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Introdução. Moral, Ética e Direito

Prof. Dr. Ricardo Schneider Rodrigues

Ética Profissional
Professor
 Prof. Dr. Ricardo Schneider Rodrigues
 Pós-Doutorando do Grupo de Pesquisas SmartCitiesBr-EACH da Universidade de
São Paulo (USP). Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUC/RS). Mestre em Direito Público pela Universidade Federal de
Alagoas. Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Anhanguera.
Especialista em Direito Tributário pela Universidade do Sul de Santa Catarina.
Graduado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas. Professor Titular de
Direito do Centro Universitário CESMAC (Graduação, Especialização e Mestrado).
Procurador do Ministério Público de Contas do Estado de Alagoas. Foi Professor
convidado da Pós-Graduação em Direito Constitucional e Administrativo da
Faculdade Integrada Tiradentes, da Escola de Contas do TCE/AL, da Escola
Superior da Magistratura do Estado de Alagoas, além de servidor público na
Justiça Estadual e Eleitoral em Alagoas, Procurador Federal, Assessor de Ministro
do Superior Tribunal de Justiça e Procurador-Geral de Contas.
 E-mail: ricardo.rodrigues@fda.ufal.br
 Instagram: prof.ricardo.schneider
 Twitter: Schneider_MCZ
Conteúdo Programático da Disciplina
 Unidade I:
 Distinção entre os conceitos da Moral, da Ética e sua ligação com o
Direito; a questão dos diferentes tipos de sanções.
 A ontologia e a deontologia; regras deontológicas fundamentais e
específicas; o julgamento da Ética profissional por Conselhos.
 A Ética do operador do Direito e sua relação com a sociedade; a Ordem
dos Advogados do Brasil e sua luta pelos direitos humanos; as
reivindicações atuais da OAB e o perigo do corporativismo.
 Unidade II:
 O Estatuto da Advocacia no Brasil: disciplina dos deveres profissionais e a
prática com os clientes
 O mercado de trabalho e as demandas sociais para o profissional de
Direito: Advocacia, Magistratura, Ministério Público, Defensoria Pública,
Procuradores públicos; Delegado de Polícia.
Calendário

 09/12: Primeira Avaliação

 10/02: Segunda Avaliação

 17/02: Reavaliação

 24/02: Prova Final

 Atividades complementares ao longo do curso, síncronas e


assíncronas
Bibliografia sugerida

 ARAÚJO JÚNIOR, Marco Antonio. Ética profissional (Col.


Elementos de Direito). 2. ed., Editora Premier, 2005.
 BITTAR, Eduardo C. B.. Curso de Ética jurídica: Ética geral e
profissional. 2. ed., São Paulo: Saraiva, 2004.
 BIZZATO, José Ildefonso. Deontologia jurídica e Ética
profissional. 2. ed., São Paulo: LED, 2004.
 FARAH, Elias. Ética profissional do advogado. São Paulo: Juarez
de Oliveira, 2003.
 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 4. ed., São
Paulo: RT, 2004.
Reflexões
 O que você entende por ética?

 E por moral? É diferente da


ética?

 Existe uma moral universal?

 Como se relacionam a ética e a


moral?

 E com o direito?
O conceito de Ética (SÁ)
 “Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendida
como a ciência da conduta humana perante o ser e seus
semelhantes.”
 “Envolve, pois, os estudos de aprovação ou desaprovação da ação
dos homens e a consideração de valor como equivalente de uma
medição do que é real e voluntarioso no campo das ações
virtuosas.”
 Duas concepções:
 Campo do ideal: cuida das formas ideais da ação humana, busca
da essência do ser, busca conexões entre o material e o espiritual
 Busca dos motivos ou relações que influem sobre a conduta.
Relação entre o homem e o seu ambiente.
 As obras costumam mesclar e entrelaçar essas perspectivas
O conceito de Ética (Crisostomo et al)
 “Tudo me é lícito (é permitido)”, mas nem tudo convém.
 “Tudo me é lícito”, mas nem tudo edifica (1 Co 10: 23).
 “Trata de princípios, um pensamento reflexivo sobre as
normas e valores que regem as condutas humanas. Essas
regras não estão acabadas ou postas em definitivo. A ética
como ciência da moral vive num eterno pensar, refletir e
construir para o bem da humanidade.”
 Só faz sentido porque o homem tem liberdade de escolha,
a possibilidade da dúvida
 A ética assume uma posição questionadora das atitudes e
comportamentos do homem pois há possibilidade de
escolha por meio da racionalização
O conceito de Ética (Bittar)
 “A ética corresponde ao exercício social de reciprocidade,
respeito e responsabilidade”.

 “A ação moral tem que ver com uma determinada forma de


se conduzir atitudes de vida; uma única atitude não traduz
a ética de uma pessoa, é mister a observação de seus
diversos traços comportamentais”.

 Hoje em dia cada vez mais em desuso: obstáculo a impedir


alcançar as facilidades do pragmatismo consumista e
comercial.
A ética demanda de todos: (Bittar)
 Conduta livre e autônoma
 O ato do agente deve originar-se da livre consciência do agente – autônomo
– livre autoria
 Não pode ser manipulado (agir inconscientemente) ou forçado ou coagido
 Conduta dirigida pela convicção pessoal
 Autoconvencimento
 Transformar ideias, ideologias, raciocínios, pensamentos em princípios de
ação
 Pode ser influenciado por valores familiares, sociais  mas a sede de decisão
é individual
 Conduta insuscetível de coerção
 Conduta não decorre do temor sofrer uma sanção mais grave (pena restritiva
de liberdade, de direitos)
 Livre convencimento dentro de regras e costumes sociais
Ética Profissional (Advogado) (Hachid)

 “A ética, de uma forma geral, pode ser tratada como um


estudo dos costumes e da conduta humana de acordo com
a época e o local. Ética profissional do advogado é parte da
ética geral que trata da técnica dos profissionais do direito
e das suas condutas perante toda a sociedade, visando
sempre à dignidade da advocacia.”
O Conceito de Moral
 “A moral é o conteúdo da especulação ética, pois se trata do
conjunto de hábitos e prescrições de uma sociedade; é a partir de
experiências conjunturais e contextuais que surgem preceitos e
máximas morais” (Bittar)

 “A moral não é universal, cada sociedade e cultura institui uma


moral com seus valores relativos ao bem e ao mal, à conduta
correta e comportamentos permitidos ou proibitivos para seus
integrantes. Em culturas com diferenças muito profundas e
sociedades fortemente hierarquizadas podem possuir várias morais,
segmentando os valores conforme as classes sociais vigentes.”
(Crisostomo et al.)
A relação entre Moral e Ética
 “A ética constitui-se num saber especulativo acerca da moral,
e que, portanto, parte desta mesma para se constituir e
elaborar suas críticas” / “A ética não pode se desvincular da
moralidade, pois esse é seu instrumental de avaliação,
mensuração, discussão e crítica” (Bittar)
 A ética deve fortalecer a moral no sentido de buscar
aperfeiçoamentos práticos acerca do que se pensa e faz
cotidianamente (Bittar)
 Ética  questionamento das atitudes e comportamentos 
racionalização sobre as possibilidades de escolha x Moral 
prática  regula o comportamento humano (Crisostomo et
al)
A relação entre Moral e Ética II
 Ética e Moral são duas forças opostas: (Bittar)
 De um lado  coletividade  “moral é o conjunto dos
valores medianos consagrados como pressão social
controladora dos comportamentos individuais” – objeto de
reflexão
 De outro  individualidade  “a ética assume aqui o tom de
uma capacidade de resistência contra as diversas forças
externas que oprimem a identidade e a criatividade de ação e
diferenciação subjetivas” – saber especulativo
A relação entre Moral e Ética III

