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1 – O DIREITO E A SOCIEDADE
O filósofo Aristóteles, fundou sua própria escola, o Liceu. Ele ministrava aulas nos
jardins, seus alunos aprendiam enquanto andavam em sua companhia, respondiam e
formulavam indagações e faziam observações.
O método de Aristóteles era analítico. Para o filósofo conhecer a verdade era sentir
o mundo. Ele jamais procuraria uma verdade universal e sim observaria as características
e as explicaria detalhadamente. Para Aristóteles a observação deveria ser cuidadosa,
analisando os fatos da vida com prudência. A respeito do homem em sua obra A
Política dizia:
É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é
naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por
instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade,
é um ser vil ou superior ao homem. Tal indivíduo merece, como disse Homero, a censura
cruel de ser um sem família, sem leis, sem lar. Porque ele é ávido de combates, e como
as aves de rapina, incapaz de se submeter a qualquer obediência. (ARISTÓTELES, 2010,
p.13)
Outro autor que escreveu sobre o tema foi Thomas Hobbes. Hobbes era
contratualista, porque acreditava que o estado e a sociedade surgiram de um contrato
estabelecido entre os homens. Em sua obra Leviatã, ele reconhece que existem diferenças
entre os homens, do ponto de vista físico ou espiritual. Mas esta diferença:
Não é suficientemente considerável para qualquer um possa com base nela reclamar
qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à
força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, quer por secreta
maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo
perigo. (THOMAS, 1988, p.74)
Esta afirmação de Hobbes revela sua ideia de que os homens faziam um contrato
para organizar o Estado e a sociedade, de maneira que todos reunissem suas virtudes e
abrissem mão de algumas vantagens pessoais, em benefício de todos os integrantes da
sociedade.
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Outro pensador que avaliou a condição do indivíduo perante a sociedade foi Freud.
... Membro de uma tribo, um povo, uma casta, uma classe, uma instituição ou como
elemento de um grupo de pessoas que, em certo momento e com uma finalidade
determinada se organiza em uma massa. (SIGMUND, 2009, p.37)
De acordo com Aristóteles, o homem se distingue dos demais seres vivos porque é
capaz de diferenciar o bem e o mal, o justo do injusto. O filósofo afirma que a prudência
e a virtude são conferidas aos homens para que ele não se torne feroz e decida suas ações
apenas por amor e por comida. Segundo ele “A justiça é a base da sociedade.
(ARISTÓTELES, 2010, p.13)
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Qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber,
avaliar o que é direito, justo. Exemplo: Não há como questionar a justiça de sua causa.
(HOUAISS, 2009)
A Justiça poderia ser uma aspiração política e filosófica de forte ordem prática,
de indispensável e reconhecido fundamento Moral. Todavia, a Justiça não guardaria
qualquer relação necessária com a Ciência do Direito ou com o Direito positivo- afinal,
ele poderia ser estudado, ensinado e aplicado independentemente de ser ou não justo.
(Hans, 1998, p.)
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palavra, díkaion, é utilizada de maneira intercambiável no texto platônico para essas
duas ideias. (ALYSSON, 2014, p.54)
O direito pune, porém não impede o ato de ocorrer. As ações contra a lei são
punidas por ela própria. Sabemos que o direito atribui ao Estado o poder coercitivo,
conferindo-lhe a exclusividade do uso da violência. Por intermédio da punição prevista
na lei e que todas as pessoas conhecem, são aplicadas penas consideradas justas aos que
praticam crime. Esta lógica tem por objeto a proteção de toda a sociedade
A vida em sociedade traz evidentes benefícios ao homem, mas, por outro lado,
favorece a criação de uma série de limitações que, em certos momentos e em
determinados lugares, são de tal modo numerosas e frequentes que chegam a afetar
seriamente a própria liberdade humana. (DALMO, 1971, p.7)
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em que, na família, o amor do pai pelos filhos o compensa dos cuidados que estes lhe
dão, ao passo que, no Estado, o prazer de comandar substitui o amor que o chefe não
sente por seus povos. (JEAN, 1999, p. 22)
A sociedade, como sabemos, somos todos nós; é uma porção de pessoas juntas.
