Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
há 3 anos
11,4K visualizações
A SOCIEDADE E O DIREITO
Este artigo visa tentar compreender uma parcela da relação entre a sociedade e o direito.
INTRODUÇÃO
O homem vive em sociedade e a relação que se estabelece entre as pessoas está sujeita a
conflitos, tornando necessário que regras solucionam suas desavenças. Por isso, somente
ao homem inserido num contesto social é que se torna relevante o direito como modo de
evitar a necessidade de soluções privadas violentas. Assim sendo, para eliminar ou resolver
conflitos e organizar as relações entre as pessoas é que existem normas jurídicas.
O direito tem a função de organizar a sociedade, de manter a sua funcionalidade, evitar que
ela se torne instintiva. O ser humano vive em sociedade e é subordinado ao direito que foi
criado pelo próprio homem. Muitos autores, filósofos e pensadores escrevem a respeito do
indivíduo, sociedade e direito. A seguir fragmentos de seus pensamentos definirão a
relação esses três elementos.
A SOCIEDADE E O DIREITO
O filósofo Aristóteles, fundou sua própria escola, o Liceu. Ele ministrava aulas nos jardins,
seus alunos aprendiam enquanto andavam em sua companhia, respondiam e formulavam
indagações e faziam observações.
O método de Aristóteles era analítico. Para o filósofo conhecer a verdade era sentir o
mundo. Ele jamais procuraria uma verdade universal e sim observaria as características e as
explicaria detalhadamente. Para Aristóteles a observação deveria ser cuidadosa, analisando
os fatos da vida com prudência. A respeito do homem em sua obra A Política dizia:
É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é
naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por
instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é
um ser vil ou superior ao homem. Tal indivíduo merece, como disse Homero, a censura
cruel de ser um sem família, sem leis, sem lar. Porque ele é ávido de combates, e como as
aves de rapina, incapaz de se submeter a qualquer obediência. (ARISTÓTELES, 2010, p.13)
Outro autor que escreveu sobre o tema foi Thomas Hobbes. Hobbes era contratualista,
porque acreditava que o estado e a sociedade surgiram de um contrato estabelecido entre
os homens. Em sua obra Leviatã, ele reconhece que existem diferenças entre os homens, do
ponto de vista físico ou espiritual. Mas esta diferença:
não é suficientemente considerável para qualquer um possa com base nela reclamar
qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à
força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, quer por secreta
maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo
perigo. (THOMAS, 1988, p.74)
Esta afirmação de Hobbes revela sua ideia de que os homens faziam um contrato para
organizar o Estado e a sociedade, de maneira que todos reunissem suas virtudes e abrissem
mão de algumas vantagens pessoais, em benefício de todos os integrantes da sociedade.
Outro pensador que avaliou a condição do indivíduo perante a sociedade foi Freud.
Sigmund Freud nasceu no de 1856 em Freiberg, que fazia parte do império Austríaco e hoje
faz parte da República Tcheca. Freud é considerado o pai da psicanálise. Para o psicanalista
Sigmund Freud em seu livro Psicologia das massas e análise do eu, o indivíduo é definido
como:
... Membro de uma tribo, um povo, uma casta, uma classe, uma instituição ou como
elemento de um grupo de pessoas que, em certo momento e com uma finalidade
determinada se organiza em uma massa. (SIGMUND, 2009, p.37)
Mais recentemente, revelou-se importante para a avaliação das atuais características das
relações sociais modernas o pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Ele faz
uma crítica ao homem contemporâneo:
De acordo com Aristóteles, o homem se distingue dos demais seres vivos porque é capaz
de diferenciar o bem e o mal, o justo do injusto. O filósofo afirma que a prudência e a
virtude são conferidas aos homens para que ele não se torne feroz e decida suas ações
apenas por amor e por comida. Segundo ele “A justiça é a base da sociedade.
