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Resumo para filosofia jurídica

O teatro grego e o nascimento da filosofia


Grecia mitológica
O período mitológico se caracterizava pela onipresença das divindades, eles
estavam presentes em todos os fenômenos, os fenômenos naturais tanto
quanto os subjetivos (sentimentos). Tudo era explicado a partir dos deuses,
não apenas fenômenos físicos como os psíquicos também. O direito nessa
época se organizava em bases familiares, concedendo o direito de vingança
quando alguém de determinada família era vitimizado pela violência de outro,
um parente da vitima tinha direito de praticar o mesmo ato.
O poder se encontrava nas mãos de uns poucos (aristocracia) ou então de um
só (monarquia), não havendo a separação entre Estado e teologia, ou seja,
aqueles que tinham poder também eram considerados representantes dos
deuses.
Grecia clássica
Com o surgimento da Grécia clássica, ocorreu uma transformação no homem
grego. O fato mais importante foi o surgimento do Logos (ou razão). A partir de
então não serão mais os deuses os fatores determinantes na explicação dos
eventos da natureza e sim a razão. De especial importância foi o surgimento de
duas instituições: teatro e pólis. Sendo teatro uma instituição artística e pólis
jurídica. O teatro vem relacionado com o surgimento de uma forma de exercício
de poder: a democracia.
Com a democracia surge o homem livre: o cidadão. Sua liberdade é definida
como igualdade perante a lei (isonomia). Agora a ações humanas não
encontram suporte no plano divino e como critério fundamental da democracia
cada cidadão passa a ser responsável pelas próprias ações.
O cocheiro de platão
Platão propôs um livro A Republica no qual o objetivo principal de platão era
fazer com que cheguem ao poder, e chefiem o Estado, somente aqueles
homens que, em primeiro lugar, aprenderem a governar a si mesmos. Segundo
ele tudo que acontece de danoso em uma determinada sociedade é o reflexo
do que ocorre no interior da alma dos homens. E para entender os problemas
sociológicos, precisamos de uma análise psicológica da alma humana, pois
será onde se originam: a justiça e a injustiça. Para o mesmo a alma é algo
alcançável somente pelo individuo, no entanto é mais provável que o problema
social seja solucionado na própria sociedade.
A filosofia de Aristóteles
Por meio da filosofia, assim como Platão, procurou criticar as posturas dos
sofistas. Para ele, os sofistas erravam ao adotarem posturas radicais e
diametralmente opostas Segundo Aristóteles o materialismo dos sofistas se
expressava pela total descrença deles em valores tais como Justiça. A
consequência direta disto era a visão, defendida por eles, que o homem era
essência, egoísta.
Aristóteles acreditava que tudo que existe era composto de formas e matéria.
Os dois princípios convivem juntos e organizam a realidade em que vivemos.
Para ele cada ser busca a sua plena realização. Por isso os seres estão
sempre mudando: para se tornarem mais perfeitos.
Ele afirma existir 4 espécies de causa
Causa material
Causa instrumental ou eficiente
Causa formal
Causa final
Segundo ele essas 4 causas valem tanto para as coisas feitas pelo homem
como também os seres produzidos pela natureza, inclusive o próprio homem.
O mesmo diz que o supremo bem buscado na vida humana, a felicidade, só se
realiza quando o desejo encontra na razão não um inimigo, mas a maior a
perfeição para o qual o desejo tende.
O nascimento da ética
Segundo Aristóteles os sofistas e Platão erraram pelos seus respectivos
radicalismos. Os sofistas erraram ao desprezarem o interesse geral e
acreditarem somente na existência do interesse particular. Já Platão errou ao
defender o inverso, reduzindo o interesse particular a quase nada.
Aristóteles também diz que o interesse comum de todos deve ser a base da
política. Segundo ele “o homem é um animal político”. Com isso ele pretende
afirmar que a política pertence intimamente à essência do homem. Isto significa
que o homem não pode ser compreendido de forma isolada. Sem a amizade
torna-se impossível atingir ética e a justiça. E quando a politica se deixa
determinar pela ética, ela se torna o meio de realização da justiça.
Segundo ele todas as ações humanas ocorrem devido algum fim ou finalidade.