Mas uma porção de pessoas juntas na Índia e na China formam um tipo de sociedade
diferente da encontrada na América ou na Grã-Bretanha; a sociedade composta por
muitas pessoas individuais na Europa do século XII era diferente da encontrada nos
séculos XVI ou XX. E, embora todas essas sociedades certamente tenham consistido e
consistam em nada além de muitos indivíduos, é claro que a mudança de uma forma de
vida em comum para outra não foi planejada por nenhum desses indivíduos. Pelo
menos, é impossível constatarmos que qualquer pessoa dos séculos XII ou mesmo XVI
tenha conscientemente planejado o desenvolvimento da sociedade industrial de nossos
dias. Que tipo de formação é esse, está “sociedade” que compomos em conjunto, que
não foi pretendida ou planejada por nenhum de nós, nem tampouco por todos nós
juntos? Ela só existe porque existe um grande número de pessoas, só continua a
funcionar porque muitas pessoas, isoladamente, querem e fazem certas coisas, e no
entanto sua estrutura e suas grandes transformações histórias independem, claramente,
das intenções de qualquer pessoa em particular. (NORBERT, 1994, p.13).
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autores contemporâneos seguem Durkheim tratando a sociedade de uma maneira quase
mística, como uma espécie de “super-ser” ao qual os membros individuais exibem bem
apropriadamente uma atitude de reverência. Mas a primazia da “sociedade” como a
noção central da sociologia é muito amplamente aceita. (ANTHONY, 1991, p.21)
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Em seu sentido como ideologia Alysson Leandro Mascaro escreveu nesse mesmo
livro dizendo que:
No seio das relações sociais, a forma jurídica estabelece uma dominação não só
por meio das suas estruturas técnicas, mas também por meio da sua ideologia. Quando
o direito das sociedades capitalistas, por meio das suas normas, declara que todos são
iguais perante a lei, na verdade está procedendo uma dominação ao mesmo tempo
técnica e ideológica. Técnica porque está excluindo o privilégio da nobreza, por
exemplo, e tratando de maneira formalmente igual ao contratante e ao contratado, e isso
é de interesse ao capitalismo, na medida em que o Estado executará a qualquer um que
contratar caso não cumpra o contrato. Ideológica porque deixa entender uma igualdade
que só é formal, mas não concreta. Ao tratar igualmente o capitalista e o proletário, o
direito nivela, com a mesma medida, dois sujeitos desiguais, sem igualar suas
condições. Assim ao invés de demonstrar a desigualdade real entre as partes o direito
esconde. (MASCARO, 2013, p.30)
Hans Kelsen (2000), conforme apresentado em sua Teoria Pura do Direito. Para
o autor, Direito seria um conjunto de normas- isto é, de uma posição normativa (dever-
ser) fruto da vontade do legislador- objetivamente reconhecidas como obrigatórias. A
juridicidade delas adviria do fato de elas deterem nelas (normas primárias), ou em
normas a elas correlatas (normas secundárias), uma sanção coercitiva. O Direito poderia
ser resumido, grosso modo, como ordem coercitiva. (GIANNATASIO,, p.3).
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O mesmo autor aponta a concepção de direito para Miguel Reale:
Outro autor por ele citado é Emil Lask, ele diz que:
Para Emil Lask (FERRAZ JR, 1976), o Direito é seria fruto da relação- ou a
própria relação- entre a realidade empírica e os resultados do processo de
aprimoramento cultural de uma sociedade (valores relevantes ou “significações
culturais”), a qual estaria em contínuo desenvolvimento histórico no interior de forma
jurídica- a norma seria o resultado de tais sínteses culturais, ou ainda a expressão mais
imediata de tais sínteses (as sínteses elas mesmas tornadas dever-ser). No embate entre
Direito e Moral, o primeiro se diferenciaria por deter maior probabilidade de
cumprimento. (GIANNATASIO, 2015, p.4)
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Longe de simplesmente seguir o “dar a cada o que é seu” por meio do direito, a
instauração de um Direito Político poderia conferir condições institucionais outras para
realizar o ideal de Justiça. Conforme proposição adotada por este trabalho, uma
sociedade justa seria aquela que teria recebido uma disposição justamente ordenada das
possibilidades de influência nos processos de decisão política fundamentais. Ou ainda,
uma sociedade que preserva no meio o local do Direito e do Poder, sem hipostaziar a
posição normativa de qualquer dos termos fundamentais opostos na cidade.
(GIANNATASIO, 2015, p.23)
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CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Brasília: UnB, 1999.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de
Janeiro, Zahar, 2001.
DALLARI, DALMO. Elementos da Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva,
1979.
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro:
Zahar, 1994.
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