de diversos
movimentos sociais.
Diferenças entre democracias e ditaduras
As principais diferenças entre democracia e ditadura são:
Modelo de eleições: em uma democracia, as eleições são diretas, ou seja, o próprio povo vota. Em
uma ditadura, as eleições costumam ser indiretas, nas quais os governantes são escolhidos através
de um colégio eleitoral.
Tipo de Estado: em uma democracia, por óbvio, o tipo de Estado é democrático, enquanto em uma
ditadura o Estado é autoritário e totalitário.
Divisão de poderes: em uma democracia existe divisão de poderes. O legislativo, executivo e
judiciário funcionam de forma independente entre si. Na ditadura, os poderes são concentrados na
mão de uma só pessoa ou grupo.
Proteção de direitos: um Estado democrático protege e assegura direitos, além de constantemente
legislar novos. Em uma ditadura, direitos são frequentemente desrespeitados.
Manifestações populares: manifestações populares são comuns em uma
democracia, tendo em vista a liberdade de expressão. Um governo ditatorial
frequentemente utiliza censura para impedir manifestações populares, notícias ou
qualquer tipo de veiculação contrária aos seus ideais.

Órgãos Governamentais
Órgão é uma unidade do Poder Executivo Federal (como ministério, secretaria ou entidade)
responsável pela execução de políticas públicas e/ou pela administração do Estado.
As informações apresentadas pelo Portal estão relacionadas a algum órgão. É possível ver, nos
painéis e nas consultas à ferramenta, as despesas executadas por determinado órgão, dados de
servidores, os imóveis funcionais sob gestão da entidade, entre outras informações.
Essa visão por órgão só é possível porque os sistemas que fornecem os dados para publicação no
Portal também utilizam estruturas de órgãos para registro das informações. Contudo, esses sistemas
utilizam estruturas de órgãos diferentes, com níveis e formas de detalhamento distintos entre si.
Essas distinções devem-se à própria diferença entre os temas tratados em cada sistema. No Sistema
Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), por exemplo, utiliza-se o conceito de
unidade organizacional (UORG) para efeito de alocação dos servidores. Já no Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federa (Siafi) utiliza-se o conceito de unidade gestora (UG)
para execução das despesas.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Para que o Portal utilize uma estrutura única de órgãos, foi realizada compatibilização entre as
estruturas do Siape e Siafi. Além disso, foi feita integração da estrutura desses sistemas com o
Sistema de Informações Organizacionais do Governo Federal (SIORG), que contém informações
organizacionais do Poder Executivo Federal (administração direta, autarquias e fundações).
Ademais, quando há uma reforma ministerial, o Portal procura manter a mesma lógica de migração
de estrutura utilizada nos sistemas para sua reorganização.

Corrupção

Corrupção vem do latim corruptus, que significa quebrado em pedaços. O verbo corromper significa
“tornar pútrido”.
A corrupção pode ser definida como utilização do poder ou autoridade para conseguir obter
vantagens e fazer uso do dinheiro público para o seu próprio interesse, de um integrante da família
ou amigo.

A corrupção é crime. Veja alguns itens que revelam práticas corruptas:


* Favorecer alguém prejudicando outros.

* Aceitar e solicitar recursos financeiros para obter um determinado serviço público, retirada de
multas ou em licitações favorecer determinada empresa.

* Desviar verbas públicas, dinheiro destinado para um fim público e canalizado para as pessoas
responsáveis pela obra.

* Até mesmo desviar recursos de um condomínio.

A corrupção é presente (em maior evidência) em países não democráticos e de terceiro mundo. Essa
prática infelizmente está presente nas três esferas do poder (legislativo, executivo e judiciário). O uso
do cargo ou da posição para obter qualquer tipo de vantagem é denominado de tráfico de influência.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Toda sociedade corrupta sacrifica a camada pobre, que depende puramente dos serviços públicos,
mas fica difícil suprir todas as necessidades sociais (infraestrutura, saúde, educação, previdência
etc.) se os recursos são divididos com a área natural de atendimento público e com os traficantes de
influência (os corruptos).
Quando o governo não tem transparência em sua administração é mais provável que haja ou que
incentive essa prática, não existe país com corrupção zero, embora os países ricos democráticos
tenham menos corrupção, porque sua população é mais esclarecida acerca dos seus direitos, sendo
assim mais difíceis de enganar.
Atualmente existe uma organização internacional que tem como finalidade desenvolver pesquisas
nos países para “medir” o nível de corrupção. A partir da pesquisa é feita uma classificação de
acordo com a nota que vai de 0 a 10. Alguns dados revelam que o primeiro lugar com nota 9,7, que
corresponde à margem de confiança, é a Finlândia; e o Brasil ocupa 54° com nota 3,9, margem de
confiança 37-41%.