Mas de todas as finalidades a mais importante é a busca pela felicidade. Se um
homem busca riqueza, é por acreditar que esta lhe trará à felicidade. É o
desejo que nos move na busca dos bens. O desejo está sempre a confundir os
bens relativos (dinheiro, beleza, fama) com o bem maior (a felicidade).
De todas as virtudes para ele a justiça é a mais importante, pois ela soma de
todas as virtudes, sendo assim não há como ser justo sem ser ao mesmo
tempo corajoso modesto etc. Por outro lado, não pode ser justo quem é
covarde arrogante etc.
Ele diz que a essência da sociedade não é o indivíduo, mas sim as relações ou
vínculos. Para ele há dois tipos básicos de relações: as familiares e a políticas.
As familiares têm como base o vinculo de sangue e as politicas têm como
fundamento aquilo que Aristóteles designa como amizade.
Aristóteles e a justiça
No livro Política de Aristóteles o seu principal objetivo será o de questionar a
visão totalitária de Platão, que apregoava o fim da propriedade privada e da
família para aqueles que fossem governar o Estado. Aristóteles não abole a
família e a propriedade privada de sua cidade ideal e justa, reconhecendo que
o Estado não deve estar nas mãos de uma classe privilegiada, mas nas mãos
do cidadão. A unidade do Estado não deve esmagar a pluralidade social.
Existem três tipos de ciência para Aristóteles. Primeiramente as ciências
teoremáticas. São os conhecimentos das leis que governam a natureza (física,
astronomia). As ciências potéticas são aquelas que fabricam ou criam o objeto
sobre o qual elas se aplicam (engenharia). As ciências práticas são aquelas
que visam o próprio ser humano, enquanto agente (direito).
Para ele o homem tem uma certa predisposição natural à sociabilidade,
tendendo a se associar com outro homem. São três formas naturais de
comunidade. A primeira é a família que a sua finalidade é a perpetuação da
espécie, por intermédio da reprodução, a força de poder demanda do pai sobre
a esposa e filhos. A segunda é a aldeia. Geralmente o poder na aldeia é
monopólio do rei, cuja origem está ligada à família poderosa da qual o rei
provei. Quando a aldeia se reúne, surge a mais elevada forma de comunidade:
a pólis. Nesta a finalidade maior é a justiça, e o comando que possibilita tal
finalidade é a lei jurídica, sendo sua principal fonte de poder a lei.
Enquanto a família e a aldeia favorecem apenas ao desenvolvimento material
(ou sensível) do homem, a pólis é a única que permite ao homem desenvolver
as potencialidades racionais.
Por isso quando Aristóteles afirma que “o homem é um animal político”, ele
quer dizer com isso que já está em sua natureza, em germe, a semente da
racionalidade, cujo desenvolvimento requer a convivência na cidade. Do
mesmo modo como a espécie preside ao nascimento e desenvolvimento de
cada indivíduo, o Estado preside e governa o nascimento e desenvolvimento
do cidadão.
A finalidade da pólis era a justiça na comunidade. Ele dizia ser a justiça não
apenas uma virtude do homem justo, mas também um Bem. A justiça é a
organização da comunidade tendo em vista o Bem comum. Existindo dois
tipos: partilháveis e participáveis. O partilhável quando ele é uma quantidade
que pode ser dividida e distribuída, ex: riqueza. O participável é uma qualidade
indivisível, não podendo ser dividido nem distribuída, ex: poder político.
Realizar a justiça no seio da comunidade é por vezes dividir e distribuir os bens
partilháveis, outras vezes, realizar a justiça para garantir a participação do
cidadão em um bem (como exercício do voto).
Aristóteles acreditava que a lei jurídica tem uma função eminentemente
pedagógica ou educativa. E elo entre a lei jurídica (escrita) e a lei moral (não
escrita) é exatamente a razão inscrita em cada ser humana. A lei jurídica deve
ser criada mas para espelhar uma lei (moral) que o homem não criou.
Para ele a essência do homem não é o egoísmo, pois em sua essência já se
encontra o germe da comunidade: e é somente no seio desta que o homem
pode se tornar realmente homem, isto é, cidadão. O homem é um animal
político, com essa frase, ele constrói do homem uma imagem completamente
diferente daquela que hoje parece predominar, segundo a qual o homem é um
animal econômico.