(ARISTÓTELES, 2010, p.13)
Qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar
o que é direito, justo. Exemplo: Não há como questionar a justiça de sua causa. (HOUAISS,
2009)
No livro Filosofia do Direito, o jurista Alysson Leandro Mascaro comenta sobre a concepção
platônica no livro As leis a respeito do direito:
A concepção platônica sobre o justo é muito peculiar e especial. Difere totalmente da visão
que o jurista moderno tenha sobre o direito. Para o pensamento de Platão, torna-se muito
difícil dissociar direito de justiça, o que é reforçado pelo fato de que a mesma palavra,
díkaion, é utilizada de maneira intercambiável no texto platônico para essas duas ideias.
(ALYSSON, 2014, p.54)
Como se disse no início do trabalho, agora referendado pelos estudiosos do direito, cabe
ao sistema jurídico organizar a sociedade.
O direito pune, porém não impede o ato de ocorrer. As ações contra a lei são punidas por
ela própria. Sabemos que o direito atribui ao Estado o poder coercitivo, conferindo-lhe a
exclusividade do uso da violência. Por intermédio da punição prevista na lei e que todas as
pessoas conhecem, são aplicadas penas consideradas justas aos que praticam crime. Esta
lógica tem por objeto a proteção de toda a sociedade
A vida em sociedade traz evidentes benefícios ao homem, mas, por outro lado, favorece a
criação de uma série de limitações que, em certos momentos e em determinados lugares,
são de tal modo numerosas e frequentes que chegam a afetar seriamente a própria
liberdade humana. (DALMO, 1971, p.7)
Jean-Jacques Rousseau em sua obra O Contrato Social, escreveu a respeito da preocupação
não só com a celebração, mas com a preservação da soberania política da vontade geral.
Além disso ele escreveu a respeito da sociedade dizendo que:
A sociedade, como sabemos, somos todos nós; é uma porção de pessoas juntas. Mas uma
porção de pessoas juntas na Índia e na China formam um tipo de sociedade diferente da
encontrada na América ou na Grã-Bretanha; a sociedade composta por muitas pessoas
individuais na Europa do século XII era diferente da encontrada nos séculos XVI ou XX. E,
embora todas essas sociedades certamente tenham consistido e consistam em nada além
de muitos indivíduos, é claro que a mudança de uma forma de vida em comum para outra
não foi planejada por nenhum desses indivíduos. Pelo menos, é impossível constatarmos
que qualquer pessoa dos séculos XII ou mesmo XVI tenha conscientemente planejado o
desenvolvimento da sociedade industrial de nossos dias. Que tipo de formação é esse, esta
“sociedade” que compomos em conjunto, que não foi pretendida ou planejada por
nenhum de nós, nem tampouco por todos nós juntos? Ela só existe porque existe um
grande número de pessoas, só continua a funcionar porque muitas pessoas, isoladamente,
querem e fazem certas coisas, e no entanto sua estrutura e suas grandes transformações
histórias independem, claramente, das intenções de qualquer pessoa em particular.
(NORBERT, 1994, p.13)
Em seu livro Introdução ao Estudo do Direito o jurista Alysson Leandro Mascaro explica o
que é o direito, tendo como base filósofos e pensadores. Uma das definições que o autor
dá a respeito do direito em seu livro é:
O direito apresenta-se como um vasto campo de relações que devemos analisar e, para
isso, são necessárias inúmeras ciências que venham, em conjunto e aglutinadas entre si,
definir certos objetos que historicamente possam ser nomeados por “jurídicos”, e a partir
daí entender suas razões estruturais. É preciso reconhecer que a técnica que permeia as
normas jurídicas é grande parte desses objetos, mas não tudo. Por isso uma ciência do
direito ou é um conhecimento amplo, dialético, envolvendo várias ciências e analisada
dentro da história social, ou então ela será um conhecimento empobrecido, meramente
técnico e restrito. (ALYSSON, 2013, p.36)
Em seu sentido como ideologia Alysson Leandro Mascaro escreveu nesse mesmo livro
dizendo que:
No seio das relações sociais, a forma jurídica estabelece uma dominação não só por meio
das suas estruturas técnicas, mas também por meio da sua ideologia. Quando o direito das
sociedades capitalistas, por meio das suas normas, declara que todos são iguais perante a
lei, na verdade está procedendo uma dominação ao mesmo tempo técnica e ideológica.
