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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA – UFJF

NOME: ESTER VAL FERREIRA TOSTES

Tanto Rousseau quanto Hobbes discursam sobre temas parecidos, como o


contrato social, o estado de natureza e a sociedade civil. No entanto, suas
visões sobre esses assuntos são diferentes.

Segundo Hobbes, para se chegar à razão, que é essencial ao contrato social, a


mente humana precisa passar por diversas etapas. Primeiramente, as
sensações físicas do mundo fazem-nos perceber as aparências dos objetos,
mas não a essência. Depois, vem a imaginação, que diz respeito às coisas que
já foram sentidas e guardadas pela memória e pela experiência. Essas duas
fases são espontâneas. Já o pensamento, a etapa seguinte, é um ato
consciente. Ele pode ser livre, sem desígnios e inconstante ou regulado por
algum desejo ou desígnio. O pensamento é inato ao homem e requer apenas
que ele tenha uma certa experiência utilizando os 5 sentidos. A próxima etapa
é a linguagem, que o autor define como uma invenção essencial pela qual
organizamos nossos pensamentos e os compartilhamos uns com os outros e
sem a qual não seria possível haver Estado, nem contrato social, nem
sociedade civil. A razão é obtida por esforço e não é natural.

A lógica da sensação instintiva e da imaginação se encontram no estado de


natureza, em oposição à razão do contrato social. Nesse estado de natureza,
segundo Hobbes, os homens são guiados pelos seus desejos e paixões e são
egoístas, caóticos e há o constante perigo de morte violenta. Além disso, não
há espaço para a indústria e os homens são incultos. Ele defende que o
contrato social se estabelece entre os indivíduos pelo uso da razão, de modo
que eles renunciam às liberdades para que um soberano garanta a segurança
de todos.

Rousseau também fala um pouco da escravidão do homem aos seus desejos,


pelos quais é corrompido e agrilhoado. No entanto, diferentemente de Hobbes,
esse autor vê o ser humano como bom no estado de natureza. A socialização é
ambígua, mas ela pode ser boa se fundamentada na vontade racional. A
propriedade privada também contribui à corrupção humana e ela deveria se
ocupar somente das partes necessárias à subsistência. O tratado social
legítimo não seria um processo de abdicação de liberdades, como afirma
Hobbes, mas sim uma troca de liberdades incertas por outras seguras (civis). A
oposição entre os interesses particulares é o que torna necessário o
estabelecimento desse contrato – e não o perigo da morte violenta –, sendo
que a vontade geral, que é o acordo entre esses interesses, é o que torna
sociedade civil possível.

A força não faz o direito e não transforma a obediência em dever, que é outro
ponto no qual Rousseau discorda da concepção de Hobbes de um soberano
absolutista na figura do Leviatã, visto que o povo não faria um contrato social
abdicando de sua liberdade em troca de nada, pois isso seria loucura – e a
loucura também não faz o direito. É inútil, para Rousseau, pensar no
absolutismo e na obediência ilimitada. Ele visualiza, portanto, uma república
democrática na qual as leis são a expressão da vontade geral e o Estado e o
Direito se legitimam mutuamente.

A autoridade vem da razão esclarecida pela consciência, ponto em que ambos


os autores concordam; no entanto a autoridade, para Rousseau, é a do povo e,
para Hobbes, é a figura de um governante absoluto. Rousseau diz ainda que
não se é obrigado a obedecer senão a autoridades legítimas e a única forma
de governo legítima é a república, que é guiada pela vontade geral. Esta
vontade se dá pela alienação sem reservas numa relação de iguais entre
todos, onde todas as opiniões são ouvidas e nenhuma é oprimida.

A soberania, para Rousseau, é o exercício da vontade geral e é inalienável e


indivisível. Um ato de soberania é uma convenção do corpo coletivo com cada
um de seus membros. É legítima, equitativa, útil e sólida. Sob essas
convenções, o povo não obedece a ninguém além dele mesmo, visão da qual
Hobbes também discorda. Além disso, Rousseau afirma que liberdade e
igualdade são os bens mais importantes no sistema legislativo, que deve ser
regido pelo povo.

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