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PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO
DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO
DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE
PEQUENOS ENSAIOS SOBRE MARXISMO E DIREITO, SOCIEDADE E ESTADO NA
REVOLUÇÃO
Concepção Burguesa e
Concepção Marxista
de Estado e de Direito
[1]
FILIPP A. KSENOFONTOV
Concepção e Organização, Compilação e Tradução
Emil Asturig von München, Julho de 2006
Para Palestras e Cursos sobre o Tema em Destaque
Contatar emilvonmuenchen@web.de
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http://www.scientificsocialism.de/PECapa.htm
Na verdade, há tantas teorias sobre o Estado quanto juristas nos
Estados Unidos da América. Sem embargo, nenhuma delas
é capaz de determinar qual seja o seu significado. Algumas delas
encobremno com um nevoeiro filosófico. Outras "procuram"
pela sua natureza jurídica. Outras ainda dele falam sem nem
mesmo sequer tentar definílo.
Eis aqui alguns exemplos dessas teorias.
De acordo com Lorenz von Stein :
"O Estado tal qual um Ego do indivíduo não é nem
um resultado nem um prérequisito do Direito. Não é nem
uma forma ética nem uma concepção lógica. O Estado é
uma forma material superior de individualidade. Sua
natureza reside no fato de que autosuficiente. Tal como
um Ego do indivíduo, o Estado não pode nem ser
provado nem justificado. Existe em si mesmo. O Ego do
Estado, tal qual o Ego do indivíduo, não pode ser
derivado de uma outra coisa qualquer. O Estado é um
grande fato que demonstra que a unidade do povo possui
sua própria existência peculiar, independente e
autônoma, bem como que existe fora e acima da vontade
[2]
da sociedade."
Desnecessário dizer que qualquer pessoa precisa de uma
paciência de ferro para conseguir ler essa lengalenga idealista até
o final.
Outra definição de Estado aparece nos escritos de Magaziner :
"Julgando com base em suas tarefas, a autoridade do
Estado deve permanecer acima da luta de classes. De
modo formal, a autoridade estatal sempre foi um
árbitro em meio à luta de classes. Criava as regras dessa
luta. Essa foi a missão mais significativa do Estado. ...
Isso quer dizer que, de acordo com o Direito, a tarefa
subjetiva do Estado é a de proteger o interesse geral, ao
passo que, faticamente, sua tarefa objetivamente
existente é a de proteger o interesse de
classe. Normalmente, o interesse de classe coincide com
o interesse geral, embora, às vezes, possa entrar em
conflito com este. ... A proteção de uma classe em
detrimento da sociedade é equivalente à distorção do
[3]
papel jurídico do Estado."
Uma terceira definição foi formulada pelo Professor Lehning que
sustentou o seguinte ponto de vista :
"Os conceitos fundamentais e mais genéricos que
embasam a Ciência do Estado são de compreensão
muito difícil e, provavelmente, permanecerão,
eternamente, em domínio situado além da nossa
[4]
compreensão."
Falharíamos em obter um quadro completo da Ciência Jurídica
Burguesa, sem nos tornar familiarizados com a seguinte
concepção :
“De acordo com o Direito, o Estado é um árbitro imparcial,
situado entre as classes em pugna. Deve manter as
balanças da Justiça em suas mãos, sem perturbar seu
equilíbrio. A natureza do Estado poderia ser corretamente
compreendida apenas a partir do ponto de vista do
[5]
Direito."
Essas são as pérolas da Ciência Burguesa do Estado.
Sua inutilidade é evidente até mesmo para alguns professores
burgueses que estão "revoltando"se contra ela.
Por exemplo, o professor francês, Léon Duguit, afirmou o
seguinte em uma das suas aulas :
"Não sem alguma apreensão, dou início às minhas aulas,
temendo que possa vir a me confundir com os juristas
ortodoxos. Não sou absolutamente capaz de
entender seus debates acerca de existir uma diferença
entre uma verdade factual e uma verdade jurídica. Em
meu parecer, todas as construções jurídicas,
fundadas nessa concepção, são desprovidas de valor.