A retórica de Aristóteles
.
A retorica aparece em ambientes onde exista a liberdade de expressão.
Defender a retórica é aceitar que sobre todo e qualquer assunto possam existir
opiniões diferentes e até conflitantes.
A retórica de Aristóteles era muito utilizada pelos sofistas, consiste em por meio
de argumentos bem fundamentados e em um conhecimento amplo pelo
assunto abordado, expor suas ideias e por meio de argumentos convencer o
outro.
Os estóicos, a razão humana e a natureza humana
Os estóicos abriam suas escolas no portal da cidade pois não se consideravam
cidadãos de uma determinada pólis mas sim do mundo.
O grande mérito deles, a contribuição para a promoção da ideia de justiça, foi
defender a existência de uma lei natural, em tudo diferente da lei
convencionada ou positiva. Enquanto a positiva gera desigualdades, a lei
natural é aquela sob a qual todos os homens são iguais. Os estóicos pela lei
natural diz que todos são iguais: enquanto convenções nos afastam e nos
tornam rivais, a natureza, ou razão, faz-nos buscar viver em uma verdadeira
comunidade, cuja base é a razão que liberta. Só se tornando cidadão aquele
que conquistar sua própria soberania, não vivendo sob o jugo das convenções
humanas, mas sim conforme a natureza ou razão.
Eles diziam que somente podemos ser realmente virtuosos (e justos) quando a
razão e o desejo não se deixe dominar e escravizar pelas convenções, mas
também, que a razão evite se deixar escravizar pelos dogmas.
A filosofia de Espinosa
Espinosa vai dizer que “Deus não criou a natureza. Ele é a natureza: todas as
criaturas são modificações de uma única realidade”. Na época que ele viveu
esse pensamento era visto como escandaloso, “ateu” e pagão. A principal
preocupação de Espinosa é tentar mostrar quem exatamente é Deus.
Ele cita 3 questões fundamentais:
O que é a natureza?
O que é ser escravo?
Como devemos agir e pensar para nos tonarmos livres?
A primeira remete à compreensão de Deus. A segunda, nos põe frente a frente
com a obra de Espinosa: as paixões. O que é uma paixão? E a terceira nos
coloca diante da necessidade de pensarmos uma Ética. Deus, as paixões e a
liberdade- eis os três grandes temas da filosofia Espinosista.
1- Deus ou a natureza
No século em que viveu Espinosa Deus era a ideia principal com a qual se
ocupavam os homens, onde diziam que Deus criou o mundo da nada.
A imagem de Deus de Espinosa era distinta de Descartes. Segundo ele, Deus
não se assemelha a um tirano ou um juiz, mas sim a um artista. Ele diz que
Deus não criou a natureza do nada, pois Deus seria a própria natureza. Para
Espinosa a natureza e Deus seriam as mesmas coisas, um não pode existir
sem o outro.
Deus segundo Espinosa é uma pura expansão sem nada que o limite ou
constranja. E ao expandir, Deus se modifica, produzindo coisas. Essas coisas
que Deus produz são modificações Dele. Tudo que Deu cria é assim como ele,
singular. Não existem dois modos iguais.
2- A teoria das paixões em Espinosa
Ideias e afetos segundo ele são modos do nosso pensamento, são
modificações de nossa mente. Elas se distinguem no seguinte ponto: as ideias
são modos representativos, representam algo que existe fora da nossa mente.
O afeto é um modo do pensamento que não representa nada.
Afeto= amor (não podemos representar de forma objetiva)
Segundo Espinosa as paixões podem ser tristes ou alegres. As tristes
decorrem de encontros que nós fazemos com modos cuja maneira de ser não
se compõe com a nossa essência. Sob uma paixão triste, nós não pensamos,
imaginamos, nós não agimos, reagimos. Ódio, inveja, rancor etc. Agimos por
impulso e não por pensar.
A paixão alegre ocorre quando fazemos encontros com outros modos que se
compõem com a nossa maneira de ser: ao sermos então afetados,
experimentamos um aumento da nossa capacidade de agir e de pensar.
Expandindo de alguma forma a nossa maneira de ser.