Técnica porque está excluindo o privilégio da nobreza, por exemplo, e tratando de maneira
formalmente igual ao contratante e ao contratado, e isso é de interesse ao capitalismo, na
medida em que o Estado executará a qualquer um que contratar caso não cumpra o
contrato. Ideológica porque deixa entender uma igualdade que só é formal, mas não
concreta. Ao tratar igualmente o capitalista e o proletário, o direito nivela, com a mesma
medida, dois sujeitos desiguais, sem igualar suas condições. Assim ao invés de demonstrar
a desigualdade real entre as partes o direito esconde. (MASCARO, 2013, p.30)
Hans Kelsen (2000), conforme apresentado em sua Teoria Pura do Direito. Para o autor,
Direito seria um conjunto de normas- isto é, de uma posição normativa (dever-ser) fruto da
vontade do legislador- objetivamente reconhecidas como obrigatórias. A juridicidade delas
adviria do fato de elas deterem nelas (normas primárias), ou em normas a elas correlatas
(normas secundárias), uma sanção coercitiva. O Direito poderia ser resumido, grosso modo,
como ordem coercitiva. (GIANNATASIO,, p.3)
Para este autor, o Direito seria Manifestação de experiência cultural em que há uma
específica relação dialética entre três fatores componentes do Direito: fato, valor e norma.
Estes jamais permanecem estagnados em seus campos de abrangência e restam
permanentemente implicados em uma constante relação tensa entre fato e valor, de onde
resulta o momento normativo. É este terceiro elemento (norma) que fornece uma solução
superadora e integrante nos limites circunstanciais de lugar e de tempo, que une os dois
mundos (natureza e valor). Na distinção entre Direito e Moral, o primeiro seria bilateral
(dois polos), atributivo (exigibilidade de condute entre homens), coercível e heterônomo, ao
passo que a última seria apenas bilateral, não pressupondo exigibilidade de conduta entre
homens (atributividade), nem impositividade (coercitividade). (GIANNATASIO, 2015, p.4)
Outro autor por ele citado é Emil Lask, ele diz que:
Para Emil Lask (FERRAZ JR, 1976), o Direito é seria fruto da relação- ou a própria relação-
entre a realidade empírica e os resultados do processo de aprimoramento cultural de uma
sociedade (valores relevantes ou “significações culturais”), a qual estaria em contínuo
desenvolvimento histórico no interior de forma jurídica- a norma seria o resultado de tais
sínteses culturais, ou ainda a expressão mais imediata de tais sínteses (as sínteses elas
mesmas tornadas dever-ser). No embate entre Direito e Moral, o primeiro se diferenciaria
por deter maior probabilidade de cumprimento. (GIANNATASIO, 2015, p.4)
Arthur Roberto Capella Giannattasio a respeito de Gustav Radbruch diz que o autor:
... Apresenta, em sua Filosofia do Direito, a percepção de que o Direito seria um fato, uma
realidade, precisamente por ser uma obra humana- isto é, um bem cultural, o qual teria
sido constituído em função do valor Justiça. A diferença entre Direito e Moral seria dada
pela seguinte distinção: uma ação seria considerada jurídica quando fosse considerada boa
para a vida em comum, ao passo que a ação seria reputada moral quando fosse boa em si
mesma. (GIANNATASIO, 2015, p.4)
Na conclusão de seu artigo o autor Arthur Roberto Capella Giannattasio fala o que seria em
sua visão o direito ideal:
Longe de simplesmente seguir o “dar a cada o que é seu” por meio do direito, a
instauração de um Direito Político poderia conferir condições institucionais outras para
realizar o ideal de Justiça. Conforme proposição adotada por este trabalho, uma sociedade
justa seria aquela que teria recebido uma disposição justamente ordenada das
possibilidades de influência nos processos de decisão política fundamentais. Ou ainda, uma
sociedade que preserva no meio o local do Direito e do Poder, sem hipostaziar a posição
normativa de qualquer dos termos fundamentais opostos na cidade. (GIANNATASIO, 2015,
p.23)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRAFIA:
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro, Zahar,
2001.