Deveríamos aceitar os fatos como são : o Estado não é
nem um pessoa jurídica, nem é o Direito. O Estado é um
poder superior, uma força coercitiva daquele que governa,
[6]
do governante sobre o governado."
Uma resposta original às teorias aqui referidas foi formulada pelo
cientista democrataconstitucionalista russo,
chamado Petrajitsky.
Contudo, Petrajitsky cometeu o equívoco absurdo de negar a
existência do Estado enquanto coisa real, na medida em que
afirmou existir o Estado apenas como uma "idéia no
pensamento do ser humano".
Em conformidade com Petrajitsky, o Estado não é uma coisa
real, mas sim um "fantasma".
Tudo isso demonstra a inutilidade da Ciência Burguesa, em
geral, e da Ciência Jurídica Burguesa, em particular.
Agora, devemos tratar das abordagens marxistas da questão
relativa à existência do Estado.
Tal como indicamos precedentemente, o Estado é,
primariamente, segundo o nosso ponto de vista, uma
relação social de seres humanos efetivamente definida. É um
fenômeno social.
Segundo Nikolai Bukharin :
"O marxismo examina todos os fenômenos sociais em
sua conexão e interação, embora cada uma das séries
desses fenômenos constitua um elo na cadeia das
causas que ou preservam e desenvolvem ou destroem
um tipo definido de relação de produção, uma estrutura
[7]
definida de sociedade."
Apenas com uma tal abordagem, uma correta compreensão dos
fenômenos sociais e, conseqüentemente, também do Estado,
poderseá produzir resultados conseqüentes.
Essa foi também a concepção de Marx, que veio a ser por ele
definida do seguinte modo :
"Minha investigação desembocou no resultado de que as
relações jurídicas, tais como formas do Estado (e,
portanto, o próprio Estado : nota de F. Ksenofontov),
não podem ser compreendidas nem a partir de si mesmas
nem a partir do assim chamado desenvolvimento geral do
espírito humano.
Elas, pelo contrário, enraizamse nas relações materiais
de vida cujo conjunto Hegel resumiu, segundo o
procedimento dos ingleses e dos franceses do século
XVIII, sob o nome de “sociedade civil”, sendo que,
porém, a anatomia da sociedade civil há de ser procurada
na Economia Política.
A pesquisa dessa última, que iniciei em Paris, vim a
continuar em Bruxelas, para onde reemigrei por
decorrência de uma ordem de extradição do Sr. Guizot.
O resultado geral que diante de mim emergiu e que, uma
vez alcançado, serviu de fio condutor para os meus
estudos, pode ser formulado, brevemente, da seguinte
forma :
Na produção social de sua vida, os homens ingressam
em relações determinadas, necessárias, independentes
da sua vontade, relações de produção essas que
correspondem a um nível de desenvolvimento
determinado de suas forças produtivas materiais.
O conjunto dessas relações de produção forma a
estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a
qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à
qual correspondem determinadas formas sociais de
consciência.
O modo de produção da vida material condiciona o
processo de vida social, político e espiritual em geral.
Não é a consciência dos homens que determina o seu
ser, mas sim, inversamente, é o seu ser social que
determina sua consciência.
Em certo nível de seu desenvolvimento, as forças
produtivas materiais da sociedade entram em contradição
com as relações de produção existentes ou, o que é disso
apenas uma expressão jurídica, com as relações de
propriedade, no interior das quais elas haviam se
movimentado até então.
De formas de desenvolvimento das forças produtivas,
essas relações convertemse em entraves das mesmas.
Surge uma época de revolução social.
Com a modificação do fundamento econômico, sacode
se, toda a monstruosa superestrutra, seja de modo mais
[8]
lento ou de modo mais rápido. ... "
Devese acrescentar a esse notável delineamento da concepção
materialista do processo histórico outro excerto da "Ideologia
Alemã", de autoria de Karl Marx :
"Diante dos alemães que ignoram précondições, cumpre
nos começar, constatando o primeiro pressuposto de toda
e qualquer existência humana e, portanto, de toda a
história, vale dizer o pressuposto de que os seres
humanos devem ser capazes de viver, para que possam
[9]
"fazer a história".