DESAFIO
Elenque as principais características provenientes da corrupção e da democracia, demonstre como
elas são formuladas e como a sociedade pode contribuir.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

TEMA 10: ÉTICA NOS DIAS DE HOJE

Preservação Ambiental
A preservação do meio ambiente refere-se ao conjunto de práticas que visam proteger a natureza
das ações que provocam danos ao meio ambiente, como a poluição, a degradação das florestas, a
extinção de animais e o aquecimento global.

Devido ao atual modelo econômico, baseado em elevados níveis de consumo, o ser humano tem
causado inúmeros prejuízos para a flora e fauna no planeta, ocasionando desequilíbrios
ambientais irreversíveis.

Excesso de produção de lixo, contaminação das águas dos oceanos e rios, poluição do ar, efeito
estufa e mudanças climáticas são apenas alguns exemplos das consequências da degradação
ambiental em curso.

Em decorrência desses desequilíbrios, diversas espécies de animais estão em extinção ou correm o


risco de serem extintas. Dessa forma a biodiversidade do planeta é alterada, colocando em risco o
futuro das próximas gerações.

Diante desse cenário, ações de preservação da natureza tornam-se indispensáveis, tanto por parte
dos governantes, que devem estabelecer regras e limites para a utilização dos recursos naturais,
como de cada um dos indivíduos no seu dia-a-dia.

Como preservar o meio ambiente?


Para a conservação da natureza e garantia da sustentabilidade é preciso que se criem normas e
políticas públicas que previnam a degradação, tanto em escalas locais como ao nível internacional.

Atualmente, diversos acordos e tratados internacionais são firmados entre os países com o intuito de
reduzir a produção de lixo, a poluição, a emissão de gases do efeito estufa e a degradação das
florestas.

Um dos exemplos dessas ações é o Protocolo de Kyoto, assinado por países pertencentes à
Organização das Nações Unidas com o objetivo de reduzir a emissão de gases do efeito estufa, que
intensificam o aquecimento global.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Confira algumas dicas de como você pode contribuir para a preservação ambiental:
➢ Economize água: você pode economizar a água com cuidados simples, como evitar
torneiras abertas ou banhos longos. Além disso, é possível otimizar o uso da água com a
utilização de um sistema de captação de água da chuva, por exemplo.
➢ Separe o lixo: separar o lixo é uma forma muito eficiente de contribuir para que os materiais
reciclados sejam encaminhados para pontos de reciclagem e se tornem matéria-prima para
outros produtos ao invés de lixo.
➢ Faça compostagem: você pode fazer a compostagem dos lixos orgânicos que produzir,
assim além de diminuir a quantidade de lixo eliminada, você terá um excelente composto
orgânico para colocar nas suas plantas.
➢ Economize energia elétrica: utilize a energia elétrica apenas quando necessário, apague as
luzes quando não estiver nos ambientes e ligue os aparelhos eletrônicos apenas quando
estiver usando. Aproveite a luz natural do sol e substitua suas lâmpadas por modelos mais
econômicos.
➢ Evite utilizar o carro: sempre que possível faça seus trajetos de bicicleta, a pé ou de ônibus.
A queima do combustível elimina dióxido de carbono no ar, que é um gás do efeito estufa que
contribui para a intensificação do aquecimento global.
➢ Reutilize e compre apenas o necessário: evite comprar produtos que já possui ou que
podem ser adquiridos de segunda mão. Além disso, antes de fazer uma compra, pense se
realmente precisa daquele objeto, muitas vezes compramos sem necessidade.
➢ Respeite as leis ambientais: as leis ambientais determinam as áreas de proteção ambiental
e os períodos permitidos de pesca, por exemplo. Pescar em épocas de reprodução pode
levar à extinção de espécies e consequentemente, desequilíbrios ambientais.
➢ Colete o óleo de cozinha: nunca jogue o óleo de cozinha na pia! Além de causar o
entupimento dos canos, quando não há esgotamento adequado, o óleo pode chegar aos rios
e provocar a contaminação da água. Reserve o óleo usado em uma garrafa e depois leve até
os pontos de coleta de óleo.