DALLARI, DALMO. Elementos da Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 1979.
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu. Trad. Renato Zwick. Reimpressão.
Porto Alegre: L&PM, 2013.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São
Paulo: Nova Cultura, 1988.
KELSEN, Hans.
MASCARO, Alysson. Introdução ao estudo do direito. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2013.
ROUSSEAU, Jean. O Contrato Social e outros escritos. Trad. Rolando Roque da Silva. São
Paulo: Cultrix, 1999.
ARTIGOS:
MEIO ELETRÔNICO:
Direito e Sociedade
Ainda algumas postagens sobre Introdução ao Estudo do Direito... Já estou preparando a de
Existem duas teorias acerca da origem da sociedade. A primeira delas, a teoria natural, conclui
que “o homem é, por natureza, animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que
todos os outros animais, o que se evidencia pela natural necessidade” – “ vida solidária é
virtuoso, que vive em comunhão com a própria individualidade), corruptio naturae (casos de
anomalia mental), mala fortuna (acidente tipo naufrágio)”, segundo São Tomás de Aquino
A segunda, a teoria contractual foi defendida, dentre outros por Rousseau (filósofo iluminista -
1712-1778) que supunha “os homens terem chegado a um ponto em que os obstáculos que
atentam à sua conservação - no estado natural excedem, pela sua resistência, às forças que
cada indivíduo pode empregar para manter-se nesse estado. Então este estado primitivo não
O estudo do Estado de Natureza presta-se tão somente a fins científicos, que buscam a
Ressalve-se, por oportuno, que se a aventura de Robinson Crusoé é uma narrativa de Daniel
Defoe, escrita em 1719, por outro lado, afirma-se que ela encontrou inspiração na história
verídica de um marinheiro escocês, Alexander Selkirk, que se isolou por vontade própria em
Segundo Paulo Nader (Introdução ao Estudo do Direito, Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 26-
27), o Direito está em função da vida social, favorecendo o amplo relacionamento entre as
pessoas e os grupos sociais. “A sociedade sem o direito não resistiria, seria anárquica, teria o
seu fim. O Direito é a grande coluna que sustenta a sociedade. Criado pelo homem, para
corrigir a sua imperfeição, o Direito representa um grande esforço para adaptar o mundo
É claro, e nem Paulo Nader afirma, que nem é o Direito o único instrumento responsável pela
conceituar o fato social – criação histórica do povo, que reflete o costume, a tradição, a cultura,
feita de forma lenta e gradual. Para reger a vida, e a sequencia de fatos sociais, criou o homem
Não é, contudo, o Direito o único instrumento de controle social. A moral, a religião e as regras
efetividade, vez que destituídos de coação. Assim são estabelecidas as normas éticas
(destinadas a determinar o agir social – ex.: observar uma decisão judicial) e as normas
técnicas (estabelecidas para indicar fórmulas do fazer – ex.: estrutura para elaboração de uma
decisão judicial).
de conduta. Por muito tempo havia uma verdadeira confusão entre o Estado e a Igreja, e o
Direito era considerado como expressão da vontade divina. A laicização do Direito recebeu seu
maior impulso quando Hugo Grócio pretendeu afastar a idéia de Deus do Direito Natural. Foi
nos anos que antecederam a revolução francesa que ganhou novo impulso. Entre os pontos de
– que no Direito se resume à certeza ordenadora (hoje tão criticada no Brasil pelo discurso da
impunidade).