Porém, sobretudo, o comer e o beber, a habitação, o
vestuário e mais algumas outras coisas pertencem à vida.
O primeiro ato histórico é, portanto, a geração dos meios,
destinados à satisfação dessas necessidades, a produção
da própria vida e, em verdade, esse é um ato histórico,
uma condição fundamental de toda a história que, ainda
hoje, tal como há milhares de anos, há de ser
executado, a cada dia e a cada hora, a fim de que os
seres humanos mantenhamse simplesmente vivos.
Mesmo que a atividade sensorial seja reduzida a um
bastão, a um mínimo tal como Santo Bruno o faz , ela
pressupõe a atividade de produção desse bastão.
Portanto, em toda concepção histórica, a primeira
questão é a que se deve observar esse fato fundamental,
em todo o seu significado e extensão, permitindo
se que assuma o seu lugar de direito.
Como todos sabem, os alemães jamais fizeram isso.
Assim, jamais tiveram uma base terrena para a história
e, consegüintemente, jamais possuíram um único
historiador.
Ainda que também tenham concebido, de modo apenas
extremamente unilateral, a contextualidade desse fato
com aquilo que se denomina história, os franceses e os
ingleses, notadamente por permanecerem aprisionados
na ideologia política, realizaram, mesmo assim, as
primeiras tentativas de conferir à historiografia uma base
material, na medida em que, pela primeira vez,
escreveram histórias sobre a sociedade civil, o
comércio e a indústria ... (p. 28)
Essa fixação da atividade social, essa consolidação de
nosso próprio produto em um poder material, situado
sobre nós, o qual escapa ao nosso controle, opõese às
nossas expectativas, aniquila nossos cálculos, é um dos
principais momentos do desenvolvimento
histórico, existente até os nossos dias.
Precisamente, a partir dessa contradição, havida entre o
interesse particular e o interesse comum, é que esse
último interesse assume, enquanto Estado, uma forma
autônoma, separada dos reais interesses individuais e
gerais. Ele surge, ao mesmo tempo, como uma
comunidade ilusória, porém, permanentemente,
fundada na base real dos laços existentes em todo o
conglomerado da família e da clã tal quais carne e
sangue, língua, divisão do trabalho em grande escala e
outros interesses e, especialmente, tal
como desenvolveremos a seguirbaseandose sobre as
classes, já condicionadas pela divisão do trabalho, as
quais se destacam, em toda massa de seres humanos do
gênero, e, em meio às quais, uma domina todas as
[10]
demais.
Disso decorre que todas as lutas, travadas no interior do
Estado, a luta entre a democracia, a aristocracia
e monarquia, a luta pelo Direito eleitoral etc. etc. não são
senão formas ilusórias, nas quais são impulsionadas as
lutas reais das diversas classes entre si (coisa que os
teóricos alemães nem sequer suspeitam, a despeito do
fato de que lhes fornecemos suficientes indicações sobre
isso nos "Anais FrancoAlemães" e na "Sagrada
Família").
Além disso, resulta que cada classe, ao aspirar à
dominação mesmo que sua dominação, como é o caso
do proletariado, seja, de modo geral, condicionada
pela supressão de toda velha forma de sociedade e de
dominação deve, primeiramente, conquistar o poder
político, a fim de novamente apresentar o seu interesse
como sendo o interesse geral, o que é forçada a fazer, em
um primeiro momento. ... (p. 33)
A forma de troca, condicionada pelas forças de
produção, existentes através de todos os estágios
históricos até os dias de hoje, e que, por sua
vez, novamente as condiciona, é a sociedade civil.
Esta tal como já emerge do aqui exposto possui como
seu pressuposto e fundamento a família simples e a
família composta, denominada clã, sendo que sua
definição mais precisa já se encontra contida acima.