O mesmo nos mostra que os afetos que governam nossa vida pessoal
reportam-se à maneira pela qual a sociedade está organizada: quanto menos
democrática a sociedade for, mais paixões tristes serão necessárias para o
poder politico manter os indivíduos na impotência e na passividade.
3- Espinosa e o problema da liberdade
Ele diz que quando crianças somos dependentes e dependência é exatamente
o sentimento que traduz a vida de um escravo. Embora o homem não nasça
livre, ele pode tornar-se livre.
O mau é aquilo que nos impede de sermos livres; o bom é o que nos possibilita
um aumento de potência, de alegria. Segundo Espinosa somente podemos ser
livres através dos encontros. Não se pode ser livre se isolando totalmente dos
encontros com pessoas ou coisas. Jamais a ética ou a liberdade poderão ser
questões que dependam de um texto normativo ou uma instituição estatal. Pois
a liberdade é algo que se exerce nas relações efetivas e diretas.
Ser livre e ética é aprender a selecionar os encontros e buscar aqueles que
possam nos trazer alegria, liberdade. Aparecendo a verdadeira função da
filosofia: Auxiliar o homem na obtenção de um maior aumento de compreensão
para que possa agir melhor no plano pessoal político ou profissional
Os três gêneros de conhecimento em Espinosa
Embora todos tenham condições de chegar aos 3 gêneros de conhecimento a
grande maioria vive dentro do primeiro (os homens da multidão), pouquíssimos
chegam ao segundo (os homens da ciência), e menos ainda no terceiro, aquele
que chega no terceiro torna-se um sábio, homem capaz não apenas de pensar
com compreensão mas também de agir com virtude. Suas 3 virtudes básicas
do sábio são coragem justiça e generosidade. E para sermos totalmente livres
temos que chegar no terceiro gênero de conhecimento.
O primeiro é aquele que obtemos de duas maneiras: Por “ouvir dizer” e por
experiencia sensível. Ouvir dizer é aquele que depende de um relato feito por
outro. A experiencia sensível é mediante os órgãos dos sentidos. Por exemplo
sei que o metal conduz mais calor que a madeira.
O segundo é aquele mediante o qual descobrimos conexões necessárias entre
as coisas, isto é, leis. Este conhecimento é próprio da ciência, que é racional
dos fenômenos.
O terceiro é aquele que descobre não exatamente as conexões necessárias e
leis que determinam a existência das coisas exteriores a nós, mas sim que nos
possibilita experimentar a liberdade que emana de dentro de nós.
Por fim, o primeiro requer de nós obediência acrítica em relação aquilo que nos
querem fazer acreditar que seja verdade, o segundo nos mostra leis que regem
as coisas exteriores a nós e o terceiro visa nos libertar de toda e qualquer
obediência e mostra que podemos nos transformar.
; O jusnaturalismo de Espinosa
Em sua obra (Tratado) apresenta dois aspectos: impedir que a teologia se
intrometa em assuntos próprios à filosofia. Espinosa também luta pela
independência do poder civil, buscando livrar este ultimo da tutela do poder da
igreja. Para esse fim, ele sustenta que o Estado não é uma instituição de direito
divino, mas nasce de uma transferência de direitos realizadas pelos homens.
O estado nasce de uma delegação de direito: o direito de agir, a potentia de
agir. Cabe ao Estado democrático agir em nome de todos e não a favor de um
determinado grupo ou de apenas um. Espinosa delimita com exatidão até onde
vai o poder do Estado: este vai até o ponto onde começa a potentia de pensar
de cada um, pois ao Estado não cabe pensar pelos indivíduos, mas apenas
agir por eles visando a garantia da liberdade.
Espinosa diz que há dois tipos de seres humanos: os que se deixam levar pela
imaginação e os que se deixam conduzir pela razão. Os primeiros pertencem à
multidão e os segundos a si mesmo. O homem da multidão segundo ele é
aquele que a ação e pensamento são determinados por alguma autoridade
externa, ou seja, são movidos pela obediência e pelo medo do castigo.
É preciso que as leis jurídicas promovam no homem da multidão um tipo de
comportamento que é natural ao filosofo: a conduta ética. É a multidão que
precisa das leis, não o homem racional e ético.