uma das causas da patologia que se assenta na classe jurídica, segundo Walter Benett (O mito
idem de BEM extraída da própria natureza, permanente em todo o gênero humano. A segunda
se divide em autônoma (bem particular de cada consciência), ética superior dos sistemas
religiosos (noções fundamentais sobre o BEM, dos vários cultos, de caráter heterônomo) e a
Necessário se faz contudo distinguir direito e moral. Inicialmente, há quem afirme a distinção
na determinação do direito (de forma mais direta) e na forma não concreta moral (diretivas
gerais). Uma segunda tese é aquela que distingue o Direito pela sua bilateralidade (estrutura
imperativo-atributiva, todo direito corresponde a um dever), já que a moral é unilateral (se
impõe por simples deveres). Afirmar-se ainda que o direito é exterior (investiga as ações e não
manifestam como uma sujeição ao querer de outrem. Fundamental é que o Direito é dotado de
coercibilidade (capaz de adicionar força organizada do Estado, para garantir respeito aos seus
Vamos priorizar tratar da distinção do Direito e da moral quanto ao conteúdo, que nos leva as
teorias dos círculos. O Direito elege valores de convivência, a moral visa o aperfeiçoamento
humano.
Para Jeremy Bentham (filósofo e jurista inglês - 1748-1832), os círculos que resumem o Direito
e a moral são CONCÊNTRICOS, já que, segundo ele, o campo da moral é mais amplo, e o
Para Claude du Pasquier (jurista francês), os círculos são secantes, já que o Direito e a moral
Para Hans Kelsen, o Direito e a moral são absolutamente independentes. Defende ele assim o
A tese de Jellinek (filósofo alemão e juiz - 1851-1911)a idéia é de que o Direito representa o
círculos concêntricos.
A última distinção relativa ao Direito é aquela que o distingue das regras de trato social, ou
seja, padrões de conduta social que visam tornar o ambiente social mais ameno, sob pressão da
O Direito, assim como todas essas regras, guarda identidade com a sociedade a que ela se
aplica. Assim, os fatores jurídicos são elementos que condicionam os fenômenos sociais e, em
Introdução
1
2
O ser humano, por sua natureza, possui forças instintivas que atuam sobre ele, forças
essas que influenciam na construção de seu mundo cultural.
Assim, para viver em sociedade, o homem deve passar por um processo de adaptação,
que deve se dar tanto na esfera interna quanto na externa. Diz-se interna quanto for
relativa ao corpo, sem a interposição da vontade, como o funcionamento dos órgãos diante
de diferentes situações em que deva se adaptar. Já na esfera externa a relação é do
homem com o espaço exterior. O homem tem inúmeras necessidades, que são satisfeita
pela natureza. O homem adapta e transforma o mundo a sua volta, e na carência de
recursos, constrói, cria e transforma a natureza para satisfação de determinada
necessidade.
É importante dizer que o Direito Natural possui como leis fundamentais as leis advindas da
natureza e do conceito da expressão justiça. Dessa forma, como o Direito Natural não se
originou de uma criação humana, por ser, inclusive, anterior ao próprio homem, não pode
ser classificado como processo de adaptação social. Entretanto, a criação do Direito, em
uma sociedade, deve estar baseada nas principais regras do Direito Natural, pois seus
princípios de respeito à vida, à liberdade, dentre vários outros, devem estar contidos em
qualquer lei.
O Direito também possui importante missão: serve como instrumento para gerar a paz e
harmonia nas diversas relações sociais. Vale dizer que o Direito não deve refletir
interesses individuais, mas sim interesses de toda a coletividade, que muitas vezes
colidem com os interesses individuais.
O Direito, por ser fruto da elaboração humana, sofre influencia do tempo e do local, e por
isso, ele deve estar sempre aberto às mudanças que ocorrem durante as diferentes
épocas. O tempo faz surgir inúmeras e constantes transformações, e devido a isso, o
Direito deverá estar sempre atualizado.