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Fichamento 5:

ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livros Primeiro, Segundo e Quarto:


capítulos I e II. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. Revisão por Edison Darci Heldt. 3ª
triagem. Martins Fontes, 1999. São Paulo.

O Contrato Social foi escrito pelo pensador político e homem das artes Jean-Jacques
Rousseau. A obra foi escrita em um contexto pré Revolução Francesa, evento esse crucial não
apenas para a história política e social da França, quando do mundo todo. O avanço da
tecnologia na criação de máquinas apresentou mais mobilidade dentro do espaço social.
Rousseau é um iluminista que apresenta uma visão completamente diferente do homem
social, ao colocar o Estado e a sociedade civil como iguais, conceito esse antagônico ao de
outros pensadores políticos como Maquiavel e Hobbes. Rousseau foi um comum que através
do apadrinhamento obteve uma educação de aristocrata. Segundo sua obra, o homem é social
e por isso só é feliz em conjunto. O Estado se forma a partir da liberdade coletiva, o que
classifica sua democracia como “inclusiva”.
Rousseau afirma que a sociedade é regida por uma vontade geral. Todos fazem parte
das escolhas políticas de modo a nenhum interesse particular se sobressair. Os governantes
não são o Estado, a sociedade civil é. A democracia representativa abre brechas para que um
único indivíduo coloque seus interesses privados em primeiro lugar. O homem de Rousseau
não é egoísta, mas podem se criar associações dentro do todo, de forma a vontade não ser
mais unânime e sim particular. A sociedade não pode ser parcial, cada cidadão deve opinar de
acordo com o que concorda. Existe um diferença entre a vontade geral e a vontade de todos, a
primeira diz respeito aos interesses privados e a segunda somente ao interesse comum. A
vontade geral precisa ser sempre esclarecida no intuito de não haver sociedades parciais, aos
quais aumentam as desigualdades.
E, por fim, quando uma dessas associações é tão grande que sobrepuja todas as demais, já não
se tem por resultado uma soma de pequenas diferenças, senão uma diferença única; então, já
não há vontade geral, e a opinião vencedora não passa de uma opinião particular. Importa,
pois, para se chegar ao verdadeiro enunciado da vontade geral, que não haja sociedade parcial
no Estado e que cada cidadão só venha a opinar de acordo com seu próprio ponto de vista.
(Livro II, p. 38)
O legislador não tem função de soberano, tampouco é uma entidade divina por si só.
Este cargo é o de um homem extraordinário do Estado. Aquele que escreve as leis não deve
possuir direito legislativo, tampouco o povo, sendo preciso assim que um homem
insignificante o faça. É esperado que o legislador não desfrute de vontades divinas, não
interaja com o povo, no intuito de ter seu resultado imparcial, se espera que esse seja um ser
basicamente divino. O legislador deve ser capaz de conduzir sem violência e persuadir sem
convencer. O legislador põe as decisões na boca dos imortais, para conduzir através da
vontade divina, os que não seriam abalados pela prudência humana. Portanto nem todo o
homem tem como dom fazer os deuses falarem. Segundo o autor, a política e a razão não são
comuns, mas uma serve como passagem a outra. O legislador é a representação da justiça
divina na Terra, um conhecedor das leis de vontades irrelevantes.
É uma função particular e superior que nada tem em comum com o império humano, porque,
se aquele que manda nos homens não deve mandar nas leis, aquele que manda nas leis não
deve tampouco mandar nos homens; do contrário suas leis, ministros de suas paixões, nada
mais fariam, muitas vezes, do que perpetuar suas injustiças, e ele nunca poderia evitar que
opiniões particulares alterassem a santidade de sua obra. (Livro II, p. 50)
A vontade geral é a vontade de todos, por ela é que os cidadãos são livres e iguais.
Uma lei aprovada ou rejeitada em assembleia tem como medidor a vontade geral. Caso as
necessidades do todo sejam muito distintas dificilmente existirá consenso. A diferença de
apenas uma pessoa rompe o consenso. O corpo político precisa ser unânime, de modo a
possuir a menor quantidade de desigualdades possíveis. Na sociedade de Rousseau existe
propriedade e existem riquezas, mas o homem não tem interesse em acumula-las, ele não é
egoísta, ele visa o bem do coletivo. Um indivíduo só é livre se todos os outros indivíduos
também forem livres, dessa forma que se constitui o Estado. O homem se realiza quando
defende os interesses de todos, as desigualdades dificultam a igualdade dos interesses
privados.
A diferença de um único voto rompe a igualdade; um único oponente rompe a unanimidade;
no entanto, entre a unanimidade e a igualdade, há várias divisões desiguais, para cada uma
delas pode-se fixar esse número segundo a situação e as necessidades do corpo político. (Livro
IV, p. 130)

Referências:
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Livros Primeiro, Segundo e Quarto:
capítulos I e II. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. Revisão por Edison Darci Heldt. 3ª
triagem. Martins Fontes, 1999. São Paulo.

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