 “Sem ética não há a possibilidade de mudança, na medida


em que a moral coletiva tende a ser uma força externa
conservadora e mantenedora da tradição. Sem ética não
há efetiva realização do indivíduo, não há diferenciação
entre as pessoas, não há possibilidade de exercer o seu
dasein na vida social, mas apenas repetir mecanicamente
os padrões e estereótipos morais já consagrados (fazer o
que a coletividade acha certo e premia, e deixar de fazer o
que a coletividade acha errado e reprime).” (Bittar)
A relação entre Moral e Ética IV (Crisostomo et al)
 “Enquanto a ética é o estudo ou análise dos sistemas morais, ela nos
elucida sobre a moral vigente na época, pois provoca a reflexão dos
costumes (moral) do grupo social em que se vive.”
 “A ética ou filosofia moral como é também denominada por alguns
autores, trata da reflexão a respeito dos fundamentos da vida moral,
ela é individual, pois está se falando de como o indivíduo entende e
reflete a moral do coletivo”.
 Indivíduo pode ser considerado antiético perante a sociedade, mas ser
ético conforme seus princípios individuais
 A partir do momento que mais pessoas aceitam determinado ato como
ético ele pode se tornar coletivo e virar uma representação moral
 A moral é coletiva  pensamento vigente na sociedade X Ética exige
maior grau de cultura, reflexão, inteligência
A relação entre Moral, Ética e Direito (Bittar)
 Características do Direito:
 Heteronomia: obrigações formuladas da comunidade para o indivíduo
 Coercibilidade: descumprimento dos comandos gera sanções, inclusive o uso da
força – diferente da “sanção moral”
 Bilateralidade: relações jurídicas pressupõem interação entre ao menos dois
sujeitos
 Características da Moral: unilateralidade, incoercibilidade e autonomia
 A moral impõe que a atitude esteja alinhada com o estado de espírito,
intenção, convencimento interior – espontaneidade, consciência
 Para o Direito basta a conduta conforme o Direito
 Admite que o Direito pode ou não estar alinhado à moral: ideia de um
“direito imoral” – válido, porém sem legitimidade – desprovido de sentido
 Kelsen: validade – separação entre moral e direito
 Direito válido e moral  possui sentido
A relação entre Moral, Ética e Direito (Bittar) II
 Exemplos de relações entre o Direito e a Moral:
 Obrigação natural – dívida de jogo (ainda que jogo não proibido):
não obriga ao pagamento (art. 814)
 Exceção: jogos legalmente permitidos (art. 814, § 2º)
 Incesto: não é crime, mas moralmente condenável
 Princípio da moralidade pública (art. 37, caput, CR) – o
moralmente recomendável é exigível juridicamente do
funcionalismo
 O princípio da boa-fé nos negócios jurídicos
 Princípios gerais do direito e costumes na LINDB
 O Direito se alimenta da moral – envia e recebe novos conceitos e
normas
 O Direito desempenha certo papel ético  função social
moralizadora de atitudes humanas na relação indivíduo /
coletividade
Outras reflexões – próxima aula

 Pode o juiz buscar elementos


estranhos ao Direito positivo,
como critérios morais, para
decidir?

 O que é o positivismo? Quais as


ideias centrais em Kelsen? Como
se dá a relação entre a Moral e o
Direito para o autor?
Atividade – para 18/11 – 1,0 (um) ponto
 O que vocês entendem por ética? Qual a diferença em
relação à moral? Quais princípios éticos poderiam ser
extraídos da Constituição Federal?

 Texto de apoio:
 BITTAR, Eduardo C. B. Ética, Cidadania e Constituição: o Direito à
Dignidade e à Condição Humana. Revista Brasileira de Direito
Constitucional – RBDC n. 8 – jul./dez. 2006. Disponível em:
http://www.esdc.com.br/RBDC/RBDC-08/RBDC-08-125-Eduardo_Bittar.pdf
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Introdução. Moral, Ética e Direito

Prof. Dr. Ricardo Schneider Rodrigues

Ética Profissional
Reflexões Iniciais

 Pode o juiz buscar elementos


estranhos ao Direito positivo,
como critérios morais, para
decidir?

 O que é o positivismo? Quais as


ideias centrais em Kelsen? Como
se dá a relação entre a Moral e o
Direito para o autor?
Positivismo em Kelsen
 Não seria possível aceitar valores absolutos em geral ou um valor moral
absoluto em particular, salvo a partir de uma crença religiosa. Defende que o
bom, o justo ou o mau variam de acordo com as circunstâncias, épocas, povos
e até dentro do mesmo povo, dada a diversidade de sistemas morais.
 “[...] a validade de uma ordem jurídica positiva é independente da sua
concordância ou discordância com qualquer sistema de Moral”.
 “Com efeito, a ciência jurídica não tem de legitimar o Direito, não tem por
forma alguma de justificar – quer através de uma Moral absoluta, que através
de uma Moral relativa – a ordem normativa que lhe compete – tão somente –
conhecer e descrever”.
 O direito não possui um conteúdo mínimo moral. Não seria necessário
satisfazer a uma exigência moral mínima para se considerar uma ordem
coercitiva como jurídica, como direito.
A “moldura” de Kelsen
 O Direito a aplicar forma um quadro ou moldura dentro da qual cabem
diversas possibilidades de aplicação, de modo que qualquer destas
soluções havidas dentro deste quadro ou moldura é conforme ao Direito.
 A interpretação jurídica apenas pode fixar a moldura representativa do
Direito a interpretar e, desta forma, o conhecimento das diversas
possibilidades contidas nesta moldura, não conduzindo, necessariamente a
uma única solução, mas possivelmente a várias de igual valor, embora
apenas uma venha a se tornar Direito positivo pelo ato de aplicação do
Direito pelo órgão competente (tribunal, especialmente).
 Não há critério a indicar que uma das soluções cabíveis na moldura seja
preferível à outra. Todos os métodos de interpretação conduzem apenas a
um resultado possível, nunca o único correto.
Crítica à ponderação de interesses em Kelsen
 A despeito da teoria chamada da ponderação dos interesses,
não se pode retirar tal critério da norma interpretanda, da lei
ou da ordem jurídica. A norma a aplicar ou o sistema de normas
deixam diversas possibilidades em aberto não contendo a
decisão sobre quais dos interesses é o de maior valor,
deixando essa decisão sobre a posição relativa dos interesses a
um ato de produção normativa a ser posto, tal como a sentença
judicial.
 Entende que a questão de saber qual das opções contidas na
moldura é a correta não pertence ao Direito positivo ou à teoria
do Direito, mas seria um problema da política do Direito.
Ato de conhecimento e Ato de vontade: função
jurídico-científica e função jurídico-política
 De modo geral, a interpretação jurídica a cargo dos órgãos aplicadores do Direito
é caracterizada pela interpretação cognoscitiva (operação de conhecimento) do
Direito a aplicar combinada com um ato de vontade do órgão aplicador, que
efetua uma escolha dentre as possibilidades reveladas a partir da interpretação
cognoscitiva.
 A interpretação jurídico-científica pode apenas estabeleces os possíveis
significados da uma norma jurídica, não pode tomar uma decisão entre as
possibilidades reveladas.
 O advogado ou escritor que defendem uma única posição como “acertada” não
realizam função jurídico-científica, mas uma função jurídico-política (política
jurídica), buscando exercer influência sobre a criação do Direito.
 Em síntese: a definição da solução aplicável ao caso escapa do crivo da Ciência
Jurídica, que apenas elenca as possíveis soluções.
Críticas – Gustav Radbruch I – Direito e Força

 “Ordens são ordens, é a lei do soldado. A lei é a lei, diz o jurista”


 “A lei vale por ser lei, e é lei sempre que, como na generalidade dos casos,
tiver do seu lado a força para se fazer impor.”
 Para o autor o positivismo equipara o direito e a força  só onde está a
segunda estará o primeiro
 Afirma que essa concepção de validade do positivismo, pela aplicação da
lei sem exceções, teria deixado sem defesa o povo e os juristas contra as
leis mais arbitrárias, cruéis e criminosas
Críticas – Gustav Radbruch II – Direito e Bem comum
 Em seguida, teria havido a substituição pela seguinte ideia: “direito é tudo
aquilo que for útil ao povo”
 “Arbítrio, violação de tratados, ilegalidade serão direito desde que sejam
vantajosos para o povo”
 “Aquilo que os detentores do poder do Estado julgarem conveniente
para o bem comum, o capricho do déspota, a pena decretada sem lei, ou
sentença anterior, o assassínio ilegal de doentes, serão direito”
 “O bem particular dos governantes passará por bem comum de todos”
 “A identificação do direito com um suposto ou invocado bem da
comunidade, transforma um ‘Estado-de-Direito’ num ‘Estado-contra-o-
Direito’”
 Para o autor, só o que for direito será útil e proveitoso ao povo e não o
contrário (= tudo o que for útil ao povo é direito)
 Essa visão remete às críticas atuais ao princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado
Críticas – Gustav Radbruch III – Direito e Justiça
 “Direito quer dizer o mesmo que vontade e desejo de justiça.”
 Justiça é “julgar sem consideração de pessoas; medir a todos pelo
mesmo metro”
 “Quando se aprova o assassínio de adversários políticos e se ordena o de
pessoas de outra raça, ao mesmo tempo que ato idêntico é punido com as
penas mais cruéis e afrontosas se praticado contra correligionários, isso é a
negação do direito e da justiça. “
 O autor associa o Direito aos valores  ideia de justiça, direitos naturais
da pessoa humana, direitos inatos  questiona a validade das normas a
partir de critérios morais  sementes do pós-positivismo,
neconstitucionalismo
 “Quando as leis conscientemente desmentem essa vontade e desejo de
justiça, como quando arbitrariamente concedem ou negam a certos homens
os direitos naturais da pessoa humana, então carecerão tais leis de qualquer
validade, o povo não lhes deverá obediência, e os juristas deverão ser os
primeiros a recusar-lhes o caráter de jurídicas.”
Críticas – Gustav Radbruch IV - Ponderação