Do aqui exposto já resulta evidente que
essa sociedade civil é a verdadeira fonte e o verdadeiro
cenário de toda a história e quão absurda é a concepção
tradicional da história, que negligencia as relações reais
e se limita ao exame das retumbantes ações genéricas e
do Estado. (p.36)
Uma vez que o Estado é a forma, no interior da qual os
indivíduos de uma classe dominante fazem prevalecer
seus interesses comuns e toda a sociedade burguesa de
uma época se reune, resulta que todas as instituições
comuns são intermediadas pelo Estado, adquirindo uma
forma política. Daí decorre a ilusão de que a lei se
basearia na vontade e, com efeito, na vontade
livre, destacada de sua base real. De modo semelhante,
[11][12]
reduzse, então, novamente o Direito à lei.(p. 62)"
Esses parágrafos aqui citados fornecemnos a chave da
concepção marxista do Estado. Podemos concluir,
seguramente, que o Estado não é uma entidade independente,
mas sim uma organização política definida que emerge
enquanto "estrutura", fundandose sobre uma "base"
particular, "em condições particulares".
O Estado é uma relação definida, mantida entre homens, i.e. uma
relação de dominação e subordinação, uma relação mantida entre
classes.
Marx e Engels concebiam o Estado como uma "expressão
política de uma categoria socioeconômica : a sociedade de
[13]
classes."
O Estado surge como sendo o resultado da divisão da sociedade
em classes e, tal quais as classes, é filho legítimo
do desenvolvimento econômico da sociedade.
O Estado não é nem um "filho ilegítimo" nem uma entidade,
imposta sobre a sociedade, a partir de "fora".
Não é nem um reflexo, nem uma realização de uma razão, nem
tampouco uma idéia moral : é um reflexo e uma realização de
uma sociedade de classes.
Possui uma natureza de classe.
Sendo um produto da sociedade de classe, o Estado é a sua
organização.
Tal como assinalado por Engels, o Estado revela o fato de que a
sociedade cindiuse em classes, dotadas de interesses
contraditórios e irreconciliáveis.
Revela o fato de que a sociedade entrou em conflito consigo
mesma, tornandose necessária uma organização, um poder (que
não é nem abstrações e nem idéias nas cabeças dos seres
humanos!), que possa impedir que essa sociedade se
desintegre, por causa da luta de classes.
Para a preservação da sociedade, para sua vida suplementar, é
imprescindível uma nova organização.
Em suma : uma organização humana, uma
organização para governar o povo. O Estado é uma tal
organização.
Emergindo a partir das categóricas necessidades de uma
sociedade de classes, o Estado mantém sob controle as
contradições sociais.
Porém, o Estado veio ao mundo quando a luta de classes já se
encontrava em sua cumeeira e, devido a isso, tornouse uma
organização da classe economicamente mais forte, i.e. da classe
dominante.
Assegurou a dominação política dessa última.
Possuindo à sua disposição o aparato estatal, o Estado controla
um instrumento colossal de repressão, que utiliza para a
exploração das classes desapossadas.
Isso foi válido para o Estado Antigo, para o Estado Feudal e é
igualmente válido para o Estado moderno, o qual nada mais é
senão um instrumento da exploração do trabalho assalariado
pelos capitalistas.
Segundo a dicção de Engels, o Estado moderno é, com efeito,
uma máquina capitalista, um Estado de capitalistas, um
coletivo capitalista.
A classe dominante não está disposta a admitir que o Estado é
sua própria organização de classe. Está sempre interessada em
ocultar a verdadeira natureza do Estado.
Na Antigüidade, tal como na Idade Média, atribuiase ao
Estado uma origem e uma autoridade divina.
Estas eram, respectivamente, vantajosas para
os senhores escravistas e senhores feudais.