➢ Prefira empresas com compromisso ambiental: quando for adquirir um produto, pesquise
sobre a empresa e evite contribuir com corporações que poluem ou não fazem o adequado
descarte dos resíduos que produzem.

➢ Reduza o consumo de carne bovina: a produção de carne bovina, além de exigir um


elevado consumo de água, provoca a emissão de gás carbônico (CO2) e metano (CH4), que
intensificam o efeito estufa e elevam a temperatura do planeta.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Inclusão e Respeito

Acessibilidade, oportunidade, igualdade podem fazer parte do significado de inclusão .É você


entender as limitações do outro e proporcionar acesso. Respeitar as diferenças e oferecer
oportunidades. A inclusão é um meio com a finalidade de garantir a participação social e o
convívio tendo como base o respeito à diversidade. Aceitar e conviver com as diferenças de
forma harmoniosa.

Estranho seria se todos nós pensássemos da mesma forma e acreditássemos nas mesmas
coisas. Sem a divergência não há discussão e muito menos evolução. O importante é
respeitarmos o outro, mesmo se não concordarmos com alguns aspectos de sua vida. Não nos
cabe julgar ou ser intolerantes. Quando não ouvimos ou não aceitamos nada além do que
acreditamos como verdade, podemos agir com base em preconceitos e até de forma
discriminatória. Para vivermos em sociedade de forma saudável e construtiva, não precisamos
concordar ou seguir o que o outro pensa. Mas é papel de cada um respeitar e entender que,
apesar de diferentes, temos os mesmos direitos a igualdade e liberdade de expressão.

5 formas de praticar o respeito frente às diferenças

➢ Pratique a escuta ativa, demonstre interesse e ouça a opinião e os pontos de vista do outro,
sem julgamentos.
➢ Seja paciente.
➢ Fique atento à forma de se expressar. Avalie as palavras, a forma e como seu discurso será
recebido pelo outro.
➢ Pratique a empatia e busque compreender os sentimentos e atitudes, sempre levando em
consideração a perspectiva do outro, e não julgue com base no seu ponto de vista.
➢ Influencie as pessoas ao seu redor e mostre a importância de respeitar as características e
escolhas de cada indivíduo.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

O Poder da Empatia e Justiça

Empatia é a habilidade de se imaginar no lugar de outra pessoa, compreendendo seus


sentimentos, desejos, ideais, crenças e valores. Significa literalmente calçar-se com os calçados
deste, para sentir suas restrições, adversidades e desafios. É relacionar-se de forma verdadeira,
sem preconceitos ou julgamentos, e estar disposto e se permitir entrar em contato com um
sentimento que nem sempre é seu.
Colocar-se no lugar do outro, entender seus sentimentos e pensamentos, especialmente no
momento de distanciamento social em que vivemos, ajuda a nos relacionarmos melhor com as
pessoas. E o relacionamento interpessoal é essencial para uma liderança bem-sucedida.
Importante compreender que somente demonstrar interesse pelas pessoas da equipe não faz de
um gestor um bom líder. Para construir uma liderança empática é necessário conhecer e partilhar
necessidades, sonhos e projetos.
Empatia cognitiva é a capacidade de entender como uma pessoa se sente e o que ela pode
estar pensando. A empatia cognitiva nos torna melhores comunicadores, porque nos ajuda a
transmitir informações da maneira que melhor alcança a outra pessoa.
Empatia emocional (também conhecida como empatia afetiva) é a capacidade de compartilhar
os sentimentos de outra pessoa. Alguns a descrevem como sua dor no meu coração. Esse tipo
de empatia ajuda a construir conexões emocionais com os outros.
Empatia compassiva (também conhecida como preocupação empática), que vai além de
simplesmente entender os outros e compartilhar seus sentimentos: ela nos leva a agir e ajudar o
quanto pudermos.
Brené Brown costuma dizer que a empatia consiste na capacidade de assumir a perspectiva de
outra pessoa; de afastar-se do julgamento; de reconhecer a emoção nos outros; e de comunicar
essa emoção.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Ela define a empatia como o sentir com as pessoas e observa que é uma escolha vulnerável,
pois requer que se toque em algo pessoal que faça a pessoa se identificar com a luta de outro
ser, criando, assim, uma conexão verdadeira.
Para ser um líder empático é necessário saber escutar. Ouvir é suficiente para quebrar muitas
barreiras e cativar seus subordinados. Entretanto, escutar requer mais que ouvir. É necessário
prestar atenção ao assunto, entender do que se trata, perceber o que foi dito, sentir as palavras,
memorizar o assunto, opinar, levar em consideração e agir.
Ética e economia
A ética econômica ou ética da economia combina economia e ética, unindo julgamentos de valor
de ambas as disciplinas para prever, analisar e modelar fenômenos econômicos. Abrange os pré-