 “A imperfeição humana não consente que sempre e em todos os casos se


combinem harmoniosamente nas leis os três valores que todo o direito
deve servir: o bem comum, a segurança jurídica e a justiça.”
 “Será, muitas vezes, necessário ponderar se a uma lei má, nociva ou injusta,
deverá ainda reconhecer-se validade por amor da segurança do direito; ou
se, por virtude da sua nocividade ou injustiça, tal validade lhe deverá ser
recusada.”
 “Mas uma coisa há que deve estar profundamente gravada na
consciência do povo de todos os juristas: pode haver leis tais, com um tal
grau de injustiça e de nocividade para o bem comum, que toda a
validade e até o caráter de jurídicas não poderão jamais deixar de lhes
ser negados.”
Críticas – Gustav Radbruch V - Princípios
 “Há também princípios fundamentais de direito que são mais fortes do
que todo e qualquer preceito jurídico positivo, de tal modo que toda a lei
que os contrarie não poderá deixar de ser privada de validade.”
 Há quem lhes chame de direito natural ou direito racional
 Reconhece que há algum grau de imprecisão, mas que há consensos:
 “Sem dúvida, tais princípios acham-se, no seu pormenor, envoltos em graves
dúvidas. Contudo o esforço de séculos conseguiu extrair deles um núcleo
seguro e fixo, que reuniu nas chamadas declarações dos direitos do homem
e do cidadão, e fê-lo com um consentimento de tal modo universal que, com
relação a muitos deles, só um sistemático ceticismo poderá ainda levantar
quaisquer dúvidas.”
Molduras normativas: quebras dos limites
impostos pelos quadrantes (Bruno Moreschi)
Reflexões

 E o pós-positivismo, em que consiste?

 O pós-positivismo tem aceitação no Brasil?


Pós-positivismo
 Reaproximação entre Direito e Moral a partir da interpretação dos
princípios. Superação do legalismo. Reconhecimento de valores
partilhados pela comunidade. Não recorre a valores metafísicos ou
doutrinas religiosas. Argumentação jurídica mais aberta.
 Próprio ordenamento passa a positivar princípios de conteúdo moral.
 Princípios e valores sempre foram reconhecidos pela ordem jurídica.
Influências filosóficas, religiosas e jusnaturalistas.
 Respeito ao próximo (tradição judaico-cristã); princípio da não
contradição (Aristóteles – “Nada pode ser e não ser ao mesmo tempo”
 O Direito não tolera antinomias); “Viver honestamente, não lesar a
outrem e dar a cada um o que é seu” (Princípios básicos do Direito
Romano).
Novidade do Pós-positivismo
 Novidade: reconhecimento da normatividade dos
princípios. Status de norma jurídica. Superação da ideia de
dimensão meramente axiológica sem eficácia ou
aplicabilidade.
 Papéis desempenhados pelos princípios:
 Condensar valores que refletem a ideologia da sociedade
 Dar unidade ao sistema – integrar e atenuar tensões
normativas
 Condicionar a atividade do intérprete
Debate atual – Ativismo
 Ativismo é fenômeno antigo, reconhecido em julgados da Suprema Corte
americana do século XIX
 Marbury vs. Madson – 1803: consolidação do judicial review. Ativismo pelo
julgamento orientado pelo resultado
 Primeira menção ao termo “ativismo”  Arthur Schlesinger Jr. – “The
Supreme Court: 1947”. Revista Fortune
 Retrata dos grupos na SCOTUS: ativistas e autocomedidos
 Formas de ativismo (Grostein)
 Julgamento orientado pelo resultado
 Uso de métodos não ortodoxos de interpretação
 Criação Judicial do direito
 Indevida superação de precedentes
 Fenômeno ganha força no debate atual no BR  limites do STF
Ativismo para Barroso

 “O ativismo judicial é uma atitude, a escolha de um modo específico e


proativo de interpretar a Constituição, expandindo o seu sentido e
alcance.”

 “A ideia de ativismo judicial está associada a uma participação mais


ampla e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins
constitucionais, com maior interferência no espaço de atuação dos
outros dois Poderes.”
Ativismo para Elival Ramos

 “Por ativismo judicial deve-se entender o exercício da função


jurisdicional para além dos limites impostos pelo próprio ordenamento
que incumbe, institucionalmente, ao Poder Judiciário fazer atuar,
resolvendo litígios de feições subjetivas (conflitos de interesse) e
controvérsias jurídicas de natureza objetiva (conflitos normativos).”

 “[...] toda e qualquer intepretação constitucional seja compatível com a


amplitude de sentidos projetada pelo texto da norma (limite da
textualidade)”.
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DEONTOLOGIA, ONTOLOGIA E JULGAMENTO DA
ÉTICA POR CONSELHOS PROFISSIONAIS
Prof. Dr. Ricardo Schneider Rodrigues

Ética Profissional
Deontologia Jurídica (COSTA)
 Tem por objeto material a conduta do homem que tem por
profissão lidar com o Direito

 Seu objeto material não é o direito substantivo ou o direito adjetivo,


nem a técnica forense, mas a conduta do profissional do Direito
 É uma ciência do gênero prática e não especulativa

 Fornecer princípios e noções capazes de informar a conduta


moralmente boa, digna e perfeita do profissional do Direito

 Diferencia-se das ciências ontológicas voltadas ao ser como é, mas o


ser como deve ser – deontologia (Rosmini)
 Haveria uma preeminência da ordem normativa da moral sobre a
ordem normativa do Direito
  a moral reside no interior do ser humano
  na consciência do homem se decide o destino da norma jurídica

 “Isso deixa patente que a norma jurídica não anda; que as mais belas,
as mais perfeitamente elaboradas leis não possuem pernas para
andar; e que, quando acontece de alguma norma produzir efeito, é
exatamente porque a conduta moral do destinatário deu à norma
com o que andar, com o que sair do dever-ser-cumprida para o ser-
efetivamente-cumprida.”
 É a moral que nos diz que devemos acatar o Direito (Cabral de Moncada)

 O direito tem como pressuposto e condicionante de sua eficácia a


consciência moral

 Só pode rigorosamente falar-se dum dever-ser jurídico, duma validade


jurídica, quando o imperativo jurídico for dotado pela própria
consciência dos indivíduos com a força obrigatória ou vinculante do
dever moral (Radbruch)
Deontologia Jurídica (COSTA)
 Deontologia é uma ciência dos deveres, é sinônimo de ciência moral ou
ética
 Divisão da Ciência Deontológica:
 Ética Geral: estudo da natureza do ato moral e do dever moral, da
responsabilidade e da finalidade do esforço moral do homem
 Ética Especial: estudo dos meios que permitem atingir o fim último da
ação moral – subclasses:
 Ética individual: estudo dos deveres relacionados à perfeição
individual da pessoal, considerada isoladamente.
 Ex.: castidade para o solteiro
 Ética Social: os deveres relacionados à perfeição do agente vinculado
à promoção do bem comum, de seus reflexos sobre o meio social
 Ex.: dever do profissional liberal ou do comerciante
 Deontologia: “conjunto de regras e princípios que
regulam determinadas condutas do profissional,
condutas de caráter não técnico, exercidas ou vinculadas,
de qualquer modo, ao exercício da profissão e atinentes
ao grupo profissional. É uma espécie de urbanidade do
profissional”
 Deontologia jurídica  ética das profissões jurídicas 
perfectibilização do profissional
Problemas fundamentais da deontologia

 Qual a essência da moralidade?

 Quais os pressupostos da moralidade?

 Quais os critérios especificadores do ato moral?