Sob a égide do capitalismo, esse poder "sobrenatural" perdeu a
sua natureza divina, permanecendo, porém, conectado ao "ideal
moral", à "vontade geral", à "idéia do Direito" que são fugidios
ao povo simples e comum.
Eis aí a razão de o Estado ter sido revestido com todas as
características de uma pessoa viva e abstrata, i.e. de um ser
consciente que age independemente do povo.
Esse fato é vantajoso para a burguesia.
Devemos retornar, agora, ao debate, travado no âmbito da
Ciência Jurídica Burguesa sobre ser o Estado um representante
de toda a sociedade.
Evidentemente, também o marxismo concebe o Estado como
sendo um representante da sociedade, como sendo sua
organização mais ampla, abarcadora de toda a sociedade de
classes.
Porém, há uma diferença colossal entre nossa concepção de
Estado enquanto "um representante da sociedade" e a
concepção dos professores da burguesia.
Para eles, o Estado é um "representante da sociedade" no sentido
literal da palavra, enquanto que, para nós, esse termo possui um
significado relativo.
Tal como destacado por Engels, em seu "AntiDühring" :
"O Estado foi o representante oficial de toda a sociedade,
sua síntese em uma corporação visível. Porém, foio tão
somente na medida em que foi o Estado daquela classe
que representou a sociedade inteira, no seu tempo : na
Antigüidade, o Estado dos cidadãos escravistas, na
Idade Média, o Estado da nobreza feudal, em nosso
tempo, o Estado da burguesia.
Na medida em que, por fim, transformarse, de fato, em
representante de toda a sociedade, tornarseá, por si
[14]
mesmo, desnecessário."
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E
INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M.
SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
MARXISTAREVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU SÃO PAULO MUNIQUE – PARIS
[1]
Cf. KSENOFONTOV, FILIPP ALEKSEIEVITCH. Gosudarstvo i Pravo. Opyt Izlojenya
Marksistcheskovo Utchenia o Suschestvie Gosudarstvo i Prava. S Predislovie Nikolai V. Krylenko (Estado e
Direito. Tentativa de Apresentação da Doutrina Marxista acerca do Estado e do Direito Existentes. Com um
Prefácio de Nikolai V. Krylenko), Moscou : Jurid. Izdvo N. K. Ju., 1924, pp. 79 e s.
[2]
Indicação de Emil Asturig von München : Cumpre destacar que Lorenz von Stein, Professor de Ciências
do Estado da Universidade de Viena, é extremamente renomado por ter introduzido, na segunda metada do
século XIX, no domínio do estudo da economia, do Direito e do Estado, o método dialético de
Hegel, aprimorando, em diversos sentidos, os instrumentos dogmáticometafísicos de abordagem e análise
dessas matérias. Ainda que se propondo audaciosamente a estudar as revoluções sociais, bem como o Estado
de classe de seu tempo, Lorenz von Stein não pôde ir mais além do que propor a edificação de um
expressivo Estado Social Intervencionista, enquanto alternativa à crise da sociedade capitalista
liberal moderna. Assumindo a validade do conceito de luta de classes, Stein rejeitou, além disso, toda e
qualquer perspectiva de luta revolucionária do proletariado, com vistas à edificação da Ditadura
Revolucionária do Proletariado e do socialismo. A teoria de Stein possui significativa repercussão no Japão,
durante o período da Restauração Meiji. Acerca do tema, vide VON STEIN, LORENZ. Gegenwart und
Zukunft der Rechts und Staatswissenschaft Deutschlands (Presente e Futuro da Ciência do Direito e
do Estado da Alemanha), Stuttgart : Cotta, 1876, pp. 5 e s.; IDEM. Finanzwissenschaft und
Staatssozialismus (Ciência das Finanças e Socialismo de Estado)(1885), Frankfurt a.M.: Vittorio
Klostermann, 1948, pp. 3 e s. Ademais disso, vide tb., de modo mais recente, TASCHKE, HEINZ. Lorenz
von Steins nachgelassene staatsrechtliche und rechtsphilosophische Vorlesungsmanuskripte (Manuscritos das
Aulas de Direito do Estado e de Filosofia do Direito Legados por Lorenz von Stein), Heidelberg : Decker,
1985, pp. 13 e s.