A critica de Espinosa ao contratualismo
Segundo ele, o estado de natureza se caracterizava pelo seguinte aspecto:
nele, queremos mandar e não ser mandados. Espinosa critica a ideia do
contrato social, pois a ideia de contrato pressupõe a renuncia de uma das
partes em relação a sua própria potência, para assim dar poder politico aqueles
que assumiram a função de governar e de não ser governados.
Quanto mais democrática for uma sociedade, mais a lei será vista como um
meio de potencialização do desejo de governar. Através da lei todos governam
e ninguém é governado. Para Espinosa, portanto, somente a democracia tem
condições de satisfazer a necessidade de tornar a multidão sujeito do direito.

Principais características da zetetica e dogmática:


Dogmatica: quando as ideias são imutáveis, podemos associar ao pensamento
dogmático a fé, inquestionável sendo associado também a doutrina.
Zetetica é aquela que trata de assuntos questionáveis. Onde não há uma
verdade absoluta. Fazendo com que as pessoas reflitam e pensem.
Anotações:

Platão trata cerca de justiça em suas teorias onde ele acreditava que para
alguém chegar ao poder e governar uma sociedade era necessário que antes a
pessoas conhecesse a si mesmo. A alma era algo alcançável somente pelo
indivíduo, no entanto é mais provável que o problema social seja solucionado
na própria sociedade.
Para o homem justo, a justiça não é querer o bem só para si, nem querer
apenas o bem do outro, mas procurar proporcionar o bem comum, a todos.
Quando o individuo alcança esse meio termo, houve a pratica da maior virtude,
a justiça.
A retorica de Aristóteles era muito utilizada pelos sofistas, ela consiste em por
meio de argumentos bem fundamentados e em um conhecimento amplo pelo
assunto expor suas ideias e por meio de argumentos convencer o outro.
O homem tem por necessidade natural o agrupamento em sociedade, no
entanto a politica assim como as relações jurídicas ocorrem de forma
espontânea devido a convivência social.

As principais ideias dos estóicos e sua influência sobre a filosofia do direito


foram a contribuição para a promoção da ideia de justiça, foi defender a
existência de uma lei natural, em tudo diferente da lei convencionada ou
positiva. Enquanto a positiva gera desigualdades, a lei natural é aquela sob a
qual todos os homens são iguais. Os estóicos pela lei natural diz que todos são
iguais: enquanto convenções nos afastam e nos tornam rivais, a natureza, ou
razão, faz-nos buscar viver em uma verdadeira comunidade, cuja base é a
razão que liberta. Só se tornando cidadão aquele que conquistar sua própria
soberania, não vivendo sob o jugo das convenções humanas, mas sim
conforme a natureza ou razão.
Aristóteles não abole a família e a propriedade privada de sua cidade ideal e
justa, reconhecendo que o Estado não deve estar nas mãos de uma classe
privilegiada, mas nas mãos do cidadão. A unidade do Estado não deve
esmagar a pluralidade social.
Para ele o homem tem uma certa predisposição natural à sociabilidade,
tendendo a se associar com outro homem. São três formas naturais de
comunidade. A primeira é a família que a sua finalidade é a perpetuação da
espécie, por intermédio da reprodução, a força de poder demanda do pai sobre
a esposa e filhos. A segunda é a aldeia. Geralmente o poder na aldeia é
monopólio do rei, cuja origem está ligada à família poderosa da qual o rei
provei. Quando a aldeia se reúne, surge a mais elevada forma de comunidade:
a pólis. Nesta a finalidade maior é a justiça, e o comando que possibilita tal
finalidade é a lei jurídica, sendo sua principal fonte de poder a lei.
Enquanto a família e a aldeia favorecem apenas ao desenvolvimento material
(ou sensível) do homem, a pólis é a única que permite ao homem desenvolver
as potencialidades racionais.
Por isso quando Aristóteles afirma que “o homem é um animal político”, ele
quer dizer com isso que já está em sua natureza, em germe, a semente da
racionalidade, cujo desenvolvimento requer a convivência na cidade. Do
mesmo modo como a espécie preside ao nascimento e desenvolvimento de
cada indivíduo, o Estado preside e governa o nascimento e desenvolvimento
do cidadão.

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