A essência da moralidade (Costa)

 É impossível encontrar alguém que queira ser miserável (São Tomás de


Aquino)

 O existir e o conviver bem do homem, a sua realização plena e integral,


estão condicionados à concretização de fins existenciais – alimentação,
apoios do outro para superar dificuldades, paz, unir-se a alguém, ter
meios para alcançar as suas potencialidades

 Os fins existenciais, por sua vez, estão condicionados às condutas do


próprio sujeito ou do outro
A essência da moralidade (Costa) II

 É má a conduta que comprometa ou impeça a realização desses fins


existenciais, pelo sujeito ou pela comunidade; em sentido inverso, há
condutas boas - ideia de costumes bons

 “A essência da moralidade consistirá, pois, na qualidade da conduta que


for efetuada em harmonia e em adequação com os fins existenciais, no
vértice dos quais preside o fim dos fins, o fim último para o qual existe
todo existir criado”
Fins existenciais em Johanes Messner
 “Com efeito, diz-nos a experiência que o homem tem uma série de fins naturais.
Seguindo essa experiência geral, obtemos a seguinte enumeração:
 1 – a autoconservação, incluindo a integridade física e a consideração social
(honra pessoal);
 2 – a realização perfeita de si mesmo, abrangendo o desenvolvimento da
capacidade humana em ordem à elevação das condições de vida, assim como
ao bem-estar econômico, com as devidas garantias da propriedade e dos
necessários rendimentos;
 3 – o alargamento da experiência, do saber e da aptidão para apreciar a
beleza;
 4 – a procriação através da união dos sexos e da educação dos filhos dela
decorrentes;”
Fins existenciais em Johanes Messner II

 “[...]
 5 – a participação voluntária no bem-estar espiritual e material dos outros
homens, como ser humano de dignidade igual à deles;
 6 – a união social em ordem à promoção da utilidade geral que consiste na
segurança da paz e da ordem e na possibilidade de todos os membros da
sociedade chegarem à perfeita realização do seu ser humano, participando
proporcionalmente no acervo dos bens disponíveis;
 7 – o conhecimento do culto de Deus e o definitivo cumprimento do destino
humano mediante a união com Ele”

 Atenção: há diferentes visões de mundo - muitos poderão não compartilhar


desses mesmos fins  aqui são exemplos de propósitos de vida
Pressupostos da moralidade (Costa)
 Há diferentes fontes de conhecimento acerca das normas morais:
 A filosofia moral – embora use fundamentos de natureza metafísica, seriam
racionalmente demonstráveis
 A teologia moral – revelação divina
 Aqui a análise recai sobre as normas da filosofia moral

 Os pressupostos da moralidade são:


 Primeiro: a existência de uma Lei natural impondo deveres
 Segundo: a livre autodeterminação do homem
 Terceiro: as consequências recompensatórias  a concreção ou a frustração
dos fins existenciais, com a conquista ou perda do fim último
Lei natural

 Há uma Lei da natureza que consiste em impor a cada criatura –


inclusive a humana – uma finalidade específica a atingir, finalidade
essa que se manifesta através dos fins existenciais

 Essa Lei natural o direciona o homem à perfeição de sua própria


essência, mas não como uma fatalidade, como algo predeterminado
 está condicionado ao livre-arbítrio da razão e de sua
autodeterminação
Lei natural II

 É constituída por princípios normativos sobre o que fazer e


deixar de fazer

 Preceitos primários: se impõem à razão com evidência.


Princípios da razão prática ou da intuição. Sindérese
(Aquino)
 Exemplos: deve-se fazer o bem, deve-se evitar o mal; não
faças a outrem aquilo que, se feito a ti, te ofende (regra
de ouro)
Lei natural III

 Preceitos secundários: implícitos no bojo dos primários. São


inferências e conclusões práticas daqueles. Depende do grau de
cultura do grupo social: podem ser aprovados por alguns e
reprovados por outros
 Exemplos: dar a cada um o seu, não matar o inocente, respeitar os
pais
 Resultam de um silogismo prático:
 “Deve-se evitar o mal; ora, matar um inocente é um mal;
portanto, deve-se evitar de matar o inocente”.
 “Deve-se fazer o bem; ora, respeitar os pais é um bem; portanto,
devem-se respeitar os pais”
Lei natural IV
 Preceitos terciários: determinações dos princípios secundários
 Exemplo:
 Deve-se fazer o bem  deve-se punir o delinquente, pois isto é
um bem
 Todavia Lei natural não define a punição específica  depende da
consciência axiológica de cada grupo social (castigo corporal,
privação de um bem econômico, privação da liberdade)
 “Como se verifica, a consciência axiológica se faz jurígena
quando, mediante a prescrição de norma jurídica positiva,
determina como aplicar esse e outros preceitos secundários da
Lei Natural.”
Lei natural V

 Lei natural não tem religião, mas revela-se a toda pessoa


humana independentemente de revelação divina
 Como as inferências dos preceitos primários não são
idênticas para todos os grupos sociais, variam os valores
éticos (ex.: monogamia x poligamia)
 De igual forma, não há uniformidade quanto à aplicação
dos preceitos secundários, variando os preceitos terciários
(ex.: lei de talião, justiça privada X justiça pública, penas
retributivas, recuperativas)
Lei natural VI

 “Qualquer que seja a variedade de culturas e a


conseqüente variação axiológica, sempre a concreção dos
valores que vigem num determinado grupo social será
condicionante da perfectibilização das pessoas inseridas no
seu respectivo grupo e, por via de conseqüência, constitui
verdadeiro fim existencial, erigido em objeto de dever
moral.” (Costa)
O Fim Último

 O processo de perfectibilização do homem o conduz de grau em


grau a um fim supremo que preencherá todas suas potencialidades
 Uma conduta em harmonia com qualquer dos fins existenciais está
em adequação com o fim último
 “O princípio comum que domina todos os estudos e todas as
discussões, tanto dos filósofos como dos teólogos é que a perfeição
do homem, se acaso é possível, deve coincidir necessariamente com
a felicidade perfeita” (Jolivet)
 Mal será o que desvia o ser do fim último, enquanto o bem se
enquadra no rumo dessas possibilidades
O Fim Último II
 Qual é objetivamente o fim último? Há várias visões
 Estóicos: o bem supremo está na virtude, que consistiria em
tornar-se insensível às afeições da alma
 “Adquirem penosamente aquilo que desejam, possuem com
apreensão o que adquiriram. Enquanto isso, não se dão conta do
tempo que não voltará, novas preocupações substituem as
antigas, uma esperança realizada faz nascer outra esperança, a
ambição provoca a ambição” (Sêneca, Sobre a Brevidade da Vida)
 “Encontrarás, neste tipo de vida, o entusiasmo das ciências úteis,
o amor e a prática da virtude, o esquecimento das paixões, uma
calma inalterável” (Sêneca, Sobre a Brevidade da Vida)
 Epicuristas: no gozo dos prazeres, tanto os sensíveis como os
espirituais
O Fim Último III
 Kant: fim supremo estaria na vontade de se conformar com a lei
 “Esclarecimento é a saída do homem de sua minoridade (sic), pela
qual ele próprio é responsável”. “Minoridade (sic) é a
incapacidade de se servir de seu próprio entendimento sem a
tutela de um outro” (Kant, O que é o Esclarecimento)
 Utilitaristas (Bentham, Stuart Mill): a felicidade do maior número
possível de pessoas
 São Tomás de Aquino: a posse e a contemplação de Deus
 Arendt:
 O objeto capaz de fazer o homem feliz deve satisfazer a todos os seus
desejos, a possessão dele deve ser tranqüila e segura, e, finalmente, deve
estar ao alcance de todos. Ora, nenhum bem criado reúne essas condições
todas. Portanto, nenhum bem criado constitui o objeto suficiente de nossa
felicidade
SLIDES
4
DEONTOLOGIA, ONTOLOGIA E JULGAMENTO DA
ÉTICA POR CONSELHOS PROFISSIONAIS
Prof. Dr. Ricardo Schneider Rodrigues

Ética Profissional
Os Critérios especificadores do ato moral (Costa)

 O que é moralmente exigível em cada caso depende de dois


critérios: objetivo e subjetivo

 A objetiva adequação do ato às exigências dos fins existenciais

 Estar o agente no pleno uso da razão, da vontade – avaliação das


exigências imediatas da situação concreta
Critério Objetivo

 O ato humano consiste em tender para fazer ou deixar de fazer algo


 é o objeto sobre o qual recai a vontade

 A qualificabilidade moral da conduta – como sendo boa ou má –


depende deste objeto – fazer ou deixar de fazer algo – ser
adequado ou inadequado à concretização dos fins existenciais –
estar em harmonia ou desarmonia com o fim último