requisitos éticos teóricos e os fundamentos dos sistemas econômicos. A escola do pensamento


remonta ao filósofo grego Aristóteles, cuja Ética a Nicômaco explica a conexão entre princípio
econômico objetivo e a consideração da justiça. O direito natural e o direito religioso são
evidentes na literatura acadêmica sobre ética econômica. A consideração da filosofia moral, ou a
ideia de uma economia moral, por exemplo, é um ponto de partida na avaliação de modelos
econômicos comportamentais. A ética apresenta um trilema para a economia, nomeadamente na
criação de padrões, aplicação de padrões e quem devem ser os
beneficiários do bem (por esses padrões). Isso, em conjunto com o
pressuposto fundamental da racionalidade na economia, cria o elo entre ela
e a ética, pois é a ética que, em parte, estuda os conceitos de certo e
errado. Existe um consenso entre filósofos e economistas de que a
desigualdade social, a guerra e a tortura fazem mal a economia

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

Como construir uma sociedade melhor?

1. Seja um cidadão ativo


A solução mais fácil é se acomodar, reclamar, voltar para casa e assumir uma postura apolítica –
o que contraria a tese de Aristóteles, de que “somos, por natureza, um animal político”. A saída é
ser ativo, não achar que está tudo bem e que os problemas já fazem parte da paisagem.
Participe de reuniões da comunidade, veja o que as subprefeituras estão fazendo, procure os
representantes da população nos órgãos oficiais, denuncie nos perfis das instituições nas redes
sociais. O caminho é longo, mas ele só ficará mais fácil de ser ultrapassado a partir do momento
em que você começar a percorrê-lo.

2. Manifeste-se por causas que atendem à maioria


Pense no que é melhor para a sociedade. Propostas de ações para benefício coletivo são
sempre mais viáveis e tomam maior força por essa maioria que se identifica à causa. Propostas
que são colocadas em votação ou sugeridas e suportadas pelo coletivo, pode trazer melhorias
significativas no local implantado. Lembre-se que ser individualista na solução de questões pode
ser um atraso, já que todos também têm questões particulares que querem ver resolvidas.

3. Utilize os canais à disposição


Hoje, existem dezenas de canais para se manifestar. As várias redes sociais devem ser usadas
de forma consciente, em conjunto, para chamar a atenção, primeiro da sua comunidade, depois
das autoridades. Aplicativos também servem como plataforma de comunicação e de
manifestação. Programas que avisam sobre o trânsito, que relatam problemas locais, que
intermedeiam a relação entre cidadão e governo estão à disposição. Não dá para dizer,
atualmente, que não é possível se manifestar e procurar diálogo com os governos.

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

4. Agrupe-se
Sozinha, a voz tem alcance curto. Mas em grupos fica mais fácil ser ouvida. Então, encontre
amigos, amigos de amigos, promova as reivindicações, faça campanha nas redes sociais,
divulgue os canais de comunicação. O agrupamento amplia a voz e dá autoridade ao protesto.

5. Ofereça soluções
Criticar é fácil. Sugerir soluções para os problemas relatados é um salto de qualidade na
manifestação. Não importa qual seja a reivindicação, de banco quebrado numa praça a uma
mudança de mão na rua, da placa que caiu à criação de um parque, o engajamento social passa
por apresentar propostas, por ajudar na solução dos problemas.

DESAFIO
Elabore um texto de até 15 linhas que mostre como você como ser humano pode usar os valores
de ética e moral para contribuir com uma sociedade mais justa e igualitária. Compartilhe com a
turma;

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Módulo: Ética e Cidadania Organizacional

REFERÊNCIAS

Governo Federal, https://www.gov.br/pt-br. Acesso em: 10/07/2022

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