[3]
Cf. MAGAZINER, ANATOLY. Obscheie Utchenie o Gosudarstvie (Teoria Geral do Estado),
Petersburg, 2a. Edição, 1922, pp. 10 e s.
[4]
Cf. STUTCHKA, PIOTR. Materialistitcheskoe ili Idealistitcheskoe Ponimanie Prava (Concepção
Materialista ou Idealista do Direito), in : Pod Znamenem Marksisma (Sob a Bandeira do
Marxismo), Moscou : Gosud. Izdvo, Nr. 1, 1923, pp. 153 e s.
[5]
Cf. MAGAZINER, ANATOLY. Obscheie Utchenie o Gosudarstvie (Teoria Geral do Estado),
Petersburg, 2a. Edição, 1922, p. 9.
[6]
Cf. DUGUIT, LÉON. Sotsialnoe Pravo, Individualnoe Pravo i Preobrazovanie (Direito Social, Direito
Individual e Transformação do Estado, no original francês : Le Droit Social, Le Droit Individuel et la
Transformation de L'Etat), Moscou, 1909, p. 16. Sobre o pensamento jurídico de Duguit, vide tb. IDEM. Les
Transformations Générales du Droit Privé depuis le Code Napoléon (As Transformações Gerais do Direito
Privado Desde o Código de Napoleão)(1911), 2.éd., Paris : Félix Alcan, 1920, pp. I e s.
[7]
Cf. BUKHARIN, NIKOLAI. Teoria Istoritcheskovo Materializma (Teoria do Materialismo Histórico),
Moscou : Gosud. Izdvo, p. 18.
[8]
Cf. MARX, KARL. Vorwort zur Kritik der Politischen Ökonomie (Prefácio à Crítica da Economia
Política)(Agosto de 1858 – Janeiro de 1859), in : Marx und Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Vol. 13,
Berlim : Dietz Verlag, 1961, pp. 7 e s. O presente texto tem como base a primeira edição de 1859, melhorada
e completada através das incorporações das correções e glosas do exemplar manual de Marx, cuja fotocópia
encontravase no Arquivo do Instituto de MarxismoLeninismo do Comitê Central do PCURSS, em Moscou.
Esse texto foi igualmente considerado por Engels na reprodução de excertos de textos da “Crítica da
Economia Política” no terceiro volume de “O Capital”. Citações de Marx, realizadas em línguas diferentes
da língua alemã, foram traduzidas adicionalmente em língua portuguesa, conservandose, porém, os termos
idiomáticos originais.
[9]
Nessa passagem de seu texto, Marx formula a seguinte anotação : "Hegel. Relações geológicas,
hidrográficas etc. Os ventres dos seres humanos. Necessidade, trabalho."
[10]
Nesse passo, conclui Ksenofontov, em seu texto, que a luta de classes é propriamente o conteúdo da
história.
[11]
Cf. MARX, KARL & ENGELS, FRIEDRICH. Die deutsche Ideologie (A Ideologia Alemã) (1845
1846), in : Marx und Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Vol. 3, Berlim : Dietz Verlag, 1961, pp. supra
indicadas.
[12]
Nesse passo, observa Ksenofontov, em seu texto, que o Estado é precisamente a forma no interior da
qual a classe dominante realiza os seus interesses.
[13]
Cf. BUKHARIN, NIKOLAI. Teoria Proletarskoi Diktatury (Teoria da Ditadura Proletária), Moscou :
Gosud. Izdvo, p. 11 e s.
[14]
FRIEDRICH ENGELS. AntiDühring. Herrn Eugen Dühring‘s Umwälzung der Wissenschaft (Anti
Dühring. A Subversao da Ciência do Sr. Eugênio Dühring) (Setembro 1876 – Junho 1878), in : Marx und
Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Berlim, 1962, Vol. 20, p. 261.