 Denomina-se de finis operis  esse algo objetivo, imediato sobre o


qual se atira a vontade
Critério Objetivo II
 Todavia o objeto não exaure o sentido axiológico da conduta  há
que se considerar a intenção
 Exemplos:
 Esmola ao necessitado  objeto imediato em si bom – adequado
aos fins existenciais
 Intenção  fazer caridade, ser aplaudido (ganhar likes) ou comprar a
consciência e o voto do favorecido
 Beijar alguém
 Intenção  saudação afetuosa ou agir como Judas

 O finis operis em si bom poderá ser qualificado de forma diferente a


partir da intenção – finis operantis (ato interno da vontade,
intenção particular) particularmente visado
A circunstância concreta do caso
 O critério objetivo da moralidade – finis operis – pode ter sua
materialidade descaracterizada por uma circunstância concreta
especial
 Exemplos:
 Matar alguém  finis operis objetivamente mau  inconciliável
com o fim último
 Circunstância concreta especial: estar sendo agredido por mão
assassina ou ameaçadora  o finis operis passa a ser a única
opção para cumprir o dever maior de preservação da própria vida
 O finis operis, portanto, não é eliminar a vida do agressor, mas
afastar obstáculo à própria integridade  morte ou lesão como
consequência não desejada
A circunstância concreta do caso II

 Outros exemplos de alteração pela circunstância concreta do


caso:
 Furto famélico
 Estado de necessidade, náufrago e a “tábua de salvação”
 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
 Uso de drogas alucinógenas para fins terapêuticos
 Estricnina – veneno ou antidepressivo
A circunstância concreta do caso III
 Exemplo:

 Mentira. Em sala de aula assassino indaga ao professor sobre a presença


de aluno, jurado de morte, que está em sala. A verdade ajuda o
assassino. A mentira salva o aluno

 Aparentemente uma mentira, mas, em verdade, houve a recusa em


ajudar o homicida  restrição mental (o aluno não está aqui para ser
assassinado)  finis operis não consistiu em mentir, mas impedir a
destruição da vida
 “A veracidade nas declarações que não se pode evitar é um dever formal do
homem com relação a qualquer outro, por maior que seja o prejuízo
decorrente disso para ele ou para outra pessoa; e se não cometo uma
injustiça contra aquele que me obriga a uma declaração de maneira injusta,
se as falsifico, cometo, por essa falsificação, que também pode ser chamada
mentira (embora não no sentido dos juristas), em geral uma injustiça na parte
mais essencial do dever: isto é, faço, naquilo que a mim se refere, com que as
declarações em geral não encontrem mais crédito, e portanto também
todos os direitos fundados em contratos sejam abolidos e percam a força;
isto é uma injustiça causada à humanidade em geral”. (Kant).
 “Por exemplo, se impedires, por meio de uma mentira, um indivíduo que agora
mesmo, tomado de fúria assassina, ia cometer um assassínio, és responsável
quanto ao aspecto jurídico por todas as consequências que daí possam advir. Mas
se te restringes à estrita verdade, a justiça pública em nada te pode atingir, por
mais imprevistas que sejam as consequências. É por conseguinte possível que tu,
depois de teres honestamente respondido “sim” à pergunta do assassino relativa à
presença em tua casa da pessoa odiada perseguida por ele, esta tenha ido embora
sem ser notada, não estando mais ao alcance do assassino, e o crime portanto não
seja cometido; se porém tivesses mentido e dito que a pessoa perseguida não
estava em casa, e ela tivesse realmente saído (embora sem teres conhecimento
disso), e depois o assassino a encontrasse fugindo e executasse sua ação, com
razão poderias ser acusado de autor da morte dela. Pois se tivesses dito a verdade,
tal como a conhecias, talvez o assassino, ao procurar seu inimigo na casa, fosse
preso pelos vizinhos que acudissem, e o crime teria sido impedido. Por conseguinte,
quem mente, por mais bondosa que possa ser sua intenção, deve responder pelas
consequências de sua ação, mesmo diante do tribunal civil, e se penitenciar dela,
por mais imprevistas que possam ser essas consequências; porque a veracidade é
um dever que deve ser considerado a base de todos os deveres a serem fundados
sobre um contrato, e a lei desses deveres, desde que se lhe permita a menor
exceção, torna-se vacilante e inútil.” (Kant)
 “Dizer a verdade só é, portanto, um dever em relação àqueles que
têm direito à verdade” “Um princípio é o resultado geral de um
certo número de fatos particulares. Todas as vezes que o conjunto
desses fatos sofre algumas mudanças, o princípio que disso
resultaria se modifica, porém essa modificação mesma torna-se
princípio.” (Constant)

 Finis operis teve sua materialidade descaracterizada por uma


circunstância concreta especial
O Princípio Maquiavélico
 O fim ulterior bom justifica os meios objetivamente maus
 Critério fundamentalmente imoral  eleva à categoria de bem
moral algo que por sua natureza se opõe à preservação dos fins
existenciais ou desvia do fim último (Costa)
 “O fim objetivado será bom; entretanto, o objeto imediato,
escolhido como meio para atingir aquela finalidade é
intrinsecamente mau”
 Exemplos:
 Sequestro cuja libertação do refém está condicionada à
distribuição de dinheiro a necessitados
 Advogado que calunia e difama para obter a absolvição de
inocente levado a juízo
 “Para mim, creio ser isto conseqüência do bom ou mau emprego
que se faz das crueldades. Bem empregadas, podem-se chamar, se
é lícito dizer bem do mal, as que alguém pratica de uma só vez por
necessidade de segurança, sem nelas depois insistir, mas antes
transformando-as o mais possível em proveito dos súditos. Mal
empregadas são as que, embora pouco numerosas no começo, se
multiplicam em vez de se extinguirem com o correr do tempo”
(Maquiavel, O Príncipe)
O Critério Subjetivo da Moralidade

 Plano do finis operantis  consiste imputabilidade do ato


humano ao seu autor: sentido de qualidade da conduta ou
do evento em relação à capacidade física e psicológica do
agente
 Duplo nexo de causalidade: física e psicológica
 A imputabilidade é pressuposto para a responsabilidade
moral, que exige como princípio formal o finis operantis: a
intenção particular de quem praticou a conduta
Ato Humano x Ato de Homem

 Ato humano perfeito: procede da autodeterminação da vontade,


sujeito plenamente livre, praticado com perfeito conhecimento do
fim

 Ato de homem: sem autodeterminação da vontade ou pleno


conhecimento da natureza do fim
 Exemplo: sonambulismo, acesso de loucura, embriaguez
inculpável
Descaracterização da Imputabilidade

 Imputabilidade pode ser afastada por vícios que:

 Impeçam o conhecimento do objeto  finis operis


 Ex.: erro de fato, fraude, dolo, impedem às vítimas conhecimento exato do
objeto de sua conduta

 Comprometam a livre determinação da vontade  finis operantis


 Ex.: coação, estados patológicos
JULGAMENTO DA ÉTICA POR CONSELHOS
PROFISSIONAIS
Julgamento da Ética Profissional por Conselhos

 Tribunal de Ética e Disciplina da OAB

 Estatuto da Ordem dos Advogados (EOAB)


 Regulamento Geral (RG)
 Código de Ética e Disciplina da OAB (CED)
Tribunal de Ética e Disciplina da OAB
 O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete
exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial
tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o
Conselho Federal. (70, EOAB)
 Representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes
de Conselhos Seccionais  Conselho Federal (2ª Câmara) (58, § 3º,
CED)
 Representação contra membros da Diretoria do Conselho Federal,
Membros Honorários Vitalícios e detentores da medalha Rui Barbosa
 Conselho Federal (Pleno) (58, § 3º, CED)
 Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional
competente, julgar os processos disciplinares, instruídos pelas
Subseções ou por relatores do próprio conselho. (70, § 1º, EOAB)
Tribunal de Ética e Disciplina da OAB II

 Compete privativamente ao Conselho Seccional definir a


composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e
Disciplina, e escolher seus membros. (58, XIII, EOAB)

 Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete


instaurar e instruir processos disciplinares, para
julgamento pelo Tribunal de Ética e Disciplina. (70, § 1],
EOAB)
Competência do Tribunal de Ética e de Disciplina (71, CE)
 Julgar, em primeiro grau, os processos ético-disciplinares;
 Responder a consultas formuladas, em tese, sobre matéria
ético-disciplinar;
 Exercer as competências que lhe sejam conferidas pelo
Regimento Interno da Seccional ou por este Código para a
instauração, instrução e julgamento de processos ético-
disciplinares;
 Suspender, preventivamente, o acusado, em caso de conduta
suscetível de acarretar repercussão prejudicial à advocacia,
nos termos do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos
Advogados do Brasil;
Competência do Tribunal de Ética e de Disciplina II
 V – organizar, promover e ministrar cursos, palestras, seminários e
outros eventos da mesma natureza acerca da ética profissional do
advogado ou estabelecer parcerias com as Escolas de Advocacia,
com o mesmo objetivo

 VI – atuar como órgão mediador ou conciliador nas questões que


envolvam:
 a) dúvidas e pendências entre advogados;
 b) partilha de honorários contratados em conjunto ou decorrentes de
substabelecimento, bem como os que resultem de sucumbência, nas mesmas
hipóteses;
 c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de advogados.
Processo Disciplinar – PD
 Instauração: (72, EOAB)
 De ofício  conhecimento do fato por fonte idônea ou comunicação
da autoridade competente (55, § 1º CED)
 Denúncia anônima NÃO é considerada fonte idônea (55, § 2º, CED)
 Representação de interessado

 Sigilo: PD tramita em sigilo até o término (72, § 2º, EOAB)


 Acesso: só partes, defensores e autoridade judiciária competente
 Os Conselhos Seccionais divulgarão, trimestralmente, na internet, a
quantidade de processos ético-disciplinares em andamento e as
punições decididas em caráter definitivo, preservadas as regras de
sigilo. (73, § 1º, CED)
 A divulgação das punições referidas no parágrafo anterior destacará
cada infração tipificada no artigo 34 da Lei n. 8.906/94. (73, § 2º, CED)
 Cautelar: permite suspensão preventiva em caso de repercussão
prejudicial à dignidade da advocacia (70, § 3º, EAOB)
 Depende de oitiva prévia em sessão especial
 Conclusão do processo em até 90 dias
 Relatoria: (73, EOAB)
 Designado pelo Presidente da Seccional ou da Subseção, por
sorteio, dentre seus integrantes, para presidir instrução (58, CED)
 Instrui o processo e oferece parecer preliminar
 Pode propor a instauração do PD ou o indeferimento liminar
(após defesa prévia), em 30 dias (sob pena de redistribuição) 
Presidente do Conselho da Seccional (ou do TED, conforme o
caso) decide
Processo Disciplinar II
 Amplo direito de defesa: (73, § 1º , EAOB; 59 CED)
 Pode acompanhar pessoalmente ou por procurador
 Relator  prestar esclarecimentos ou defesa prévia após
notificação – 15 dias
 Todos documentos
 Rol de testemunhas – até 5
 Defensor Dativo: em caso de revelia ou não for encontrado
 Despacho saneador  audiência para oitiva das
testemunhas
 Diligências necessárias, pelo Relator
 Parecer Preliminar  enquadramento legal dos fatos para o
TED
 Razões finais – 15 dias (52, CED) e envio ao TED
Processo Disciplinar III
 TED  sorteio de outro Relator para voto  diverso daquele que
instruiu o processo
 Sustentação Oral perante o Tribunal, por ocasião do julgamento

 Revisão, admitida em caso de: (73, § 5º, EOAB)


 Erro de julgamento
 Condenação baseada em prova falsa
 Obs.: não suspende os efeitos da condenação  tutela cautelar  presentes
relevância dos fundamentos e risco de consequências irreparáveis

 Medidas administrativas e judiciais (74, EOAB)


 Para devolução dos documentos de identificação pelo profissional
suspenso ou excluído
Recursos
 Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões
definitivas proferidas pelo Conselho Seccional, quando:
(75)
 Não tenham sido unânimes ou,
 Sendo unânimes, contrariem:
 o EAOB;
 Decisão do Conselho Federal;
 Decisão de Conselho Seccional;
 O Regulamento Geral;
 O Código de Ética e Disciplina e os Provimentos.
 Legitimidade recursal: (76)
 Qualquer interessado
 Presidente do Conselho Seccional
Recursos II
 Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas
por: (76, EOAB)
 Seu Presidente;
 Pelo Tribunal de Ética e Disciplina, ou
 Pela diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados.

 Efeito suspensivo para todos os recursos, exceto: (77, EOAB)


 Quando tratar de eleições
 Suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina
 Cancelamento da inscrição obtida com falsa prova

 Regulamento Geral pode prever outros recursos específicos (77, EOAB)


Termo de Ajustamento de Conduta – TAC
 Resolução 04/2020 e Provimento 200/2020
 Cabimento:
 Infrações ético-disciplinares puníveis com censura
 Fato não tiver gerado repercussão negativa à advocacia
 Não ter condenação transitada em julgado por representação ético-
disciplinar  EXCETO reabilitação
 Não ter sido imputada mais de uma infração ético-disciplinar ou se conduta
violar simultaneamente outros dispositivos do EOAB
 Não ter sido beneficiado pelo TAC nos 3 anos anteriores à conduta
 Gera a suspensão condicional do PD instaurado por 03 anos 
depois arquiva definitivamente, sem anotações nos assentos
profissionais
 Suspende prazos prescricionais  descumprimento  retoma PD
SLIDES
5
O Estatuto da Advocacia no Brasil: disciplina dos
deveres profissionais e a prática com os clientes
Prof. Dr. Ricardo Schneider Rodrigues

Ética Profissional
Regulamentação da Ética no EOAB

 Estatuto da OAB (EAOB)

 Regulamento Geral do EAOB (RG)

 Código de Ética e Disciplina da OAB (CED)

 Provimento nº 205/2021 – sobre publicidade e informação na


Advocacia
CED – O Advogado

 Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os


preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos
Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social
e profissional.

 Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é


defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos
e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e
da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em
consonância com a sua elevada função pública e com os valores
que lhe são inerentes.
RG – Juramento (art. 20)
 “Prometo exercer a advocacia com dignidade e
independência, observar a ética, os deveres e
prerrogativas profissionais e defender a
Constituição, a ordem jurídica do Estado
Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a
boa aplicação das leis, a rápida administração da
justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das
instituições jurídicas.”
 Juramento indelegável  natureza solene e
personalíssima
EOAB – Requisitos para Inscrição
 Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:
 I - capacidade civil;
 II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente
autorizada e credenciada;
 III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
 IV - aprovação em Exame de Ordem;
 V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
 VI - IDONEIDADE MORAL;
 VII - prestar compromisso perante o conselho.
 § 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.
 § 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer prova
do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado, além de
atender aos demais requisitos previstos neste artigo.
 § 3º A INIDONEIDADE MORAL, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada
mediante decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros do
conselho competente, em procedimento que observe os termos do processo disciplinar.
 § 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por
crime infamante, salvo reabilitação judicial.
Revelam a inidoneidade moral e impedem a
inscrição na OAB:
 Violência contra a mulher??

 Violência contra crianças e adolescentes, idosos e


pessoas com deficiência física ou mental??

 Violência contra pessoas LGBTI+, em razão da


Orientação Sexual, Identidade de Gênero e
Expressão de Gênero??
Observações

 Nos três casos constituem fator apto a demonstrar a


ausência de idoneidade moral para a inscrição de
bacharel em Direito nos quadros da OAB,
INDEPENDENTE DA INSTÂNCIA CRIMINAL, assegurado
ao Conselho Seccional a análise de cada caso concreto.
EAOB – Objeto do Código de Ética
 Deveres do advogado para com a comunidade
 Deveres do advogado para com o cliente
 Deveres do advogado para com o outro
profissional
 A publicidade
 A recusa do patrocínio
 O dever de assistência jurídica
 O dever geral de urbanidade
 Os procedimentos disciplinares
EOAB – Ética do Advogado
 O advogado deve proceder de forma a tornar-se merecedor de
respeito
 Deve contribuir para o prestígio da classe e da advocacia
 Não pode ter receio de desagradar magistrado ou qualquer
autoridade
 Não pode ter receio de tornar-se impopular
 Responsável pelos atos de ofício em caso de dolo ou culpa
 Em caso de lide temerária  responsabilidade solidária com o
cliente se estiver coligado para lesar a parte contrária
 Apuração em ação própria
EOAB – Ética do Advogado
 Da Ética do Advogado
 Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de
respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
 § 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em
qualquer circunstância.
 § 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade,
nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da
profissão.
 Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,
praticar com dolo ou culpa.
 Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente
responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte
contrária, o que será apurado em ação própria.
 Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres
consignados no Código de Ética e Disciplina.
 Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do
advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a
publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o
dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.
CED – Princípios Fundamentais – Deveres dos
Advogados:
 I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão,
zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia;
 II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade,
lealdade, dignidade e boa-fé;
 III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
 IV – empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e
profissional;
 V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;
 VI – estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os
litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios;
 VII – desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de
viabilidade jurídica;
CED – Princípios Fundamentais – Deveres dos
Advogados:
 VIII – abster-se de:
 a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
 b) vincular seu nome ou nome social a empreendimentos
sabidamente escusos;
 c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a
honestidade e a dignidade da pessoa humana;
 d) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono
constituído, sem o assentimento deste;
 e) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante
autoridades com as quais tenha vínculos negociais ou familiares;
 f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes.
CED – Princípios Fundamentais – Deveres dos
Advogados:
 IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela
efetivação dos direitos individuais, coletivos e difusos;
 X – adotar conduta consentânea com o papel de elemento
indispensável à administração da Justiça;
 XI – cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos
Advogados do Brasil ou na representação da classe;
 XII – zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia;
 XIII – ater-se, quando no exercício da função de defensor
público, à defesa dos necessitados.
CED – Princípios Fundamentais

 Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um


meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções
justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade
de todos.

 Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo ou na via


administrativa falseando deliberadamente a verdade e
utilizando de má-fé.
CED - Princípios fundamentais – não
mercantilização
 Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com
qualquer procedimento de mercantilização.

 Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços profissionais


que impliquem, direta ou indiretamente, angariar ou captar
clientela.

 Proibição de adoção de características típicas do comércio no


exercício da advocacia. Também se relaciona com a vedação a
condutas de angariação ou captação de clientela
CED – Advocacia Pública

 As disposições do CED aplicam-se aos Advogados Públicos

 O advogado público exercerá suas funções com


independência técnica, contribuindo para a solução ou
redução de litigiosidade, sempre que possível
 Estímulo à consensualidade na Administração Pública?
CED – Relações com o Cliente
 Informar de forma clara e inequívoca acerca dos riscos da pretensão

 Não aceitar procuração de que já tenha patrono constituído, sem seu


prévio consentimento
 Exceto: motivo plenamente justificável ou medidas judiciais urgentes e
inadiáveis

 A renúncia ao patrocínio deve ser feita sem menção do motivo que a


determinou. A responsabilidade cessa após o prazo legal

 É vedado advogados da mesma sociedade profissional, ou reunidos em


caráter permanente de cooperação recíproca, representarem em juízo
clientes com interesses opostos
CED – Relações com o Cliente
 Pode postular em nome de terceiros em face de ex-cliente ou ex-empregador,
judicial ou extrajudicialmente  DEVE resguardar o sigilo profissional

 Deve abster-se de patrocinar causa contrária à validade ou legitimidade de ato


jurídico em cuja formação haja colaborado ou intervindo de qualquer maneira

 É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua


própria opinião sobre a culpa do acusado
 Não há causa criminal indigna de defesa  deve agir em busca de tratamento
condizente com a dignidade da pessoa humana

 Não é obrigado a aceitar a imposição de seu cliente para atuar com outros
advogados ou outro profissional
CED – Das relações com os colegas, agentes políticos,
autoridades, servidores públicos e terceiros
 Dever de urbanidade  tratar a todos com respeito e consideração, ao
mesmo tempo em que preservará seus direitos e prerrogativas,
 Deve exigir igual tratamento de todos com quem se relacione

 É imperativo de uma correta atuação profissional o emprego de


linguagem escorreita e polida, bem como a observância da boa técnica
jurídica

 Ao se valer do concurso de colegas deve dispensar tratamento condigno,


que não os torne subalternos, nem se lhes avilte os serviços prestados
mediante remuneração incompatível com a natureza do trabalho
profissional ou inferior ao fixado pela Tabela de Honorários
Análise do caso Mariana Ferrer – postura do
Advogado frente o EOAB / CED
Nota da OAB/SC

 “A advocacia catarinense é reconhecida por cumprir sua obrigação


de atuar com urbanidade e respeito à dignidade da pessoa humana,
não tolerando qualquer tipo de violência durante atos processuais;
e a imunidade profissional prevista no art. 7º, § 2º, do Estatuto da
Advocacia, que nos garante, no exercício da atividade, a liberdade
de manifestação, não pode servir como escusa para infringir esses
importantes deveres estatutários.”
Trechos da entrevista
 Na audiência o senhor tenta desqualificar a vítima em razão de fotos
sensuais que ela tinha publicado. Não foi um pouco apelativo?
 Gastão Filho: Basta assistir a audiência na íntegra para ver que não foi
isso que aconteceu. Mostro as fotos sensuais extraídas do Instagram dela,
e questiono porque ela as apagou. Mariana acusou de forma leviana a
defesa de ter manipulado as fotos apresentadas. Mas todas as fotos
apresentadas foram extraídas das redes sociais dela. Obviamente, jamais
tive intenção de fazer apologia à “cultura do estupro”. Toda mulher
merece ser respeitada, independentemente de suas escolhas e roupas.
Repito, as perguntas tinham um foco: saber o porquê ela teria apagado as
fotos assim que iniciou o processo e os fatos vieram à tona. Digo com
todas as letras que as fotos não têm nada demais. Ela claramente tenta
criar uma personagem recatada após o início do processo. É isso que eu
busco desconstruir perante o juízo.
 Código de Processo Penal:
 "Art. 400-A. Na audiência de instrução e julgamento, e, em especial, nas
que apurem crimes contra a dignidade sexual, todas as partes e demais
sujeitos processuais presentes no ato deverão zelar pela integridade física
e psicológica da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e
administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto neste
artigo, vedadas:
 I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos
objeto de apuração nos autos;
 II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que
ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas."
 "Art. 474-A. Durante a instrução em plenário, todas as partes e demais
sujeitos processuais presentes no ato deverão respeitar a dignidade da
vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa,
cabendo ao juiz presidente garantir o cumprimento do disposto neste
artigo, vedadas:
 I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos
objeto de apuração nos autos;
 II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam
 Código Penal – Coação no curso do processo a dignidade da vítima ou de testemunhas."
 Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim  Juizados Especiais:
de favorecer interesse próprio ou alheio, contra  Art. 81. [...]
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que  § 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos
funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, processuais presentes no ato deverão respeitar a dignidade da
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do
pena correspondente à violência. disposto neste artigo, vedadas:
 I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios
 Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) aos fatos objeto de apuração nos autos;
até a metade se o processo envolver crime contra a
dignidade sexual. (Incluído pela Lei nº 12.245/2021)  II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que
ofendam a dignidade da vítima ou de testemunhas.
Reflexões sobre o caso
 O comportamento do advogado é compatível com o EAOB e com o CED?

 Se não for, qual seria a infração?


 Teria havido violação aos deveres de preservação da honra, da nobreza e da
dignidade da profissão?
 Teria deixado de atuar com decoro, veracidade, dignidade, boa-fé?
 Expôs os fatos em Juízo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-se
na má-fé?
 Atuou em juízo com urbanidade (respeito e consideração)? Fez uso de
linguagem polida?

 Condutas mais “ásperas” fazem parte do “jogo” da advocacia? São toleráveis?

 Os fins justificam os meios (Princípio Maquiavélico)? Vale tudo na defesa do


cliente?
CED – Advocacia Pro Bono
 É a prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicos em
favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos,
sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos para a
contratação de profissional

 Pode ser exercida em favor de pessoas naturais que, igualmente, não


dispuserem de recursos para, sem prejuízo do próprio sustento,
contratar advogado

 NÃO pode ser utilizada para fins político-partidários ou eleitorais, NEM


beneficiar instituições que visem a tais objetivos, OU como
instrumento de publicidade para captação de clientela
CED - exercício de cargos e funções na OAB
e na representação da classe
 Enquanto exercer cargos ou funções em órgãos da OAB ou representar a classe é
VEDADO firmar contrato oneroso de prestação de serviços ou fornecimento de
produtos com as entidades onde atuar / representar OU adquirir bens imóveis ou
móveis infungíveis da OAB OU a estes alienar

 Admite-se receber remuneração pelo exercício do magistério nas Escolas de


Advocacia e Bancas de Exame de Ordem  observados os princípios da moralidade
e da modicidade da remuneração
 Obs.: EOAB, Art. 48. O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão da OAB
é de exercício gratuito e obrigatório, considerado serviço público relevante, inclusive
para fins de disponibilidade e aposentadoria.

 Enquanto ocupar cargos e funções na OAB não pode atuar em processos que lá
tramitem, salvo causa própria ou nas hipóteses em que há legitimidade recursar,
nem oferecer pareceres
CED - exercício de cargos e funções na OAB
e na representação da classe

 Ao submeter seu nome para inclusão em listas para vagas em


tribunais, CNJ ou CNMP ou outro colegiado  o candidato assumirá
o compromisso de respeitar os direitos e prerrogativas do
advogado, não praticar nepotismo nem agir em desacordo com a
moralidade administrativa e com os princípios deste Código, no
exercício de seu mister
 Interessante: compromisso a ser cumprido em cargo FUTURO,
possivelmente INCOMPATÍVEL com a advocacia, de continuar
observando os princípios éticos da advocacia
CED – Do Sigilo Profissional
 Há um dever de guardar sigilo dos fatos de que tome conhecimento no
exercício da profissão

 O sigilo profissional é de ordem pública, independendo de solicitação de


reserva que lhe seja feita pelo cliente

 As comunicações de qualquer natureza entre advogado e cliente são


presumidas como confidenciais

 Como mediador, conciliador e árbitro também se submete ao sigilo

 O sigilo pode ceder em casos excepcionais (justa causa)  grave ameaça ao


direito à vida e à honra ou que envolvam defesa própria
CED – Honorários Advocatícios
 Deve observar o valor mínimo da Tabela de Honorários instituída pelo respectivo Conselho
Seccional onde for realizado o serviço, inclusive aquele referente às diligências, sob pena de
caracterizar-se aviltamento de honorários
 Devem ser fixados com moderação, atendidos os elementos seguintes:
 I – a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;
 II – o trabalho e o tempo a ser empregados;
 III – a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se desavir
com outros clientes ou terceiros;
 IV – o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para este resultante do
serviço profissional;
 V – o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente eventual, frequente ou
constante;
 VI – o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do domicílio do advogado ou de outro;
 VII – a competência do profissional;
 VIII – a praxe do foro sobre trabalhos análogos.
EOAB – Infrações Disciplinares
 Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:
 I - censura;
 II - suspensão;
 III - exclusão;
 IV - multa.
 Parágrafo único. As sanções devem constar dos
assentamentos do inscrito, após o trânsito em julgado
da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a
de censura.
EOAB – Sanção por violação ao CED

 Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:


 II - violação a preceito do Código de Ética e
Disciplina;
 Parágrafo único. A censura pode ser convertida em
advertência, em ofício reservado, sem registro nos
assentamentos do inscrito, quando presente
circunstância atenuante.
EOAB – Sanção por violação ao CED
 Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas,
para fins de atenuação, as seguintes circunstâncias, entre outras:
 I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
 II - ausência de punição disciplinar anterior;
 III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer
órgão da OAB;
 IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
 Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as
atenuantes, o grau de culpa por ele revelada, as circunstâncias e
as conseqüências da infração são considerados para o fim de
decidir:
 a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra
sanção disciplinar;
 b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.
 I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou  X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a
facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não anulação ou a nulidade do processo em que
funcione;
inscritos, proibidos ou impedidos;
 XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes
 II - manter sociedade profissional fora das normas e de decorridos dez dias da comunicação da renúncia;
preceitos estabelecidos nesta lei;  XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo,
 III - valer-se de agenciador de causas, mediante
assistência jurídica, quando nomeado em virtude
de impossibilidade da Defensoria Pública;
participação nos honorários a receber;
 XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e
 IV - angariar ou captar causas, com ou sem a habitualmente, alegações forenses ou relativas a
intervenção de terceiros; causas pendentes;
 V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial
 XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação
doutrinária ou de julgado, bem como de
ou para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em que depoimentos, documentos e alegações da parte
não tenha colaborado; contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz
da causa;
 VI - advogar contra literal disposição de lei,
presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na  XV - fazer, em nome do constituinte, sem
autorização escrita deste, imputação a terceiro de
inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em fato definido como crime;
pronunciamento judicial anterior;  XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido,
 VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional; determinação emanada do órgão ou de autoridade
da Ordem, em matéria da competência desta, depois
 VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa de regularmente notificado;
sem autorização do cliente ou ciência do advogado  XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua
contrário; habilitação.
 IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao
seu patrocínio;
 XVII - prestar concurso a clientes ou  XXI - recusar-se,
a terceiros para realização de ato injustificadamente, a prestar
contrário à lei ou destinado a contas ao cliente de quantias
fraudá-la; recebidas dele ou de terceiros por
 XVIII - solicitar ou receber de conta dele;
constituinte qualquer importância  XXII - reter, abusivamente, ou
para aplicação ilícita ou desonesta; extraviar autos recebidos com vista
 XIX - receber valores, da parte ou em confiança;
contrária ou de terceiro, relacionados  XXIII - deixar de pagar as
com o objeto do mandato, sem contribuições, multas e preços de
expressa autorização do serviços devidos à OAB, depois de
constituinte; regularmente notificado a fazê-lo;
 XX - locupletar-se, por qualquer  XXIV - incidir em erros reiterados
forma, à custa do cliente ou da que evidenciem inépcia profissional;
parte adversa, por si ou interposta  XXV - manter conduta
pessoa; incompatível com a advocacia;
 RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO. CONSELHO DE
FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - OAB. SANÇÃO. SUSPENSÃO. INTERDITO DO
EXERCÍCIO PROFISSIONAL. INFRAÇÃO DISCIPLINAR. ANUIDADE OU CONTRIBUIÇÃO ANUAL. INADIMPLÊNCIA. NATUREZA
JURÍDICA DE TRIBUTO. CONTRIBUIÇÃO DE INTERESSE DE CATEGORIA PROFISSIONAL. SANÇÃO POLÍTICA EM MATÉRIA
TRIBUTÁRIA. LEI 8.906/1994. ESTATUTO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL.
 1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que as anuidades cobradas pelos conselhos profissionais caracterizam-se
como tributos da espécie contribuições de interesse das categorias profissionais, nos termos do art. 149 da Constituição da
República. Precedentes: MS 21.797, Rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 18.05.2001; e ADI 4.697, de minha relatoria,
Tribunal Pleno, DJe 30.03.2017.
 2. As sanções políticas consistem em restrições estatais no exercício da atividade tributante que culminam por inviabilizar
injustificadamente o exercício pleno de atividade econômica ou profissional pelo sujeito passivo de obrigação tributária,
logo representam afronta aos princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e do devido processo legal substantivo.
Precedentes. Doutrina.
 3. Não é dado a conselho de fiscalização profissional perpetrar sanção de interdito profissional, por tempo indeterminado
até a satisfação da obrigação pecuniária, com a finalidade de fazer valer seus interesses de arrecadação frente a infração
disciplinar consistente na inadimplência fiscal. Trata-se de medida desproporcional e caracterizada como sanção política em
matéria tributária.
 4. Há diversos outros meios alternativos judiciais e extrajudiciais para cobrança de dívida civil que não obstaculizam a
percepção de verbas alimentares ou atentam contra a inviolabilidade do mínimo existencial do devedor. Por isso, infere-se
ofensa ao devido processo legal substantivo e aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, haja vista a ausência
de necessidade do ato estatal.
 5. Fixação de Tese de julgamento para efeitos de repercussão geral: “É INCONSTITUCIONAL a SUSPENSÃO realizada por
conselho de fiscalização profissional do exercício laboral de seus inscritos por INADIMPLÊNCIA de anuidades, pois a medida
consiste em sanção política em matéria tributária.”
 6. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com declaração de inconstitucionalidade dos arts. 34, XXIII, e 37, §2º, da Lei
8.906/1994.
 (RE 647885, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2020, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-123
DIVULG 18-05-2020 PUBLIC 19-05-2020)
 Inclui-se na conduta incompatível:

 a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por


lei;

 b) incontinência pública e escandalosa;

 c) embriaguez ou toxicomania habituais.


 XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos
para inscrição na OAB;

 XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o


exercício da advocacia;

 XXVIII - praticar crime infamante;


EOAB – Reabilitação e Prescrição
 É permitido ao que tenha sofrido QUALQUER sanção disciplinar
requerer, UM ANO após seu cumprimento, a reabilitação, em face
de provas efetivas de bom comportamento
 Se sanção disciplinar resultou de CRIME  depende da
correspondente reabilitação criminal

 A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve


em cinco anos, contados da data da constatação oficial do fato.
 Intercorrente: processo disciplinar paralisado por mais de três
anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser
arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem
prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela
paralisação

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